The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 32
Paris


Notas iniciais do capítulo

Oi seus lindows!
Pois é, me amem, tô postando quase todo dia. To ansioso pra começar a segunda temporada :3
Enfim, esse capítulo é muito importante, pelo menos o finzinho, pro fim da fanfic. Sério, lembrem-se disso lá na frente, certo? Bom, era só isso. Boa Leitura!

PS: Já notaram como eu sempre coloco as mesmas duas últimas frases em todo capítulo?



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Não achei que ela fosse sobreviver.

Sophie e eu a carregamos até um lugar público, onde os sentinelas que patrulhavam o mercado correram para ajudar. Paris murmurava coisas impossíveis de ouvir. Deitamos ela no chão, enquanto a enfermaria do castelo trazia os primeiros socorros, macas e etc. Todos paravam para observar a mulher a quem eles rezavam no templo. Então, Paris foi levada a Ala Hospitalar do castelo e ficou lá por horas.

Bom, não tivemos notícia nenhuma dela. As enfermeiras se recusavam a sair da ala ou deixar qualquer pessoa entrar. Era um motivo razoável, Paris podia estar infectada com alguma bactéria ou maldição por causa da presença de Wendell em seu corpo. Apesar de tudo, eu me lembro muito bem do dia em que ele se mostrou como Paris, os dedos faltando... Nossa, ainda tenho náuseas.

Porém, um belo dia (na verdade, passou-se uma noite apenas, mas enfim), a enfermeira apareceu no corredor e nos convidou a entrar.

A Ala Hospitalar não era muito luxuosa. Havia várias camas enfileiradas de cada lado da ala, cortinas as separando. Cada leito, tinha uma mesa de cabeceira, onde ficava um vaso de flores e os medicamentos utilizados. Havia um teto solar, que trazia a luz do sol e uma harmonia ao lugar. Os pacientes usavam lençóis brancos. A enfermeira nos guiou até um leito à direita.

Paris estava deitada, com seus cabelos caídos no ombro. Seu cabelo, antes estirado e preso em um rabo de cavalo, agora era ondulado e volumoso. Onde ficariam os dedos que ela tinha, havia ataduras. O olho esquerdo de Paris estava coberto por um curativo branco, que mais parecia um tapa-olho do que gazes empilhadas.

–Ela está bem. – contou a enfermeira. – As gazes são banhadas em essência de plantas típicas de Kraktus, como as da casa da senhora Paris. Sendo quem é, ela se recuperará logo com esses curativos “naturais”. Em algumas horas, estará pronta para outra.

Franzi o cenho.

–Paris era conhecida como uma espécie de mãe-natureza. – contou Sophie. – Ela é um demônio, mas sua magia se desenvolveu além de sua força. A prova é que ela desenvolveu uma forte conexão espiritual com as coisas que vivem em meio ao mundo selvagem. Por isso era tão amada.

–Mas como ela chegou aqui? – perguntei. – Como ela ficou assim?

–Paris fez um acordo com Wendell. – contou Sophie. – Ela prometeu que lhe traria a alma de um inocente, Robert, em troca de informações.

Ergui uma sobrancelha.

–Nem me pergunte o que é, eu não sei.

Ela sentou na cama, ao lado de Paris. Segurou sua mão e deu comprimiu os lábios, apreensiva. As pálpebras de Paris se moveram devagar. Sophie olhou para seu rosto com atenção. Lentamente, o olho de Paris se abriu, revelando uma esfera cinzenta. Se não fosse pelo seu estado, seria impossível dizer que uma pessoa com aquele rosto e aqueles olhos, consegue parecer... Miserável. Essa era a palavra. Paris estava miserável.

–Paris? – chamou Sophie

Paris piscou. Ela riu devagar, como se tentasse acreditar que tudo aquilo era real.

–Estou viva. – disse ela. Sua voz era doce e suave, como uma brisa.

Sophie assentiu, com um sorriso comprimido. Paris experimentou se sentar, mas logo desistiu, com um gemido de dor. Sophie segurou-a pelos ombros, preocupada.

–Cuidado, mocinha. – disse a enfermeira. – Está muito fraca. Não faça muitos esforços. Se não falar, será ótimo.

–Mas precisamos leva-la para casa. –contou Sophie

–Como a Vossa Majestade deve saber, - começou a enfermeira, com um tom arrogante. – é seu dever o bem-estar do povo. Então entenderá se eu disser que Paris precisa de descanso. Aqui.

Sophie estreitou os olhos, incrédula.

–O que você está insinuando? – ela perguntou

A enfermeira mal abriu a boca.

–Saiba que, por ser Vossa Majestade, eu tenho o direito de fazer o que eu quiser, quando eu quiser. Não é uma enfermeira quem determina meus limites. Principalmente quando tenho o poder de torna-la uma ex-enfermeira em poucas palavras. Então, por favor, retire-se antes que eu decida tomar decisões mais drásticas. E eu sei muito bem dos meus deveres, muito obrigada.

A mulher engoliu seco e se retirou do leito, angustiada.

–Não precisava disso tudo. – murmurou Paris, fraca.

–Bom, eu precisava tirar ela daqui, não é? – disse Sophie, dando de ombros. – Ela não me deixaria leva-la pra casa.

–Por que é tão importante que você vá pra casa? – perguntei

–Sabe, eu busquei muito por poder em toda a minha vida. – contou Paris, respirando fundo, como se estivesse lutando para proferir aquelas palavras. – E essa busca me tornou poderosa. Porém vulnerável. Sou dependente da natureza, da minha fonte de poder. Então, minha casa é rodeada de lagos, velas e plantas. Só assim eu sobrevivo. É como meu ar.

Mordi o lábio, pensativo.

–Que legal.

–Peter! – Sophie repreendeu.

–Tudo bem. – disse Paris, contendo uma risada fraca. – Eu também pensava assim.

–Certo, então vamos leva-la para seu...- hesitei. – Ar.

Paris assentiu. Sophie levantou-se e ajudou Paris a descer da cama.

–Consegue andar? – perguntou ela.

Paris assentiu. Ela deu três passos antes de tombar em meus braços.

–Desculpe.

–Tudo bem. – falei, levantando-a

Passei seu braço pela minha nuca e levei-a pela Ala Hospitalar.

É impressionante como as pessoas são esquisitas. Sophie e eu passamos com Paris, sem sermos interrompidos. Provavelmente, os cidadãos achavam que era alguma coisa relacionada ao reino, pois Sophie estava no meio, e não tiveram coragem de intervir. A maioria só apontava, levava uma mão à boca e soltavam gritinhos abafados, antes de murmurarem para aqueles que os acompanhavam. Sophie nos levou pelos corredores do castelo, em direção à sua Torre.

–Pra onde vamos? – perguntei, enquanto subíamos um lance de escadas.

–Minha torre. – falou ela

–Não vamos leva-la pra casa? – perguntei, confuso.

–É impossível. – explicou Sophie. – Paris está muito fraca. Não chegaríamos a tempo. Precisamos leva-la o mais próximo possível do que sua casa é.

Ergui uma sobrancelha, esperando resposta.

–Bom, vamos arrumar um leito descente pra ela. – continuou Sophie, prestando atenção nos degraus. – Colocar algumas velas em volta do quarto, vesti-la com roupas molhadas, ligar o ventilador de teto e molhar uma toalha com chá de ervas aquecido. Vamos ter a natureza inteira com ela. Vai melhorar muito mais rápido.

Paris subia com dificuldade. Ela não dera mais uma palavra enquanto seguíamos para a torre. Ela parecia mais interessada em guardar as energias.

Finalmente, chegamos. Não estava muito diferente do que eu me lembrava. A moldura na parede, a lareira, o aparador de bebidas, as portas que davam para seu quarto... Tudo o mesmo. Sophie deitou Paris no sofá

–Shhh, Paris. – murmurou Sophie. – Calma, vai ficar tudo bem...

Paris adormeceu. O caminho (que, por acaso, foi longo, ainda não sei como um castelo tão pequeno por fora, era tão grande por dentro) a cansara. Ela colocou as mãos sobre o peito, como se estivesse em um caixão. Senti calafrios. Que horrível. Então, Sophie entrou no seu quarto, arrumando sua cama. Bom, agora era só uma. Tinha uma cabeceira vermelha, cheia de rubis esculpidos. Dois travesseiros e um lençol me pareciam o paraíso.

–Uau, que calor. – comentei.

–Bom, não sei vocês terrestres, mas nós, demônios de Kraktus, amamos o calor. – contou Sophie. – É o melhor jeito de dormir. Não sei, acho que faz parte de nós. Pelo menos metade.

Ri de leve. Ela riu junto. Apesar de terem se passado alguns instantes, ela não tirou o sorriso do rosto. Sorri de volta.

“Não.”

Um pensamento me repreendeu. “Ela te usou. Não merece.”

Balancei a cabeça, espantando tal pensamento. Parte de mim urgia por Sophie, como se eu tivesse passado anos longe de casa e finalmente estava voltando, apenas alguns passos de distância. Outra parte, corria para longe, como se eu tivesse passado anos no inferno e, quando finalmente estava saindo, estava por pouco sendo levado de volta. Era um conflito. Eu tinha raiva disso. Não saber o que eu sentia. Sempre colocava a culpa em alguma coisa, medo da morte, amor, traição... Mas no fim, nenhuma das coisas que eu realmente acreditava ser o motivo, eram. Sempre era a mesma coisa: O Selo. Eu contava os dias para que todos fossem destruídos e, finalmente, eu pudesse “olhar para dentro” e entender o que eu sentia. Seria o melhor dia da minha vida.

Enquanto eu ficava “vegetando” internamente, Sophie distribuía velas em volta do quarto. No criado-mudo, no chão, descrevendo um círculo em volta da cama, nas estantes, sob a cabeceira... Enfim. Todos os lugares possíveis, tinham velas.

–Você pode trazer Paris para cá, - disse ela, observando a posição das velas. -, pegar um balde d’agua e jogar nela. Em cima da cama mesmo. Mas com cuidado, vai derramando, delicadamente.

Revirei os olhos, impaciente. Fui até a sala e tomei Paris em meus braços. Apesar de estar dormindo, ela segurou meu pescoço, enquanto eu a levava para dentro. Sophie saiu do quarto e foi até o aparador de bebidas, de onde puxou uma gaveta cheia de saquinhos, e despejou um saquinho em uma garrafa cheia d’agua. Deitei Paris na cama de Sophie e voltei para a sala.

–Onde exatamente eu pego um balde d’agua?

–Na verdade, não vai ser preciso. – falou Sophie, pegando uma toalha que repousava em cima do aparador. – Estou diluindo o chá em água, então...

–Dois elementos em um jeito só. – comentei. – Prático.

Sophie deu um sorriso rápido e mergulhou a toalha na garrafa. Nossa, eu podia ver a fumaça sair da toalha.

–A garrafa tá quente assim? – perguntei, rindo

–Não, mas eu sou um demônio então... – ela suspirou. – Usei um pouco de Poder.

–Ah.

Ela dobrou a toalha de leve, para não derramar muitas gotas. Correu para o quarto e colocou o pano sobre a cabeça de Paris.

–Em poucos minutos, ela vai estar bem. – falou Sophie.

–Sério? – perguntei, impressionado.

Sophie assentiu. Ela voltou para a sala de estar e serviu-se de Whisky. Ergueu o copo, me oferecendo. Assenti e ela encheu outro copo. Sentei no sofá e ela sentou em uma poltrona vermelha, encostada ao lado do outro sofá. Ela deu um gole e suspirou.

–E agora? – perguntei. – Cadê a Hanna?

–Eu mandei colocarem ela no quarto dos meus pais. – respondeu ela, encarando o chão.

–Quanto tempo temos até que ela volte? – perguntei

–24 horas, no máximo. –respondeu Sophie

Assenti, sem ter mais o que dizer.

–E a Paris? – perguntei novamente. – O que você acha dela?

–Bom, Paris e eu costumávamos ser bem próximas. – contou Sophie, com um sorriso no canto da boca. – Ela esteve do meu lado quando eu assumi o trono, me deu conselhos. É uma boa amiga. Mas o poder é sua ruína. Ela faria tudo por poder. Isso é o que mais tenho receio. Se ela souber dos selos, de Deus... Não sei o que ela pode fazer.

–Não farei nada.

Ergui os olhos para a porta do quarto. Paris estava de pé. Seus olhos estavam mais brilhantes. Tipo, não brilhando, mas pareciam mais vivos. Sem todo aquele clima de dor, ela parecia muito bonita. Sinceramente? Ela parecia mil vezes mais como uma rainha o que Sophie. Além disso, seu tapa-olho havia sido removido.

–Esses cinco anos me ensinaram muita coisa, Sophie. – ela contou, enquanto sentava ao meu lado. – Cansei de correr atrás de poder. Só tem me trago dor. Devo me contentar com o que tenho e aprender a superar tudo isso.

–Falando nisso, como você está? – perguntei

–Bom, eu ainda sinto dores nas ataduras que substituem meus dedos. – contou ela, observando as mãos. – Mas meu olho está bem melhor. Tirei os curativos.

–Espera, você é um demônio, certo? – perguntei. Ela assentiu.

–Meio-Demônio, precisamente. – corrigiu ela.

–Certo. Seus dedos não deveriam se curar automaticamente?

–Nossa regeneração é rápida, Peter. – explicou Sophie. – Quando perdemos um osso, o corpo não refaz o osso. Ele regenera a carne. Não o osso. Então quando um demônio perde um osso, como Paris que perdeu os dedos, a carne se regenera, mas não o osso.

Ergui as sobrancelhas, rapidamente, em um gesto de compreensão.

–Bom, tenho que ir. – contou ela. – Preciso voltar pra casa. Obrigada. Devo uma a vocês dois. Sempre que precisarem, venham até mim e terei todo o prazer do mundo em ajuda-los.

Ela levantou-se e foi até a janela.

–Paris, espere. – chamei.

Ela se virou, atenta.

–O que aconteceu?

Ela voltou ao sofá e sentou-se.

–Tudo começou quando eu ouvi esse rumor.

“Um homem chamado Falkner me contou a verdadeira história de Wendell. Ele teria sido um profeta dos tempos antigos, mas usou seus poderes para o mal e foi amaldiçoada a viver de almas humanas, se alimentando de sua dor. Pessoas o buscavam para saber seu futuro, em troca de, em sua morte, ter sua alma levada diretamente a Wendell.”

“Falkner me contou que haviam lhe dito que Wendell sabia algo sobre mim. Diziam que o ouviram murmurando algo sobre eu ser alguém crucial em alguma coisa. Perguntei o que era, mas ele não sabia. Curiosa, ambiciosa como eu era, corri para perguntar à Wendell. Ele me contou o que era, sendo que em troca, eu devia dar-lhe uma alma. Não cumpri minha parte trato. Acabei dentro de uma cela, sendo usada de cobaia por um maluco que gosta de arrancar partes do corpo. Ele me usou, ele arrancava coisas do meu corpo e devolvia, rindo com o jeito que eu me regenerava. O meu poder lhe satisfazia. Ele... Ele me tocou, me tocou de jeitos que nem eu mesma me toquei. Eu via tudo isso. Eu sentia tudo isso. Eu ouvia, via, sentia... Eu tinha os cinco sentidos funcionando bem. Mas eu não podia falar, não podia me mover. Não tinha controle sob o meu corpo.”

–O que ele te contou? – perguntei, curioso.

–Isso eu prefiro não falar. Desculpe. – disse ela, apreensiva.

Assenti, como se dissesse “tudo bem”. Ela voltou à janela e observou o céu. Então se virou lentamente e me observou, um tanto entristecida.

–Ele me disse que um dia...

Ela hesitou.

–A vida de Deus estaria em minhas mãos.


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