The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 20
A Pit-Stop


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Bom, pra início de conversa, vocês devem estar se perguntando quem diabos é John Doe (capa). John Doe é uma expressão americana pra Anônimo, Desconhecido. Tipo, Fulano da Silva. Ele é o carinha que a Sophie viu no "sonho" dela, do qual ela vai falar sobre perto do final do capítulo. É só pra vocês imaginarem o cara logo de... Cara. Enfim. É só isso. Boa Leitura :)



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–O quê? - exclamei – Por quê?

–Servos da Lua... - ela falou. - Lobisomens. Temos que libertá-los.

–Como assim? - Hanna perguntou. - Temos que quebrar a maldição que faz com que eles se transformem na Lua Cheia ou o quê?

–Sim, mas não é essa maldição.

–Não importa! - interrompi. - Sophie quase morreu para fazer o feitiço de teleporte, não podemos nos dar o luxo de perder nem um de nós. O Trato...

–Eu posso mandá-los. - Lucy falou. - Mandei Hanna e Joe com sucesso, sem problemas.

–Eram duas pessoas. - Sophie retrucou. - Agora esse número triplicou, somos seis.

–Seis? - Joe repetiu, confuso

–Sim. - Sophie respondeu. - Nós somos quatro. Com Lucy e Amariel, somos seis. Não é?

–Eu? - Amariel perguntou, franzindo o cenho

–Sim. - falei. - Você seria útil para nós com seus poderes de cachorro e tal. Lobo. Cão. Enfim. Além disso, acho que você merece um pouco de ar fresco. Merece sair daqui.

–Mas a von--

–Deus está morto, Amariel. - interrompi. - Nada vai te tirar os poderes.

Ela encarou o chão por um tempo.

–Eu queria ir com vocês. - ela falou, atravessando a caverna para a saída. - Mas tenho algo a fazer. Uma última vontade que preciso cumprir.

Então, ela pulou de quatro, como um gato e, antes que seus pés tocassem o chão, ela se transformou em um belo lobo branco, com várias caudas que balançavam a cada passo.

–Ok... - falei, lentamente. - Enfim. Temos que resolver esse problema: Como voltamos para Kraktus. E você tem que vir com a gente, Lucy.

–Sim, temos. - Lucy concordou. Ela passou a mão por cima da tábua e ela desapareceu. - A tábua ficará segura comigo por enquanto. O único jeito de conseguirmos fazer esse feitiço, é unindo forças. Hanna, Joe: vocês vão ter que me ajudar.

Hanna arregalou os olhos.

–Nós temos magia, não é? - Joe perguntou

–Sim, mas do que um demônio, ou um Nephirim ou um bruxo. O único problema é que poucos Anjos e poucos Demônios, desenvolvem esse tipo de técnica. Preferem usar os poderes que a Graça e o Poder oferecem: supervelocidade, superforça e etc. Vou ter lhes ensinar quando voltarmos para minha casa. Sophie e Peter não podem me ajudar. Não têm magia aqui.

Voltamos pelo túnel, por onde Ameriel deixara várias pegadas de patas pelo caminho. O brilho estava menor, o corredor estava mais escuro. “ Eu tenho minha própria magia”. Esse enfraquecimento acontecia, provavelmente, por Ameriel ter ido embora. Como o lugar era superprotegido, devia ser isolado de qualquer tipo de magia, logo a única fonte era Ameriel. Com ela fora, a magia estava enfraquecida e em pouco tempo, desapareceria.

Agora tudo estava prestes a mudar. Estávamos bem perto de quebrar os selos restantes. Eu ainda tinha tantas dúvidas e receios... Eu confesso que estava nervoso. O grande dia, aquele em que Miguel e Lúcifer se libertariam, estava cada vez mais perto e eu não estava pronto para isso. Eu não estava pronto para quebrar selos. Eu preferia permanecer em Kraktus, com Sophie, indo para festas e conhecendo todo tipo de gente. Então, eu me lembrei da minha velha vida. Lembrei que, dois meses antes, minha única preocupação era o ódio de Hanna por mim e sua reação ao me ver em sua festa. Agora, visto de 'longe', parecia uma outra vida. Perguntei a mim mesmo como estaria minha mãe, como estaria Rick e meus outros amigos. Bella estava bem, eu tinha a visto fazia pouco tempo, mas os outros? Faziam cerca de dois meses.

Quando saímos da caverna, entramos no carro da Sra.-- quer dizer, no carro de Lucy. Desta vez, fui no banco passageiro, ao lado de Lucy. Ela deu a partida, mas não acelerou. Na verdade, ela encarou o volante.

–O que foi? - perguntei, olhando para o objeto.

–Eu sou muito idiota. - ela falou lentamente. - Como que vocês entraram em Anakyse pela primeira vez?

–Com a Sra. Whilitght. - respondi

–No carro dela. - Hanna corrigiu

Lucy deu a volta com o carro e seguiu de volta para a cidade.

–O carro... - pensei alto. - Ele passa pelos mundos, não é? Podemos ir para Kraktus com ele?

–Aham. - Lucy respondeu

–E se você tivesse pensado nisso antes, Hanna e Joe teriam ido com ele para Kraktus e Sophie não teria quase morrido para nos trazer aqui. - completei.

–Pois é. - ela concordou. - Mas ele não passa por Kraktus. É só para viagens entre Anakyse e a Terra. Vou ter que fazer algumas mudanças nele para viajarmos para Kraktus. Isso pode levar um tempo.

–Não temos tempo. - Sophie falou.

–Se tentarmos manualmente de novo, alguém pode se machucar. - Lucy continuou. - Não podemos quebrar O Trato. Vamos voltar para casa e esperamos alguns dias enquanto eu arrumo o carro. Não custa nada.

Chegamos a casa de Lucy em alguns minutos. Ela pôs o carro na garagem e foi olhar alguns livros no sótão da casa. Antes, ela me chamou para a garagem. Era um lugar bem sujinho. Era uma sala retangular, ao lado da casa. Haviam estantes espalhadas nas outras três paredes. A quarta era uma porta de ferro vermelha. Nas estantes, haviam vários trecos e bugigangas espalhadas, algumas penduradas em linhas que se prendiam no topo da estante. Apesar do carro, ainda sobrava um espaço grande no fundo da garagem. Lucy me levou para lá, onde encostada em uma estante, havia uma mala com as letras P.R.

–Peter Roman. - li.

–Isso. Sua mãe pediu para a Sra. Whitlight vir deixá-la. - Lucy comentou. - Ela sente muito sua falta.

–Nossa, minha mãe. - lembrei. Sim, eu tinha esquecido dela. Eu tinha me esquecido da minha vida antes daquilo. - Ela deve estar arrasada...

–Na verdade, não. - Lucy retrucou. - Ela está feliz, pois você está libertando... Ele.

–Então ela está pouco se lixando pra minha vida em perigo. - me peguei falando, antes que pudesse pensar. - Dane-se. O quê que ela colocou aqui?

–Roupas e utensílios de higiene, dos quais eu tenho certeza que você... Sente falta.- ela comentou.

Saí da garagem, agitado.

–Ela pediu para que fosse vê-la quando pudesse. - Lucy falou, antes que eu saísse. - Ela sente sua falta sim, só não está triste.

Abri a mala e encontrei várias blusas, camisetas, calças e sapatos, bem arrumados e dobrados. No bolso da lateral, havia escova de dente, pasta dental e coisas do genêro.

Claro que eu precisei dessas coisas em Kraktus. Mas Sophie me deu tudo o que precisei naquele... Dia. Quando estive em Anakyse, passei um dia apenas, antes de ser preso e ficar dentro de uma cela por dias. Então, provavelmente, minha higiene estava indo... Bem. Agora, eu não precisava mais de nada de Sophie.

Fechei a mala e carreguei-a pela alça até a casa. Hanna estava na sala, lendo uma revista, quando entrei, um pouco irritado.

–Seu quarto é o segundo a esquerda, escada a... - ela hesitou, ao me ver subir as escadas fazendo barulho com a mala enquanto ela batia nos degraus. - Cima.

O quarto que Hanna me indicou era muito... Antigo. Um papel de parede bege com rosas vermelhas curvas dava um ar muito antiquado ao lugar. Havia uma penteadeira na frente de uma cama de casal. Sim, de casal. Havia outra mala encostada ao lado da porta. A cama era da quase mesma estampa das paredes, com uma enorme cabeceira de madeira. Ao lado, um pequeno móvel com uma gaveta e flores em um vaso. No fundo, havia um guarda-roupa que se estendia de um canto ao outro da parede. Havia uma porta ao lado da penteadeira que logo se abriu.

–Opa! Peter!

Sophie estava nua entrando no quarto e correu para voltar ao banheiro.

–Não tem problema. - comentei. - Não é nada que eu não tenha visto.

Ela riu por trás da porta. Ela voltou ao quarto com uma toalha enrolada no corpo. Ela pegou algumas roupas que estavam em cima da cama, das quais eu não tinha notado, e entrou novamente no banheiro. Sentei na cama e fiquei encarando minhas mãos, pensando em minha mãe e minha vida passada, até que Sophie voltou ao quarto, com um moletom rosa e uma calça jeans. Ela tirou uma prancha da mala(eu não sabia que eles tinham esse tipo de tecnologia feminina em Kraktus) e voltou ao banheiro, onde alisou o cabelo.

–Você acha que podemos fazer uma parada? - perguntei, indo até a porta do banheiro para vê-la.

–Como assim? - ela falou, puxando uma mecha de cabelo e... “pranchando”, enquanto se olhava no espelho.

–Tipo... Terra. - falei, com medo de sua reação.

Ela derrubou a prancha.

–Terra, Peter? - ela perguntou, olhando para mim. - Nossa...

–Esquece. -falei, voltando para a cama.

–Não, calma. - ela falou, soltando “cautelosamente” a prancha na pia e voltando para o quarto. - Por quê você quer ir lá?

–Minha mãe, meu pai. - falei. - Minha vida.

Ela deu um sorriso tímido.

–Tudo bem, nós vamos para lá. - ela concordou. - Eu posso transportar nós dois, não vai ser como aconteceu em Kraktus. Eu sou forte o bastante para levar nós dois para a Terra.

–Sério? - falei, levantando.

–Sim. - ela respondeu. - Mas não vamos para um lugar perto da sua casa. Sabe, o portal para Terra fica em um lugar chamado Monte Everest.

–Ah, não. - lamentei. - São quilômetros de distância, esquece isso.

–Não, mas podemos ir de lá para sua casa.

–Não, não temos esse tempo todo. - abri minha mala e peguei roupas de baixo, uma camiseta azul e jeans. Limpos.

–Não, eu posso nos teletransportar para sua casa. - ela falou, sentando na cama. - É só você guiar.

–Eu não sei usar magia. - peguei as roupas e entrei no banheiro.

–Não precisa usar magia. - ela insistiu. - É só se concentrar na sua casa e a magia nos leva. Vamos, vai funcionar.

Fechei a porta e tirei a camisa e os jeans. Estavam ambos surrados e um buraco se abria na barra da calça. Troquei a roupa de baixo e vesti a camiseta e os jeans limpos. Pensei um pouco. Aquilo era muito complicado. Tudo para ir para casa, não fazia muito sentido. Mas minha mãe sentia minha falta. Seria errado dispensar a oportunidade de vê-la.

–Ok. Tudo bem. - concordei, saindo do banheiro. - Mas sem demorar, Lucy não tem muito tempo.

–Aham.

Ela sorriu e saiu do quarto, me puxando pela mão. Passamos por Hanna e Joe na sala. Ele estava com a cabeça deitada em seu colo e eles riam em altas vozes sobre alguma coisa.

–Aonde vocês vão? - Hanna perguntou, em meio as risadas.

–Para casa. - respondi

Hanna deu de ombros e acariciou os cabelos de Joe. Senti meus pelos se arrepiarem. De nojo.

Sophie e eu fomos andando até o Monte Mefesto. Não era tão longe quanto parecia. Sophie tentou usar O Poder, mas a magia em Anakyse era diferente, então não funcionou. E sim, já era manhã (era noite quando fomos atrás da tábua, gastamos um bom tempo lá, o bastante para o dia raiar). O Sol estava á pino (pra quem não sabe, quer dizer que já era mais ou menos, meio-dia) quando chegamos ao topo. As tochas e os círculos de sal ainda estavam lá. Sophie pegou o isqueiro que estava caído no chão e acendeu as tochas. Entrei no mesmo círculo que usei da primeira vez e ela entrou no de Joe. Ela fechou os olhos e fez os mesmos movimentos. A mesma coisa aconteceu, o mesmo show de faíscas e explosões, mas dessa vez, Sophie não fraquejou ao unir as mãos para a explosão final. A chuva de faíscas nos envolveu e, quando foi se dissolvendo, nos mostrou um monte de montanhas, cobertas de neve e uma ventania fria nos fez tremer.

–Va-va-vamos embo-o-o-ra daqui-qui-qui. - Sophie falou, tremendo.

Ela segurou minha mão e murmurou “pense em sua casa”. Ela fechou os olhos e eu fiz mesmo. Pensei em minha mãe, na mansão vitoriana em meio as árvores do bosque. Pensei em minha cidade, na escola.

–Peter, abre os olhos. - ouvi Sophie dizer

Quando o fiz, eu estava em frente a casa de Hanna, a alguns metros da estrada que levava a minha casa. Em volta, as outras casas estavam quietas e silenciosas. Senti um cheiro de frango assado, mas enfim. Olhei para Sophie e ela me seguiu, enquanto andávamos pela estrada.

A estrada era bem sinuosa. Tinha algumas curvas. A casa era visível logo do começo da estrada. Havia bosque de cada lado dela. Sophie e eu subimos calados. Então, um grupo de pessoas vinham na direção contrária. Era um trio. Um deles, era baixinho e magro. Tinha uma cabeça chata e suas sobrancelhas se uniam no centro. Ele era corcunda. Havia outro, mais alto e magricela, com um cabelo estranho e óculos. O do meio, era da minha altura, mas era forte e era carrancudo. Ele olhou fixamente para mim. Pensei que ele fosse gay. Como eu estava errado... Todos usavam jaquetas pretas e calças da mesma cor, e carregavam em uma bainha uma faca. Eles vieram em nossa direção, barrando o caminho.

–Ora, ora... - o do meio falou.

–Algum problema? - perguntei, com Sophie me segurando pelo braço, atrás de mim.

–Nenhum. - ele respondeu. - Por onde esteve, Vossa Majestade?

Senti como se tivesse levado um choque. Ele não olhava para mim. Ele olhava para Sophie.

–Eu? - ela perguntou

–Quem mais seria, Rainha Hough? - ele respondeu, seguindo seu caminho e nos deixando na estrada, perplexos.

–Você os conhece? - perguntei

Ela hesitou.

–Espero que não.

Encerramos o assunto. Aquela hesitação dela me trouxe outra observação: depois de sua semi-morte, quando Hanna perguntou como ela se sentia, ela demorou um pouco ao responder.

–O que, de fato, você sentiu quando você estava morta? - perguntei

Ela hesitou de novo.

–Responda a verdade. - adicionei e ela falou, enquanto seguíamos pela estrada.

–Eu lembro do dia em que minha mãe me salvou. Muita gente dizia que era impossível lembrar, mas eu lembro. Eu estava deitada em meu berço e ela tocou minha testa. Eu lembro da dor expressada em seu rosto enquanto ela dava sua vida para me salvar. - sua voz estava trêmula. -E foi isso que eu vi enquanto estive quase morta. Essa cena, em um loop infinito. Como um filme, que continua rodando, sem parar. Como os jovens daqui dizem, um “gif”.

–Só isso? - perguntei

–Não. - ela respondeu, engolindo seco. - Aos poucos, a cena ia mudando. Um homem, com uma jaqueta de couro e um cabelo esquisito entrou no meu quarto e conversou com a minha mãe. Então, ele desapareceu e minha mãe tocou minha testa. E assim, a cena se repetiu. Ele apareceu e conversou com a minha mãe de novo. Mas com o tempo, ele começou a permanecer enquanto minha mãe tocava minha testa. Chegou a um ponto que ele tocou o meu rosto. A cena final, que parou de mudar, era do homem tocando minha testa, ao invés de minha mãe. E tudo o que consegui ouvir da conversa foi “Ela não se lembrará de nada. Ela vai ficar bem”. Isso se repetindo, de novo, e de novo e de novo. Até eu ouvir, ao invés do “Ela vai ficar bem”, o seu “Eu te amo”. Então eu acordei. Chegamos.

Quando me dei por mim, estávamos de frente para a casa, já na porta de madeira. Olhei para Sophie, nervoso. Bati na porta e chamei:

–Mãe?

Não houve resposta.

–Mãe? Mãe!?

Ela não respondeu. Abri a porta e entrei na casa. Passei com Sophie pelo corredor em direção a sala de estar. Estava tudo bem, do jeito que estava quando saí. O corredor era o mesmo. Chamei pela minha mãe de novo, e ouvi um gemido vindo da sala de estar. Fui até lá e não acreditei no que vi. No chão, estava minha mãe. Ela sangrava. E estava à beira da morte.


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