The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 14
He's Come Undone


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Bem vindos a mais um capítulo de The Last Taste! Esse capítulo, eu achei, um dos mais esquisitos até então. Espero que gostem. Boa Leitura (:



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Terno? Confirma. Calças? Confirma. Gravata? Confirma. Barba bem feita? Confirma. Cabelo penteado com gel pra esconder o estilo "não lavo fazem dois meses"? Confirma. Sophie perfeita? Confirma. Eram três e quarenta e cinco quando saímos do quarto.

–Sophie, você vai se atrasar! - Olsen resmungava, com sua jaqueta preta e seus jeans. - Eles estavam te esperando as três horas! Já são três e vinte!

–Tá, tá, Olsen. - Sophie resmungava de volta, se maquiando. - Peter, você já está pronto?

–Yep. - respondi, sentado na cama. - Só falta você.

Ela suspirou impaciente. Ela parecia procurar um motivo para continuar a se atrasar.

–Sophie! - Olsen exclamou.

–Tá, tá! -ela falou, erguendo as mãos e saindo do quarto. - Parece que nunca ouviu falar que atrasar tá na moda... Desatualizado.

–Como é? - ele gritou

–Nada, valha. - ela respondeu, erguendo a barra do vestido ao descer as escadas.

Por algum motivo idiota, Sophie tomou um rumo diferente com Olsen. Sim, eu aceitei dançar com ela. Olsen me indicou a direções e não tive problema em segui-las. Em alguns instantes, estava no belo Salão Hyndarium.

Uau. Foi tudo que consegui dizer. Logo na entrada, era visível o tamanho do lugar. O teto era alto e as paredes eram de mármore. Várias pessoas, com diferentes roupas. A maioria, claro, estava de vestidos encharcados de purpurina e ternos pretos. Outros, assim com Olsen, estavam mais à vontade. Algumas mulheres usavam um conjunto refinado de jaqueta e calças finas e alguns homens usavam jaquetas e calças chiques. Espalhadas pelo salão, haviam várias mesas e mesinhas. A maioria era redonda, mas haviam algumas compridas. As compridas estavam repletas de comidas e bebidas. As redondas estavam lotadas de gente. Ao ver toda aquela fofura... Não gostei dali.

Sim, eu ainda tinha meu espírito jovem. Apesar de tudo, eu ainda gostava das festas e das baladas que agitavam Wayland. Eu preferia mil vezes estar lá do que naquela festa cheia de gente fingindo que está se divertindo. Nem Sophie, à quem a festa era dedicada, estava com muito saco para ir. Ela mesma me contara que só gostava do começo, quando todos olhavam para ela enquanto ela descia deslumbrante da escada de granito e era a primeira a dançar com seu par. Então todos começavam a dançar junto e começava a ficar chato. De acordo com ela, depois da parte legal, iríamos para a Pós-Festa no Peep's. Eu estava super ansioso.

–Atenção, atenção! - a voz de Olsen ecoou pelo salão. - Com vocês, Sophie Hough, Rainha de Kraktus!

Uma música de enterro começou a tocar. Franzi o cenho, mas fui o único. Todos sorriam, atentos ao topo das escadas, esperando sua bela rainha. Foi quando ela desceu. Eu sei, eu já tinha visto ela com o vestido antes, mas aquele momento parecia mais bonito, mais perfeito. Seu cabelo pulava em seus ombros a cada passo que ela dava e seus altos saltos vermelhos tocavam o degrau com delicadeza. No canto da boca, ela guardava um sorriso, enquanto descia calmamente. Todos estavam estupefatos. Ela correu os olhos para mim e a multidão abriu alas. Fui até Sophie, tentando parecer confiante do que eu fazia. O que era exatamente o contrário do que eu estava me sentindo naquela hora.

Quando cheguei próximo o bastante, a música continuou num ritmo um pouco mais rápido, perfeito para uma dança. Sophie me cumprimentou daquele jeito retrô que as mulheres antigas costumavam fazer. Me curvei com um sorriso malicioso. Estava começando a gostar daquilo. Nos aproximamos e, como ela me dissera, não podíamos nos tocar. Com um espelho, ergui minha mão e ela ergueu a mão oposta a minha. Quase se tocando, aproximamos as mãos e começamos a rodar. Fizemos o mesmo com a outra mão. Não estava combinado, mas não me aguentei e tomei-a em meus braços. Seu corpo colou no meu e a multidão se espantou. Ela começou a ofegar e entrelacei minha mão na sua. Nossos narizes se roçavam em um carinho silencioso. Ela pôs a outra mão em meu ombro e começamos a dançar, como se dança em bailes. Um dança velha e antiga, mas que era muito divertida quando dançada com alguém que você gosta. Não conseguíamos desviar o olhar dos olhos um do outro e cada vez mais, eu sentia o amor, a paixão. Lentamente, abaixei sua cabeça ao meu lado, em um movimento majestoso. Ela suspirou. A "plateia" também. As pessoas nos acompanharam e, em poucos instantes, todos dançavam simultaneamente. Parecia que só existia Sophie e eu naquele lugar. Estava tudo muito bonito.

Depois de um tempo, paramos um pouco para beber algo. Só tinham sucos e champagnes. Uma expressão de nojo cresceu no rosto de Sophie. Ela riu e sussurrou no meu ouvido, de um jeito sensual e apaixonante:

–Vem comigo.

Continuamos a dançar, só que menos fervorosos que antes. Discretamente, dançamos até a saída, por onde começamos a correr noite adentro.

Corremos, rimos e quase caímos no nosso caminho ao Peep's. Nos beijamos no Mercado Mefesto, que, claro, estava vazio. Passamos um bom tempo lá, mas tratamos de parar antes que ficasse muito sério. Como Sophie gostou de lembrar, é difícil parar depois que já está... Lá. Continuamos a correr até o Peep's. Meu Deus, o lugar estava lotado. Só pela entrada, estava visível que mal tinha jeito de entrar. Sophie me puxou pela multidão que dançava ao som de um rock metal pesado. Mas não foi isso que me deixou paralisado assim que tive uma vista geral do bar, no topo da escada.

Eu nunca tinha visto algo assim na vida, apenas em filmes. Homens e mulheres, de variadas idades, encravavam seus dentes pontiagudos e afiados nos pescoços das pessoas. As veias abaixo de seus olhos estavam realçadas e seus olhos estavam parecendo os de um demônio.

–Essa é a verdadeira face deles. - Sophie falou, ao ver meu espanto. Ela veio até mim e segurou meu ombro. - Você só conheceu a parte bonita de Kraktus.É uma cidade de demônios. O que você esperava?

–O que está, de fato, acontecendo aqui? - perguntei, tentando controlar meu choque.

–Eles estão se alimentando. - ela explicou, olhando para um homem careca morder o pescoço de uma menina. - É como um energético. Eles se sentem poderosos, invencíveis, imortais... É como uma cocaína, um crack para os humanos. Deixam eles felizes e prontos para uma noite inteira de festa.

–Eles se alimentam uns dos outros? - perguntei, apertando os olhos.

–Não. São humanos criados em cativeiro. Os humanos são vendidos como bebidas aqui em Kraktus, Peter. - meus olhos se arregalaram. - Em frente ao Peep's tem um posto. Os humanos são criados lá, se reproduzem lá e são vendidos lá como energéticos para baladas. Eles vêm pra cá e, se sobreviverem, voltam pra casa com quem os comprou.

–E você fala como se isso fosse certo? - perguntei, incrédulo

–Não falei que é certo. - ela contestou. - Falei que é comum. São coisas diferentes. Olha pra mim, Peter. Esses humanos? Eles não sentem nada! Eles são enfeitiçados pelas bruxas contratadas pelos postos para que se tornem nada a não ser uma garrafa ambulante! Eles não sofrem, eles não criam personalidade, são só sacos de sangue andando por aí! Não tem o que se preocupar: Eles não sentem!

–Você faz isso?! - perguntei, sem acreditar na minha imaginação

–Sim. - ela respondeu, como se eu tivesse perguntado se ela gosta de picles.

Não importa o que ela dissesse, decidi que manteria a mesma expressão: nojo. Ela suspirou, impaciente e entrou na multidão. Voltou com uma menina loira, de pele clara e olhos escuros. Haviam duas marcas em seu pescoço, das quais jorravam sangue.

–O que é isso, Sophie? - perguntei

–Sinta o cheiro. Sinta. - ela pediu

Respirei fundo e senti. Era um cheiro de ferro. Mas era um ferro cheiroso, parecia um aromatizante de ambiente, como um perfume. No fundo, uma voz, forte e persistente, continuava a me impedir de ceder. Era quase impossível ceder, eu ainda permanecia insistente em minha Humanidade.

–Nojo. - conclui. - Eu sinto nojo.

–Não, Pete! - Sophie insistiu. Ela aproximou o pescoço da menina para mim e voltou a me persuadir. - Beba. Só uma gota. E você vai entender.

A voz ainda era forte, mas menos persistente.

–Não!

Ela aproximou cada vez mais e o sangue tocou meus lábios. Por um momento, não ousei passar a língua sobre eles,mas não me segurei. Quando o fiz, senti uma onda de calor e Poder subir do meu dedo do pé até meu cabelo. Como se tivesse sido ligado, conectado a uma fonte de energia, eu me senti acordado. Me senti vivo.

As cores estavam mais vivas, o rosto das pessoas era mais nítido. Eu conseguia lembrar do meu nascimento, conseguia raciocinar com uma velocidade impossível de descrever. Eu estava a mil.

–Eu me sinto tão... - comecei. Como eu disse, era quase impossível descrever - Tão...

–Poderoso!

Falamos a palavra em coro. Ela riu e mordeu o outro lado do pescoço. Terminei minha refeição. Cara, eu estava ficando tão forte e sedento de sangue! Senti meus caninos se afiaram facilmente e encaixarem nos buracos sem problema algum. O sangue jorrava agora em minha boca, controladamente. Quanto mais eu me alimentava, mais forte eu me sentia. Eu queria ver até onde essa onda de Poder iria. Quando levantei minha cabeça, senti como se tivesse levado uma martelada na cabeça. Tonto e grogue, mas em compensação, mais feliz do que nunca. O líquido escorreu pelo meu pescoço e sujou meu terno, mas eu estava pouco me lixando. A noite era minha. O mundo era meu.

O resto da noite foi um borrão. Me alimentei de muita gente, dancei músicas com coreografias sensuais e excitantes com Sophie, nos beijamos como nunca, gritei para aumentarem o volume do rock e me obedeceram... Estava tudo perfeito e maravilhoso. Sophie melhorava tudo ainda mais. Nos abraçamos, demos vivas, parabenizamos Sophie pelo seu reaniversário... Foi uma loucura. As luzes giravam e trocavam de roxo para verde, fazendo essa sincronia com a música que levava a multidão a loucura. Quando fui no banheiro, posso jurar que tinha um casal transando no box ao lado. Eu estava me sentindo maravilhoso. Voltei para a pista de dança, dancei com Bella, não como dancei com Sophie, claro. Acho que um cara tentou dar em cima de mim, mas deixei bem claro que ele não é do meu tipo. Perdi o blazer do meu terno. Minha gravata estava sendo usada por Sophie como puxador para um beijo. Minha blusa estava muito manchada de sangue e eu sentia o tecido molhado tocar o meu peito, mas era muito sexy e deixava Sophie louca, o que me impediu de limpar. Uau. Que noite.

Por fim, Sophie e eu decidimos festar lá fora. Estava de noite e eu quis sentir um pouco aquele Poder em um lugar calmo, sem tanto barulho. Claro, levei uma ruivinha conosco, como um frigobar ambulante. Sentamos em um banquinho a alguns metros do Peep's e observamos as estrelas. Com fome, me levantei e fui me alimentar da menina que se chamava Jenna... Ou seria Emily? Não importa. Coloquei os dentes nos buracos já formados anteriormente e o sangue voltou a jorrar. Ouvi Sophie me chamar e alguns passos se aproximando, mas estava mais preocupado com a Jenna/Emily. Era ela muito deliciosa.

–Peter.

Aquela voz, doce e segura me acordou de meu sonho. Quase não acreditei no que eu via. Eu estava todo ensanguentado, tinha acabado de matar uma menina e estava gostando disso. Soltei o corpo da ruiva e ela tombou no chão. Olhei para o meu corpo: minha blusa manchada de sangue e meu rosto ainda pulsando com O Poder. Foi então que ousei olhar para frente.

À poucos metros de mim estava uma menina de cabelos loiros que demorei para lembrar quem era. O nome tentou vir a minha mente, mas eu não quis acreditar. Não quis acreditar que ela estava ali, não comigo daquele jeito. Mas é, não pude negar. Hanna estava me olhando. E ela não estava nem um pouco feliz em me ver.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler! Deixe nos comentários sua opinião/sugestão/dúvida!
Eu sei que todo mundo passa por isso aqui, mal percebendo que isso são as notas finais que eu sempre coloco a mesma coisa, mas tudo bem.



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