The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 10
Are We Ever Leaving This Place?


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Mais um capítulo. Me digam o que acham dessa relação Peter-Lucífer. Tenho certeza que muita gente acha que eu estou indo um pouco pesado nessa coisa anti-deus dos demônios, mas não se preocupem, vai ter a parte bonitinha. Boa Leitura (:



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Estávamos ferrados.

Corríamos, não, andávamos rapidamente pelas ruas, tentando deixar a distância entre nós e Patrick cada vez maior. Não era porque ele estava morto que não poderia nos matar. Tentávamos parecer o mais inocentes possível.

–Você acha que alguém nos reconheceu? - Hanna sussurrou, evitando olhar para mim.

–Se tivessem, - respondi, tentando lembrar o caminho para a praça principal, de onde voltaríamos para a estrada por onde entramos - já estaríamos mortos.

Hanna suspirou ao ouvir aquilo. "Eu matei sua mãe,", pensei, "cadê sua dor? Onde está sua raiva?". Ela estava bem demais para o meu gosto.

–Parem! Peguem eles!

Um grito me fez pular de susto e desatar a correr. Atrás de nós, vários homens de branco com capacetes pretos corriam com longas lanças prateadas. E eu não tinha nenhum interesse em saber o que eles faziam com elas. Hanna e eu começamos a correr ao mesmo tempo. Ela soltou um gritinho abafado. Corremos como nunca até vermos a igreja da praça. "Vamos conseguir", pensei. Pegamos o caminho contrário feito pela Sra. Whitlight naquela manhã e passamos pela placa de "Volte sempre!". A estrada ainda era enorme, mas sabia que iríamos conseguir fugir. Pude ouvir tiros atrás de nós.

No fim, eu fiquei um pouco espantado com o que vi. Havia um túnel. O problema eram os anjos-soldados parados de frente à ele, iguais aos que estavam atrás de nós, só que esses vinham com bazuca.

–Parados! - o maior deles ordenou. Eu conhecia aquela voz. - Coloquem as mãos onde eu possa ver!

O barulho de passos atrás de nós revelou que os outros que nos seguiam acabavam de chegar. O maior dos de bazuca, que gritara conosco, tirou o capacete e revelou seu rosto por debaixo de seus belos cabelos loiros: Patrick. Ele estava bem, de carne, osso... E cabeça, talvez até melhor. Pelo volume que seus braços faziam no colete branco, eu não tive um pingo de vontade de enfrentá-lo.

–Surpresos? - perguntou. - Pois é. Estou vivo. Assim como Carol e Lucy.

Hanna suspirou com alívio. Um terço de mim estava aliviado. Os outros dois estavam preocupados com a bazuca de Patrick e os poderes de Lucy.

–Nada. Nada. NADA pode matar um anjo! Nada! - ele gritou, com um sorriso cínico; me senti enojado. - Agora, levem-nos! Agora!

Um dos homens juntou meus pulsos e, como se estivessem algemados, não pude movê-los ou usar meus poderes (meu novo apelido para minha super-força, super-velocidade, super-caninos e super-vontade-de-beber-sangue repentinos). Patrick apontava a bazuca para nós, enquanto ria ao me ver sendo preso. O mesmo ocorreu a Hanna, que, apesar de não estar chorando, estava visivelmente abalada.

Um dos anjos nos segurou pela nuca e, como sempre, em um piscar de olhos eu estava em uma cela. Tinha três paredes de cimento e uma grade com barras de ferro impedindo a saída. Na parede da esquerda, havia um pequeno quadrado, fechado com barras de ferro, que me mostravam que Hanna estava na mesma situação que eu.

–Hanna!

–Peter!

–Você está bem? - perguntei, tentando passar minhas mãos pelas barras.

–Claro que estou. Claro que não, Peter! - ela respondeu, revirando os olhos - Estamos em celas! Celas! Isso aqui é pior do que aquele hospital.

Comprimi os lábios, pensativo. Fui até as barras da saída, sabendo que não funcionaria, mesmo assim tentei força-las. Claro que não cederam. Sentei em um canto e respirei fundo. Hanna parecia ter feito o mesmo.

–E agora? - perguntou Hanna.

–Vamos esperar.

Ela não contestou minha resposta. Pelo contrário, parecia se contentar. Pude ouvir sua respiração e a minha. Era um momento de calma. Por mais entediante e aterrorizador que estar em uma cela poderia ser, era um tanto tranquilizante. Depois de tanta correria, tanto desespero, agora sabíamos onde estávamos e não estávamos sendo seguidos por ninguém.

Pelo resto do dia, ficamos naquela mesmice. De vez em quando, tentávamos falar sobre o que fazer, mas nada parecia o certo a fazer. Duas vezes, um soldado veio nos deixar pão e água. Não quis tocar em nada que aquele pessoal me deu, então dei a minha refeição para Hanna, apesar dela ter contestado por alguns instantes. A cela era quente e fedia a urina. Eu não suportava passar mais do que dez minutos respirando aquele ar. Perdi a noção do tempo. Não sabia mais se era dia ou noite. Eu ia enlouquecer ali dentro.

Acho que se passaram dias. Ou foram só horas. Hanna não deu uma palavra o tempo todo. Acho que ela dormiu boa parte do tempo que passamos ali. Depois de um bom tempo, os soldados iam e vinham, anotando coisas em pranchetas. Provavelmente, estudando nossas reações àquela "dieta". Eu me senti fraco e sem esperanças de fugir dali. Entretanto, com o tempo, resolvi colocar a cabeça para funcionar e bolar um plano para tirar Hanna e eu dali.

Para isso, retornei às lembranças do sequestro no hospital. Eu pensei como saímos dali. Da última vez, eu tinha veneno em minhas veias. Eu poderia sim vencer a falta de nutrientes facilmente. Só que eu estava preso por um médico ilegal, um humano. Agora eram soldados-anjos com bazucas para esfolar os meus miolos, o que meio que mudava a situação. Então, uma coisa me veio a mente. Eu poderia ter morrido lá. Algo me curou, temporariamente, até eu levar Hanna a um lugar seguro, mas me curou. Pensei que poderiam ter sido minhas habilidades de demônio, mas eu ainda não tinha quebrado o quinto selo. Então, só poderia ter sido alguém. Por quê? Só há dois motivos pelos quais uma pessoa te salva: ou porque ela te ama ou porque ela quer algo de você. Precisa de você.

"Preciso de você, Roman.". A frase ecoou na minha mente como se fosse a primeira vez. A pessoa, ou a coisa que me dissera aquilo, tinha me salvado naquele dia. Eu estava perto da solução, eu conseguia sentí-la. Quem precisava de mim? O quê, de todos os seres sobrenaturais (porque pra me curar de veneno magicamente, tem que ser sobrenatural, né?), teria algum interesse em mim? Quem precisaria de mim? Como um sussurro, seu nome passeou pela minha mente.

Lucífer.

Não. Não fiquei chocado ou impressionado. Sinceramente, eu não me preocupava mais com isso. A única coisa que me fez hesitar foi o fato de que o Rei do Inferno não iria me ajudar pela bondade do seu coração, com certeza ele iria querer algo em troca. Isso era a única coisa que me preocupava. Além disso, não tive nenhuma vergonha de agarrar a solução, que agora estava na minha cara. "Falei" mentalmente para o... Demônio.

"Eu sei que você escuta meus pensamentos. Eu escutei o seu. Provavelmente, você vai querer algo em troca. Mas eu não me preocupo em arriscar. Hanna vai morrer aqui dentro, não podemos ser cobaias desses anjos pelo resto da vida. Eu preciso de você, Lucífer. Mostre-me que devo servir a você."

Houve o silêncio. Ele não me respondeu. Fiquei com muito medo da ira de Deus, por saber que eu estava me rendendo a ele. Mas Ele teria de entender que era eu, ou a minha fé.

"Roman.". Quase pulei com a resposta. Era uma voz fria e arrastada, que pronunciou cada letra que forma o meu nome como se alimentasse daquela pronúncia. "Hanna? Que Hanna?". Pisquei. Corri para o buraco que conectava as celas e quase tive um ataque cardíaco: Hanna não estava lá.

Então, pisquei e apareci em um Buffet. Haviam várias mesas com diferentes cores e várias pessoas dançavam a uma música que eu não ouvia. Usavam trajes a rigor e pareciam se divertir como nunca. Garçons passavam de um lado para o outro com bandejas e copos vazios, outros cheios. No teto, havia um lustre cheio de velas que iluminava o salão. Tudo parecia borrado, menos uma mesa.

Sentada, com um vestido prateado e o cabelo preso em um coque estilo anos 20, estava Hanna. Sua pele alva estava mais branca do que nunca e seus olhos eram ainda mais encantadores. Um homem se sentou ao seu lado. Ele era feio. "Nunca vi homem achar outro homem bonito. A não ser gay.". Isso não me impede de demonstrar meu desprezo. Ok?

"Enquanto você sofre, com água e pão, ela se diverte e traí o seu amor com um qualquer. O que você sente, Peter? Dor? Inveja? Rancor? Antes que pergunte, não. Não estou espalhando o meu veneno, te mostrando a verdade. Só quero lhe mostrar que juntos, eu e você, poderemos ser poderosos. Podemos ser mais poderosos que Deus. Entretanto, enquanto ela estiver por perto, você nunca será feliz. É a maldição do quinto selo."

Como flechas, as palavras entraram em meu estômago. Como sangue, as lágrimas escorreram. O ar parecia se esvair de mim. Meu mundo desmoronou, como um castelo de cartas sob uma brisa. Sim, eu não aguentei ver aquilo mais um segundo. Em um instante, eu estava de volta na cela. Fora uma visão.

"Antes que pense, " ele continuou, "ela não vai te ajudar. Se ela te ajudar, terá que fugir ou irão lhe tirar a Graça. Ou pior: Sua humanidade. Ela vai se tornar uma criatura fria e insensível, que só terá olhos para seu mestre. Patrick. Ela não vai arriscar isso. Se você a ama, deixe-a ir."

Senti um gosto amargo na boca engoli seco. Enxuguei as lágrimas e respondi.

"Que assim seja."

Olha, eu não sei qual o problema dessas criaturas. Vai perder as canelas se abrir a cela magicamente ou coisa do tipo? Precisa ser no teleporte?

Pisquei. Como sempre, fui para em outro lugar. Só que dessa vez, não foi nem um pouco gentil. Eu estava caindo. Estava quente e eu sentia como se o fogo me tocasse, com seus quentes tentáculos. Quando me virei para ver onde eu caía, tive um ataque cardíaco.

Estava caindo em um rio de lava. E não tinha nada que pudesse me salvar.


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Notas finais do capítulo

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