Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 46
Cap. 46


Notas iniciais do capítulo

A vida continua...

Espero que gostem.



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– Pilar, eles estavam se beijando! A que ponto essa casa chegou? Eu já disse que não tenho nada para conversar com ele...Chega disso, se já não me bastasse minha situação ainda tenho que achar natural meu filho se abraçando com aquela...

– O nome dele é Nicolas, César. Ele é um bom rapaz. Eu não posso pedir que você aceite isso, mas ao menos volte a falar com o Félix. Daqui uns dias temos a renovação das bodas da Paloma... – sua ex-esposa bem que tentava fazer algo para minimizar o estrago, mas nada do que dizia era o suficiente.

– Chega Pilar...Chega! O que eu vou falar com o Félix? Como esse Nicolas é bom, tem um emprego, pelo que entendi até empregou o Félix...nem gosto de pensar que tipo de emprego...Onde eu errei? Você sempre o mimou, por isso ele ficou assim – cheio de trejeitos! Ele poderia pelo menos ter a dignidade de arranjar um emprego compatível com a capacidade dele...Se arrependimento matasse...

– Se arrependimento matasse o quê, César? Eu não sei se foi o AVC ou sua idade, nosso filho não, veja bem, não conseguiria emprego em lugar nenhum porque você o queimou no mercado. Eu já te contei que até cachorro quente na Vinte e Cinco de Março ele vendeu ou até isso você já esqueceu? Mas quer saber? Quem diz chega agora sou eu, essa é minha e o Niko é bem vindo com a família dele e eu não vou admitir que o senhor o trate mal. Se em algum dia ele vier aqui e você não quiser ver o Félix com ele, fique nesse quarto trancado! Agora se eu fosse você colocaria a mão na consciência, que pai é esse que não quer ver o filho feliz? Ele é feliz com esse rapaz...Quanto tempo ainda temos? Eu não sei, mas agora só quero ter a certeza que quando eu morrer meus dois filhos terão alguém para cuidar deles...Assim, como eu apesar de tudo, César, ainda ofereço a minha casa para cuidar de você. Com licença.

Pilar estava cansada dessas discussões intermináveis, cada vez que ela e César se encontravam a conversa girava em torno do mesmo, Félix já não dormia em casa...ele dormia no Niko...Queria falar com seu advogado. Não houve noite desde que os dois foram flagrados pelo seu ex-marido que Félix dormira em casa...Também pudera, os dois ainda não se falavam, como quando Félix o levava para a fisioterapia e voltavam no mais absoluto silêncio apenas quebrado por ofensas do patriarca...Até Maciel se oferecera para levar o doutor César àqueles compromissos para evitar maiores desgastes, só que o experiente médico fazia questão de ter Félix a seu lado para ignorá-lo ou ofendê-lo lembrando que o único filho homem que ele tinha era o Júnior...

Se os dias eram díficeis o que lhe dava forças para continuar era seu Carneirinho, pouco mais de três meses juntos e os dois haviam mudado tanto – Félix estava mais frágil, resultado de tantas discussões com o pai e aquela fragilidade deixou que um lado seu pouco conhecido começasse a surgir...Ele, sim, precisava desabafar, precisava do ombro de Niko para contar como quão horrível havia sido o dia e mais que tudo isso precisava do carinho do seu namorado para lhe dar forças para seguir em frente. Estava mais carinhoso na vida e na cama. Fazia pequenas surpresas ao visitá-lo no restaurante, fazia questão de acompanhá-lo naqueles filmes que ele sempre sabia que o final seria feliz e de abraçá-lo depois de um longo dia de trabalho.

Sim, Niko trabalhava cada vez mais e mais animado pelas perspectivas financeira que Félix lhe passava, queria realmente outro restaurante, ter mais empregados para conseguir ter mais substitutos e por consequência mais folgas para ter mais tempo para seu gato Félix. O relacionamento o dava forças para aguentar aquela rotina puxada, estava ficando mais decidido, certo a esperar por aquele homem o tempo que fosse necessário, os ciúmes do passado estavam cada vez mais no passado. Seu presente era ter a certeza que todas as noites havia aquele abraço, ainda que sem muito jeito, todas as noites para ajudá-lo a descansar.

– Niko?

– Hummmm...quê? - Acabara de finalizar a sobremesa.

– Você não acha que está trabalhando demais..Comendo demais também...Eu achava que você queria um gerente para trabalhar menos e aproveitar mais a vida...Eu estou te cobrando muito caro? Já te disse que não precisa me pagar nada por isso... – Enquanto finalizavam o jantar Félix tentava de alguma maneira convencer o Carneirinho que o restaurante estava bem o suficiente para que ele não ficasse cansado daquele jeito e chegasse mais cedo para namorarem.

– Trabalhar me faz bem, só isso. Preciso aproveitar essa fase boa do restaurante para guardar dinheiro também. Ainda tenho muitas dívidas, você mesmo sabe que meus pais não são ricos...

Aquela frase veio como uma punhalada para o moreno, sim ele era rico e não trabalhava como poderia ou deveria. Na mesma hora Niko percebeu que havia falado algo que magoaria Félix mesmo que não fosse intencional; Félix apenas se levantou levando seu prato para a cozinha:

– Félix, eu não quis dizer isso, dessa forma. Ei, não finge que não está me ouvindo, volta aqui?

– Tudo bem, Carneirinho...Eu escuto isso todos os dias do meu pai...Ele parece odiar que eu não tenha um trabalho que ele considere que ocupe toda minha capacidade...Na verdade, acho que o que ele queria é que eu voltasse para o hospital...Só que isso é meu passado agora, até onde eu sei a Paloma e o Luthero vovôtrix estão cuidando muito bem daquele lugar. – Havia um fundo de tristeza naquelas palavras, mas não havia o que Niko dizer em relação ao hospital, ele sabia que Félix não estava pronto para voltar para lá e talvez jamais voltasse a ficar. Ele se dignou a continuar seu caminho para a cozinha.

Aqueles pequenos trabalhos domésticos começavam a fazer parte da vida de Félix, era um prazer sem explicação lavar os pratos após o jantar com o Carneirinho. Ele costumava dizer que cozinhar talvez fosse algo impossível, então lhe restava arrumar a bagunça após cada jantar dos dois. Lavando a louça sentiu o abraço forte de Niko chegando devargar:

– Eu vou tentar trabalhar menos, é uma afirmação, tá? Eu conseguindo montar outro restaurante será você que ficará mais ocupado, lembre-se disso...Eu não vou esquecer...Desculpe se te chamei de rico... – e aquela voz baixinha na orelha do moreno lhe fez um arrepio só.

– Criatura, eu vou acabar quebrando esses pratos...Eu não sou tão rico assim...você já esqueceu que meu pai vai me deserdar? – e riu olhando para os talheres que estava lavando como que meio sem jeito por aquela verdade.

Niko continuo cochichando no seu ouvido:

– É por isso que eu tenho que trabalhar bastante, pra te dar uma vida pelo menos próxima do que você está acostumado, meu amor...

Félix nunca conseguia controlar-se quando Niko falava-lhe daquela maneira, era mais forte que tudo que ele já havia conhecido na vida...Na mesma hora virou-se para um beijo apaixonado...

– Larga esses talheres aí, amanhã a empregada lava isso... – era Niko sendo decidido como deveria ser com seu Félix.

Mas ele recusou dizendo que precisava terminar ou não conseguiria relaxar, entre risos e provocações:

– Carneirinho, eu não preciso de uma vida luxuosa, o que eu mais preciso é que você fique comigo...Você não faz idéia de como tudo muda quando estamos juntos....

Já na cama, abraçados, eles gostavam de conversar um pouco antes de dormir...Niko sabia que mesmo que Félix estivesse calado o que ele mais queria era que Niko lhe perguntasse como havia sido seu dia:

– Ah carneirinho, meu papi continua me deixando na geladeira...Estou quase comprando uma pena...

– Pena? Como assim? – olhos franzidos, ele iria fazer alguma piadinha, mas não era.

– Quem sabe eu passando uma pena ele abriria aqueles olhos para falar comigo, sei lá o que eu faço. É tão difícil Niko, por que ele não pode gostar de mim do jeito que eu sou? Devo ter salgado o mar morto com sal grosso pra merecer isso...

– Nem todo mundo está pronto pro amor, Félix. Vem cá mais perto, deixa eu te aquecer um pouco mais pra você esquecer isso por hoje...Já te disse vamos dar um jeito nisso... – ele só não sabia como ainda... – mas se você salgou o mar morto o que eu fiz pra merecer você? Não importa o que seja, só não quero que você fique longe...

Cada noite aquela cena se repetia com alguma variação...ou Félix estava abraçado a Niko ou o Carneirinho que envolvia o gato, meio que sem saber eles já não conseguiam pensar na possibilidade de dormirem separados.

– Carneirinho, daqui uns dias a Paloma vai fazer a renovação das bodas...Você me acompanha, não é? – Ele falava meio que sem graça, sentia que precisava se redimir...ele não era um amigo da família...

– E com quem o senhor estava pensando em ir além de mim, seu bobo?

– Ah criatura cheia de cachos...Eu gosto tanto de você...


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Notas finais do capítulo

Capítulo bem fofinho (pelo menos pra mim).
Espero que tenham gostado. Até breve



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