Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 31
Cap. 31


Notas iniciais do capítulo

Entre o ciúme e a inseguraça, Félix escolheu a verdade.



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Félix não sabia explicar tantas coisas a respeito do seu Carneirinho, uma delas era o prazer de ver Niko no balcão preparando os peixes que ele tanto adorava, sentia-se até fisgado por ele, lembrava-se de várias vezes ir ao restaurante filar um jantar no seu passado longínquo de vendedor de hot-dog e muitas outras vezes o jantar era só a desculpa para vê-lo mesmo que não quisesse admitir. Decidiu que ia convidar Niko para o cinema novamente, ainda era terça, mas com certeza haveria algum filme para assistirem. Tudo que Félix mais queria era estar com ele, nada mais era necessário.

Niko conversava animadamente, era uma noite muito boa, o restaurante estava praticamente lotado e ainda era cedo. Sentados no balcão 4 executivos responsáveis por aquele movimento todo, a fama do restaurante era tão boa que uma empresa havia oferecido uma confraternização aos seus melhores empregados. Estava tão concentrado em atender seus clientes que nem soube dizer quanto tempo Félix estava parado na porta do restaurante com uma cara de poucos amigos:

– Pessoal, gostaria de pedir licença para ir resolver um assunto com meu gerente que acabou de chegar. Falta alguma coisa no momento?

– Não, Niko, tranquilo; talvez um pouco mais de saquê? – Um dos rapazes mais animados solicitava

– Já vou providenciar. Em 5 minutos estou de volta, nesse meio tempo qualquer coisa o Edgar está aqui pra atender vocês. – E ele saiu de encontro a Félix que continuava parado com aquele olhar felino

– Félix, que bom que você veio. Podemos ir no escritório?

Ele o seguiu, assim que Niko fechou a porta da sala, desabou:

– Mas que cara é essa de quem comeu e não gostou logo na porta? Você sabia que por mais bonito que você seja isso espanta clientes? Por acaso o senhor notou que o restaurante está lotado? – Niko não tinha muito tempo, então foi direto ao ponto, principalmente porque já precisava voltar a sua posição.

– Eu devo ter feito palitinho da Santa Cruz pra ouvir isso, eu achava que ia ser recebido com aqueles sushis maravilhosos que você faz e o senhor está ocupado? – O moreno não estava para brincadeira naquele dia, principalmente porque Niko não havia guardado seu lugar no balcão perto dele como sempre.

– Eu não acredito que você está com ciúmes dos clientes?! Eu não acredito, será que você não percebe que eu tenho que ser simpático com os clientes? – o que seria pior: deixar Félix falando ali sozinho ou tentar acalmá-lo...

– Félix Khoury não tem ciúmes! Você sempre bate nessa tecla...deveria evoluir um pouco, quanta ingenuidade, Carneirinho!!!

– Félix Khoury, se isso não é ciúme, o que é? – E Niko começava a bater o pé no chão, impaciente. – Quer saber? Eu preciso da sua ajuda pra distrair aqueles caras, se não eu não vou dar conta de tantos pedidos porque eles não param de conversar comigo. Eu não posso errar o que estou fazendo. Tem umas 20 pessoas da empresa deles no salão. Você sabe o que significa, não?

– Criatura, você está tentando mandar em mim?!

– Não, até porque eu estou pedindo sua ajuda, pe-din-do. Por favor Félix, começar a ter empresas trazendo altos funcionários vai ajudar muito o movimento, eu não tenho condições de rejeitar clientes. Tem um lugar no canto do balcão, você sentaria lá por mim pra conversar com eles? – Nessas horas Niko fazia jus a seu apelido, não havia como resistir aqueles olhos de Carneirinho sem rumo.

– Eu vou, mas não é por sua causa, é pelo bem do restaurante. – e se virou rapidamente antes que mudasse de idéia...

Por fim sairam, e não demorou 5 minutos para que Félix conseguisse chamar a atenção de três dos quatro ocupantes do balcão. Um deles insistia em conversar com Niko para desepero de Félix, na cabeça dele esse rapaz era gay, e estava cantando Niko...

– Então Niko, você nunca viaja? Quando você puder vá ao Rio, é uma cidade ótima e com muitos bons restaurantes como o seu, fica uma promessa minha pra te levar pra jantar lá em retribuição ao excelente atendimento que você está dando a todos nós aqui.

Niko sorria sem graça, sabia que havia uma grande possibilidade do jantar terminar mal, tinha certeza que Félix acompanhava a conversa:

– Poxa, obrigado, é que o restaurante toma muito tempo agora...Quem adora o Rio de Janeiro é o Félix, faz poucos dias que ele voltou de Angra dos Reis. Félix, por que você não conta pro Mauro o que você mais gosta de Angra?

– Não diga, Niko, seu gerente vai até Angra e você não tem tempo para um final de semana no Rio?

– É que o Niko tem outros planos... – Félix responde tão rápido que até Niko fica pensando quais seriam esse planos

– Sim, ele quer ir pro Peru! – E deu um sorrisinho malicioso. - Mas como é uma viagem longa, ele que é muito perfeccionista ainda não encontrou um substituto a altura...Niko sorriu aliviado, pelo menos ele não estava sendo indigesto com os clientes. Ele cortou muito peixe naquela noite até que todos saissem satisfeitos e deixando uma ótima gorjeta.

– Niko, em nome de todos, gostaria de agradecer seu excelente atendimento. Com certeza, quando eu voltar à São Paulo, voltarei aqui pra te ver. Mas se nesse meio tempo você for ao Rio, pode me ligar. Aqui está meu cartão.

Niko rapidamente pega o cartão e coloca no bolso da calça, aquela despedida precisava ser o mais breve possível. Se Félix não estava enciumado, o quer que aquilo fosse estava o deixando fora de si.

Após todos sairem:

– Nicolas Corona, eu estou me sentindo mal porque você não tem tempo de ir ao Rio...e pior aquela criatura ainda disse que vai voltar ao restaurante pra te ver, não por causa do sushi.

– Félix, eu estou tão cansado...mas obrigado pela sua ajuda, teria sido muito pior se você não tivesse aparecido. Nem tive tempo de te perguntar a honra da sua visita. Sentiu saudades?

– Eu nem sei porque eu vim aqui, até já esqueci! Devo ter tomado um porre com o cálice sagrado mesmo...

– Ah, então é isso, você veio aqui pra brigar e nem lembra mais por quê...

– O cartão! Passa esse cartão pra cá, carneirinho!

– Não. – E Niko sorriu colocando a mão no bolso. – Estou indo pra casa descansar. Você vai ficar aí pra fechar o restaurante com o pessoal? Seria até bom pra você aprender isso, dá que eu preciso da sua ajuda algum dia pra ter tempo de ir pro Rio – e o sorriso de Niko ficou iluminado, achando graça da situação.

Já no estacionamento, Félix continuava reclamando que queria aquele cartão.

– Vamos embora juntos, Carneirinho? Amanhã você pega esse carro.

– Não Félix, não quero que sua mãe me veja pelado de novo. Vamos embora, estou cansando. Você viu quanto faturamos hoje?

– Nós não, Niko. Você. – Naquele momento Félix entristeceu-se um pouco, desde que havia parado de vender hot-dog nunca mais havia se sentido útli...

– Você me ajudou e muito. Ei, o que você veio fazer aqui afinal, está tudo bem? Se não me engano iriamos nos ver amanhã ou depois, dependendo de como seu pai ficasse depois que saísse do hospital.

– Errr...Eu vinha te convidar pra ir ver um filme...mas você está tão cansado que fiquei sem graça...você não iria chegar nem ao final dos traillers acordado e eu nem gosto de cinema mesmo...

Niko juntou as sombrancelhas em sinal de questionamento,:

– Ai Niko, até isso eu tenho que explicar? Porque eu queria ficar perto de você, criatura. Fiquei tão desapontado quando cheguei no restaurante e você estava tão ocupado com aqueles clientes. Aquele que te deu o cartão,então, com certeza era gay e já foi te cantando assim...São clientes, não é? O cliente tem sempre a razão. Desculpe, Carneirinho.

– Desculpa do quê, Félix?

– Nos vemos amanhã ou depois então? Vou te deixar descansar. – Félix não estava confortável naquela conversa, era melhor irem embora.

– Quer ir ver um filme em casa?

Félix sorriu.

No quarto, antes que se trocassem, Félix se lembrou:

– Carneirinho, eu tenho duas perguntas pra você e preciso de respostas sinceras...Tudo bem, criatura?

– Sim Félix, pode perguntar. – Niko se senta aos pés da Félix já sentado em uma poltrona.

– Posso dormir aqui essa noite? – E eles sorriem, a recordação da primeira vez que Félix perguntara aquilo ainda era muito forte.

– Se você não sabe a resposta... – não havia nada importante que Niko para Félix naqueles dias.

– Ótimo! Agora o cartão. Não adianta achar que eu esqueci, nem Pôncio Pilatos teria a minha memória.

– Não Félix, eu não vou te dar esse cartão. – Para surpresa de Félix a próxima frase era definitiva. – Vem pegar!

– Você não existe, eu vou acordar a casa inteira se você não me der esse cartão, agora! Ou não me chamo Félix – ele ainda não sabia muito bem entrar nas brincadeiras de Niko.

Niko correu do chão para a cama e tirou o cartão do bolso. Deu um sorriso e o rasgou.

– Se eu não vou ficar com esse telefone, muito menos você, Félix! – e ele caiu na gargalhada.

– Você não existe, Carneirinho. Vem cá, preciso de um abraço...

E ele continuo enquanto procuravam algum canal na tv, já estavam aconchegados na cama:

– Carneirinho, eu fui te procurar porque amanhã meu pai saiu do hospital e eu estou me sentindo tão culpado, que só você pra me entender, criaturinha fofa.

– Fala Félix... – Niko já sabia que a conversa seria longa, mas mesmo tão cansado ele tinha forças pra escutar seu amado:

– Eu estou me sentindo culpado porque eu fiquei, de alguma maneira, triste porque ele sai amanhhã do hospital. Sabe? Não, não sabe. Com ele lá no hospital eu já fiz um monte de besteira com você, imagina quando ele sair, com ele lá era tudo muito mais fácil...agora...acho que cada dia vai ser um inferno...só espero ter forças pra isso...- e a frase termina com um ssuspiro mais profundo que a própria alma

– Féli...

– Niko eu ainda preciso continuar...eu queria te fazer uma promesa..a partir de agora eu não vou esconder você do meu pai...você não é um amigo da família, você é meu carneirinho e de alguma maneira eu preciso fazer com que a gente não sofra por causa do meu pai.

– Félix, com você eu vou até o fim do mundo, eujá te disse isso...só que você precisa confiar em mim...

– Eu confio em você Carneirinho, muito, é por isso que eu sempre quero estar com você..só que eu não confio em mim...sabe, minha mãe sempre me diz que a verdade sempre renova, nos torna melhores. Então, Carneirinho eu preciso te dizer uma coisa: sim, sim...

– Sim, o quê Félix? – Niko estava ficando assustado.

– Eu morro de ciúmes de você...pronto, falei! Eu queria ter furado os olhos daquela cobrinha com cada faca sua de cortar peixe...eu queria ter fechado o restaurante...eu fico louco quando penso que alguém pode tentar tirar você de mim. Pronto, falei de novo! – Félix falava entre o nervosismo típico do ciúme e o alívio pois tudo aquilo era a mais pura verdade.

– Ah meu Félix... – e Niko o abraça forte, você acha que eu não sei? Mas eu não tenho olhos pra ninguém...eu não vejo a hora de você se organizar, resolver seus problemas e ter paz nesse coração pra poder ficar comigo, de vez, de verdade.

– Assim eu vou ficar diabético Niko, com tanta doçura nessa voz...

– Olha aqui pra mim – e não havia como Félix fugir dos pedidos dele. – Eu gosto muito de você, muito. É com você que eu quero estar todas as noites, todo o tempo, toda a vida... e eu vou te ajudar, ainda não sei como, mas você vai conseguir se acertar com seu pai...talvez ele não venha a gostar do nosso relacionamento, mas se você estiver disposto, a gente acha um meio termo. – E Niko se ivra para se aconchegar no travesseiro segurando as mãos de Félix.

– Obrigado Niko. Preciso do seu abraço pra dormir...

– Vem cá, deixa eu me ajeitar melhor com você – Niko apaga a última luz. Estava exausto. – Boa noite, meu amor. – E adormeceu.

Félix não teve forças pra responder, apenas enxugou os olhos e ficou com esse desejo de boa noite na cabeça até adormercer também.


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Notas finais do capítulo

Para o proximo capítulo, os primeiros dias de Félix cuidando de seu pai...
Espero que continuem acompanhando.
Até lá :)