Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 21
Cap. 21


Notas iniciais do capítulo

Enquanto não houver paz de espírito, não haverá paz para prosseguir.
Mas pra onde seguir depois de tudo?
Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486349/chapter/21

Félix chegou pontualmente a casa de Niko, os pais dele eram exatamente como seu carneirinho havia lhe dito – a mãe d. Lúcia mais comunicativa e o pai mais calado, mesmo que Niko dissesse que não, Félix havia percebido que o pai de Niko só aceitava as opções do filho por causa da esposa; mas aceitava, muito diferente de seu pai.

D. Lúcia observava Félix atentamente, não era possível que aquele homem fosse a mesma pessoa que Eron havia descrito pelo telefone, mas como ter certeza?

O jantar correu sem maiores problemas, mas algo estava deixando Félix inquieto, não sabia por onde ou por quem começar, havia percebido que o pai de Niko estava mais cansado, talvez fosse a idade, ele era cerca de 10 anos mais velho que d. Lúcia e já aparentava a saúde mais frágil

– Félix, com licença, eu realmente preciso dormir. Hoje o dia foi muito pesado pra mim, fazia tempo que não dirigia tanto. Obrigado por vir. Continuamos conversando nos próximos dias, certo?

– Claro e não se preocupe comigo, em breve eu irei também. Só vou ajudar o Niko a organizar a cozinha.

– Eu te ajudo Félix, o Niko vai colocar o Jaiminho pra dormir e a Adriana precisa cuidar do Fabricio. Tudo bem? – era d. Lúcia, a chance que Félix esperava.

– Está ótimo, assim aproveitamos e conversamos um pouco mais. – Féix havia pensando muito e não se dava outra opção.

Já na cozinha, antes que d. Lúcia tentasse perguntar algo a respeito do que Eron lhe havia contado, o moreno respira fundo enquanto enxugava os pratos e começou:

– D. Lúcia, eu gostaria de contar algumas coisas pra senhora, no ínicio pensei em chamar seu marido também, mas fiquei com a impressão que a saúde dele está um pouco delicada, se me permite, posso lhe contar algumas coisas a meu respeito?

– Você é um bom observador meu filho, meu marido já não é mais o mesmo, ele anda muito cansado e no geral o poupamos de emoções fortes, foi até por isso que estava evitando vir em São Paulo conhecer o Fabrício, não gostaria que ele se apegasse ao menino caso ele fosse filho do Eron. Mas suas orientações ao Niko foram muito boas pra que tudo fosse resolvido, somos gratos a você também. – d. Lucia parecia nutrir algum carinho por Félix em suas palavras, mesmo com todas aquelas desconfianças na cabeça.

– Obrigado, eu gostaria de contar algumas coisas pra que a senhora não fique com a imagem de madre Teresa que o Niko faz de mim, eu não acho certo isso.

A mãe de Niko olha desconfiada e pediu que ele continuasse. Ela percebeu o tom nervoso das palavras de Félix e não estava entendo muito bem o que ele queria dizer.

– Eu não ajudei seu filho porque gostava dele, eu comecei a ajudá-lo porque queria me vingar do Eron. Ele trabalha no hospital que minha família é dona e por vários motivos errados eu queria muito atrapalhar a vida dele. Mas por coisas que a gente nem sabe direito como explicar o seu filho ficou muito agradecido e acabamos iniciando uma amizade, que eu relutava muito em aceitar. Acredita que algumas vezes eu só ia no restaurante para comer sushi e não vê-lo como acho que ele imaginava? Seu filho tem um coração excepcional – Félix respira fundo para continuar – E é por isso que eu preciso conversar com a senhora...

– Seu filho, senhora, ajudou-me muito no momento em que eu mais fiquei sozinho na vida, quando fui expulso de casa...

– Como assim expulso?? – quase que d. Lúcia quebrou um prato – “Era verdade” seu pensamento foi mais rápido que as mãos para evitar a queda

– Eu fui expulso porque minha mãe descobriu que há alguns anos atrás eu joguei a minha sobrinha recém nascida numa caçamba porque não queria ninguém atrapalhando meu caminho...meu caminho era muito diferente e eu não media minhas ações para continuar nele

– Não pode ser, não meu filho, não pode ser.... – D. Lúcia olhava para Félix e via naqueles olhos que era verdade, ele não pestanejava em continuar

– Pode e pode tanto que eu fui expulso e somente com a ajuda do Niko minha mãe me perdoou e me aceitou de volta em casa...eu fiz outros tantos de coisas erradas enquanto trabalhava no hospital da minha família...eu nem sei se o Niko já sabe de tudo, mas ele sempre me diz que eu mudei , que preciso enterrar o passado...mas não acho justo que a família dele me aceite sem saber de tudo, inclusive o que conto agora, pois não há como passar uma borracha no passado.

Os olhos da mãe de Niko eram exatamente como os dele, claros e sinceros, ela olhava atônita, não sabia o que dizer nem fazer; a confirmação que Eron havia falado a verdade a estava deixando atordoada.. por que afinal ele resolveu contar tudo aquilo, não seria mais fácil negar quando ela perguntasse algo aos dois?

– Eu preciso que a senhora converse com o Niko, ele pode confirmar tudo. Eu gosto muito do seu filho, muito que eu nem sei como ainda... e é por isso que eu não posso permitir que ele omita alguma coisa a nosso respeito, a meu respeito. A senhora tem um filho maravilhoso e eu não tenho o direito de atrapalhar isso...e eu imaginava que um dia vocês iriam saber, então melhor que fosse por mim - Félix não sabia o que dizer mais, porém continuava enquanto a mãe de Niko estava sentada numa pequena banqueta e assim permanecia

Ao final ele pediu licença e saiu, foi ao carro pegou a caixa com a papelada do restaurante e deixou na mesa de jantar. Niko ainda não havia voltado do quarto de Jaiminho, melhor assim. Ele partiu.

– Mãe, mãe, cadê o Félix?

Ela não sabia quanto tempo estava ali, somente olhou para o filho com os olhos cheios de lágrimas:

– Meu filho, ele me contou coisas horríveis a respeito dele. Eu não queria acreditar, mas é verdade não é? Eu já sabia que era verdade, mas não queria acreditar.

– O QUÊ ELE TE DISSE? – Niko não queria acreditar que ele havia contado, principalmente sem falar com ele antes

– Ah meu filho, ele falou tanta coisa, eu não achei que era verdade...Ainda bem que seu pai já tinha ido dormir...

Niko puxou uma cadeira, apoiou-se na bancada da cozinha e balançou a cabeça...”Meu Deus, qual o sentido disso? Pra quê isso? Já havia dito tantas vezes pra enterrar esse passado, e ele conta pra minha mãe como se fosse a coisa mais natural do mundo

– É verdade, não é? Pelo seu jeito é verdade e você não queria que eu soubesse pra não me opor...é como se ele fosse um criminoso filho... – a mãe de Niko balançava a cabeça em descrença.

– Sim mamãe, é. Eu não posso dizer que algum motivo explicaria o que ele fez ou como ele saiu ileso disso tudo, mas por algum motivo ele saiu e ele foi peça chave pra eu ter os meninos comigo agora.. abriu meus olhos para quem o Eron realmente é e ainda e salvou o pai dele de uma vigarista...bom a parte boa a senhora já sabia...ele foi mal mamãe, mas não é a pessoa por quem eu me apaixonei.

– Filho, eu já sabia da parte ruim, só não te ocntei... O Eron havia me ligado há alguns dias atrás pra isso, eu achei que era mentira, que era apenas uma tentiva dele de me colocar contra esse rapaz...mas não era...

– Eron?! Mãe não seria isso que me faria voltar pra ele, ele devia saber. Antes do Félix e eu ficarmos juntos eu já havia cortado qualquer esperança dele...Meu Deus, mãe, diz algo do Félix?

– Filho eu preciso organizar as idéias...também estou cansada do dia de hoje

– Mãe, se o papai souber ele não vai aceitar o Félix de jeito nenhum...eu falo isso porque tenho esperança que a senhora pelo menos deixa a gente tentar sem se opor...mas o papai...ele só me aceita porque a senhora interveio – Niko segurava as mãos da sua mãe com toda a força que podia

– Filho eu preciso descansar, organizar as idéias...Podemos conversar depois?

– Sim mãe. Desculpe se te decepcionei...nunca foi essa a intenção...eu só queria que vocês conhecessem a pessoa maravilhosa que o Félix é hoje...você sempre me dizia pra acreditar nas pessoas...

Enquanto a mãe de Niko se levantava e ia para o quarto, Félix dirigia, havia desistido de voltar pra casa, ia fazer o quê lá? Sua mami estaria dormindo com o Maciel, não seria justo acordá-la... mas ir pra onde? A rainha do hot-dog também estaria com seu marido, o Atílio, e ela o mataria se soubesse que ele havia contado tudo para os pais de Niko. Dirigindo nem ele entendia porque havia feito aquilo; com a verdade os pais de Niko jamais o aceitariam, ele não queria acreditar, mas talvez tivesse perdido seu carneirinho pra sempre.

“Eu devo ter salgado a santa ceia mesmo, eles até gostaram de mim acho eu, pra que eu fui contar tudo...uma hora dessas o pobre do Niko deve estar escutando horrores dos pais pra eu nunca mais ficar perto dele. Eu preciso sair de São Paulo por uns dias, senão eu vou me matar...mas pra onde eu vou? Pra onde? Quem vai querer escutar meus problemas senão o Niko? E mesmo que houvesse alguém, eu só quero o Niko”

Félix entrava nas vias marginais de São Paulo, precisava achar um rumo.

Niko estava sentando na sala sozinho, não queria ir pro quarto, queria conversar com sua mãe, ela precisava entender que Félix havia mudado não havia outra opção, sabia que sendo agora um carneirinho não poderia viver mais sem ele . Mas precisava ser paciente, ela precisava descansar. Imaginava Félix deitado, dormindo, será que ele estava bem? Não iria ligar e acordá-lo, amanhã conversariam. Amanhã seria um dia melhor. Agora qualquer coisa dita poderia piorar tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pra quem voltou com o Nyah, obrigada pelos comentários e por continuarem acompanhando esses dois.
Até breve!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dias melhores virão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.