Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 30
A Procura por uma resposta




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Dentro do hospital, Júlia descobriu o porquê daquele setor ser tão desabitado e incólume. As saídas foram bloqueadas com vários entulhos e o motivo se fez óbvio em sua mente. Logo, após um breve período de raciocínio, notou que a grade fora serrada pelos sobreviventes os quais escaparam do que seria um inferno. Todavia ela não tinha tempo a perder com aquelas barricadas e por isso procurou o melhor ponto de passagem no pátio externo. Carregava as costas, dentro de uma mochila, parte dos remédios que levaria a algum tratamento além de seringas, tesouras hospitalares, soros... Entre outras coisas as quais poderia pegar e levar. Procurando por outra saída, percebeu uma janela que servia a seus propósitos. Contudo, se pulasse nunca retornaria e as barricadas serviam um propósito muito bom para serem retiradas.

No mesmo instante em que pensava em como descer, um gancho acabara por ser arremessado em direção à janela. Claramente havia a possibilidade de ser o Eli, só que ele voltaria pelo lugar que entrara. Era mais ágil e rápido que ela. Subiria pelo cano, desta vez, vindo do lado do pátio passando depois pelas telhas e caindo no lado de fora. Não... Com certeza era outra pessoa, presumidamente a ela sendo a mesma que atirara naquele setor da clínica e talvez o assassino de Elileudo, se fora ele o alvo do disparo. Preferiu esconder-se em um dos cantos da saleta onde se encontrava aquela janela e esperou.

Dali fitou uma garota de cabelos vermelhos ao vento e tatuagens em cada um dos dedos. Reconheceu a imagem em um dos desenhos. A jovem era uma fã da obra “Cidade dos Ossos”. Considerava-se uma Shadowhunter ou uma caçadora das sombras. Não sabia se o Obreiro escutara, porém ela – no tempo em que participara da resistência carioca – ouvira falar de sociedades ao interior do Brasil, em estados como Minas Gerais, São Paulo e o Distrito Federal. Baseadas em diversas obras, elas misturaram realidade e ficção. Dessas grandes aglomerações, três eram famosas e a Shadowhunter era uma delas.

Pegando-a desprevenida, Julia aplicou um golpe de Jiu-Jítsu chamado de mata-leão ou, comumente conhecido como Gravata. Retirando o ar de sua oponente que aos poucos oferecia menos resistência, ela inutilizou a pessoa membro daquela sociedade. Afinal, não escutara boas historias delas. Após o nocaute, checou o que ela carregava, não sem antes de perceber movimentação na corda do gancho e, dessa vez, preferiu olhar quem estava subindo ao invés de esperar. Talvez uma parceira dela, ou talvez fosse o próprio Eli. Suspirou fundo, pois quem estava subindo era seu companheiro de resistência. Não comentou nada enquanto fazia a escalada. Subiu até mais rápido que a garota caída no chão.

– Ela roubou a sacola de primeiros socorros – disse um Elileudo ofegante retirando o gancho e guardando. Poderiam precisar depois – E o tiro fui eu que dei sem querer.

– Como foi isso? E pensei que fosse você que tomara o tiro... Tava me preparando para interrogar essazinha antes de tudo.

– E deixar a Jaque? – indagou um sorridente Eli – Ela me chutou, eu roubei a arma dela. Na queda, eu atirei para cima.

Ele pegou depois a sacola que a mulher trouxera para cima com ela. Estava nos seus ombros quando Júlia a pôs para dormir.

– A julgar pelo gancho, ela descobriu um lugar de entrada. Provavelmente – Julia andou ao outro lado da sala – a mesma entrada que eu.

– Isso que ia perguntar agora... Como veio parar aqui?

– A grade estava errada. Longa história, mas temos que ajudar a Jaque. Você se lembra de como se fazia transfusão antigamente?

– Sim. Elevação com tubos e seringas... Por quê?

– Vá. – Ela arrastou duas cadeiras de um dos cantos da sala – Irei manter meu plano original de interrogar essa aqui.

– Não foi só você que notou Ju – Eli ficou sério à medida que colocava a mochila nas costas – Você quer achar a Malu não é? Ela, diferente de você, seguiu os shadowhunters.

– Exatamente. Ela pode ser minha informação.

– Lembre-se também... O Vinicius é o conhecido Obreiro. Temos que chegar até ele. Quase certeza que ele tem as informações e ideias para nos retirar dessa enrascada.

– Sim, mas não abandonarei ninguém de fora... Absolutamente ninguém.

– Tudo bem. A sala que você entrou é descendo as escadas, certo?

– É a única janela que dará para fora. Impossível errar.

Elileudo partiu em disparada. Necessitava chegar rapidamente ao local onde estava Isa e Jaqueline para enfim começar a fazer a transfusão de maneira rústica. Possuía algum conhecimento vendo as coisas acontecerem na televisão e em filmes, porém nunca imaginou que tivesse que fazer na realidade. Júlia o convenceu daquilo. Confiaria na garota que vivia pela arte e de transformar os eventos cotidianos e comuns na realidade da tela. Estudara diversos assuntos, ainda que superficialmente, entretanto se ela dizia que aquilo dera certo, quem era ele para discutir? Um simples cara que se formara no ensino médio em Edificações pelo instituto federal... Seguiria o plano e esperava que esse desse certo.

***

O navio o qual continha os escolhidos para iniciar a operação que dava inicio a utilização da Frota do Rei em combate estava encaminhando-se para o ponto mais próximo, em linha reta, do local da sede da resistência. Enquanto isso, os zumbis modificados de Êvanes e Thanatos continuavam a atacar, esmurrar e tentar atravessar a vidraça reforçada da edificação. Os heróis, já considerados pelos civis dessa forma, descansavam. Alguns recarregavam suas armas de fogo, outros limpavam e afiavam suas armas brancas... Cada um estava se preparando, a sua maneira, a próxima leva. Ao próximo ataque.

Bianca, Marcela, Pâmela e Thallita juntaram-se a uma equipe formada as pressas pelo segundo em comando das forças de resistência. O destacamento era feito das pessoas que mais tinham contribuído até o presente momento, bem como as condições físicas dos presentes. Muitos que lutaram mais ferozmente que as garotas se viam de fora justamente por conta de dores nas pernas e pontadas musculares nos braços. A segunda leva seria formada por pessoas que poderiam lutar e bem. O objetivo? Levar o maior número de sobreviventes quando a Frota do Rei se posicionasse e atraísse os zumbis mutantes.

Dada às ordens, as quatro se reuniram em um canto isolado. Fora dos ouvidos de curiosos.

– Você acha que o plano da Frota do rei vai funcionar? – perguntou Thallita segurando um sabre que encontrara no calor da batalha.

– Vini me salvou em Vitória com música – retrucou Pâmela, com seu longo bastão característico – Então, o plano dele vai dar certo. Sempre deu.

– Posso ser lerda e muito mais, porém uma coisa que eu confio mesmo, é em meu cafetão. Só que o que me preocupa é algumas pessoas daqui da resistência. – Marcela recarregava seu rifle – Além de serem pessimistas alguns querem que a gente morra aqui.

– O poder é algo insano – Bianca tomou a palavra. Não conseguia se decidir pelas armas que usaria – Política e lobby existirão em todo lugar. O Bruno mantém a situação coesa, o Vini também o problema é que nem um, nem outro está aqui. Isso faz com que...

– As pessoas procurem dar uma de heróis ou querer assumir a liderança, mesmo que seja por um curto espaço de tempo – Thallita completou o raciocínio da amiga.

– De toda forma – a paulista escolhera duas tonfas, armas muito parecida com os cassetetes que Claudio usava – A salvação somente se dará lutando e confiando na pessoa a sua esquerda e direita. Quero olhar aos meus lados e ver companheiros lutando pela sobrevivência de nossa espécie. Bruno e Vinicius podem ser os homens dos planos, mas somos nós que daremos vida ao que eles pensam.

E um barulho vindo da costa de Rio Grande surgiu. A frota do rei estava em posição, todos os barcos estavam em posição. Ao soar do gongo, como diziam os antigos, a nova fase da batalha começaria. Já durou muito tempo tudo aquilo, praticamente um dia inteiro de luta ininterrupta. O sol nascera no calor do embate e já preparava para se por.

O ciclo deveria terminar. A noite começou, a noite terminaria. Fuga dos líderes, o ataque de Thanatos, ida de Thallita para a resistência, resgate feito por Bianca... Tudo isso ocorreu no fatídico dia em que os seres humanos como raça foram testados. Eles seriam capazes de enfrentar os supersoldados dos cientistas malucos ou pereceriam como outros focos de rebelião?

Somente o por do sol diria se o plano daria certo ou não.

No rufar dos diversos sons, a segunda parte da batalha começara...


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