A semana que se seguiu após a prova que selecionou os participantes de G3R4Ç@0 BR4S1L foi de extrema loucura, tanto para a família Marra quando para Davi e os demais selecionados.

Megan estava passando pela fossa pós-trauma com o que havia acontecido com Alex. Ela se enfiou em seu novo quarto, apenas querendo ficar quieta e sozinha.

Enquanto isso, Davi nunca tivera sua vida tão badalada. Era paparazzi na porta da ONG, da faculdade, de casa... Qualquer banca na cidade tinha sua cara estampada em capas e mais capas, seu nome vivia nos assuntos mais comentados no twitter e do Facebook, o telefone parecia com defeito de tanto que tocava.

O mundo inteiro queria saber quem era Davi Reis, assim como queria saber quem eram os outros nove participantes. Especialmente o nojento do Danilo Marra.

O garoto morava a apenas algumas ruas de Davi, e ambos haviam brincado juntos na infância. Porém, o jovem Marra era mau caráter, nojentinho, e apesar de não ter onde cair morto, a família vivia “ostentando” riqueza, pelo sobrenome Marra.

E agora estava pior do que nunca, se achando a última bolacha do pacote, contando histórias sobre sua relação com o tio (que Davi sabia não existir) e já garantindo que iria ganhar, porque, como o rapaz dizia:

_ O sangue Marra corre nas minhas veias, e eu vou provar isso para o mundo, quando eu ganhar esse programa. – ele dizia em todas as entrevistas, sendo rodeado pela família, especialmente a nojenta da avó.

_ Ô gênio da Geração Brasil... Você é famoso, mas ainda tem trabalho a fazer, tá lembrado disso? – Herval entrou no quarto do afilhado, que riu – Os patrocinadores do projeto do computador vêm hoje na faculdade, querem se reunir com você, saber quando começamos a trabalhar.

_ Que notícia ótima. – Davi sorriu largo – É bom voltar um pouco para a realidade, sabe?

_ Falando em realidade, é bom tu dar um jeito na Luene. – o nerd suspirou – Davi, ela já tá negociando para posar nua e o diabo a quatro. Isso pode te prejudicar, sabia?

_ Vou falar com ela hoje, está bem? – prometeu o rapaz, e o tutor suspirou.

_ E o que você vai fazer em relação a Manuela? Ela já descobriu que você é o mesmo Davi que vai competir com ela?

_ Ela não disse nada, mas com certeza. A Manu é uma ótima haker, já deve saber tudo sobre todos nós, incluindo nossos avatares. – os dois riram juntos – Quem sabe durante o reality as coisas não... Avançam?

_ Claro, afinal nada melhor que uma competição nada saudável para apimentar o relacionamento. – brincou Herval, fazendo Davi rir – Falando em competição nada saudável, melhor te deixar por dentro de um pequeno contratempo...

~*~

_ Megan, já chega dessa fossa. Curtir uma depre é bom, mas depre demais é deprimente. – Pamela entrou no quarto da filha, batendo os saltos enquanto andava até a janela e abria a cortina – Você precisa tomar um sol, meu amor. Está quase um fantasma.

_ Eu me sinto um fantasma, sem vida... – murmurou a menina, a cara enfiada no travesseiro.

_ Que é isso Megan, ainda tem muita vida pra você viver. – a mais velha deu três batidas na madeira – Vamos meu anjo, o Rio de Janeiro é tão lindo, tão pitoresco. Você vai adorar conhecer.

_ Eu adoro minha cama. – Pamela bufou, batendo o salto no chão.

_ Megan Lily Parker, você vai levantar dessa cama, colocar uma roupa linda, encher a cara de maquiagem e sair pela cidade. – ela ordenou, fazendo a filha estremecer. Já havia aprendido que quando a chamava pelo nome completo, é porque a paciência estava no limite.

_ Tá bom, tá bom. – gritou a jovem, sentando na cama. A mãe arfou – Eu não estou tão ruim mãe, por favor.

_ Megan, você não hidrata seu cabelo há quantos dias? Ou pelo menos lava ele? – Pamela parecia horrorizada – Ai meu Deus, o caso é sério. Eu vou mandar providenciar um banho de sais para você, e marcar uma hora no melhor salão que há no Rio. Ou melhor, um belo SPA, para nós duas. Você está precisando ser mimada.

Megan teve que rir, enquanto a mãe saia gritando com os empregados. A garota coçou os olhos, suspirando, antes de levantar da cama e seguir até o banheiro de seu quarto. Enquanto escovava os cabelos, uma empregada apareceu, começando a preparar o banho que Pamela havia pedido.

Logo, a jovem estava imersa na água morna, o corpo envolto em espuma, sua seleção de músicas favoritas tocando no Marra Sound, ligado ao seu Marra Fone. Britney Spears, Avril Lavigne, Katy Perry, Demi Lovato e demais divas pops, mas a lista contava apenas com as mais depressivas das cantoras. Estava em luto, tinha o direito de se enfiar um pouco na fossa.

Quando saiu do banho, praticamente uma hora mais tarde, haviam arrumado uma bandeja de comida em sua cama, com guloseimas variadas. Mas Megan comeu pouco, afinal, não era porque estava na fossa que se desligaria do peso e boa forma. Se bem que estava tão magra, que um pouco de doce não faria mal...

_ Ah, que se foda. – ela resmungou, enchendo um morango de chocolate e colocando todo na boca. Gemeu deliciada.

Chocolate era, realmente, melhor que psicólogo, terapeuta e todos os médicos do mundo. Era preciso apenas um pouco, e seu coração já se sentia mil vezes mais leve e feliz.

Revigorada após mais alguns morangos e guloseimas, Megan caminhou até seu closet. As empregadas já haviam desfeito suas malas e arrumado igual era em são Francisco, então foi fácil achar tudo o que queria.

Colocou um jeans justo e cheio de brilho, um sapato de salto, um top e uma jaqueta bem moderna, cheia de vãos, que revelava mais da sua pele. Ajeitou os cabelos da melhor forma possível e colocou uma tonelada de maquiagem, querendo disfarçar as olheiras e palidez.

_ Ah, essa sim é a minha filha. – Pamela sorriu, assim que a garota desfilou pelas escadas. Megan sorriu, beijando o rosto da mãe – Vai dar uma volta?

_ Acho que vou passear pela orla de Ipanema, com o carro é claro. – ela riu – A propósito, meu carro já chegou?

_ O Jonas providenciou um novo, que ele achou que você iria gostar mais. – Pamela caminhou até um móvel no canto da grande sala, abrindo uma gaveta – Aqui está... Conhece essa chave?

_ O Lamborghini Gallardo que eu roubei? – a jovem perguntou surpresa, enquanto a mãe ria e assentia – Ai meu Deus, que tudo. Cadê o Jonas?

_ Ele está no escritório. – Pamela indicou o cômodo ao lado – Pode ir lá.

Megan saiu correndo, toda animada. Abriu a porta, encontrando o padrasto perdido entre papeis. Correu até ele, o abraçando pelo encosto da cadeira.

_ Obrigada, obrigada, obrigada. – ela começou a beijar o rosto dele, que riu – É o melhor presente do mundo.

_ Melhor que o show da Britney?

_ Tá, segundo melhor. – os dois riram – Eu amei Jonas, obrigada.

_ Se você ficou feliz, é o que importa. – ele sorriu para a garota – Agora vá estreá-lo, de maneira apropriada.

A garota sorriu, mandando mais um beijinho, enquanto saia da sala correndo, deixando o padrasto aos risos.

~*~

Davi dirigia o carro de Herval de maneira quase ensandecida. Sentia o sangue fervendo nas veias, e agradecia a Deus pelo professor não ser tão ingênuo quanto ele havia sido.

A mansão dos Marra era na área nobre do Rio, cercado pela casa de diversos atores e atrizes famosos. Entrar lá era praticamente impossível, a não ser que você fosse um grande haker. E por sorte, Davi era.

Invadir o sistema de segurança, colocar a placa do carro entre os autorizados e habilitar o sistema do portão de entrada para seu celular, havia sido uma brincadeira de criança.

Foi preciso apenas acionar o controle, e o carro pode entrar facilmente, com o segurança inclusive acenando para Davi. Idiotas, achavam que só porque não estavam mais nos Estados Unidos, estavam cercados de lesados?

Não conseguiu evitar se surpreender com o tamanho da mansão, embasbacado com a beleza e o porte do lugar. Distraiu-se por um instante, e quando olhou para frente, enfiou o pé fundo no freio.

Bem de frente com seu carro, a poucos centímetros, estava a frente de um Lamborghini Gallardo amarelo. No volante, uma jovem loira, parecendo em choque, depois aliviada, e por fim com raiva. Ela desligou o carro, descendo depressa. Davi fez o mesmo, dando a volta no veículo e se aproximando dela.

_ Qual a merda do seu problema, hein garoto? – gritou Megan.

_ Meu problema? – ele rebateu, ainda confuso.

_ É, seu problema. Isso aqui é uma casa, mas ainda temos um sentindo para andar, para os carros não baterem. Você estava na contramão, seu lesado. – ela rosnou, fazendo Davi se irritar.

_ Desculpa princesinha, nem todo mundo tem uma casa dos sonhos da Barbie, cheia de regras e frescuras. – ele rebateu, deixando-a irada.

_ Você sabe com quem está falando?

_ E você? Sabe? – ela pareceu ultrajada.

_ Querido, se eu for saber o nome de todos os funcionários do Jonas, eu vou morrer louca.

_ Eu não trabalho para o Jonas, Parker. – Davi bufou.

_ O que está acontecendo aqui? – eles se viraram, vendo Jonas e Pamela na porta – Quem é você, rapaz?

_ Meu nome é Davi Reis, Sr. Marra. – o garoto caminhou até a escadinha – Eu sou um dos oito participantes do seu reality, mas eu também sou o inventor do computador que o senhor tentou copiar. E eu quero saber por quê.