Eles estacionaram em frente a uma lanchonete pequena, diferente das que Megan estava habituada. Ela desceu da moto com cuidado, já que estava de vestido. Alex também desceu, pegando o capacete da mão dela e guardando. Caminharam em silêncio para dentro do restaurante, indo até o caixa.

_ Droga, minha bolsinha ficou no carro. – ela reclamou, nervosa.

_ Relaxa, eu pago. – ele riu – Do que você gosta?

_ Hã... Pega um suco de laranja e umas batatinhas, pra mim está bom. – ela garantiu, e ele concordou, pedindo que ela fosse se sentar.

Ela caminhou por entre as poucas mesas, um pouco surpresa que o lugar fosse tão sujo e simples. Estava odiando aquilo, mas não iria reclamar com o rapaz que a salvara.

Logo, Alex sentou ao lado dela, colocando uma bandeja em frente.

_ Olha, o lugar é sujo, mas é bom. Eu preferia um restaurante mais chique e elaborado, mas como estamos tentando te manter segura, acho bom não irmos a um lugar desses. – o rapaz comentou, pegando um hambúrguer e mordendo.

_ Porque você me salvou? Digo, porque se meteu? – ela perguntou, a voz rouca – O cara era bem maior que você, podia ter te machucado.

_ Minha mãe me ensinou a não deixar uma dama em perigo. – Alex respondeu, dando de ombros – Eu vi que o brutamontes estava abusando de você e dos fotógrafos, e achei melhor intervir. Acho que nem mesmo Megan Parker quer sua intimidade tão exposta assim.

_ Você sabe quem eu sou? – ela se retesou, um pouco nervosa. Claro que ele saberia quem ela era, havia sido estupidez pensar o contrário.

_ Eu tenho uma prima que é fascinada por você. Ela acha tudo em você o máximo. O sonho dela é ter uma festa de 18 anos com show da Britney, que nem você. – Megan sorriu envaidecida com as palavras dele – Particularmente, eu gostaria de conhecer a Megan por trás disso.

_ Como assim? – ela arregalou os olhos, vendo-o colocar seu lanche na mesa.

_ Qual é Megan. Eu vi o jeito que você ficou diante de todos aqueles fotógrafos. Você estava acuada, assustada. Se você realmente gostasse disso, teria simplesmente dado um chute do saco do cara para sair de heroína. Mas você sentiu medo, o que prova que você não gosta. – Megan franziu o cenho.

_ Como você pode ter tanta certeza de algo sobre mim, sendo que nem me conhece? – ela praguejou por estar sem celular, estando em um lugar que não conhecia. Ele ergueu as mãos, em sinal de rendição.

_ Calma loirinha, relaxa. Não era minha intenção te acuar. – Alex garantiu, pegando seu lanche de novo – Meu irmão mais velho é psicólogo, estudante de psicologia na verdade. Eu simplesmente ouvi ele discursar sobre isso várias vezes, para minha prima. E isso apenas despertou mais minha curiosidade.

_ Você percebe que está soando como um perseguidor, não é? – ela perguntou, mordiscando uma batatinha.

_ Percebo. Mas não tem outra maneira de dizer isso. A não ser que eu escreva uma música e lance ela por todo o mundo. Mas isso é meio difícil, e pareceria ainda mais perseguidor. – Megan teve que rir do rapaz – Eu simplesmente te acho fascinante Megan Parker, além de muito bonita, se me permite dizer.

_ Era sobre isso que você queria me falar, hoje na balada? – ela questionou, e ele negou.

_ Não teria um diálogo tão profundo em uma festa. – ele riu – Eu fiquei maravilhado quando te vi lá, nunca imaginaria isso. Me mudei para cá a poucos dias, eu sou de Patterson, já ouviu falar? – Megan negou – É uma cidade pequena, vinte mil habitantes. Vim para cá trabalhar na empresa de um amigo do meu pai. Não suportava aquela cidade, pequena demais, simples demais. Todos são muito acomodados. Eu quero crescer na vida, ser rico. Ter eu mesmo minha empresa, e ganhar muito com isso.

_ Você fala como uma criança, sabe disso não é? – ela perguntou, mas gostava da ambição do rapaz.

_ Todos falam como crianças, quando falam de seus sonhos. – ele disse simplesmente – Quais são os seus sonhos Megan?

Ela ficou em silêncio por um instante. Nunca havia pensado muito nisso, sempre teve tudo que quis. No entanto, era um excelente pergunta, e logo ela tinha uma resposta.

_ Eu quero um amor de verdade. – ela suspirou, fazendo-o sorrir. Não sabia porque estava dizendo aquilo logo para ele, talvez por ele tê-la salvado dos paparazzi e do brutamontes. Mas ela sentia que podia confiar nele.

_ Acho que isso, todos nós queremos. – ele segurou a mão dela – Bom... Coma sua batatas, antes que elas esfriem e fiquem borrachudas. Perdem totalmente a graça.

Ela assentiu, pegando as batatinhas. Ele voltou ao seu lanche, ambos em silêncio. Mas Megan sentia que algo nascia ali.

~*~

Já passava das 4h, e Davi ainda estava vidrado no computador. Havia ganho diversas partidas em um dos jogos, e avançado níveis em outro. Tudo sempre acompanhado de Manuela, sua parceira no jogo.

Nunca havia visto o rosto, nem da garota e nem de nenhum dos demais jogadores. Usavam imagens estranhas em seus avatares, e sentia vergonha de ligar a webcam. Não que fosse feio, sabia disso. Mas tinha um pouco de medo do que iria encontrar do outro lado.

O celular apitou, e ele viu uma mensagem da namorada, Luene. Ela o xingava por não ter dado sinal de vida o dia todo e desejava boa noite. A mensagem era de três horas antes, mas a operadora de Davi estava um lixo.

Suspirou, sabendo que não adiantaria responder aquela hora. Tomaria xingo de todo jeito, e estava pouco ligando para isso. Já estava saturado daquele namoro maldito.

_ Problemas com sua princesa?

_ Magos não tem princesas. Talvez sacerdotisas? – os dois riram. Todos já haviam ido dormir, restando apenas ele e Manuela – Você não tem que trabalhar amanhã?

_ Não, estou de folga. – ela respondeu, o barulho das teclas sendo ouvidos – Droga, me dá cobertura Davi.

_ Calma, to chegando. – ele moveu seu avatar até o dela, matando o oponente – Bingo.

_ Isso. – ela comemorou, mas logo seu microfone ficou mudo – Droga, eu preciso correr.

_ Porque? – ele perguntou, preocupado.

_ Problemas de família. Foi um bom jogo Davi. Até amanhã. – ela ficou offline logo depois, e ele suspirou.

Se desligou do jogo, pensando em ir dormir. Até que uma ideia lhe surgiu. Era arriscada, sabia disso. E já ouvira nas conversas, Manu dizendo que era uma excelente haker de computador. Mas ele precisava tentar.

Era um trabalho longo, mas ele conseguiu rastrear todas as contas ligadas ao e-mail dela. Apesar de nas conversas em grupo, usarem e-mails fakes, os dois haviam desenvolvido uma boa amizade e trocado os endereços verdadeiros.

_ Facebook, twitter, Linkedin, Google+... Uau, ela é conectada. – o rapaz ficou surpreso. Abriu a página do Face, sabendo que seria o lugar mais provável de achar o que procurava. E assim aconteceu.

O perfil da garota se abriu diante dos seus olhos, e ele sorriu largamente. Ela podia não ser a pessoa mais linda do mundo, mas não era um dragão gordo e estranho, graças a Deus. Era até bonitinha.

Viu que ela tinha namorado, e diversas fotos com o mesmo. Ela também tinha um irmão, que a marcava em diversas postagens estranhas. E ela tinha sonhos, sonhos que ela compartilhava em sua linha do tempo, ambições e desejos.

E foi assim que Davi terminou sua noite: lendo tudo sobre a, possivelmente, mais incrível garota que já havia conhecido, sem ao menos conhecer.