Solaris - A Morte escrita por Histórias da Joaninha


Capítulo 14
Viagem Secreta


Notas iniciais do capítulo

Música: O Silêncio das Estrelas
Banda: Lenini
Link: https://www.youtube.com/watch?v=bIxJNISqwmA



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[Dias Atuais - Londres]

Johanna e Alexandre estavam no quarto de hotel onde ela se hospedara. Logo ao entrar, Alex notou que algo na mulher parecia diferente, ela estava se comportando como se precisasse tomar uma decisão importante, difícil e perigosa.

Ele já a vira em um estado parecido algumas raras vezes, poderia contar com os dedos de apenas uma mão, nestes cinco anos de convivência. Mas nunca daquele jeito, a situação deveria ser ímpar. Se orgulhava que, mesmo depois de pouco tempo (se considerasse a idade dela), a conhecia como ninguém. Nem mesmo os vampiros do clã da Redstar a compreendiam como Alexandre, talvez com exceção do Diego e o rei.

O Supplite, achava ele que Dick e Valentim também tinham ciência que Johanna era uma pessoa de poucas palavras. Por esta razão todos os outros a consideravam misteriosa, porém não percebiam que ela, no lugar de palavras, dizia muito com atitudes sutis.

Os movimentos singelos e controlados dela passariam despercebidos aos demais, contudo ele viu preocupação e antecipação de algum plano naquele comportamento. Ela demorou para dizer qualquer coisa e ele não iria iniciar a conversa, a situação era delicada e Jonna precisava de tempo.

– Eu lhe chamei pois tenho uma missão para você. Sabe muito bem que não tem nada a ver com o seu sangue, isto foi apenas uma desculpa para te trazer aqui.

– Eu sei, pode dizer.

– Será perigoso mesmo para você, Alex! Se não quiser aceitar vou entender. E o perigo não existirá apenas enquanto cumpre a missão, depois dela, quando voltar, você estará em um risco muito maior.

Era um segredo entre os dois o fato de Johanna ser diferente dos demais vampiros, até mesmo dos Solaris. Ela precisava de sangue com uma frequência dez vezes menor do que a média e mesmo com as poucas mordidas, Alex se tornou poderoso de uma forma inesperada até mesmo para Johanna.

Ele tinha força, agilidade e um poder de regeneração quase no mesmo nível de um vampiro recém transformado. Algo sem precedentes conhecidos. Para Alexandre, a Tepesnina produzida pela Redstar tinha propriedades incomuns, mais poderosas e especiais. Ele não fazia ideia da razão mas tinha quase certeza que Johanna conhecia o porquê e tinha motivos para não querer compartilhar as respostas.

Johanna sempre confiou muito nele e o ajudou além do que o contrato Supplite exigia. Agora, com vinte e três anos, já era o gerente de recursos humanos da Companhia Redstar, subordinado apenas do diretor financeiro e de Eduardo Morgen, o CEO da companhia. E adicionava a isto o fato de ter se tornado um super humano. Ele devia tudo, de bom que aconteceu em sua vida, incluindo em sua vida amorosa, a Johanna Redstar.

– Independente do perigo… Aceitaria fazer qualquer coisa que me pedisse! Pode falar.

– Vou precisar que faça uma viagem, primeiro Espanha e depois Escócia. Será uma busca secreta, lhe darei as coordenadas antes de partir e, enquanto estiver nesta empreitada, não entre em contato comigo nem com ninguém.

– Nem com o Murilo?

– Não enquanto estiver na busca. Ligue para ele assim que sair e se despeça. Diga que irá para uma viagem de estudo e intercâmbio, que irá ajudar em sua carreira. Fale que precisará se focar e não entrará em contato até o fim da estadia. Seu namorado te ama e aceitará. Quando eu retornar para o Brasil confirmo sua história.

Murilo Kondewski, um humano e estudante de engenharia-quimica, de vinte anos, era o estagiário mais promissor de Johanna. Ele, que desconhecia a existência dos vampiros, assim como muitos funcionários do laboratório, ficava a margem dos estudos voltados ao vampirismo, é claro.

Alex conheceu Murilo em uma festa organizada por Johanna, foi amor a primeira vista. Alexandre suspeitava que a moça ofereceu a festa apenas para apresentar os rapazes, que tinham muito em comum. Então, se conheceu Murilo, foi porque Johanna os conectou.

– Tudo bem, sem problemas. Mas cuide do Mau-Mau para mim, certo?

– Com minha vida. Afinal, você está arriscando a sua aceitando meu pedido.

♫Música♫

– O que está acontecendo, Johanna? Não vou deixar de te ajudar, apenas gostaria de ter noção de onde estou me metendo.

– É melhor que não saiba, para sua segurança. A sociedade vampírica está prestes a perder um pilar importante e eu estou a frente disto. É arriscado, mas não há saída. Depois da chegada da Pietra…

– A namorada do Martino?! E o que ela tem a ver com tudo isso?

– Com a chegada dela, vi uma oportunidade e esta é a hora! Ela será útil sem ter ciência disto, será minha desculpa.

– Ainda não entendi.

– Não tente entender. Nem preciso avisar para que não conte nada, sobre a real viagem ou sobre esta conversa, para meu clã, não é?

– Vejo que tem grandes planos para si, contudo por que não vejo felicidade e euforia?

– Porque, infelizmente, vou perder muito no processo. Aliás, preste bem a atenção no que direi! Você não saber de muita coisa poderá salvar sua vida dos possíveis castigos, caso me peguem!

– Como assim, caso lhe peguem?!

– Pare de fazer perguntas que não responderei!

Johanna pega um envelope e o entrega nas mãos de Alexandre.

– Não volte da viagem a menos que tenha encontrado o que irá buscar mesmo, e principalmente, se algo tiver acontecido comigo! Neste envelope estão suas coordenadas, tudo que você precisa encontrar, uma procuração e o que deve fazer com meus bens caso eu morra.

– Não…!

Alexandre ficou sem chão, com medo e perdeu a capacidade de pensar. Johanna, que para ele era o significado de infinito e uma mulher cheia de esplendor, nunca poderia morrer. Para ele, tudo o que Johanna Redstar fazia, de bom ou ruim, estava destinado a ser eterno e grandioso. Não, ela não deveria morrer.

– Sim. Entende quando digo que tudo isso é perigoso? Se tomar cuidado e fazer o que eu te disser, estará seguro, você e o Murilo. Eu me certifiquei que, caso eu morra, alguém poderoso e de minha confiança irá te ajudar se e quando for necessário.

– Quem?

– É melhor não saber. A pessoa te ajudará sem que perceba, oculta pelo anonimato. Outra precaução, se eu for destruída, assim que você terminar sua jornada, vá diretamente ao encontro do Valentim. Declare a todos que você não estava a par de meus planos e que, por ser meu Supplite, estava obrigado a fazer o que eu lhe pedisse.

– Isso não é totalmente verdade.

– Por isso, deixei uma carta neste envelope, entregue-a para o Valentim, ele me deve alguns favores e te livrará de qualquer acusação ligada às minhas ações. Ele lerá a sua mente em frente aos líderes dos clãs e atestará sua inocência.

Alexandre sabia que Johanna tinha problemas com contato pessoal, era inglesa apesar de tantos anos no Brasil, e se sentia desconfortável com abraços, principalmente os mais calorosos. Entretanto, aquela poderia ser a última vez que se viam. Ele precisava se despedir adequadamente. Johanna era a musa inspiradora dele, a mulher mais deslumbrante e cheia de fibra que ele conhecera, era forte e inabalável até mesmo com uma morte iminente.

– Eu precisava te abraçar assim, sei que não gosta, mas eu precisava. Para o caso de não te ver de novo.

Johanna acena afirmativamente e se despede com um sorriso carinhoso para o amado amigo.

“Uma demonstração de sentimento singelo da fria Johanna?” - Pensa Alexandre ao abrir a porta para sair do aposento. E diz em um lamento:

– O que está fazendo, Johanna?

O rapaz sai e fecha a porta antes mesmo de a moça responder-lhe.

– Traição. - Ela responde para ninguém.


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