Loucamente apaixonados. escrita por Ana Mel Castro


Capítulo 5
Eu, bebê.


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpem-me pela longa demora, acabei ficando muito doente e iria ficar quarenta e cinco dias no hospital, porém, melhorei e recebi alta ontem, então estou aqui para postar. Espero que não tenham me abandonado, e obrigada pela compreensão.



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POV: Maggie.

Eu não posso acreditar. Isso é demais para a minha cabeça, ou, no caso, para a minha pequena cabeça. Eu, um bebê.

Meus pensamentos sobre o meu futuro e, obviamente, sobre o meu presente foram interrompidos com o Snape falando a senha para a gárgula, e com o barulho da escada descendo para que pudéssemos entrar.

Sentia-me segura com seus braços ao redor do meu corpo pequeno e aparentemente frágil. Severo andava ainda com dificuldade, fiquei com dó e curiosa ao mesmo tempo, pois queria saber o que havia ocorrido para que ele estivesse tão machucado assim e, queria saber, principalmente, o porquê de eu ter voltado a ser um bebê.

Fiquei feliz por dessa vez não ter sido jogada na mesa do Dumbledore. Acho que isso é uma das vantagens de ter a aparência de um bebê.

O diretor assim que nos viu, arregalou os olhos e seu semblante mostrava total surpresa. É, dessa vez a gente se superou.

– Adams? - Dumbledore falava abobalhado. - O que aconteceu? - Seu olhar surpreso mudou drasticamente para preocupado. Parecia que ele e Snape sabiam de algo e eu não.

– Fui enfeitiçado quando fui fazer o que me pediu. O feitiço teria efeito a mim, e não a essa criança, porém ela sendo uma verdadeira impertinente, me tocou, transferindo o feitiço para si. - Severo olhou-me repreensivo. - Achei que seria um feitiço mortal, contudo, como pode ver foi pior do que isso. - Olhou-me novamente, de forma mortífera.

Foi enfeitiçado? Quem o enfeitiçou? E por que os dois parecem que estão falando em códigos?

– Oh, entendo... - Dumbledore massageou as têmporas.

– Expulse-a logo! - O ranhoso gritou quase que me deixando surda.

– Vloce naum plode! - Odeio falar como um bebê. Tudo sai engraçado, errado, meigo e fofo. Quer dizer, fofo e meigo para Dumbledore, pois para o Snape parece que eu sou uma patética.

– Pelo que me parece, a senhorita Adams teve as melhores das intenções Severo. A meu ver ela só tocou em você porque estava preocupada, certo? - Ponto para esse velhinho que sempre fica do meu lado.

– Não me importa qual tenha sido o motivo. - Ralhou. - Não quero essa... Criança me atrapalhando e sendo a mesma cabeça-oca de sempre.

– Ley! - Resmunguei.

– Mas, ela precisará voltar para a forma normal, correto? - O maior levantou os óculos meia lua. - E o mais indicado é que seja o mais rápido possível.

– Então peça para Pomfrey que faça o maldito antídoto. - Eu com certeza deixei o Snape muito irritado. Tudo bem que ele é rude e ríspido, mas ele nunca tratou o diretor assim.

– Não é um feitiço difícil, o antídoto será fácil. No entanto, é preciso que as raízes das mandrágoras estejam maduras, Severo, e como a própria madame Pomfrey nos informou, isso só será possível daqui a dois dias. A senhorita Adams precisará de cuidados. - Já podia ver os planos mirabolantes que provavelmente inundavam a cabeça de Dumbledore.

– Entendo. - Snape pareceu ficar um pouco mais calmo. Finalmente. Até os seus braços ao redor do meu pequeno corpo se afrouxaram. Quer dizer, ele fez isso apenas para me colocar em cima da mesa ao centro. - Pelo menos me livrarei dela por dois dias. - Será que ele tá achando que irá se livrar de mim? - Não me importo com quem ela ficará, sua vida não me diz respeito. - Quanta grosseria!

– Acalme-se Severos. - Dumbledore pediu pacientemente. - Tudo que ocorreu não pode ser espalhado, e confio totalmente em seu sigilo. - Snape assentiu apressadamente. - Então acho que posso confiar à senhorita Adams em suas mãos e todos os cuidados que ela precisará durante esse tempo. - O mais velho sorriu gentilmente ao final.

– YEEEP! - Levantei os bracinhos em plena felicidade, deixando que minha blusa folgada caísse formidavelmente de meus ombros. Então o ranhoso terá que cuidar de mim? Até que ser um bebê não é algo tão ruim assim.

– Eu me recuso a fazer isso Dumbledore. - Disse indignado. - Peça qualquer coisa, tudo o que quiser, menos... Menos isso. - Pela primeira vez senti-me realmente odiada. Snape me olhava com tanto desprezo e nojo que realmente achei que ele poderia me matar ali mesmo.

– Oras, quem sabe assim os dois não resolvem sua diferenças. - O diretor sorriu. - Minerva logo será informada, tenho certeza que ela nos ajudará com essa situação delicada. - Olhou-me de cima a baixo. Desculpe, mas eu estava brincando com uma pena, agora para mim tudo parece ser interessante e novo. Até mesmo as coisas fúteis. - Assim como os demais professores. – Completou.

– Não precisa! - Snape pegou-me rudemente, quase que me machucando e saiu mancando e bufando da sala de Dumbledore.

[...]

Eu me agarrava em sua capa com as minhas mãos pequenas, e torcia para não cair. Depois que Severo saiu da sala do diretor, ele andou vários corredores vazios, berrando e me carregando de um lado para o outro. Nem se quer se importou que eu, um bebê, estava em seu colo.

E eu estava com frio, fome e queria urinar. Mas ele parecia não ligar para a minha existência.

– Sevelo... - O chamei. Ele ignorou. - Sevelo! - Berrei como um perfeito bebê.

– O que quer? - Falou enquanto descia o rolo de escadas que dava diretamente para, acredito eu, seus aposentos.

– To cum fome. - Mordi o lábio inferior com os dois dentes que me sobraram. - E pleciso ir plo banheilo.

E ele me ignorou, novamente.

Severo abriu uma porta marrom e entrou em um cômodo totalmente vazio. Ou pelo menos foi o que eu achei. Os moveis verdes e pretos foram aparecendo gradualmente, outras portas também apareceram. Meus olhos esbugalhados por conta das lágrimas estavam arregalados.

– Fique aqui. - Ele me colocou sentada no sofá que tinha no meio da sala, e entrando na porta a esquerda.

Talvez eu não tenha esclarecido a minha situação. Eu estou praticamente pelada, já que minhas roupas foram deixadas na sala do Dumbledore. Meu cabelo, ou melhor, o resto do meu cabelo, está todo bagunçado. E bom, eu acabei de urinar no sofá do Snape. Não consegui me controlar.

– Mas o que foi que você fez? Em? - E lá veio ele como um louco até a mim. - Já não basta eu ter que suportar essa situação, e agora isso! - Pegou-me de forma bruta e praticamente me jogou no chão. Sem nenhum cuidado ou algo assim. Ah, mas eu abri o berreiro. Chorei alto e com vontade, quem manda ele me tratar tão mau desse jeito? - Chega! Você vai pra banheira! - Gritou, pegando-me no colo e andando até a porta a direita.

Era um banheiro. Um grande banheiro. Havia uma banheira de mármore verde, um grande espelho pendurado na parede perto da pia. O vaso também era de mármore, porém sua cor era branca. Ao lado da porta havia toalhas no cabide pregado na parede. Era realmente um banheiro típico de um sonserino.

– Por que eu não a estuporei antes? - Quis retorqui, mas decidi calar-me já que o seu humor estava piorando a cada vez que eu falava, ou me movia, ou fazia qualquer coisa.

Severo colocou-me dentro da banheira, dessa vez de forma mais cautelosa. Ligou a água morna e deixou que ela enchesse o suficiente.

E ele saiu.

Saiu do banheiro com a banheira ainda enchendo... Será que ele quer me matar? Se a banheira encher de mais... Eu morro. Não, não, meu Severo não é assim. Ele me ama. Ama sim. Pode falar que não, mas me ama.

– Sevelo! - Bati os bracinhos na água. Será que ele quer que eu morra? - Sevelo! - Odeio não poder falar direito. Odeio estar chorando agora. - Sevelo, por favor! - Olhava desesperada por todo o cômodo.

– Será que poderia parar de gritar? - E ele voltou. Voltou com roupas de bebê nas mãos. Ah, era só isso? Dei um suspiro longo de alivio

– Eu plensei que vlocê tinha me deixado. - Falei fungando o nariz. Realmente preciso confiar mais no meu Severo.

– Não fique animada. Em breve me livro de você. - Disse enquanto se abaixava ao lado da banheira. - Consegue tomar banho sozinha ao menos, certo? - Inclinou uma das sobrancelhas.

– Hum... - Maneei a cabeça positivamente.

– Ótimo. - Balbuciou. - Pegue o sabonete. - Entregou-me o objeto azul. Minhas mãos eram pequenas demais e o sabonete escorregadio. Acabei deixando-o cair na água. - Nem um sabonete você sabe segurar? - Perguntou ríspido.

Severo puxou suas duas mangas para cima e enfiou uma das mãos dentro da banheira a procura do sabonete.

– Ei! - Resmunguei. - N-n-não s-s-seja um talado! - Sua mão passou pelas minhas coxas! Que pervertido!

Espera...

Estou esquecendo que estou com a aparência de um bebê. Preciso me acostumar com isso. É um pouco estranho, pois em todos os meus sonhos mais luxuriosos em que eu ficava nua pela primeira vez para o meu ranhoso, eu nunca imaginei que seria dessa forma.

– Agora feche os olhos se não ficará cega, e eu juro que eu não me importarei caso isso aconteça. - Falou enquanto passava o sabonete por toda a extensão de minha cabeça. - Incline a cabeça para trás. - Ele é um perfeito mandão.

– Tá flio. - Reclamei.

– Fique quieta. - Ordenou enquanto molhava os meus cabelos tirando toda a espuma. Senti minhas bochechas esquentarem, a mão do meu Severo é tão grande, fofa e macia, por mais que seu movimento em minha cabeça não seja tão delicado, sinto como se ele estivesse afagando-a.

Quando ele passou a bucha pelos meus braços vi algo estranho em seu pulso. Ele tem uma tatuagem? Uma tatuagem de uma cobra enrolada com uma caveira. Algo realmente horripilante.

– O qle é isso? - Apontei para a 'tatuagem' em seu pulso.

Sua expressão de desprezo mudou pela primeira vez. Era algo indecifrável. Não sei se era raiva, confusão ou nojo.

Ele levantou em um baque e virou-se de costas para mim. Parecia perturbado.

– Isso não te interessa senhorita Adams. - Grunhiu. - Pare de tentar bisbilhotar a minha vida. - Virou-se novamente para mim. Tenho a clara certeza que eu o deixei mais irritado ainda. - Acabou o banho! - Tirou-me da água de forma violenta. Senti o frio cortante passar pela minha espinha. Encolhi-me inteirinha em seus braços, e fechei os olhos em alivio assim que fui enrolado em uma toalha macia.

– Dicupa. - Pedi choramingando enquanto ele saia do banheiro.

– Fique aí na sala. -Avisou colocando-me no sofá já limpo. - Minerva cuidará de você.

Severo pareceu ficar com raiva por conta da minha pergunta sobre a sua tatuagem. Não entendi pra que tanta exaltação, é só uma tatuagem oras!

E agora eu estou aqui, com frio, com fome e pelada. Achei que seria uma boa ideia ficar com meu Snape, mas estou vendo que isso pode acarretar a minha morte.

[...]

Minerva a via entrado nos aposentos do ranhoso, e ela foi super gentil colocando uma frauda em mim e me dando leite. E além do mais, avisou que inventou uma desculpa para as minhas amigas, e que agora, elas não estão tão preocupadas. Se bem que quando eu voltar para a minha forma normal terei dificuldades em explicar o porquê de eu ter ficado na enfermaria e não poder receber nenhuma visita, pelo menos essa desculpa irá me ajudar por ora.

Quando ela saiu da sala, me deu um beijo casto na testa e até mesmo me convidou para dormir com ela. Mas eu recusei, por mais que minha vida corra perigo ao lado do Severo, eu prefiro ficar com o amor da minha vida.

E agora eu estou aqui. Deitada no sofá, enrolada em uma coberta, olhando para o teto, esperando que o meu ranhoso saia finalmente do quarto em que ele está desda hora que a Minerva veio ajudá-lo. Acabei nem perguntando se a perna dele já estava melhor, mas acho que estava, pois ele não mancava tanto quanto antes.

– Pleciso dlormir. - Cocei os olhinhos com as palmas das mãos.

E eu adormeci.

Tive um pesadelo e acordei toda ofegante e suada.

Estava meio escuro e eu, com mais medo ainda. Estou mais quente que o normal, mas com muito frio.

Revirei-me no sofá, inquieta. Acabei caindo com a cabeça direto no chão, doeu, porém eu não chorei, não queria acordar o Severo. Recuperei-me lentamente e me posicionei como um bebê faz quando vai engatinhar, pois era isso o que eu faria. Iria para o quarto do meu ranhoso e dormiria lá mesmo, não quero que nenhum bicho papão me pegue.

Engatinhei desengonçadamente até a porta do lado esquerdo, ela estava meio aberta para a minha sorte. Eu a abri o suficiente para que passasse, e entrei cautelosamente. Ele estava sentado em uma poltrona, dormindo como um perfeito anjo e com uma garrafa de whisky do lado. Engatinhei mais rápido até o seu alcance e quase que caio com a boca no chão. Estou mais tonta do que o normal.

Acho que ele dorme com um olho aberto ou algo parecido, porque assim que eu cheguei perto de seu pé ele se moveu e abriu os olhos no mesmo instante. E naqueles olhos havia ódio e desprezo, não que eu já não esteja acostumada. No entanto, eu o amo do mesmo jeito.

– Senhorita Adams, o que acha que está fazendo? – Trovejou. Levantou-se da sua cadeira e, logo depois, ajoelhou-se até ficar ao meu tamanho. - Saía daqui! - Gritou assustando-me.

– Estlou cum medo! - Resmunguei.

– Como se eu me importasse com suas frescuras. - Pegou-me no colo em um movimento rápido.

Eu achei que ele me levaria de volta para a sala ou me entregaria para Minerva. Mas ele apenas colocou a mão em minha testa de forma quase que gentil.

– Está com febre. - Falou como se a culpa fosse minha. - Se piorar terei que te levar para a enfermaria. - Bufou logo depois.

– Quelo dlormir com vucê. - Me aconcheguei em seu ombro e fiz questão de fechar logo os olhos antes que ele resmungasse.

Sua mão livre foi para as minhas costas e deu tapinhas fracos para que eu pegasse no sono. Sentia seu cheiro de ervas e era tão confortável estar em seus braços que eu queria estar lá para sempre. Sabia que sua expressão ainda era a mesma gélida e ríspida de sempre, porém eu ainda estava feliz.

Quando eu estava quase entrando na inconsciência pude ouvi-lo sussurrar em meu ouvido:

– Odeio o que você faz comigo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo, que não irá demorar, saíra rapidinho então não me abandonem. Beijos.