Fechei minha mala com um estalo, enfiei tanta coisa nela que tive que sentar em cima para poder fechar. Finalmente férias, duas semanas apenas, mas eram duas semanas totalmente merecidas. Eu e Clint não iriamos para Malibu, óbvio demais, optamos por uma ilha no Caribe. Papai quis pagar a viagem inteira, não deixei, acabou que ele pagou apenas as passagens de primeira classe. Tudo estava bem calmo, nenhuma ameaça terrorista, nenhum monstro atacando NY, nenhuma invasão alienígena, podíamos nos ausentar por um curto período de tempo.

James ficaria com as crianças, ele havia deixado para tirar férias na mesma época que eu, mais um dos nossos combinados. Era por isso que eu o adorava. Eu sentia falta do meu pequeno Milo, não tinha notícias dele fazia semanas, será que estava sendo bem tratado ? bem cuidado e amado por Thor ? eu esperava que sim.

— Megan, vamos logo ou iremos perder o avião !

— Já vou, que coisa — Gritei em resposta. Saí do quarto arrastando a minha mala e encontrei Clint ao pé da escada, impaciente como sempre. — Tô pronta, podemos ir ?

— Até chegarmos ao aeroporto vamos ter perdido 15 aviões.

— Exagerado como sempre.

Me despedi dos meus pais e do Sean, Happy nos levaria até o aeroporto a tempo de pegar o avião. Era engraçado, sair de férias apenas com o Clint. Não tínhamos uma relação definida, nós apenas deixávamos rolar, sem rótulos, sem cobranças, nem nada. Meu celular vibrou e vi que era uma mensagem nova da Alice. Abri e o meu rosto esquentou na hora.

"Use camisinha. – Ali, xxx."
"Vai se foder. – M, xxx."
"HAHAHAHAHAHA, não quero outro sobrinho tão cedo. – Ali. "
"Não vai ter nenhum, se continuar a me fazer passar vergonha. – M."
"Te amo, divirta-se com o Legolas. – Ali. ♥"
"Divirta-se com o Visão, ♥. – M."

Como eu tinha previsto, nós chegamos ao aeroporto com tempo de folga. Provando ser um ser humano de enorme coração, Happy fez o favor de despachar as nossas malas. Almoçamos no Mc Donalds, só por que eu queria o brinde que era os bonequinhos do Snoopy. Logo chamaram o nosso voo e embarcamos. Fizemos uma conexão em Miami e de lá seguimos para o nosso destino.

A viagem foi relativamente mais curta que anterior e logo nós já nos encontrávamos na bela ilha de St. Croix. Era um lugar lindo, cercado por natureza e pelo o mar. Fizemos o check in no hotel e descarregamos nossas malas no quarto, melhor dizendo, suíte com vista para o mar.

— Quero ir nadar logo — Falei para Clint enquanto procurava o meu biquíni no meio daquela bagunça de roupas.

— Tudo bem, podemos andar pela a praia e depois ir nadar, que acha ?

— Acho muito bom — Concordei alegremente antes de ir trocar de roupa, substituindo meu vestido de verão estampado por um biquíni vermelho com detalhes dourados. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e coloquei uma saída de praia. — Tá pronto ? — Perguntei enquanto saía do banheiro.

— Fez uma década, vê como criei raízes aqui ?

— Eu não sabia dessa sua veia dramática, Clint — Falei. O Gavião riu e me deu um selinho demorado. — Vamos lá torrar um pouquinho.

Peguei minha bolsa, deixei que Clint colocasse sua carteira, a toalha e as chaves do quarto ali. Seguimos para a praia, que era ridiculamente perto do hotel e começamos a nossa caminhada. Era bem calminho ali, não tinha tantas pessoas, o que eu gostava bastante.

— Não estou acostumado com tanta calmaria — Clint quebrou o silêncio agradável que havia se instalado entre nós. Coloquei a mão na frente dos olhos, os protegendo da claridade do sol, e o encarei. — Nem me lembro qual foi a última vez que andei pela a praia sem estar em uma missão. Despreocupado, de mãos dadas com alguém.

— Agora isso vai ser uma constante na sua vida, Gavião. Prometo.

— Estou contando com isso, gatinha.

Continuamos a andar até que resolvemos cair na água. Deixamos nossas coisas em uma espreguiçadeira e entramos no mar. Água deliciosamente fria, azul bem clarinho, simplesmente perfeito. Clint mergulhava nas ondas, eu apenas boiava, olhando o céu azul. Após ficarmos no mar por tempo suficiente, fomos almoçar em um restaurante beira mar muito gracinha.

Nosso primeiro dia ali se encerrou com um lual a noite, apenas músicas românticas tocadas por um morador, uma fogueira, o mar, a lua e as estrelas. Nosso segunda dia se iniciou com Clint berrando.

Caí da cama, em uma confusão de cobertas, e o encarei confusa. Então eu vi o pequeno felino deitado no peito do Gavião. Nós havíamos deixado a janela aberta e como ela era no nível da areia, devia ter sido fácil para ele entrar e se instalar no peito do Clint.

— Não grite — Falei enquanto me desvencilhava das cobertas e pegava o pequeno gatinho no colo. Ele tinha a pelagem preta, estava muito magrinho e tinha olhos azuis. Parecia ter mais ou menos dois meses. — Oi lindinho, como veio parar no peito do Clint ?

— Me arranhou inteiro.

— Pensei que gostasse — Disse de forma inocente e Clint arqueou as sobrancelhas. Eu ri e voltei a afagar o gatinho. Eu sempre quis ter um bichinho de estimação mas minha mãe não permitia, dizia que eu esqueceria de cuidar do bicho e que ela não estava ali para fazer tal coisa. — Podemos ficar com ele ? temos espaço — Fiz uma carinha de cachorrinho sem dono que eu sabia que era infalível com o Gavião.

— Ãh ... tá, tudo bem. Contanto que ele não brigue com os nossos futuros cachorros. É ele mesmo ? — Clint já estava de pé e encarava o pequeno felino com curiosidade.

— Sim. Parabéns, é um menino.

— Bonitinho ele, não ? Tão magrinho, aposto que foi abandonado.

— Coisa horrível isso, abandonar uma gracinha dessas. Como vamos o chamar ?

— Asa Noturna.

— Esqueci que é fã do Batman.

— Óbvio.

— Tudo bem, será Asa Noturna. Ele foi do circo, não ? combina com você — Sorri antes de me afastar com o pequeno Asa nos braços. Clint pediu serviço de quarto e eu dei um banho no nosso pequeno mascote. Como eu tinha imaginado, o pequeno felino havia eleito Clint seu mestre, estava sempre atrás dele, implorando por atenção que o Gavião dava de bom grado.

Antes que a gente pudesse se acostumar ainda mais com a ilha e a rotina preguiça, voltamos para Nova York. Eu fui para a casa de campo do Clint, pensávamos em a reformar, ampliar, criar a bendita piscina. Clint estava indo muito bem na fisioterapia, dentro de pouco tempo podia voltar as suas atividades na S.H.I.E.L.D, eu no entanto pensava em retomar minha faculdade trancada.

Em uma das tardes em que eu me encontrava na varanda, muito bem instalada na rede e com Asa no meu colo, Clint me chega da fisioterapia com um enorme sorriso.

— Viu passarinho dourado, Barton ?

— Melhor.

— Com bolinhas roxas ?

— Melhor ainda.

— Desisto então.

— Dê oi para o nosso novo mascote, Lucky.

E de dentro do casaco ele me tira um minúsculo cachorro de pelagem cor de caramelo e que parecia não ter mais do que dois meses de vida. O encarei com as sobrancelhas arqueadas e olhei o gato no meu colo, depois para o filhote no colo do Clint.

— Ele me lembra uma pizza.