Happy Birthday, Molly escrita por Louise


Capítulo 18
Escolhas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Olha quem voltou? Peço perdão pelo tempo que ando passando fora, estou muuuito ocupada com a escola e tudo mais. Esse capítulo também pertence aos flasbacks. Mas, enfim, espero que gostem! ;D



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Um calafrio percorreu-me a espinha quando os olhos de Moran pousaram sobre mim. Eram paradoxais – vazios, mas cheios; claros, mas escuros; vivos, mas mortos. Me observava como se eu fosse um predador, esperando o meu movimento para iniciar a caçada. Só havia visto uma pessoa com os olhos como os dele. Seu nome era James Moriarty.

No momento em que Sebastian se aproximou, eu tinha certeza de que algo estava muito errado, e que alguma coisa ruim estava para acontecer. Entregou-nos o bilhete e partiu, com a irmã perto, como uma sombra, seguindo-o para todos os lados.

Abrimos juntos o bilhete e lemos. Minhas mãos começaram a suar. Não era possível, Sherlock não iria ao encontro dos Moran. Em alguns segundos, seus olhos – excepcionalmente verdes naquela noite escura – brilharam mais do que antes.

Havia algo escrito do outro lado do papel do bilhete.

“E não se esqueça de trazer sua nova amiguinha. Charlotte ficará feliz em revê-la”.

Meu coração quase saía pela boca. Não, nós não vamos encontra-los! Se formos, estaremos em perigo.

Sherlock me puxou pela mão, indo em direção à Sophia e a Mycroft. O Holmes do meio sentara-se em um sofá luxuoso, ao canto do salão. Parecia discutir algo de sum importância com um homem gordinho e de bigode, que expunha várias condecorações grudadas à farda. Sophia estava próxima, porém em pé. Bebericava o vinho enquanto debatia algo banal com outra jovem, de olhos azuis e longos cabelos pretos.

Sherlock entregou a ela um pequeno pedaço de papel dobrado, muito parecido com o que recebemos. Sem espera-los verem, voltou a me puxar, agora indo em direção a mesma porta que os Moran usaram. Travei os saltos no chão, fazendo-o parar.

“Não vai me dizer que está realmente considerando ir atrás deles, não é?” sussurrei em seu ouvido. Sobre o salto, eu chegava próxima a sua orelha, mas ainda tive que me esticar mais um pouco para consegui-lo.

“E você não?” ele murmurou de volta.

“Claro que não!”.

“Molly, me escute com atenção. Se não formos atrás deles agora, coisas piores vão acontecer. Não só a quem gostamos, mas a muitas pessoas inocentes".

“Como sabe? Como tem tanta certeza?”

“Porque esse é o plano deles. Não tenho tempo para explicar. Vem logo, não podemos deixa-los esperando”.

*

Os dois caminharam pelos jardins do antigo castelo, coloridos pelos feixes de luz. Toda a paisagem, na mente de Molly, fazia parte de um sonho – um vestido feito de um pedaço do céu, jardins coloridos, castelos antigos e misteriosamente belos.

As coisas só estariam melhores se ambos – ela e Sherlock – não estivessem metidos nesse problema. Ela não tinha ideia de que aquele simples ato, ter ajudado a recuperar o malote e, assim, todas aquelas informações, pudesse dar tão errado. Merda! Num minuto, era um lindo sonho; no outro, eu pesadelo terrível.

A cabeça de Sherlock fervilhava em possibilidades. Sua mente não parava de formular teorias para escapar daquilo. Lentamente se desesperava – todas as escolhas levavam a mesma resposta: não é possível escapar, caso sejam capturados. Sophia fora avisada de sua situação, através do pequeno bilhete que ele a entregara. Pedira, no mesmo bilhete, que ninguém tentasse ajuda-los. Esse era um problema que ele, e só ele, deveria resolver. E ele envolvera Molly nisso. A cada segundo que corria, amaldiçoava a si mesmo e ao momento em que a envolvera em tudo isso – ela era seu ponto fraco, sempre fora. Seu ponto de pressão.

Chegaram ao centro do grade jardim. Ali, envolto por uma cerca-viva alta o suficiente para se tornar uma parede, estava uma grande fonte, que cuspia águas coloridas por luzes azul ciano. Em sua frente, a poucos metros da entrada, os irmãos Moran os esperavam.

__ Achei que jamais viriam – Sebastian começou.

__ Eu tinha algo a fazer antes – o detetive rebateu. Passou o braço pelas costas da legista, segurando-a pela cintura. Molly grudou o corpo no de Sherlock.

__ Senhorita Hooper... é bom revê-la – Charlotte a observava com seus olhos de gato. – Como vai a ferida no rosto?

__ Já sumiu. – a legista respondeu, tentando parecer natural. Dentro de si, um terremoto parecia fazê-la sacudir, mas a jovem não perdia a compostura sobre os saltos altos.

__ Vamos direto ao ponto. Vocês dois nos tiraram algo importante – Sebastian tirou, de dentro do smoking, um cigarro. Acendeu-o e deu um trago. Soltou a fumaça.

__ E nós queremos de volta – Charlie continuou.

__ Não sei se sabe, mas isso não vai acontecer – Sherlock rebateu, sucinto.

__ Podemos fazer isso do jeito fácil, ou do jeito difícil. Ou vocês nos devolvem, ou...

__ Ou o que? - Molly se atreveu. Seu coração batia mais rápido do que nunca, como se tivesse passado a última hora correndo.

__ Ou vou pensar nas maneiras mais criativas para acabar com seus pais, seus amigos, as pessoas que se importa, e até aquelas que você nem conhece, mas que te afetariam – Charlotte exalou seu sotaque francês. – Começando por ele.

Um ponto vermelho apareceu na testa do detetive. Uma mira laser.

Molls estava a ponto de surtar. Ela estava em perigo. Seus amigos estavam em perigo. Seus pais estavam em perigo. Mas, além de tudo, a vida de Sherlock estava em perigo. O que ela deveria fazer? Dar-se por vencida? Nunca. Não era o tipo de coisa que ela faria. Mas isso significava sacrificar o homem que mais amava. Mente ou coração? Tinha uma escolha a fazer.

__ Ela não... – Holmes tentou intervir.

__ Não estamos dando a chance de você escolher, William – Charlotte o cortou. – Ela vai escolher. E se você abrir a boca para influenciá-la, vamos abrir um buraco na sua cabeça.

Ele se calou. Devia ter dito a ela o que fariam. Se pelo menos ela soubesse do plano, tudo estaria sob controle. Ele não sabia o que ela escolheria – Molly era imprevisível, e tinha uma difícil escolha para fazer.

__ Um... - Charlie começou.

"Merda! O que eu faço?".

__ Dois...

"Não posso deixar que tirem Sherlock de mim! Mas não posso deixar que levem o malote".

__ Três.

Ouviu o barulho do cão sendo puxado para trás. Estava na hora de salvar a vida do detetive mais uma vez.

Descolou os lábios.

__ Tudo bem! - gritou, antes que atirassem. - Tudo bem, vamos devolver o malote.

Sua voz tremulava como nunca antes. Seu corpo gritava pelo excesso de adrenalina. Sherlock fechou os olhos, tentando se acalmar. Ela havia feito a escolha certa, aquela que ele previra. E que precisava ser feita para que tudo corresse como planejado.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim. Comentários são sempre bem-vindos! Nos vemos no próximo capítulo o/



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