Aprisionada escrita por Arabella Turner


Capítulo 2
O Justo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485045/chapter/2

Pedro quis protege-la do mal que viria. Como um irmão carinhoso, como um pai que cuida de sua família... Ou como um rei que olha por seu povo. Quando perguntaram a Susana o que escreveriam na lápide de Pedro, uma única palavra soou em sua cabeça: Magnifico.

O relógio da pequena igreja anunciou dez horas. Susana virou para o lado e encarou a outra lápide:

Edmundo Pevensie

1930 – 1949

O Justo

Enquanto o sino da igreja continuava tocando, Susana podia jurar que conseguia ouvir o riso de Edmundo ecoando por toda a Inglaterra. Aquele riso de travessura que só ele sabia fazer.

Finalmente a Segunda Guerra Mundial havia acabado e Susana, Pedro e seus pais puderam voltar para Inglaterra. Naquele momento, tudo era festa e alegria, mas Susana não estava sentindo isso.

Ela sentia falta das grandes festas das Américas e principalmente da companhia daqueles jovens despreocupados, assim como Bernard.

Em um dia particularmente, enquanto estava se arrumando para sair e ver se conseguia esquecer seus problemas, seu irmão Edmundo apareceu em seu quarto.

– Não sabia que você ia se encontrar com a realeza hoje.

Susana sorriu e se virou para o seu irmão.

– Hoje não. Vou sair com algumas amigas – e de repente ficando séria – Alguma objeção quanto a isso?

Edmundo levantou as mão para o alto.

– A vida é sua e você faz o que quiser com ela.

Diferente de Pedro, Edmundo tinha os cabelos negros e viviam sempre bagunçados. Suas feições eram suaves e seus olhos eram castanhos escuros. Susana não conseguia acreditar que há alguns anos, aquele menino era um pirralho que batia em sua cintura. Hoje, ele era mais alto que ela, com seu corpo magricela.

– Eu só subi pra avisar que Eustáquio e sua amiga Jill vieram nos visitar. Estamos reunidos na biblioteca conversando sobre... Nárnia.

Edmundo hesitou ao dizer a última palavra, pois sabia como sua irmã ficava irritada quando tocavam nesse assunto. Mas dessa vez, Susana segurou um falso sorriso – coisa que ela fazia com frequência – e tentou ser o mais educada possível.

– Que bom pra vocês – disse – Agora vocês terão mais histórias infantis para contar.

– Susana, você sabe que não é assim – Edmundo falou sério encostando-se na soleira da porta e cruzando os braços – E eu sei que pra você não é apenas histórias infantis, como você diz.

Susana segurou fortemente o casaco em suas mãos.

– Eu posso pensar uma vez ou outra – disse com dificuldade – Mas não sou como vocês, que se prendem ao passado.

Edmundo suspirou e enquanto abria caminho para Susana passar disse:

– Eu sei que você acredita e eu acredito que você ainda voltará pra nós. Eu não apenas acredito, como sei. Mas sei também que você precisa do seu tempo a só, para entender claramente tudo. Por enquanto sua jornada é solitária.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aprisionada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.