Ice escrita por Ms


Capítulo 2
Ferido


Notas iniciais do capítulo

Enfim eu volto com mais um capítulo... Ele não saiu exatamente como eu queria mas acho que explica todos os ganchos que serão usados mais para a frente na história.

Espero que gostem e comentem :3



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Era como se nossos papeis tivessem sido invertidos ironicamente – e com um quê de crueldade – pelo destino. Eu sempre fui a garota chorona, inferior (segundo ele), sem modos e não tão bonita quanto as cobiçadas sonserinas. E ele, o capitão do time de quadribol da casa que eu mais odiava, inimigo do Harry, rico, cobiçado, e ao que tudo indicava, um Comensal da Morte.

Então por que eu sentia aquela coisa estranha apertando meu peito enquanto via Malfoy andando pela praça perto da casa dos meus pais, sozinho e parecendo abatido, bem no meio do feriado de Natal? Por que ele me parecia tão digno de pena, mesmo nas suas roupas caras, enquanto eu o olhava do conforto do banco de trás do carro de papai?

– Pai, você pode parar um instante? Acho que vi um... amigo ali. – eu perguntei, apontando a praça, onde Malfoy agora estava sentado olhando os pombos.

– Quer que eu desça, filha? Você sabe, o tempo está curto com todas essas compras de Natal de última hora que sua mãe inventou... – ele passou a mão pelos cabelos, que já estavam mais ralos no topo da cabeça quanto da última vez em que eu o vi.

– Pode ir na frente com a mamãe, não vou demorar muito por aqui. Posso encontrar vocês em casa. – eu saí do carro antes de ouvir o final da resposta dele.

Atravessei a rua correndo e parei assim que cheguei à calçada do outro lado. Ora, Hermione, o que raios você está fazendo? Quer ouvir o idiota do Doninha te chamando de sangue ruim de novo? Alguma coisa dentro da minha cabeça gritava, mas mesmo assim segui na direção de Malfoy, me apertando dentro do casaco. Estava realmente frio.

– Malfoy. – chamei, parando em pé ao lado dele.

Ele se levantou em um pulo, e vi algo parecido com dor passando por seus olhos frios, mas em seguida a máscara de indiferença surgiu.

– Granger. Eu não sabia que esse bairro era tão mal frequentado... – ele comentou como se estivesse comentando o tempo ou algo do tipo.

Parei para analisá-lo, contendo o xingamento enquanto via melhor sua situação. Ele estava abatido, claramente mais pálido e magro, com olheiras fundas, sem a postura arrogante e sim parecendo se curvar sobre algum ponto do lado esquerdo do corpo. Ele parecia encolhido de certa forma, sua cabeça no nível da minha e não mais alta, como sempre. Suas roupas estavam amassadas e pareciam molhadas, mas o que mais me chamou a atenção é que ele vestia apenas um jeans simples de aspecto velho e puído e uma camisa preta de mangas compridas com tecido leve.

– O que está olhando, Granger? Sei que sou lindo, mas espero que pelo menos tenha aprendido bons modos para não me encarar. – sua voz também parecia fraca, mesmo com a risada sarcástica.

– Malfoy, você está bem? – me peguei perguntando de repente.

– É claro. E mesmo que não estivesse, eu não pediria ajuda a uma sangue...

Ele parou a frase no meio do caminho, respirando fundo e levando a mão para a lateral esquerda do corpo. Percebi em suas roupas uma umidade que não tinha reparado antes, provavelmente por causa do frio, mas depois entendi que ele não estava úmido e sim encharcado, como se tivesse corrido o dia todo embaixo de chuva. Os cabelos grudavam na testa e ele parecia realmente doente.

– Você está sangrando? – perguntei.

– Sim, Granger. Qual o problema? Tem medo de sangue?

Ele riu e seu rosto ficou mais pálido ainda, e dessa vez eu podia jurar ter ouvido um gemido de dor. Vi Malfoy tentar se apoiar em um dos bancos de madeira enquanto eu arrancava meu casaco e o cachecol. Ele devia estar congelando.

– Não vou te deixar aqui sangrando até morrer, por mais que a ideia seja interessante. Vem comigo, Malfoy. – agarrei o braço dele e passei por cima do meu ombro, arrumando sua postura.

– Eu não vou a lugar nenhum com você, quem me garante que não está me entregando para o Santo Potter? Não confio em sangues ruins, garota.

Ele tentou se desvencilhar, mas o segurei com mais força e joguei meu casaco novamente por cima dos seus ombros fracos. Depois de alguns segundos me encarando, ele deve ter visto a sinceridade nos meus olhos e se deixou vencer, passando os braços pelas mangas do meu casaco e se apoiando em mim.

Era uma cena no mínimo divertida. Malfoy, fraco e torto apoiado sobre o meu ombro enquanto andávamos até a casa dos meus pais, vestindo meu casaco branco com fivelas e um cachecol branco com detalhes nas cores da Grifinória. Não sei se era impressão por causa da cor do casaco ou algo assim, mas ele me pareceu cada vez mais branco a cada quarteirão que atravessávamos. Por sorte, eram só três, e em menos de dez minutos estávamos passando pela porta da casa dos meus pais.

– É o seguinte, Doninha. Você está na casa dos meus pais, e por mais que isso não te agrade, eu espero que seja no mínimo educado. Eu vou cuidar de você. E caso ouça algo relacionado ao meu sangue, você será chutado porta afora. Entendeu?

Ele apenas fez que sim com a cabeça, e entramos. O arrastei para a cozinha e peguei um copo d’água, vendo seu rosto se contorcer ao erguer a mão. Tentei erguer a lateral da sua camisa, mas ele se contorceu e reclamou como uma criança, e por fim tive uma ideia no mínimo arriscada.

– Tome isso, é uma “poção” revigorante que os trouxas usam. Você vai ficar melhor. – empurrei um comprimido de calmante para ele, e enchi novamente o copo d’água.

– Não confio nessa tal poção. Quem me garante que isso não é um tipo de veneno? – ele resmungou, rodando o comprimido nas mãos.

– Malfoy, tome logo. Isso só vai aliviar sua dor enquanto faço alguma poção revigorante. Minha mãe sempre toma desses, e eu já dei um ao Harry, então sei que eles não matam.

Dei a volta na bancada e parei ao lado dele. Nós dois ficávamos desconfortáveis com a proximidade física, então me afastei alguns passos e o vi cheirar levemente o comprimido antes de tomá-lo.

– Me sinto um pouco melhor, Granger. Talvez você tenha razão. – ele torceu o nariz ao concordar comigo.

– Melhor assim, Malfoy. Agora vamos ao meu quarto. – vi seu corpo se esticar de repente ao meu lado e sua expressão era do mais puro susto. – Calma, Doninha, só vou te arrumar algumas roupas secas, suponho que esteja com frio.

Ele concordou com a cabeça e me seguiu, resmungando algo sobre roupas da Grifinória. Pude ouvir seus resmungos atrás de mim assim que subimos as escadas, provavelmente ele estava com mais dor do que eu havia imaginado.

– Você vai parar de ser criança e me deixar ver esse machucado, Malfoy? – perguntei novamente, assim que chegamos à porta do meu quarto.

– Não, você não vai tirar minha camisa, Granger.

A resposta dele não teve nenhum tipo de brincadeira, nem nojo ou qualquer coisa negativa. Foi simplesmente uma declaração. E isso me deu o sinal de que eu precisava. O levei até a beirada da cama e apenas aguardei, vendo sua confusão quando o remédio finalmente fazia efeito e ele relaxava no colchão.

– Você me envene... – foram suas últimas palavras, sem forças, antes de dormir.


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Notas finais do capítulo

E é isso, pra deixar o gostinho de quero mais :) (não me matem)
Queria agradecer ao Duki pela betagem e os elogios - corei aqui - e principalmente pelos comentários e incentivo.

E agora... que tal gastar um minutinho da sua vida colocando um comentário ali em baixo? Pode parecer bobeira ou frescura de autora, mas todos os comentários, críticas, elogios, recomendações e favoritos ajudam MUITO e dão o maior gás para continuar com a fic.

Como não tenho o final dela escrito vocês podem dar até pitaco nisso! Por mensagem privada ou como escolherem. As vezes isso evita um bloqueio de criatividade ou um final sem graça.

Então é isso, desabafei. Até o próximo e beijos!



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