Buttercup xingava enquanto voava em direção a casa dos desordeiros.

Por que justo eu? Eu poderia estar comendo pizza agora. Merda, pra que eles resolveram morrer hoje?

Ela parou de voar bruscamente, se assustando com os próprios pensamentos. Ela nunca foi sentimental, mas aquilo era demais. Butch perdera os irmãos, deveria estar mal.

Muito mal.

A morena voou mais rápido em direção ao apartamento deles. O porteiro a deixou entrar assim que viu que a mesma voava.

Isso era uma das coisas que Buttercup mais gostava. Ninguém questionava nada assim que viam que ela era uma Super Poderosa.

Voou escada acima até o andar dos meninos. Bateu na porta uma vez.

Sem resposta.

Duas.

Sem resposta.

Três, quatro, cinco, seis.

Sem resposta.

– Butch? - Ela gritou- Abra a porta. Sou eu, Buttercup

A morena quase se deu um tapa. Porque ele abriria a porta pra ela? Não deveria ter dito quem era.

Para sua surpresa a porta foi aberta quase instantaneamente. O Butch atrás dela tinha uma expressão esperançosa no rosto.

– Veio me contar? - Ele perguntou.

– O que? - Buttercup perguntou confusa.

– Você veio me contar que tudo isso é mentira?

Sabe quando você sente seu peito doer em tristeza? Foi isso que Buttercup sentiu. Toda aquele ódio por Butch sumiu naquele instante.

Desordeiros tinham sentimentos então.

– Não, Butch. Eu não vim por isso.

O brilho deixou os olhos de Butch.

– Quer dizer que é verdade.

Ela não respondeu.

– Meu irmãos morreram não é mesmo?

Buttercup desviou os olhos para o chão, encarando os sapatos de Butch.

– Butch, eu sinto muito.

Esse foi o sinto muito mais sincero que Buttercup dissera em toda sua vida.

Butch não disse nada e Buttercup continuou encarando os sapatos do moreno.

Algum tempo depois uma gota molhou o tênis do garoto. Seguida de outra. E outra.

Buttercup levantou os olhos. Ele está chorando?

De fato estava. Era possível ver lágrimas escorrerem de seus olhos. Também era possível perceber o quanto ele tinha raiva disso. Sua expressão era tão séria e fechada.

Não sabia que desordeiros podiam chorar.

Então Buttercup finalmente entendeu algo que ela nunca havia sequer pensado.

Eles podiam ser os piores vilões do mundo. Os mais perigosos, assassinos, fortes e poderosos.

Mas acima de tudo isso eram humanos.

E humanos precisam de outros humanos.

Buttercup deu um passo a frente e puxou a cabeça do desordeiro verde para seu ombro, o abraçando.

Deixou que as lágrimas do garoto molhassem sua blusa.

Deixou que os braços dele também a abraçassem.

Deixou o tempo passar, sem soltar o seu abraço.