El juego del destino escrita por Liz


Capítulo 17
Capítulo 17 - Desafios da vida


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, e desculpem pela demora!



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Paulina narrando:

– Por favor doutor, seja mais claro! O que eu tenho? - o interrompi, suplicando por respostas concretas

– Acalme-se Paulina – sorriu- não é nada do que você está pensando!

– E então? - perguntei ainda mais nervosa, se é que isso era possível

– Você está grávida de aproximadamente 4 semanas, parabéns!

– O quê? - questionei, incrédula. Precisava ter certeza de que não tinha ouvido mal.

– Isso mesmo, você está grávida!

Fiquei um bom tempo em silêncio, tentando assimilar a notícia. Como isso é possível? Bem, eu sei como, mas talvez por minha inexperiência, nunca imaginei que aquela noite que jamais deveria ter acontecido, geraria consequências tão graves.

– Sente-se bem? – o médico interrompeu meus pensamentos - Se quiser, posso lhe indicar uma obstetra para cuidar do pré-natal e...

– S-sim, estou bem... obrigada pela atenção, mas não é necessário. Pode deixar que eu mesma procurarei uma. - disse enquanto me levantava, atordoada

Peguei o envelope com os exames e saí do consultório. Perdida e confusa, sentei-me no degrau da porta da entrada da clínica, baixei a cabeça e deixei que as lágrimas caíssem, sem me importar com o que as pessoas pensariam de mim ao me ver ali.

O que farei agora? Além de estar sozinha e ter que conviver com a culpa que me atormenta todos os dias, estou grávida. Como posso me sentir feliz, sabendo que essa criança é fruto de um pecado? Carlos Daniel não pode saber, é minha única certeza.

O desespero, mesclado com a surpresa da notícia, tomou conta de mim. Não consegui pensar em nada concreto, apenas chorar. Foi quando alguém tocou em meu ombro.

– O que houve, menina? Por que choras tanto? - perguntou-me

Levantei a cabeça e percebi que se tratava de uma senhora, aparentando ter uns 65 anos de idade.

– Acabo de saber que estou esperando um filho. - não sei por que estava contando isso para uma desconhecida, mas em meu desalento nem raciocinei direito.

– Mãe solteira?

– Sim. - suspirei, engolindo o choro

– Se quiser, posso te indicar algo que resolverá seu problema. - falou com tranquilidade

– Problema? - arregalei os olhos pela forma como ela se referia

– Minha sobrinha é proprietária de uma farmácia homeopática, que vende uma planta infalível. É só fazer um chá, tomar e pronto.

– Está me dizendo para abortar? Mas e se... - tentei argumentar algo, porém a senhora continuou

– Não se preocupe, não fará nenhum mal para sua saúde. Sei que não é uma decisão fácil, mas pense bem... a farmácia fica a duas quadras daqui, diga que foi a Dora quem te indicou, o resto ela saberá.

– Não sei, não está certo acabar com uma vida assim...- meus olhos já ardiam pelas lágrimas novamente

– E acha certo perder sua juventude?

– É, talvez a senhora tenha razão... - disse pensativa - de qualquer forma, obrigada.

Levantei-me e fui até meu carro. Entrei, respirei fundo e pensei nas palavras daquela desconhecida... Cheguei a conclusão de que talvez não estivesse preparada para a maternidade, e começava a achar que essa criança não merecia uma mãe como eu.

Liguei o carro e dei vida aos motores, decidida a ir até a tal farmácia, torcendo para não me arrepender daquela decisão.

Parei no semáforo, e quando a luz verde do mesmo acendeu, arranquei sem prestar muita atenção. Foi então que surgiu, não sei de onde, um menino atravessando a rua correndo, sem olhar para os lados. Me assustei, pisei no freio rapidamente e desci do carro para ver o que tinha acontecido. Por sorte, o trânsito não estava muito intenso.

– Ai, meu Deus! Tudo bem com você? - estendi a mão para que ele, que tinha caído sentado no chão, levantasse

– Sim... - disse entre o choro– desculpa tia. - olhou-me com os olhinhos tristes

Menos mal que consegui frear a tempo. O menino de cabelos e olhos castanhos aparentava ter uns 5 anos de idade, e só tinha um arranhão na perna. Respirei aliviada, não me perdoaria se tivesse acontecido algo.

– Oh... não tem que se desculpar, querido! Eu que estava desligada. Como você se chama? - o guiei até a calçada

– Meu nome é Paulo! – sorriu - e a senhora?

– Olha só, até que nossos nomes são parecidos! Me chamo Paulina! - ri ao constatar isso

Acabei me distraindo conversando com aquela criança, até que uma mulher apareceu chamando por seu nome, apavorada.

– Paulo! Filho, como você foge de mim assim? Não volte a fazer isso, me promete, por favor! - disse enquanto o abraçava forte

– Eu prometo mamãe, não queria te preocupar! - respondeu

Me impactou ver aquela cena. Mãe e filho abraçados, chorando, um temendo pelo outro. O menino, tão pequeno e indefeso, parecia ao mesmo tempo muito maduro falando com a mãe.

– Desculpe, senhora! Eu realmente não vi seu filho atravessando a rua, mas como vê, não aconteceu nada. Mesmo assim, se quiser que eu ajude em algo, estou a disposição. - falei, interrompendo aquele momento

– Tudo bem, fui eu quem se descuidou. - pegou o filho no colo– Sabe... o Paulo é a única pessoa que tenho no mundo, ele é tudo pra mim, não imagino minha vida sem ele! - confessou-me

Fiquei sem palavras diante do que acabara de ouvir.

– Bem... obrigada pela atenção, adeus senhora! - despediu-se

– Tchau tia Paulina! - o pequeno acenou para mim, e eu fiz o mesmo, ainda em silêncio

Observei-os até que saíssem de meu campo de visão. Depois, voltei para o carro - que ainda estava no meio da rua, e cheio de curiosos em volta - esclareci que tudo estava bem e segui no caminho que já tinha começado...

Cheguei até a farmácia e estacionei. Quando fui descer, senti minhas pernas quase perdendo a sustentação, estava muito nervosa. Finalmente desci, com o coração a mil, cheia de incertezas.

– Olá, em que posso ajudá-la? - perguntou-me a atendente

– É... eu... - não sabia quais palavras usar– foi a Dora que me indicou esse lugar, disse que aqui vendem uma planta para... - e não consegui completar a frase

– Já sei do que se trata, espere um minutinho, volto já!

Acenei em concordância.

O curto tempo que tive que esperar, converteu-se em horas, e ali parada, as palavras daquela mãe zelosa vieram à tona como um filme em minha cabeça.

"Sabe... o Paulo é a única pessoa que tenho no mundo, ele é tudo pra mim, não imagino minha vida sem ele!"

Só então minha ficha caiu. Eu estava prestes a acabar com uma vida que cresce dentro de mim, um ser que não tem culpa de absolutamente nada. Senti raiva de mim mesma, por ser tão má pessoa.

Não, não e não. Não posso fazer isso, agora mais do que nunca preciso resistir, um exemplo para a criança que está em meu ventre, como tenho certeza que aquela mulher é para seu menino. Sempre acreditei no destino e as palavras não podiam estar ecoando em minha mente à toa. Essa é apenas uma prova, e eu vou superá-la.

– Aqui está, deseja mais alguma coisa? - disse a moça que havia me atendido, alcançando-me o produto

– Eu não vou levar nada, com licença. - respondi e saí apressada

Já do lado de fora da farmácia, coloquei a mão em meu ventre e sorri, orgulhosa por minha decisão. Acima de qualquer problema, serei forte.


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Notas finais do capítulo

Comentem... o que ela deve fazer agora?