Nunca Perderei Você escrita por Mariii


Capítulo 2
O início


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, leiam com a mente aberta, please... hauahauahau

Minhas viagens começaram de fato... :P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/484443/chapter/2

Molly está em seu antigo apartamento com John e Mary. Estão se preparando para uma missão. Eles irão até uma casa em um bairro nobre de Londres porque há a desconfiança de que uma garota esteja sendo mantida de refém e talvez sendo torturada. Por dois anos. Dois anos.

Enquanto Molly termina de vestir suas roupas de cor preta, ela observa uma das armas que usará essa noite. Não sabe se conseguirá se conter em explodir a cabeça de quem quer que tenha feito isso com uma garota. Lembra-se do que passou em apenas um dia presa com um psicopata e sente suas mãos cerrarem. Essa era a missão mais difícil que ela teve até agora.

Sherlock não está presente. Não participará dessa missão. Molly sente seu coração ainda mais apertado por causa disso. Não conseguia mais ficar longe dele, e nem ele dela. Não se separaram mais desde que ficaram juntos. Exceto pelos momentos que ele precisava de espaço, mas isso era um acordo entre ambos. Esse seria o primeiro momento perigoso que ele não estaria ao seu lado.

Ele odiou ter que ficar em Baker Street. Pensou em todas as formas para que algum dos compromissos fosse adiado, mas sabia que não era sensato. No fim, tudo coincidiu para que fosse assim. Seu cliente não teria outra data e tudo já estava planejado para que entrassem na casa, mudar os planos envolveria muitos riscos.

Além do mais, tinham combinado que não deixariam o relacionamento intervir no trabalho. Principalmente porque Sherlock amava o que fazia e precisava disso. E era o trabalho que o tinha prendido em casa. Estava no meio de um intrincado caso internacional e receberia uma visita importante essa noite, que passaria informações sigilosas.

Molly não parava de pensar em Sherlock e precisava se focar. A casa que invadiriam era de um magnata britânico, envolvido com política. Por isso a reticência da polícia em se envolver. Como se tirar uma garota de um inferno não valesse a pena. Para ela, valeria.

Sherlock se despediu de Molly não querendo soltá-la mais. E pela primeira vez ela queria realmente ficar. Mas, não ficariam juntos de qualquer forma. O contato de Sherlock exigiu que ele estivesse sozinho. E Molly precisava salvar aquela garota, um dia a mais poderia significar sua morte.

Mas, se ela soubesse que tudo começaria a mudar a partir desse dia, teria ficado. Não teria hesitado nem um segundo em ficar.

–-- --- ---

Saiu do quarto e encontrou John e Mary também vestindo roupas completamente negras, iguais a que ela usava.

– Vocês acham que essas armas são suficientes? – Molly indagou enquanto conferia se todas estavam carregadas.

– É o bastante, pelo que analisamos teremos dois seguranças e o guarda-costas pessoal. Você está com os dardos tranquilizantes? – Mary também conferia tudo que levaria para essa noite e olhou para Molly, vendo-a acenar positivamente.

– Vamos repassar. – John começava a dizer – Eu e Mary vamos tirar os seguranças de circulação enquanto você, Molly, vai dar um jeito de entrar na casa e descobrir alguma coisa. Pelo que vimos na planta há um porão. E é nesse que devemos nos concentrar. Coloque o guarda-costas e o magnata para dormir se for necessário. Sem mortes. – Ela arqueou uma sobrancelha quando ouviu-o dizer isso. – Devemos passar discretamente, principalmente se nada encontrarmos. Eles não saberão o que aconteceu quando acordarem. Nós daremos um jeito de pegar as fitas das câmeras de segurança. Se encontrarmos a garota, chamaremos a polícia e caímos fora. De acordo?

Ouviu as duas falarem um sim em uníssono. Conferiram se os comunicadores estavam funcionando e desceram pelo elevador, concentrados.

Estacionaram em uma deserta próxima a casa e vestiram casacos para disfarçarem as roupas iguais que vestiam. Os casacos seriam abandonados em seguida ao lado de uma lixeira, escondido em um saco preto. Eles voltariam depois para pegá-los.

Um antigo segurança que trabalhara na casa serviu de informante em troca de dinheiro. Passou dados preciosos sobre a residência e seu morador, através de um e-mail. Com isso, eles tinham as informações necessárias sobre o alarme, segurança, câmeras etc. Com os dados em mãos, eles precisaram apenas fazer uma checagem para ver se o informante não mentia. Um contato de Mycroft cuidou dessa parte.

Mary sinalizou para que Molly seguisse pelos fundos. Ela vestiu seu capuz, que cobria totalmente seu rosto e foi em direção ao muro atrás da casa. Não fora difícil por ali sem ser vista. Com facilidade conseguiu abrir uma das portas que sabia que não tinha alarme. Uma falha de segurança, alertada no e-mail do informante.

Andou sorrateiramente pela casa, em busca de algum sinal do guarda-costas ou da porta que levaria ao porão. Encontrou as duas coisas juntas em uma das salas. E no sofá, lendo, estava também o dono da residência. Resistiu à tentação de matá-los ali mesmo, mas só porque ainda não tinha certeza se encontraria algo. Escolheu a arma com dardos tranquilizantes e com dois disparos certeiros, viu os dois caírem em um sono profundo.

Andou rapidamente até a porta, abriu e desceu as escadas lentamente. Um arrepio percorreu sua espinha, estava temerosa pelo o que encontraria. E o que encontrou fez com seu estômago embrulhasse e seus olhos escurecessem. Estavam certos o tempo todo. No canto, encolhida, estava uma garota. Nua, acorrentada, machucada e magra. Correntes estavam espalhadas pelo porão, junto com outros instrumentos de tortura. Aquilo não podia ser real.

– Encontrei... a garota... – Molly falava com dificuldades em seu comunicador. – Onde vocês estão?

– Chegando, segure mais um pouco.

Molly retirou seu capuz e se aproximou da garota, que se encolheu ainda mais. Esse gesto fez com que Molly se lembrasse de quando ela esteve em uma situação parecida. Em um único dia quase tinha enlouquecido, o que dois anos tinha causado àquela garota?

– Hey... Acalme-se... Você está a salvo agora...

Não havia esperança em seus olhos quando esses a encararam. Molly tentou aproximar a mão para acariciar os cabelos da garota, mas viu seus olhos em pânico e desistiu. Não queria piorar as coisas.

Sentiu seu sangue ferver de puro ódio. Como podiam fazer isso? Como?

John e Mary passaram por ela, tendo as mesmas reações. Molly viu-os chamando uma ambulância e a polícia. Não teria muito tempo. Subiu as escadas e chegou onde estava caído o tal magnata, que agora valia menos que um saco de lixo para ela. Sacou sua arma, que agora tinha o dobro do tamanho por conta do silenciador e apontou para ele. Bastava um disparo.

– Não.

Ela olhou para trás para encontrar os olhos de Mary.

– Não é assim que resolvemos as coisas, Molly.

– É mesmo de você que devo ouvir isso? – Sentia seus braços tremerem e seus olhos inundarem. Até que ponto ia a maldade humana?

– Solte a arma. Ele está rendido.

O tom de voz de Mary não deixava margem para discussão. Molly não queria largar a arma. Precisava matá-lo, mas sabia que Mary estava certa. Não era isso que ela tinha aprendido, não era assim que ela agia. Não podia se tornar tão criminosa quanto ele. O impulso de matá-lo fazia um cabo de guerra com a consciência de que estava errada. Virou os olhos novamente para o canalha desacordado a sua frente. Sentindo-se derrotada, ela guardou a arma. Mary se aproximou e abraçou.

– Eu sei, eu sei. Isso tudo foi horrível.

– Como ele pode, Mary? Como ele pode? – Sentiu-se desmoronar nos braços de Mary.

– Eu não sei, querida. Nós nunca saberemos. – A voz dela era confortadora, como se já tivesse visto coisas piores do que aquilo que estava naquela casa.

Molly se recompôs e respirou fundo. Precisava reencontrar seus objetivos. Estava ali para ajudar a fazer justiça e não se tornar uma assassina. Teria foco nisso. O modo como trataram aquela garota durante tanto tempo mexeu com ela. Já tinha participado de outras missões, talvez até mais perigosas, e nunca tinha perdido o controle. Mas não era casos como esse. Tinham se tratado de roubos de documentos, drogas e até mesmo sequestro, mas nada como aquilo. A imagem daquele porão rodava por trás de seus olhos. O cheiro pútrido. Nunca esqueceria o que presenciou.

Os três esperaram juntos até que ouviram ao longe as sirenes da ambulância e da polícia que se aproximavam. Tinham soltado a garota das correntes e, mesmo ela tendo ficado com medo, John a carregou para cima, tendo o cuidado de não leva-la para o mesmo cômodo onde estava o homem que a aterrorizou. Mary amarrara os quatro homens, para evitar que eles acordassem e fugissem.

Os fins justificavam os meios nesse caso. Como tinham a cobertura de Mycroft, nada aconteceria com eles. A polícia sabia da existência deles, mas não sabia quem eles eram. E isso seria mantido assim, para a segurança de todos. O governo inventaria alguma história mirabolante para justificar como descobriram a garota ali, como entraram e todo o resto. E quem iria discutir? Existiam provas para todos os lados.

Molly assistiu de uma distância segura a garota ser colocada na ambulância enquanto Lestrade acompanhava todos os procedimentos, junto da insuportável Donovan.

A última imagem que teve da garota, antes que a deixassem, foi a incredulidade em seus olhos. Como se depois de tanto tempo presa ali, tivesse perdido qualquer esperança de que aquele inferno um dia terminasse.

Sentiu que John encostava ao seu lado, com as fitas da câmera de segurança na mão.

– Você acha que um dia ela irá se recuperar?

– Eu não sei, John. Quero acreditar que sim, mas não sei. – Ela deu um longo suspiro. – A família dela espera encontrar a mesma garota que sumiu há dois anos. E irão encontrar uma totalmente diferente. Isso é tão...

– Injusto. Sim.

Ela o encarou e viu a dor que sentia refletida em seus olhos. Estava tão indignado quanto ela. Era isso que despertava ainda mais o carinho que sentia por eles. A humanidade. Sabia que podia contar com eles em qualquer situação.

Apesar disso, tudo que Molly queria fazer agora era ir para sua casa. Precisava de Sherlock. Se ele estivesse ali talvez as coisas não teriam sido tão difíceis. Ou talvez teriam. Talvez ele tivesse matado sem hesitar o algoz da garota. Molly sentia-se vazia, mas ao mesmo tempo parecia que todo o peso do mundo estava em suas costas. Abraçou-se, esfregando os braços e apertando o casaco que tinham recuperado contra o corpo. Queria chegar em casa e se jogar nos braços de Sherlock.

Mas se ela soubesse antes como as coisas ainda iriam piorar, teria ido para outro lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, mesmo sendo um pouco diferente do habitual!

Até o próximo! Aguardo reviews para continuar! o/