Nunca Perderei Você escrita por Mariii


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Eu de novo, vamos lá!

Bom, o que tenho a dizer é que essa fic vai fugir um pouco do tradicional, talvez até um pouco da personalidade dos personagens. Era uma história que eu imaginava com personagens originais, mas achei que caberia bem com Sherlock e cia.

Espero que vocês gostem, anyway... :D



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– Médico, divorciado, impaciente e com vício em bebidas.

Molly sorriu triunfante e eu revirei os olhos para ela. De novo ela tinha acertado. O cliente tinha acabado de sair da nossa sala, um caso que não nos interessava. Observei-a se levantar de sua poltrona e vir até mim, sentando-se em meu colo.

– Não precisa fazer essa cara só porque você não é mais o único que deduz as coisas por aqui.

– Ainda sou o melhor. – Resmunguei fazendo manha para ela. Todo o treinamento pelo qual ela vinha passando nos últimos anos estava surtindo um efeito melhor que o esperado.

– Você sempre será o melhor. Mas eu sou mais rápida. – Então ela começou a me beijar com suavidade. Tentei resistir por alguns momentos, mas nunca conseguia fazer isso por tempo bastante. Ela sabia como me ganhar e logo, tudo que passava pela minha cabeça era em arrancar suas roupas.

Dois anos tinham se passado desde que deixamos para trás aquela bobeira (sim, agora eu achava uma bobeira) de esconder o que sentíamos. Não conseguimos mais nos separar e Molly vivia no meu, ou melhor, no nosso apartamento em Baker Street. Seu antigo apartamento tinha se tornado uma espécie de quartel general.

Muitas coisas tinham acontecido nesse período. Coisas que eu tive que engolir mesmo não querendo. Toda aquela proteção que quis garantir para Molly foi desfeita por ela mesma. Isso gerou nossa primeira discussão de verdade.

–-- --- ---

Quase dois anos antes.

– O que você está me dizendo, Molly? Que ideia absurda é essa? – Eu andava de um lado para o outro no apartamento, passando minhas mãos pelo cabelo. Estava sentindo que ficava descontrolado.

– Não é absurda, Sherlock. Você sabe o que eu passei. Você mais do que ninguém, sabe. Não quero mais ser uma vítima. E não serei, não importa o que você diga. Se goste ou não.

Molly estava sentada em sua poltrona. Tinha me explicado com toda a calma o que ela, John (aquele traidor) e Mary (sua esposa maluca) planejavam. Claro que eles planejaram tudo escondido, deixando para me contar na última hora.

– O que vocês estão achando que são? Algum grupo de vingadores? – Me sentei na poltrona em frente à Molly, tentando controlar meu nervosismo. Sentia uma raiva queimar meus olhos. Não era raiva dela, mas pela ideia que tiveram. E isso caminhava junto com o medo que tinha de perdê-la. – Eu quase perdi você uma vez, Molly. Por que você vai fazer isso?

Ela se aproximou e acariciou meu rosto. Fechei meus olhos sem perceber.

– Não é para afrontar você, Sherlock. Mas desde que tudo aquilo aconteceu eu... nós... Nós todos precisamos saber que estamos fazendo algo para que toda essa violência diminua. Você sabe que nem todo culpado é pego. Nem todo crime tem justiça.

E como eu sabia. Mas onde isso estava nos levando?

– E agora vocês vão ser os justiceiros da cidade?

– Talvez.

Quando foi que todo mundo enlouqueceu nesse lugar? Parece que agora eu sou o único normal.

Eu continuo de olhos fechados. Sei que se a encarar, irei ceder. Ela continua movendo os dedos pelo meu rosto. E meu coração dispara com a voz dela, mesmo a frase não sendo o que eu queria ouvir.

– Não é diferente do que você faz.

Abri os olhos novamente, sem acreditar no que ela tinha dito. Fiquei bravo, muito bravo.

– Você vai arriscar sua vida, isso é muito diferente para mim!

Molly arqueou a sobrancelha. Ela sabia que eu tinha ficado irritado. Acho que até esperava por algo assim da minha parte.

– Não seja obtuso. Nós ficaremos mais tempo juntos. Teremos objetivos em comum. – Ela falava comigo ainda calma, mas a ansiedade em seus olhos a traia. - O que me diz? Nós precisamos de você também. – Molly começava a fazer aquilo de novo. Olhar com aqueles olhos de chocolate derretido. Não tinha como ignorá-la, ela sabia que assim me teria fazendo qualquer coisa por ela.

No fundo eu sabia o quanto tudo isso era importante para ela. Desde que tinha sido espancada e precisara se defender, ela voltou diferente. Não um diferente ruim, muito pelo contrário, Molly voltara mais decidida, mais forte, como se nada mais a amedrontasse. Às vezes penso que agora o único ponto de fragilidade dela talvez seja eu. Não que esteja contando vantagem por isso, mas é quando estou envolvido em algum trabalho que ela demonstra ter medo. Por mim. Nunca por ela. Talvez ela pense que colocar esse plano imbecil em prática seja uma forma de me proteger também. Parece que andamos invertendo os papéis por aqui.

Suspirando, eu faço que sim para ela. Não tenho como não concordar. Já deixei-a desprotegida uma vez. Agora, preciso estar ao seu lado e sei que ela não irá desistir.

– Mas se alguma coisa acontecer com você saiba que vou procurá-la no inferno, porque é para lá que você vai como castigo por ser teimosa. E mato John e Mary, lentamente. – Molly gargalhou e me beijou.

–-- --- ---

E esse foi o prenúncio de toda a confusão que se seguiria. Mas nós não sabíamos disso na época.

Mary tinha contado para Molly tudo sobre seu passado. Era o que faltava para que eles tivessem a ideia genial de se prepararem e montarem um time para ajudar a combater o crime em Londres. Sim, agora eu teria três companheiros. Molly já vinha treinando defesa pessoal e tiro, como eu fiquei sabendo depois de tudo que aconteceu. E agora eles decidiram se aprofundar mais em lutas, armas, técnicas, comportamento e tudo o mais que é possível imaginar relacionado à violência que pudesse ser infringida contra algum infrator. Mary tinha os contatos certos e isso bastou para dois anos recheados de treinamentos para lá e para cá.

Molly tinha razão em dizer que era a mais rápida. Ela tinha se sobressaído em treinamentos de camuflagem, fugas e em passar despercebida. Tinha uma agilidade incrível. Eu bem sei.

Não posso negar que me sentia orgulhoso. Apesar de fingir desapontamento, sentia como se ganhasse um premio toda vez que ela acertava as deduções de forma tão prática.

Somente Mary já tinha experiência no assunto de armas e lutas. E bem, talvez eu. John obteve melhoras incríveis também, não posso negar. Ainda não enxerga muitas coisas, mas sua experiência com exército ajudou em muitos outros pontos. Como todos os outros já tinham algo em que se basear, fiquei surpreso quando Molly se destacou. Ela começou do zero, mas parece que tudo que passou deu uma nova visão do mundo a ela.

Tudo isso teve um preço. Foi necessário um investimento, sim. E é claro que chegou um momento que nós não tínhamos tudo que era necessário. Então tive outra surpresa desagradável. Mycroft achou a ideia genial e financiou tudo que foi preciso. Éramos agora praticamente funcionários do governo britânico. Extraoficiais, é claro. Se algo acontecesse, eles fingiriam que não nos conheciam e nos deixariam morrer.

É claro que essa ideia me desagradou, e muito. Mas o que poderia fazer? Nessa época, eu também estava participando de alguns treinamentos. E confesso que estava sendo divertido. E devo assumir que participar de um grupo secreto é algo excitante. E tinha o fator agravante. Nunca mais deixaria Molly sozinha. Assim eu pensava.

Por falar em excitante, não há nada mais sexy que ver Molly manipulando armas e facas. Não sei exatamente quando aconteceu, mas ela parece melhor amiga de qualquer arma que apareça na sua frente agora. Ela parece se divertir com elas. E eu gostava disso.

Já quanto às lutas não posso dizer o mesmo. Tive que me controlar para não quebrar o pescoço do instrutor todas as vezes em que ele estava com ela. Ainda sinto essa vontade, e espero uma oportunidade para colocá-la em prática.

–-- --- ---

Após acertar as deduções sobre o cliente que saiu, ela está aqui aninhada em meus braços. Havíamos subido para o quarto depois que as coisas esquentaram na sala, como sempre acontecia quando ela ganhava de mim em algo. Isso estava ficando cada vez mais frequente. Acho que gostava desse premio de consolação.

Eu a observava e fazia carinhos nela. Algumas cicatrizes tinham permanecido em resultado ao que ela sofrera. Ela não ligava. Carregava aquilo como uma medalha pelo mérito de ter sobrevivido.

“São as marcas da vida.” Ela dizia para qualquer um que perguntasse. Admito que apesar das marcas lembrarem como eu quase a perdi, combinavam com ela. Combinavam com a nova personalidade e a nova força que ela adquiriu.

Molly trabalhava só meio período no St. Barts agora. Ela dizia não querer abandonar totalmente a profissão porque poderia ser útil para ela em alguns momentos. Eles estavam sendo bem complacentes com os sumiços que ela dava em dias que tinha alguma missão ou treinamento.

Essas missões me tiravam o sono. Tinham começado para valer somente alguns meses atrás, quando foi avaliado pelos instrutores que todos estavam em perfeitas condições. Mas, correr atrás de bandidos perigosos que a polícia conseguiu prender não me agradava. Sim, não me agradava. Não quando do meu lado estava Molly.

Eu ainda não tinha me acostumado com a ideia quando envolvia a prática. Ainda sentia o medo de perdê-la a qualquer instante me sondando. Ela se saia incrivelmente bem e nós vínhamos tendo sucessos em todos os casos que nos metíamos. Chegávamos a lugares obscuros que a polícia não conseguiria chegar sem chamar atenção. Resumindo, fazíamos o trabalho sujo.

Quando estávamos em casa, Molly tinha assumido de fato o papel de John em me ajudar com casos que apareciam. No começo eu estranhei, mas então ela começou a dizer coisas e me mostrar pontos de vista que faziam sentido. Não me via mais sem ela. Bom, mas não me via sem ela em nenhum momento, então isso era redundante.

Ela se mexeu em meus braços. Achei que estivesse dormindo.

– Estou com fome, Sherlock.

A única coisa que consigo fazer é rir. Ela sabe que eu não sei cozinhar nem macarrão instantâneo, mas mesmo assim vive tentando fazer com que eu cozinhe para ela.

– Se quiser faço o esforço de pegar um pão para você.

Molly joga uma almofada na minha cara e levanta-se, vestindo minha camisa.

Sinto meus braços vazios sem ela. Um formigamento percorre meu corpo quando a vejo vestida com a minha camisa. Minha vontade é agarrá-la e jogá-la de volta para a cama. Mas ela sabe disso, me lança um olhar de canto e vai rapidamente para a porta.

– Você é um inútil. Um inútil!

Ela sai rindo e andando de forma provocante para a cozinha. E eu espero que isso seja um convite para que eu vá atrás, porque foi o que eu fiz.

–-- --- --

Tudo isso foi antes.

Antes que eu me visse sem saída, pressionado a fazer uma escolha e tomei a pior decisão da minha vida.

Mais uma vez eu, Sherlock Holmes, estragava tudo.

Agora, encaro a poltrona que já foi de John no passado e agora era de Molly.

Ela está vazia.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de me dizer o que acharam, please! :D

Com comentários vocês me animam a escrever mais rápido! o/