Uma ilha chamada André escrita por My name is Winter


Capítulo 1
Capítulo 1




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Perdidos no caminho

Como começar esta história? Bem, eu vou tentar não ferrar com tudo.

Nem toda história tem um final feliz. O destino não nos permite ter um final feliz, às vezes. Eu só vou lhe pedir um favor antes de começarmos: Não quero que você chore. Não quero que tenha pena de mim.

Meu nome é Annie White. Eu tenho 16 anos de idade, 14 anos de alegrias e 2 anos de sofrimentos. Mas como assim? Bem, ao longo da história você irá compreender tudo isso. Eu, como uma incrível contadora de histórias, vou contar sobre como minha vida era bela, antes de André enlouquecer.

Eu nasci numa pequena cidadezinha em Stalin German. Naquela época eu tinha uns 14 anos quando mudei de escola. Quando mudei de vida. Eu aparentemente tinha tudo o que uma pessoa normal gostaria de ter: Estudo, casa, comida, roupas. Mas uma coisa que eu não tinha era: Interação social.

Sim, sim, eu era a menina que sentava no fundo da sala. Eu era a menina que ficava sozinha no recreio, lendo um livro e observando as pessoas com seus amiguinhos. Nesse observar de pessoas eu sempre me surpreendia! Eu poderia não ter muitos amigos, mas sempre tinha uma história engraçada sobre o meu recreio. Se você visse o quão idiota as pessoas eram... Uma vez uma garota entrou no banheiro dos meninos sem querer, e claro, ela foi motivo de risos inconvenientes.

Teve um dia que um garoto estava dançando e um pessoal acabou gravando a dança, no dia seguinte o vídeo já rodava por toda a Internet. É por isso que eu evito interagir. Evito as pessoas por esses motivos. São idiotas.

Mas isso mudou. Então eu conheci André.

Como eu havia dito, eu observava as pessoas. Um dia observei André.

Um garoto silencioso, como eu. Um garoto de poucos amigos, do tipo que também sentava no fundo da sala, evitando participações. Ele sentava-se num banquinho e comia seu pão. Permanecia sentado o recreio todo, observando as pessoas.

Isso se tornou um ciclo vicioso.


Eu observava pessoas. Pessoas o observavam. Ele me observava. Eu o observava.

Era muito bom observá-lo, admirar seus lindos olhos azuis piscina.
Seu cabelo preto encaracolado, sua pele, como eu gostava de chamar “Café com leite”.
O que mais me chamava à atenção eram os seus olhos, mesmo. Eu poderia dizer com certeza que ele sorria com os olhos. Um brilho de felicidade e minhas pupilas dilatavam ao vê-lo.

Você acredita em amor à primeira vista? Eu não. Eu acredito que nos apaixonamos por uma pessoa na hora certa e no momento certo.

Mas, como costumo evitar interação social, acabei não falando com ele, haha. Eu sei o que você pensou: Ela vai falar com ele e então eles ficarão juntos!

Como eu disse, não temos finais felizes. As coisas não acontecem magicamente assim. Até parece que eu falaria com ele.

Foram necessários cinco meses para eu tomar coragem e falar com ele. Mas eu vou contar como consegui toda essa coragem...

Eu tive o incrível prazer de observá-lo durante todo esse tempo.

Era ótimo quando ficávamos um encarando o outro durante o recreio.
Eu nunca precisei dizer nada para entender ele. Ficávamos nos encarando, sem dizer nada. A única coisa que nos separava era um corredor com muitas pessoas passando, conversando... Eu acho que durante esse tempo de “Jogo do Sério” falei mais coisas do que disse em toda a minha vida para alguém. Acho que falei mais do que conseguiria se falasse cara a cara. Como diria o ditado: Um olhar vale mais que mil palavras.

Mas algo me incomodava em André. Eu poderia dizer mil coisas com um olhar, já ele, não dizia nada. Eram olhos vazios. Um brilho vazio. Uma mente vazia, talvez?

André me intrigava.

Eu queria saber o que se passava na cabeça dele. O que ele pensava quando me via? Uma louca observadora?

Eu comecei a ter uma estranha obsessão por ele. Eu gostava dele, mas não queria que ele soubesse, ainda. Não sei se você, leitor, já esbarrou em alguém que gostava propositalmente só para dizer “Oh, me desculpe! Não vi você...”

Enfim, só para ter uma breve “conversa” de segundos.

É, eu fiz isso. E não foi só uma vez não, hein...

Bem, era uma manhã chuvosa no colégio. O pessoal geralmente ficava muito agitado com a chuva, pois não podiam ficar no pátio, então, ficavam no ginásio.
Eu particularmente, sempre fui desastrada, lerda. Isso virou uma vantagem quando esbarrei nele.

Antes disso, passei o recreio com a única amiga que eu poderia chamar de “Amiga verdadeira”. Sabe, aquela amiga em que você pode confiar de olhos fechados. Então, o nome dela era Daianne. Daianne nunca foi de muito papo, claro, ela não fechava com meio mundo. Para ela, pessoas sempre eram motivo de desgraça para a humanidade. Eu não discordo, mas também ela exagerava.

– Nunca vi tanta gente idiota junto na minha vida! Ridículos... – dizia ela, ao ver o pessoal do Ensino Médio caçoando de um menininho, só porque ele era “feio”.

– Eles sempre tentam tirar vantagem dos defeitos das pessoas. – falei.

Daianne começou com seu falatório sobre como as pessoas estragam o planeta.
Eu a ignorei quando vi André entrar no ginásio e sentar-se na arquibancada.

– Ele é lindo, não? – disse, afim de irritá-la.

– Quem? Ei, você nem prestou atenção em mim!
– Eu já sei cada argumento seu. – ela revirou os olhos e apontou para André.

– Aquele ali? Você acha aquele menino bonito? – ela queria tanto chamar a atenção que só faltava chamar ele. Bem, ela conseguiu atenção. No mesmo instante ele olhou.

Daianne quase morreu naquele dia.

Ele se levantou da arquibancada e nos olhou com um jeito de indiferença. Isso me magoou. Talvez ele tenha pensado que estivéssemos zoando com ele.

– Isso não é coisa que se faça, Daianne.

– Como se você se importasse com os outros... – ela tinha razão, mas não queria argumentar. André não era os “outros”.

– Ele não é qualquer um, Daianne. Ele é diferente.

– É assim que começa. Depois você vai ficar depressiva e vai vir chorar no meu ombro.

Como eu disse, Daianne sempre exagerava.

O sinal tocou e nós nos dirigimos até a saída e foi quando eu tropecei sem querer querendo nele.

– Oh, me desculpe! Eu sou muito desastrada!

– Tudo bem, eu já estou acostumado a ser pisoteado. – ele sorriu e saiu andando.

Ele não me pareceu feliz. Aquilo foi um sorriso falso.

Eu não devia sair por aí esbarrando nas pessoas, esqueci de me perguntar se elas realmente gostavam disso. A resposta? É óbvio que não.

Pessoas fazem coisas idiotas, nós não podemos negar a nossa burrice interior.


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