Bem mais perto escrita por Mai


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.. Obrigada pelos comentários. Obrigada, meninas pelos votos de melhoras. Ainda não to 100% bem, mas voltei por vocês ((: Espero que gostem.



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Capítulo 11

A noite estava muito fria. Mas uma vez ele se encontrava sozinho no meio da rua.Tudo indicava que iria chover. Estava com fome e cansado. Queria uma cama quentinha, porém não tinha pra onde ir. Foi até a porta do restaurante de Brithany. Sentou-se no batente. Pelo menos ali ele tinha uma cobertura, devido ao toldo. Colocou um papelão no chão e se deitou. Levou horas para conseguir dormir, mas devido ao cansaço, o sono venceu.
Às cinco horas da manhã Brithany acordou. Era dia de feira. Gostava de ir bem cedo para pegar as hortaliças e os vegetais fresquinhos. Ao abrir a porta se deparou com aquela cena. Já estava acostumada. Aquele não era o primeiro nem o último garoto a dormir por ali. O que mais tinha naquela região era garoto de rua. Porém este em especial lhe chamou a atenção.

– Rory! – acordando o menino – O que você está fazendo aqui?

O menino acordou assustado. Levantou-se de um pulo e ficou sem jeito. Não queria que a madrinha da sua amiga lhe visse daquele jeito.
– Você passou a noite toda aqui? O que aconteceu? Por que está com essas marcas?
– Nada não, Dona Britt. Eu já estou indo embora.
– Volta aqui, moleque. – segurando no braço dele. – Você não vai sair daqui enquanto não me explicar tudo. Vamos entrando. – levando o menino para dentro de casa.
Eles subiram as escadas e foram para o andar em que ficava a residência de Brithany.
– Entra! – abrindo a porta. Rory entrou e a mulher mandou que ele se sentasse.
– O que foi que aconteceu? – fala em pé na frente do menino.
– Foi nada não.
– Foi seu pai, não foi? Ele que te fez essas marcas.
– Foi não.
– Deixe de mentira, moleque! A Charlie já me contou que seu pai te bate.
– Charlie não tem nada a ver com isso. Não sei por que ela se mete onde não é chamada.
– Não fale assim, porque ela é sua amiga. Como é que seu pai teve coragem de fazer isso? – olhando os vários hematomas que o menino tinha pelo corpo.
– Eu estou bem.
– Tem quantos dias que você está andando aí pelas ruas?
– Eu já vou. – levantando-se.
– Não vai embora nada. Você está precisando é de um bom banho. Está com fome não?
– Comida eu aceito. – passando a mão na barriga.
– Primeiro tem que tomar banho. Está parecendo um gambá. Vou pegar uma toalha e um sabonete.
Brithany foi até o seu quarto, pegou uma toalha e um sabonete e uma blusa grande. Óbvio que ficaria enorme no garoto, mas depois ele arrumaria outra. Entregou a Rory e este foi para o banheiro. Enquanto isso, Britt foi para a cozinha fazer algo pro menino comer.

Quando Rory voltou, já estava tudo pronto. Britt mandou o menino sentar e disse que ele poderia se servir. Ele comia parecendo que nunca tinha visto comida na vida. Também, estava com muita fome. Há dias que não fazia uma refeição direito.
A mulher o deixou lá, e mandou que ele descansasse e o esperasse. Foi até o mercado comprar as coisas do restaurante e acabou comprando umas roupas para o garoto. Quando chegou em casa, o menino dormia no sofá. Estava exausto, era tudo o que ele precisava.

≈★ ≈
– Eu vou pra casa da minha Dinda.
– Vê se não vai perturbar lá. Sua madrinha trabalha.
– Eu ajudo lá no restaurante, mamãe.
– Já fez as suas tarefas?
– Já sim
– Então vai. Mas não fica lá até muito tarde. Volta antes de escurecer.
– Sim senhora! - A menina deu um beijo na mãe e saiu. Seguiu direto para a casa de Brithany. Assim que chegou lá, encontrou a madrinha atendendo uns clientes. Esperou que terminasse e foi até ela.

– Oi dinda! – dando um beijo na loira.
– Oi amarela! Que milagre é esse?
– Eu não tinha nada pra fazer em casa. Posso ajudar aqui?
– Acho que você vai querer fazer outra coisa. Vai lá em cima. Tem uma pessoa lá. Acho que ainda está dormindo, mas já passou da hora de acordar.
– Quem é?
– Advinha!
– Quem é dinda?
– Seu amigo.
– O Rory? Está lá em cima?
– Humrum... - Charlie nem esperou a madrinha terminar de falar e subiu as escadas para ver o amigo. O menino ainda dormia no sofá da sala de Britt.

– Eita! Seu preguiçoso! Rory! – balançando o menino – Acorda!
– Me deixa! – virando-se para o outro lado.
– Acorda!!! O que você está fazendo aqui?
Rory passou a mão no rosto e abriu os olhos. Viu que era a sua amiga que estava na sua frente.
– Oi!
– Oi!? Só Oi? Você some por um bocado de dias e só dia oi?
– Eu tava ocupado.
– Sei... deixa de mentira! – dando um pedala nele – Onde você estava?
– Estava por aí. – sentando-se no sofá.
– Você deixa os outros preocupados, sabia?
– Ninguém se preocupa comigo.
– Como não? Eu fiquei que nem doida atrás de você. Você é meu amigo.
– Desculpa Malukete!
– A mãe! - A menina revira os olhos e continua- O que você está fazendo aqui? E com as roupas da minha dinda – rindo- Está estranho.
– Eu estava por aí, ai a dona Britt deixou eu tomar um banho, me deu comida, e eu acabei dormindo.
– Hum... Teu pai te bateu de novo, não foi?
– Humrum... Eu não volto mais pra casa.
– E você vai morar onde?
– Não sei. Eu me viro.
– Eu vou falar com a minha mãe pra você ir lá pra casa.
– Não Charlie! Não quero dar trabalho. Eu sei me virar.
– Eu falo com ela.
– Precisa não.
– E se minha dinda deixar você ficar aqui?
– Dona Britt? Que nada...
– Ela é muito Boa!
– Não vai pedir nada a ela não.

Os dois continuaram conversando, Rory trocou de roupa e depois os dois desceram para o restaurante. Ficaram ajudando Brithany, até a hora de Charlie ir embora.
– Eu também já vou!
– Vai pra onde, moleque?
– Pra casa, Dona Britt
– Você não vai nada. Pode ficar aqui. Nada de ficar perambulando pelas ruas.
– O Senhora não manda em mim não. Está pensando o que?
– Quer passar a noite na rua de novo é? Dormir no relento? Pode ficar aqui.
– Você deixa ele ficar aqui na sua casa, dinda?
– Por enquanto ele vai ficando. Até a gente dar um jeito.
– Brigada! – vai até a madrinha e lhe dá um beijo. – Viu? Você vai ficar aqui na casa da minha dinda.

Rory ficou quieto. Não sabia o que falar. Só estava aliviado por pelo menos não passar mais a noite na rua. Teria um lugar quente para dormir e comida.

– Então eu já estou indo. Mamãe disse que eu não podia ficar até tarde aqui não. Já está anoitecendo.
– Vai lá, amarela! Se cuida! Vai direto pra casa.
– Ok! Thau! - Despediu-se da madrinha e do amigo e foi para casa.

≈★ ≈

A semana passou correndo. Rachel estava ansiosa para a nova entrevista que iria dar no programa de televisão. Agora elas iriam para o palco do programa falar do projeto. Mais uma vez Kat foi deixada um pouco de lado. Ela bem que tentava dar atenção a filha. Tentava conversar com ela nas horas das refeições, mas a menina sempre se esquivava. No fundo ela tinha medo de se aproximar da mãe, e mais uma vez Rachel a deixar na mão. A morena tinha chegado tarde da ONG, Tina e o marido a haviam deixado em casa. Quando ela chegou, encontrou a filha e a mulher jogando vídeo-game na sala de TV.
– Boa noite!
– Oi! – A loira disse sem tirar os olhos da televisão.
– Voces já jantaram?
– Humrum...
– Eu vou tomar banho. Estou morrendo de cansaço. Depois desço.
Nenhuma das duas respondeu nada. Rachel se deu por vencida e subiu para o seu quarto. Tomou um banho relaxante, vestiu uma roupa de algodão bem leve e desceu. As duas ainda estavam jogando, ela foi até a cozinha e jantou acompanhada de Nana.
– Tudo o que eu faço é errado.
– Não fala assim. Dê tempo a ela.
– Eu já tentei. Mas ela não dá a mínima.
– Talvez a menina esteja com medo.
– Medo de que?
– Medo da senhora largar ela de mão, novamente.
– Eu faço tão mal a minha filha assim?
– Eu não sou ninguém pra falar. Mas a Kat precisa da senhora. Precisa muito.

Rachel ficou quieta e voltou a comer. Assim que terminou, agradeceu a Nana pelo jantar e foi para a sala onde estavam a mulher e a filha. Sentou-se no sofá e ficou reparando na cumplicidade delas. A menina sorria para Quinn com facilidade. As duas se entendiam pelo olhar. Aquilo causou inveja em Rachel.

– Ganhei! – A menina pulando e sorrindo na frente da TV – Eu disse que eu ia ganhar.
– Ganhou porque eu deixei. – Dizia a loira emburrada
– Nem vem, mami! – Rindo – eu ganhei porque eu sou demais!
– Convencida!
– Vamos jogar mais uma partida!
– Não é hora de dormir, não? Já passa das onze. - Rachel disse para a menina
– Amanhã é sábado. Não tem aula.
– Mas já está tarde, filha
– Sua mãe tem razão. Já está tarde.- A loira concordou com a mulher- Amanhã a gente vai lá na casa da minha mãe.
– Eu posso dormir na casa da vovó?
– Você já dormiu lá a semana passada. - Rachel dizia para a menina
– Mas eu quero dormir lá de novo.
– Amanhã nós vemos isso. – Quinn já prevendo uma discussão – Vai dormir!
– tá certo! Boa noite! – fala dando um beijo em Quinn. A menina sobe as escadas e vai para o seu quarto.
– Eu queria sair com ela amanhã, Quinn
– Eu já combinei com a minha mãe. Elas estão esperando a gente.
– Mas ela já vai pra lá quase todos os fins de semana. O Kurt vai passar aqui pra gente sair, e ele quer ver a Kat.
– Ela vai pra lá porque gosta de ficar lá com os avós. Se sente bem lá. Perto de pessoas que lhe dão atenção.
– Eu estou tentando... – com os olhos cheios d’água.
– Tudo bem, Rachel! Quem sabe você consegue.

A loira termina de falar e sobe. Rachel sentou-se no sofá e se recostou. Ela estava tentando. Deus sabia como estava tentando. Mas elas também não colaboravam. Desligou a TV e subiu para o seu quarto. Trocou de roupa, e como ritual de todas as noites, passara no quarto da filha enquanto ela dormia e lhe dava um beijo. Porém ela se enganava. Kat nunca dormia antes de receber um beijo da mãe.
≈★ ≈

Brithany acordou no sábado com uma gritaria na sua porta. Um homem descontrolado, dava murros furiosamente na porta da sua casa e gritava pelo nome do filho. Ela se levantou, vestiu uma camisa e foi ver quem era. Antes de sair, Rory foi até ela e a impediu.

– Não vai não, Dona Britt! Ele vai brigar com a senhora! Ele está atrás de mim. Eu vou embora.
– Você não vai nada. Vai ficar quietinho aqui. Eu vou resolver esse problema.
Desceu as escadas e foi ver o que o homem queria.
– Cadê meu filho?
– Que filho?
– O Rory! Cadê aquela peste? Sai daí miséria!
– É melhor parar de escândalo aqui na minha porta. Não tem ninguém aqui.
– Eu sei que aquele capeta está aqui. Me falaram. Traz logo o menino.
–Não tem ninguém aqui. Devem ter lhe informado errado.
– O que a senhora quer com o pivete, hein? Ele é meu filho. Manda logo aquela peste descer.
– Eu acho melhor o senhor sair daqui.
– Eu vou chamar a policia. Você está seqüestrando meu filho. Quer abusar dele, é?

Brithany não se agüentou e pegou o homem pela gola da camisa. O empurrou para a parede apertando o seu pescoço.

– Quem abusa de crianças aqui é você seu covarde. Chama a policia vai. Chama que eu estou doidinha pra te denunciar por maus tratos. Por espancar menores. Seu bêbado! É melhor você ir embora daqui rapidinho – Largando o homem.
– isso não vai ficar assim não. Você vai me pagar. Você e aquele moleque miserável.

O homem saiu capengando pela rua e Brithany subiu as escadas. Quando entrou em casa encontrou Rory no canto da sala tremendo e chorando. Ela foi até o menino e o abraçou.

≈★ ≈

Kat acordou cedo e ficou na cama mais um pouco. Estava com preguiça de levantar. Ficou terminando de ler seu livro até dar oito e meia. Olhou no relógio e levantou-se. Queria tomar um banho para ir para a casa da avó. Gostava de passar o fim de semana com os avós. Lá ela se divertia e tinha toda a atenção do mundo, pois eles, principalmente a avó, fazia tudo o que ela queria.

Tirou a roupa para entrar no box e notou algo estranho. Uma mancha de sangue surgira no short do pijama. Sentou-se no vaso sanitário e ficou olhando para aquilo.
Sabia o que era. Estudara nas suas aulas de ciências e às vezes conversava com as suas colegas. Só não esperava que sua primeira menstruação fosse descer assim de uma hora pra outra. Enrolou-se na toalha e ficou andando no banheiro. Não sabia o que fazer. Estava um pouco assustada. Como aquilo fora acontecer logo agora? Ela não estava preparada para aquilo. Não naquele momento. Com quem falar? Ela tinha que tomar alguma providência. Tinha que falar com alguém, e aquilo iria ser muito constrangedor. Só que sem ficar daquele jeito é que não podia. Foi até a porta do quarto, abriu, ficou olhando pro corredor. Não tinha ninguém. Fechou a porta e voltou para o banheiro.

– Ai meu Deus! – segurando na borda da pia – Com quem eu vou falar?

Saiu de novo do banheiro e voltou a abrir a porta do quarto. Resolveu tomar coragem e saiu andando no corredor, desceu as escadas e encontrou Kurt sentado em uma poltrona na sala.

– Bom dia, minha princesinha – Disse o homem indo abraçar a menina
– Dindo! – fazendo uma careta.
– O que foi? Vai se arrumar pra gente sair. - Sentando-se novamente na poltrona
– É que...
– O que foi, Kat? Vai se arrumar, vai. Sua mãe já tá descendo. Já tomou banho?
– Ainda não. Dindo...
– O que foi, Kat?
– É que... Ai meu Deus! Eu vou morrer.
– Está se sentindo mal?
– Eu... eu... – totalmente sem graça.
– O que foi, meu amor?
– É que eu acordei hoje, e tinha uma mancha de sangue no meu short.
– Você está sangrando? – levantando-se rápido. – Onde? Como você se machucou?
– Eu não me machuquei. É aquilo... – balançando as mãos.
– Aquilo o que Kat?
– Aquilo Dindo... aquilo...
– Que aquilo? Eu não estou entendendo nada. Cadê?
– Ai meu Deus! – batendo o pé no chão – Não complica. – Já toda vermelha de vergonha - Aquilo que as mulheres têm.
– Aquilo. – Ele parou pra pensar e só depois caiu em si – POR SANTA BARBRA!! – assustado colocando as mãos no rosto – Já? Mas você é muito nova.
– O que eu faço?
– Você tem certeza?
– Humrum... – afirmando com a cabeça.
– Ai Kat! Eu acho que você precisa de... você sabe... daquilo lá.
– Tá! Mas eu não tenho. Onde eu vou arrumar? Dindo me ajuda. Isso é muito esquisito.
– Eu é... Acho que tem que comprar.
– Eu nunca mais saio de casa. – encostando-se na poltrona. – Eu vou morrer! Que mico!
– Fica assim não, princesinha. – passando as mãos nos cabelos dela.
– Então me diz o que eu faço? Eu não sei o que fazer, Dindo.
– É... Não sei.
– E eu vou ficar assim? Vai lá comprar pra mim.
– Eu? Mas logo eu?
– Dindinho... – fazendo uma cara de piedade.
– É... vai pro seu quarto. Toma banho que eu vou ver aqui.
– Certo! Mas não conta pra ninguém. O mico do ano! – fala saindo da sala. – Eu não vou mais sair do meu quarto.
A menina vai para o seu quarto e se tranca no banheiro a fim de tomar banho. Seu rosto tava queimando de vergonha. Kurt não sabia o que fazer, por fim, subiu as escadas e bateu na porta do quarto de Rachel.

– Rachel! – entrando.
– Oi! – penteando os cabelos na frente do espelho.- Eu já estava descendo Kurt.
– Eu preciso falar com você.
– Fala! – prendendo os cabelos e olhando ele pelo espelho.
– Vai lá ver a Kat.
– O que foi?
– Você tem que ajudar ela.
– O que ela tem? – virando-se e ficando de frente para o amigo
– Ela... bom... ela foi lá na sala.. e você sabe...
– O que foi, Kurt?
– Essas coisas aí que vocês têm. Essas coisas de mulher aí...
– Hã?
– Essas coisas aí que vem todo o mês.
– A Kat menstruou?
– Parece que sim. Por Barbra, ela é só uma criança. Minha afilhadinha.
– Ela já tem doze anos, Kurt. –a morena disse rindo do drama do amigo- Já está na idade mesmo.
– Mas ela é muito novinha. Tadinha! Está toda confusa.
– Ela foi falar com você?
– Foi! Vai lá, Rach.
– Mas por que ela não veio falar comigo? - Ela colocou a escova na pia e já ia saindo quando Kurt a chamou de novo.
– Rach...
– Hum... – voltando-se para ele.
– Ela vai precisar daqueles trecos lá. Você tem aí? Eu não vou comprar não.
– Eu tenho aqui. – Ela voltou para o armário da pia e pegou um pacote de absorvente. Balançou na frente do rosto de Kurt e sorriu.
– Eu queria ver você indo à farmácia e pedindo um pacote de absorvente. – rindo - Deixa eu ir ver a minha mocinha.
Rachel saiu do quarto e Kurt voltou para a sala. Ele suspirou aliviado. Agora Kat ia ter quem lhe ajudasse.

A morena foi até o quarto da filha e bateu na porta. Como não ouviu nada, entrou. A menina continuava no banho. Ela sentou-se na cama e ficou a esperar. Kat saiu do box e enxugou-se. Ficou batendo com os dedos na pia em sinal de nervosismo. Queria sumir. Se sentiu muito constrangida falando com o Padrinho. Mas ele era a única pessoa a quem ela poderia recorrer naquele momento. Abriu a porta do banheiro e se deparou com a mãe sentada em sua cama.

– Ah não! – volta e fecha a porta de novo – Eu falei com ele que não era pra falar com ninguém!!
– Kat! – levantando-se – Abre a porta.
– Aiiii! Meu Padrinho tem uma boca muito grande. – abrindo a porta.
– Não precisa ficar assim. – rindo da filha
– Eu só estou com vontade de morrer!
– Ô gente! Isso é natural, filha. Hei, não precisa ficar com vergonha. – passando as mãos pelos cabelos molhados da filha.
– Isso é um mico!! Cadê meu Dindo?
– Ele deve estar lá em baixo. Olha só, isso não é mico nenhum. Isso é normal. Ok! A gente fica com vergonha assim no começo, mas depois passa.
– Mas continua sendo um mico.
– Eu trouxe uma coisa pra você. - A morena vai até a cama e pega o pacote de absorvente. -Toma! Você abre, tira a fita e coloca na calcinha.
– Tá! – vermelha de tanta vergonha. A menina vai ao banheiro e depois de alguns minutos volta novamente para o quarto.
– Vem cá. – batendo a mão na cama para que a menina se sentasse.
Kat foi até a mãe e se sentou. Rachel tirou alguns fios de cabelo que estavam no rosto da filha e colocou atrás da orelha.
– Onde foi que eu estava que não vi você crescer, hein? - A menina baixou a cabeça e ficou olhando para os seus pés. Não queria discutir com a mãe novamente. - Você sempre esteve junto a mim.
– Mas você nunca me enxergou. – fala baixinho.
– Desculpa. – levantando o rosto da menina e fazendo com que ela lhe olhasse.
– Cansei de esperar por você. – desviando o olhar da mãe.
– Me perdoa, filha. Eu sei que errei.
Kat continuava com o rosto virado. As lágrimas já transbordavam nos olhos. Não queria chorar. Não queria chorar mais uma vez por causa daquilo.
– Eu tô tentando.
– Você nunca cumpre.
– Mas eu te prometo que agora eu vou cumprir. Eu vou mudar.
– Até quando?
– Me dá uma chance?- Kat ia se levantando, mas Rachel a impediu. - Olha pra mim. - a menina olhou nos olhos rasos de água da mãe – Eu sei que te faço mal, que esse meu afastamento te deixa mal, mas eu estou tentando. Você tem que me dar uma oportunidade.
– Eu não sei.

– Eu não vou conseguir se você não me der uma oportunidade, se você não me ajudar.
– Mas você tem raiva de mim.
– Não! Quem te disse isso? Eu não tenho raiva de você.
– Mas a culpa é minha.
– Não! Você não tem culpa de nada. – segurando a filha – Entende uma coisa. Você não tem culpa de nada. A culpa foi minha por não saber separar as coisas por não ser a mãe que você precisa.
– Eu sinto a sua falta. – deixando uma lágrima cair – Você não conversa comigo, você não é como todas as mães.
– Eu sei... – abaixando a cabeça.
– Eu tenho que ir atrás da mami pra contar as minhas coisas. Você nunca está quando eu preciso. Só a mami que fica comigo, só ela que está comigo. Você nem sabe quem são as minhas amigas e do que eu gosto. Hoje, - engolindo a saliva – a mami não estava, ai eu achei meu dindo. Eu fiquei morrendo de vergonha. É estranho isso.
– Por que você não foi falar comigo? Eu estava aqui.
– Porque você nunca me dá atenção. Eu só tenho a mami.

Era duro ouvir as palavras de Kat. Mas Rachel sabia que era verdade. E isso doía muito mais, pois ela sabia que ela era a errada. Todo o sofrimento da filha, era devido a ela.

– Você não senta comigo pra conversar, você não me leva pra sair, não fica um minuto comigo. Só quando a mami briga. Você sempre diz que vai mudar, porém depois volta tudo de novo. – fala limpando o rosto – Dói sabia? Dói ter alguém tão importante ao seu lado que não lhe dá um pingo de atenção. Parece que você não gosta de mim. Só gosta da Megan. Você só vive e pensa nela. Eu também sou sua filha, e você não liga pra mim. - Rachel não agüentou e abraçou a filha. Kat ficou parada sem reagir. No intimo queria abraçar a mãe, mas o orgulho daquele pequeno coração era mais forte.
– Você tem toda razão em não gostar de mim. Em gostar mais da sua Mami. Eu sou a culpada por essa situação. Mas eu quero mudar, eu preciso mudar. Eu não agüento mais ser rejeitada. Eu não quero te perder também.
– Você me rejeitou primeiro. – desarmando-se e deitando a cabeça no ombro da mãe – Eu queria ter a minha mãe de novo.
– Então me dá uma nova chance?
Kat separou-se do abraço e olhou novamente para os olhos da mãe. Eles estavam incrivelmente brilhantes. E a menina pôde ver ali a dor e o arrependimento.
– Deixa eu ser a sua mãe novamente.
A menina mais uma vez ficou calada. Olhou para o teto e tentava impedir as lágrimas de cair novamente.
– Eu prometo que dessa vez eu mudo.
Rachel sabia que já prometera aquilo a Quinn várias vezes, mas daquela vez era diferente. Ela estava prometendo a filha. A própria Rachel sentia essa necessidade de mudar. Sabia que estava perdendo a sua outra filha, sabia que sua filha sofria por sua causa, e não agüentaria carregar mais esse sofrimento nas costas. A culpa já lhe corroia por dentro.

– Você promete?
– Prometo. Eu quero mudar, mas não posso fazer isso sem a sua ajuda.
– Ok! – fechando os olhos.
Rachel a abraçou novamente e se deixou mais uma vez chorar nos braços da filha.

– Eu juro que dessa vez eu vou mudar. Não quero te decepcionar novamente. Eu te amo, minha pequena. Você é tão minha como a Megan. E eu não quero perder você também.
A menina abraçou a mãe com força. Estava com medo, era verdade, tinha medo que sua mãe não mudasse e aquilo fosse coisa de alguns dias apenas, mas o seu coração pedia, implorava que ela acreditasse na mãe. Acreditasse em uma mudança. Era a sua mãe, e ninguém poderia mudar isso. Amava-a. Amava a mãe e muito, por isso a dor.
– Eu prometo que serei uma mãe mais presente. – separando-se do abraço e mirando a filha – Eu prometo que você não vai se arrepender. – enxugando o rosto.
Kat sorriu para ela e também enxugou as lágrimas. Tinha a esperança de que tudo mudasse mesmo. Nos últimos dias, sentira uma diferença. Só esperava que tudo melhorasse.

– Agora vamos descer? Vamos tomar café? Eu estou com fome. –
– Não!Não vou sair do meu quarto.
– Por quê?
– Eu estou com vergonha.
– Não precisa ter vergonha. – passando as mãos nos cabelos da filha – Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. –
– Poderia ser bem mais tarde. Eu não quero ver a cara do meu dindo. Foi o maior mico.
– Não foi mico nenhum! – rindo da menina – Eu não sei quem está mais sem jeito. Você ou o Kurt. Ele veio desesperado falar comigo.
– Eu quero morrer! – levantando-se e andando pelo quarto.
– Hei! Já disse que não precisa ficar assim.
– É que a senhora não viu. Foi horrível!
– Mais horrível do que foi comigo quando eu fiquei pela primeira vez não foi. Paguei o maior mico. Mico não! Paguei um macacão inteiro. –
– O que foi que aconteceu? – sentando-se novamente junto à mãe.
– Eu estava indo com a turma da escola pra uma excursão. E a minha chegou bem no ônibus. Uma colega minha viu e me falou. Eu não sabia o que fazer. Tive que falar com uma professora. E como ela não tinha absorvente, ela saiu perguntando pra todo mundo se tinham. E o pior, ainda dizia que era pra mim. Eu queria morrer. Todas as minhas professoras vieram me dar os parabéns. Foi horrível. Fora que a minha amiga espalhou pra turma toda.

– Tadinha de você, mãe! – Rindo– Eu acho que nunca mais voltava pra escola.Eu saia da cidade. Mudava de nome.
– Me deu vontade. Mas eu não podia fazer nada. Depois passou.
– Eu hein! Ainda bem que comigo foi aqui em casa.
– Você é sortuda. Vamos comer, vamos. – levantando-se – Eu estou com fome.
– Ok! – levantando-se – Mas antes me promete uma coisa.
– Hum...
– Jura que não vai contar pra ninguém?
– Juro. – sorriu – Só vou contar pra Quinn, pra sua tia, pros seus avôs, pra minhas amigas...
– Ah não!!! – olhando assustada pra mãe.
– Estou brincando. –Rindo – Não contarei pra ninguém que a minha pequena ficou mocinha. – abraçando a filha.
– Jura?
– Juro. – As duas saíram abraçadas e desceram para a sala de jantar.
– Eu tenho que fazer o Dindo jurar também, porque ele é muito língua grande.
– O que tem a minha pessoa e a minha língua? – aproximando-se das duas.

– Aiiinnn! – colocando as mãos no rosto – Você jura não contar nada pra ninguém?
– Eu não vou contar nada não.
– Só quero ver... - Olhando desconfiada para o padrinho – Cadê a minha Mami? Eu ia pra casa da vovó Judy com ela hoje!
– Quinn saiu cedo, filha. Você vai sair comigo e com o Kurt.
– Eu não quero ir não. – sentando-se a mesa junto com a mãe.
– Posso saber o por que? – Kurt servindo-se.
– Eu não saio de casa hoje. Eu não quero ir. Eu sei que você vai acabar falando.
– Então você vai ficar sem ir ao shopping? - Kurt levantou a sobrancelha para a menina
– Shopping? - A menina olhou para o padrinho repetindo o gesto com a sobrancelha- Vamos ao shopping, ao cinema, comer no MC?
–Acho que temos um trato, pequena Fabray – Falou rindo para a menina.
Terminaram de tomar café e foram se arrumar. Logo os três saíram em direção ao shopping.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam ??