Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 9
Incidente no Hospital Alchemilla


Notas iniciais do capítulo

"Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade." - Walt Disney



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– Argh! – resmungava Sebastian, enquanto se dirigia ao hospital.

Já haviam se passado algumas quadras desde que saíra do posto, Emma ainda não havia saído de sua cabeça, mas ele estava muito preocupado com o estado da sua perna. “Ainda nenhum sinal de vida...” pensava Sebastian enquanto olhava a cidade pelas ruas em que passava. Foi quando em meio a névoa uma enorme cruz vermelha pôde ser vista. Sebastian andou em direção a tal cruz, finalmente chegara ao seu destino.

– Hospital Alchemilla..., deve haver alguém por aqui. – disse Sebastian se dirigindo ao portão do hospital.

O rapaz abriu o portão e entrou num pequeno pátio que dava para entrada do hospital, não havia ninguém. Sebastian não ficou surpreso, afinal, nenhum lugar poderia parecer mais abandonado do que a própria cidade. Dirigiu-se até a porta, a mesma era velha, com madeira desgastada e corroída e maçanetas levemente oxidadas, o que o surpreendeu um pouco, afinal, não era daquele jeito que as instalações de um hospital deveriam parecer, mas Sebastian não ligou, e com um pouco de esforço conseguiu abri-la.

O que Sebastian viu logo após não foi nem um pouco tranquilizador e nem correspondeu as suas expectativas: o hospital não parecia abandoando só por fora, mas por dentro também. Uma atmosfera escura de morte preenchia o lugar. As paredes descascavam e fediam a mofo, os móveis eram velhos e cobertos com uma grossa camada de poeira, a água do filtro ao lado da porta já estava verde e o relógio da recepção, parado. “O que está acontecendo aqui?” pensou Sebastian. Sem se intimidar, ele continuou entrando atrás de alguém ou alguma coisa que pudesse ajudá-lo. Parou em frente ao corredor, respirou fundo e continuou andando por entres as portas de igual ou pior estado.

– Alguém aí? – gritou do meio do corredor.

Não houve resposta, ele tentou abrir a porta da recepção para ver se conseguia achar alguém, mas estava trancada.

– Alguém? Estou ferido e preciso de ajuda! – gritou de novo.

Um barulho foi ouvido, algo como como um objeto de metal caindo no chão, que ecoou em todo o corredor vazio, vinha da terceira porta, Sebastian andou lentamente até a porta em questão, “COZINHA” estava escrito numa pequena placa enferrujada. O rapaz pôs a mão na maçaneta e a girou levemente, e após ouvir o “click” da porta a empurrou devagar, o que produziu um rangido arrepiante, conseguindo ver, entre as prateleiras de metal, o que parecia uma mulher de costas para ele, de frente para a pia, fitando alguma coisa.

Sebastian aproximou-se do ser lentamente entre as prateleiras e por mais perto que chegasse, a tal pessoa não parecia perceber ou dar a mínima para sua presença. Ao passar pelas estantes e poder ver seu alvo sem obstáculos, Sebastian quase explodiu de felicidade: era uma mulher pela aparência e estava trajada de enfermeira, Sebastian aproximou-se dela, dessa vez sem medo, e estendeu sua mão para tocá-la pelas costas.

– Senhora? É muito bom encontrá-la. – disse Sebastian pondo a mão no ombro da mulher, que ao sentir o toque virou-se para ele – eu me fer.... OH, MERDA! – gritou Sebastian, dando um pulo para trás.

Não era uma mulher, pelo menos não humana, a tal enfermeira não tinha rosto, apenas uma indistinguível massa de carne viva e embolorada, envolta de algumas faixas meladas de sangue. Seu corpo fedia a podre e ela não parecia estar bem intencionada. Ao “ver” o rapaz, o ser grunhiu abafadamente, sendo respondido por grunhidos semelhantes que Sebastian pôde ouvir vindos de todas as partes do hospital, deixando-o em pânico. A enfermeira pegou uma faca ensanguentada sobre o balcão e dirigiu-se até o rapaz dando facadas no ar.

– Mas que droga?! – disse Sebastian correndo de volta para a porta da cozinha.

Saiu, fechou a porta e correu direto para a entrada do hospital, onde encontrou duas das criaturas o aguardando, uma com uma seringa e a outra com um enorme caco de vidro. As duas dirigiram-se até ele, que correu de volta para o corredor. Sebastian tentou abrir todas as portas dali, exceto a da cozinha, mas não obteve sucesso. Correu até o fim do corredor que, para seu desespero, não tinha nada além de uma porta que dava paras as escadarias, também trancada, e um elevador aparentemente sem energia. Sebastian ficou em pânico, as criaturas estavam vindo e ele não tinha para onde ir. Como um último ato de esperança ele apertou o botão do elevador, que para sua surpresa, respondeu ao comando. A luz do painel se acendeu e um som pôde ser ouvido, o elevador estava descendo. Mas desceria antes que as enfermeiras chegassem até ele? Sebastian continuava apertando freneticamente o botão enquanto as criaturas chegavam cada vez mais perto, fazendo um som agonizanete, estavam apenas a alguns metros dele. Com pouquíssimos segundos, a porta se abriu, Sebastian entrou com tudo e voltou a apertar freneticamente o botão do 2º andar, esperando ansiosamente o fechamento da porta. Uma das enfermeiras até chegou ao elevador, mas foi recebida por um chute mal coordenado no abdômen dado pelo rapaz, fazendo-a cair sentada. A porta havia começado a se fechar, mas a segunda enfermeira, numa tentativa falha de golpeá-lo, pôs seus braço entre as portas do elevador, ficando presa. Sebastian caiu sentado e escorou-se na parede oposta à da porta. O elevador começou a subir, e a enfermeira, antes presa, teve seu braço decepado. A porta fechou, e o sangue jorrou dentro do elevador. Sebastian estava ofegante, e mal podia esperar pelo que vinha no andar seguinte.

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– Então... não faz mesmo ideia do porquê da cidade estar assim, dessa névoa, desse abandono? – perguntou Emma, enquanto seguia a garota.

– Não... sempre esteve assim desde que me lembro... – disse a menina.

– E desde quando está aqui?

– Não... lembro.... Com exatidão. Mas faz um tempo...

– E por que ainda não foi embora?

– Não sei... – disse a menina, pensativa.

– Você não ajuda muito...

Emma continuou andando pensativa, até que o silêncio foi rompido.

– Estamos quase chegando! – disse a garota enquanto andava, apontando para um prédio de esquina próximo, onde era o hospital.

– Ótimo! – disse Emma, que ainda andava apreensiva pelo medo de reencontrar as feras – Será que ainda estão por aqui?

– Estão?

– Aqueles... aqueles... cachorros...

– Oh... – disse a menina rindo – Eles estão em todo lugar.

– De verdade? Como... como pode dizer isso com tanta tranquilidade? Aqueles bichos tentaram me matar!! Podem acabar conosco.

– Eles nunca me fizeram nada... – disse a menina levantando os ombros.

– Como? Isso não é possível. São selvagens, el...

– Nós chegamos... – disse a menina, apontando para o hospital.

– É aqui? Hospital Alchemilla? - questionou Emma.

– Ele estava vindo nessa direção quando o vi... – disse a menina, baixando o tom de voz repentinamente.

A garota olhava estática para placa do hospital, quando começou a respirar com uma frequência maior, como se estivesse tendo falta de ar.

– Você está bem? – perguntou Emma.

A garota respirava cada vez rápido.

– Alchemilla.... – disse ofegante – AAHHHHHH! – gritou, caindo de joelhos com as mãos na cabeça – Parem, parem, parem!!!!

– EEI! – disse Emma ajoelhando-se e sacudindo a garota pelos ombros – O que houve?

– AAAhhhh!!! Eu não... NÃO!!!

– Silêncio garota! Vai atraí-los! – disse Emma olhando pros lados – Olha para mim! – sacudiu mais – Olha! – gritou.

A garota foi voltando a si, e ainda um pouco ofegante, olhou para Emma.

– Está tudo bem? – perguntou Emma.

– Sim... – disse a garota com a voz fraca e assentindo com a cabeça – Eu... não sei.... não sei o que deu em mim, desculpe.

– Tudo bem, vem, vamos entrar. – disse Emma levantando-a – Vamos achar um médico para você aí dentro.

As garotas passaram pelo portão, atravessam o pequeno pátio e Emma abriu a porta do hospital.

– Como??? – foi só o que Emma conseguiu dizer quando se deparou com o estado de hospital –Como esperam cuidar de pessoas em um lugar assim?

As duas entraram cuidadosamente, Emma sentou a garota num sofá rasgado no canto da parede e foi até a bancada da recepção...

– Eei! – disse tocando a campainha de mesa repetidamente – Alguém aí? Temos alguém precisando de ajuda. Eei!!!!

Passos foram ouvidos do corredor.

– Ótimo! Finalmente atendimento. – Emma dirigiu-se rapidamente ao corredor, mas para sua surpresa foi recebida com um ataque que partiu da enfermeira que segurava o caco de vidro, Emma se defendeu com o braço enquanto recuou para trás, tendo sua blusa rasgada.

– Mas o quê? – Emma gritou horrorizada.

A garota estava sentada e assistia a briga com uma expressão assustada. Emma mais do que depressa sacou a arma e apontou para a criatura.

– Parada! – eu não quero machucá-la.

A criatura continuou avançando sem pena e levantou o braço para mais um ataque, porém teve seu braço segurado pela garota misteriosa.

– Atira! – gritou a menina.

Emma puxou o gatilho sem pensar duas vezes, acertando a cabeça da criatura com dois tiros, que caiu se contorcendo até morrer.

As duas ficaram paradas olhando para o corpo da enfermeira. Emma arregalou os olhos.

– SEBASTIAN! – Emma gritou temendo pelo que pudesse ter acontecido com ele. – SEBASTIAN, PODE ME OUVIR? - voltou a olhar para a garota - Precisamos sair daqui.

– E seu amigo?

– Não sabemos se ele está aqui, não é?

– Mas... e se estiver?

Emma parou um pouco, pensou nos sacrifícios que Sebastian havia feito por ela até então e disse:

– Temos que ser rápidas...

As duas atravessaram o corredor e, assim como Sebastian, tentaram abrir todas as portas, inclusive a da cozinha, que foi rapidamente fechada por Emma quando viu uma criatura semelhante à da Portaria parada em frente a pia, assim como fizera com Sebastian. Todas as outras portas estavam trancadas... Até que, chegando ao fim do corredor, viram o corpo caído da segunda enfermeira, sem um braço, morta pelo sangramento. Emma reparou que o sangue escorria pela portas do elevador.

– O segundo andar... – ela disse entre os dentes – Vamos. – Emma apertou o botão do elevador, mas não houve resposta essa vez – Droga... - deu uma olhada ao seu redor, procurando um meio de chegar ao andar de cima - Ali! – ela disse apontando para a porta das escadarias.

– Está trancada. – disse a menina após girar a maçaneta.

Emma aproximou-se e contou até três, dando um chute violento na porta. Sem resultados.

– Você não vai abrir isso sozinha... – disse a menina achegando-se ao lado de Emma – No três! Um...

– Dois...

– Três... – gritaram as duas.

Um agressivo chute duplo na porta mandou as trancas pelos ares e a porta se abriu sem maiores problemas.

– Vamos!

As duas correram até o segundo andar e abriram a porta. Bem como Emma imaginou, a porta do elevador estava aberta e o braço da enfermeira decepada estava ali. Mas não havia nenhum sinal de para onde Sebastian havia ido. Havia dois imensos corredores e as garotas não sabiam para qual seguir.

– Vamos por este. – disse Emma apontando determinada para o da esquerda.

– Como sabe?

– Não sei... – disse Emma tomando a dianteira.

Atravessaram até a metade do corredor e nada encontraram além de portas trancadas e nada ouviram além de grunhidos distantes de possíveis criaturas. Até chegarem a uma porta bem velha, onde havia escrito “SECRETARIA”, a porta estava aberta e as meninas entraram. Era uma sala pequena, com uma mesa velha, estantes e alguma cadeiras, sem falar de alguns murais de raio-x que não já funcionavam mais.

– Não está aqui... vamos para a próxima. – disse a menina após passar o olho no lugar, saindo do recinto.

– Sim...- disse Emma dando uma última olhada nos arredores - Ei... espere... – Emma havia visto uma foto especial na mesa – O que é isso? – Emma pegou a foto espantada: era o mesmo símbolo que ela havia visto no chão da casa da floresta.

A menina veio até ela e as duas olharam-na por alguns instantes.

– AAAHHHHHHH! – a garota pôs as mãos na cabeça.

Emma largou a foto no chão, assustada.

– O que houve?!

– AAAHHHHHH! – gritava a garota, porém, esse surto era diferente do primeiro, a menina estava se debatendo, como se estivesse com uma dor horrível na cabeça.

Cambaleando pela sala, a garota apoiou-se com a mão direita em uma das paredes, liberando uma estranha fumaça na zona de contato entre a parede e sua mão, por causa da intensa dor, ela jogou-se para trás e caiu no chão, ainda ofegante. Emma estava imóvel, não sabia como reagir ao que tinha acabado de ver, não sabia se podia ou que método usaria para ajudá-la. Mas antes que pensasse em alguma coisa, um detalhe chamou sua atenção: a marca da mão que ficara na parede. A parte da parede onde a mão havia tocado havia descascado, revelando uma outra parede, que não parecia com nada que Emma já tivesse visto. Era amarelada, suja, enferrujada e encardida com sangue, além de liberar um odor terrível. Emma, em estado de espanto, aproximou-se lentamente da marca, a garota no chão não era mais o centro das atenções, ela olhou para a parede e, com a mão estendida, resolveu tocá-la, encaixando sua mão na marca da parede.

No momento do toque, o que antes era uma apenas uma marca, passou a tomar conta da secretaria, e logo mais, de toda construção do hospital. As paredes começaram a descascar exponencialmente, tornando-se cinzas, juntamente com os móveis e qualquer outra coisa dentro daquela sala. Emma apenas olhava, não sabia o que fazer, era como se a realidade se desfizesse diante dos seus olhos e desse lugar a uma nova, totalmente estranha, macabra e perturbadora. As paredes foram substituídas por outras: enferrujadas, sujas e ensanguentadas, o piso havia se tornado uma grade de onde não se podia ver o fundo, os móveis se transformaram em emaranhados de ferro oxidado totalmente contorcidos e o lugar havia ganhado um odor horrível: uma mistura de podre e queimado, que fizeram os olhos de Emma lacrimejarem.

– O que você fez? – gritou Emma, não obtendo resposta – RESPONDA!

A garota continuava imóvel no chão, e não apresentava mais nenhum sinal de vida, embora mantivesse os olhos abertos. Emma foi em sua direção pronta para arrancar-lhe respostas, porém de nada adiantou...

– Vamos embora daqui! – dizia Emma segurando a menina pelos ombros.

A menina olhou para o rosto de Emma, mas não parecia mais a meiga pessoa disposta a ajuda-la, mas apresentava um olhar seco e uma expressão facial totalmente sem vida. Uma estante de ferro que havia formada pela nova realidade que ficava no canto da sala foi derrubada, revelando um buraco na parede, do qual um enxame de insetos enormes, semelhantes a besouros, começou a sair e tomar conta das paredes da sala. Emma levantou-se e começou a puxar a menina pelo braço, que permanecia sentada.

– VAMOS!!!!! – dizia Emma enquanto puxava a menina tentando salvá-la do enxame – Argh... você pode ficar aí se quiser! – disse Emma correndo em direção a porta ao ver que a menina não sairia dali.

Emma abriu a porta da sala, saiu e olhou uma última vez para a menina, que continuava sentada olhando para ela enquanto os insetos começavam a subir em suas pernas, Emma a olhou com um olhar de confusão e bateu a porta. Logo começou a correr pelo novo corredor, era confuso, não era como o hospital de antes, haviam paredes onde antes eram portas, grades onde antes eram paredes e buracos onde antes era piso, haviam coisas semelhantes a corpos mutilados pendurados e pregados juntos às paredes e o sangue escorria em todas as frestas possíveis, além do cheiro insuportável. Correu o mais rápido que pôde até onde era o elevador, queria sair dali o mais rápido possível, já não aguentava mais aquela cidade, aquela busca não valia a pena e qualquer besta do lado de fora era melhor do que estava vendo e vivendo lá dentro. Emma continuou correndo, mas após dobrar o corredor foi surpreendida por mais uma das enfermeiras que havia encontrado no andar de baixo. A criatura agarrou seu pescoço e jogou-se em cima dela, derrubando-a no chão. A garota tentava com todo o esforço libertar-se mas a força que aquele ser aplicava sobre seu pescoço era sobre-humana. Mesmo com tanta luta, o ar já estava se esvaindo dos seus pulmões, ela já estava ficando fraca e sua visão perdendo o foco, quando alguém apareceu e acertou a cabeça da criatura, que caiu sangrando, morta do lado de Emma. Ela sentiu um pouco de dificuldade para ver quem era, mas qual não foi a sua alegria quando ela viu: era Sebastian, estendendo a sua mão para ela.

– Vem, temos que sair daqui, rápido!


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Notas finais do capítulo

Sebastian chega ao Hospital Alchemilla, que, ao seu ver, está abandonado. Ele entra e é atacado por alguns enfermeiras monstruosas, ele foge e parte para o segundo andar pelo elevador. Emma e a menina misteriosa chegam ao hospital, sendo atacadas por uma enfermeira monstruosa assim que entram. Assustadas, decidem procurar Sebastian e sair dali o mais rápido possível. Na procura pelo rapaz, Emma acha uma foto que compromete a sanidade da nova aliada, mergulhando o Hospital Alchemilla numa realidade completamente nova.



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