Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 10
O Outro Mundo




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– Até que enfim você deu as caras. – disse Emma levantando-se empurrando a mão de Sebastian, sua felicidade por ter encontrado a única pessoa com quem podia contar logo transformou-se em raiva – Não preciso da sua ajuda pra isso!

– Ei calma! – disse Sebastian apertando a barra de ferro que segurava, a qual havia usado para bater na criatura.

– Nada de calma Sebastian, acabou de ver o que aconteceu? Pode me dizer onde estamos? – Emma levantou-se e passou a mão na roupa – Ainda acha que é só uma anomalia climática? Poupe-me Sebastian! Isso parece natural para você? - Emma apresentou o novo ambiente para Sebastian com um gesto de uma das suas mãos.

Houve silêncio.

– Ainda precisamos sair daqui... – disse Emma.

– E o mais rápido possível... – disse Sebastian apontando para o corredor, de onde duas enfermeiras se aproximavam. – Vamos para o elevador!

– Não responde aos comandos!

– E como chegou aqui?

– As escadas! – disse Emma puxando a mão de Sebastian.

Ambos correram até a porta da escada, mas tiveram uma surpresa quando viram que tanto a porta do elevador como a das escadarias haviam sido substituídas por um emaranhado de ferro afiado.

– Mas... as portas...

– E agora o que faremos? – disse Emma olhando para as enfermeiras que já haviam cruzado metade do corredor, com as mãos estendidas para eles, dando violentos golpes no ar.

– Não sei... deve haver alguma outra saída certo?

– Não vamos descobrir parados aqui...

Emma empunhou a arma e começou a correr pelo outro corredor, seguida por Sebastian... Os dois atravessaram o corredor até passar pela porta da secretaria, Emma parou um instante e relembrou-se da garota que havia deixado lá a pouco tempo. Não fazia ideia do que poderia ter acontecido com ela, quando a vira pela última vez estava sendo coberta por insetos... Emma não queria abrir a porta, estava se sentindo culpada por ter deixado a menina, mas ela estava com medo, as pessoas não agem direito quando estão com medo certo? Ela tinha medo de, seja o que lá o que havia sobrado naquela sala, se sentir responsável. Porém tomou coragem, estendeu a mão trêmula para a maçaneta, respirou fundo e abriu a porta pronta para ver a mais feia e triste cena, mas... para seu choque, não havia ninguém lá... nenhum corpo ou inseto, só a sala velha e nojenta da nova realidade.

–Ela... onde... – Emma balbuciou.

– Ela? – perguntou Sebastian.

– Sim... havia uma garota... ela me ajudou a chegar até aqui, ela estava aqui... bem nessa sala... mas...

– É... mas não dá tempo de procura-la agora não é? Temos que salvar nossas vidas. – Sebastian interrompeu puxando Emma pelo braço.

– Sim... vamos!

Os dois correram até o fim do corredor, queriam chegar até o outro lado do andar, afinal deveria haver uma escada ou algo do tipo que desse acesso a qualquer outro lugar do hospital, de preferência a entrada. Porém tudo que encontraram no fim, no lugar da clichê luz do fim do túnel, foi outra imensa grade de ferro bloqueando o corredor.

– Droga! Estamos presos... – disse Emma sacudindo a grade com as mãos.

– Então é bom pensarmos em algo logo. – disse Sebastian, que olhava para as enfermeiras que agora estavam acompanhadas de mais uma.

– Deixe-as comigo! – disse Emma engatilhando a arma.

Emma deu 4 tiros, e incrivelmente não acertou nenhum, embora as enfermeiras estivesse a apenas alguns metros.

– Nossa, você é uma atiradora nata!

– Ótima hora para sarcasmo campeão! Pode fazer melhor?

– Vamos descobrir. – Sebastian pegou a arma da mão de Emma – Toma, segura – disse entregando a barra de ferro à Emma - Você não pode fechar os olhos.

Sebastian precisou de poucos tiros para derrubar as criaturas, que caíram no chão, se contorcendo.

– Argh! – Emma grunhiu de raiva porque Sebastian tinha feito melhor, reforçando seu sentimento de inutilidade.

– Vamos tentar os quartos dos pacientes, talvez haja algum onde possamos nos esconder para pensar em alguma coisa.

Os dois começaram apressadamente a tentar abrir as portas enumeradas dos quartos, mas estavam todas trancadas ou bloqueadas por paredes ou tralhas, porém antes que as esperanças fossem embora Emma percebeu um pequeno brilho que encandeou o canto do seu olho: era um objeto de metal, saindo do bolso direito da blusa de uma das enfermeiras, que refletira a luz de uma pequena lâmpada do fim do corredor.

– É... uma chave! – disse Emma, correndo em direção ao corpo da criatura.

Emma cuidadosamente ajoelhou-se ao lado da enfermeira, e, mais cuidadosamente ainda, estendeu a sua mão até ela para pegar o objeto. Ao por a mão na chave, a criatura subitamente despertou da morte e a agarrou pela cabeça, soltando um grunhido agonizante, porém não teve tempo de fazer coisa alguma, pois no mesmo instante Sebastian atingiu-a com outro tiro, matando-a de vez. Emma olhou espantada para o rapaz, que soprava o cano da arma, assim como nos filmes.

– Podia ter me acertado!!!!

– Mas não acertei. – disse ele, com um sorriso no rosto.

Emma pegou a chave e levantou-se furiosa, não de raiva, afinal o rapaz havia salvado sua vida, de novo, e esse era o problema, não estava chateada com ele, mas sim com ela mesma, que até aquele momento havia interpretado com perfeição o papel da donzela em perigo. “302”, era o que havia gravado na chave. Emma procurou o tal número entre as placas dos quartos, era a quarta da porta do corredor. Os dois dirigiram-se até lá, onde Emma usou a chave a abriu a porta. Os dois entraram e nada viram de tão diferente do resto. Um quarto com algumas cortinas e camas ensanguentadas, algumas comportando o que pareciam corpos envoltos de lençóis já nem um pouco brancos, uma pequena janela na última parede e um armário de medicações, o qual atraiu a atenção de Emma.

– Sebastian! – Emma lembrou-se ao olhar para os medicamentos – Seu pé!- com tanto alvoroço Emma havia se esquecido do motivo de estarem ali – Como está?

– Está melhor, fiz um curativo. – disse ele levantando a perna da calça, após sentar-se em uma das camas.

– Quando?

– Antes de cairmos nesse... nesse mundo ou sei lá como chamar esse lugar. Havia uma pequena enfermaria no fim do outro corredor.

– Mas... ele está bloqueado!

– Agora está.

Emma ainda não havia assimilado muito bem a ideia da nova realidade, e de suas diferenças.

– Oh sim, mas levaremos esses aqui também, por precaução. – Emma pegou a mala que Sebastian carregava desde o acidente com o carro e começou a pôr as coisas do armarinho lá dentro.

– Como achar melhor... – houve um pouco de silêncio - Só temos mais duas balas... – disse Sebastian olhando para o pente da arma.

Emma tirou a caixinha de munição do bolso e jogou na cama, ao lado dele.

– Muito bem... mas... por curiosidade... onde conseguiu?

– Na conveniência, sabe... onde você me deixou sozinha...

– Você que me deixou sozinho... eu só entrei para pegar alguma coisa...

– Tá tudo bem, chega! – Emma interrompeu com u=o tom de voz levemente mais alto - Isso não importa agora e a última coisa que precisamos é de desentendimentos. – Emma continuou a pôr os remédios do armarinho da bolsa quando achou um pequeno papel empoeirado... onde mal se podia ler o seguinte:

“...a paciente precisa de cuidados especiais, porém temos que ter cuidado, a polícia já está na............................... drogas, a Dahlia disse que tudo ficaria bem e que ............................................. do porão emprestado para cuidarem dela até a .....................................enfermeira Lisa ficará cuidando dela até lá......................... precisamos...... menos gente possível.”

“Dahlia... não era o mesmo nome da dona do diário da cabana...? E a garota... o diário não dizia que ela havia sido trazida ao hospital depois do incêndio, seria esse hospital?” Emma pensou, porém deu pouca importância, afinal, seu objetivo era outro: sair dali. Não queria mais problemas com outros assuntos, só o motivo de sua busca, seu pai, já lhe havia trazido problemas demais. Jogou o papel na mala junto com o resto dos remédios e fechou a bolsa - Temos que continuar – ela disse.

– Para onde? Estamos trancados aqui....

– Talvez não... – Emma caminhou em direção a janela, para tentar abri-la, após obter resultado Emma pôs a cabeça para fora, a fim de ter ideia de como descer a partir dali, mas o que viu a deixou assustada.

Não havia sido apenas o hospital mergulhado na outra realidade, mas toda a cidade, até onde se conseguia ver. O céu era totalmente negro, as ruas eram escuras e haviam se tornado um mosaico de grades e alternados trechos de asfalto, de onde não se via fundo nem suportes, como se tudo estivesse flutuando sobre o nada, os edifícios haviam ganhado aspecto semelhante ao do hospital e tudo possuía aquele cheiro característico do enxofre, e de longe algumas criaturas conseguiam ser vistas, não pareciam só com os cachorros de antes, mas outras possuíam outras formas, que Emma não conseguia ver com perfeição.

– Oh... meu Deus! Sebastian olha isso! – disse Emma, chamando-o com a ponta dos dedos.

O rapaz se dirigiu até a janela e teve a mesma reação de Emma ao ver a cidade.

– Onde estamos...? – perguntou.

– Num inferno. – disse Emma...

– E como chegamos aqui?!

– Não sei... mas aquela menina... ela tem alguma coisa a ver. Tenho certeza!

– Mas que menina? A ver com o quê?

– Com isso tudo, ela... começou a gritar... e... a parede.... eu a toquei e tudo foi afogado nesse... mundo!

– Como, como uma garota pode fazer tudo isso? Quer dizer, ela forjou uma realidade, tem corpos espalhados em todos lugares, monstros bizarros, e... e...

– É uma ótima pergunta, mas não é assunto para agora. – interrompeu Emma - Está vendo o canteiro daquela janela? – Emma disse apontando para uma janela que ficava em frente a do quarto onde estavam – vamos pular para lá e entrar pela janela.

– Está louca? – Sebastian afastou-se da janela – É o segundo andar, é uma queda de 10 metros, podemos morrer se não conseguirmos...

– Mas há uma probabilidade muito maior de morremos se continuarmos aqui também! É só uma questão de tempo até que mais daquelas coisas apareçam e nos encurralem nessa sala. Além do mais aquela janela pertence ao outro bloco do andar, temos que chegar lá lembra? Ou você tem alguma ideia melhor?

Sebastian pensou um pouco e fez que não com a cabeça. Emma foi a primeira, sentou-se na janela do segundo andar, apoiou-se nas paredes e saltou para a outra janela agarrando o canteiro por pouco com a ponta dos dedos. Com um das mãos abriu a janela e com um pouco de esforço adentrou-a, caindo numa sala semelhante a primeira.

– Sua vez. – gritou.

Sebastian jogou a bolsa para ela e fez o mesmo, e apesar do drama que fez antes de pular, sobre altura e tudo mais, o fez bem mais rápido e com bem mais segurança. Com os dois já dentro do quarto, Emma dirigiu-se a porta e a abriu, como planejado, saindo do outro lado do bloco.

– Viu? – disse fazendo um gesto para o corredor.

– Muito bem! – disse Sebastian, com sarcasmo.

Os dois se dividiram, cada um para um lado do corredor, a fim de tronar aquela tarefa mais rápida, dessa forma, vasculharam todo o bloco, também cheio de portas trancadas e duas enfermeiras que foram exterminadas sem muita dificuldade. Logo após terminarem a exploração, os dois se encontraram no corredor, em frente a porta do quarto pelo qual entraram.

– Não há saída para o andar de baixo nesse lado, só salas e mais quartos, mas achei isso aqui! – disse Sebastian balançando duas caixinhas de munição que achara numa pequena despensa do andar.

– Bom, eu trago notícias para você. Uma boa e uma ruim. Siga-me – disse Emma fazendo um gesto.

Ela o levou até o fim do corredor, onde uma pequena portinha estava fixada na parede, ao lado das escadarias que os levariam para o 3º andar.

– Eis aí. A boa notícia.

– Isso é...

– Sim, os tubos que conduzem as roupas sujas dos pacientes ao porão.

– Ótimo, podemos escorregar e cai... – disse Sebastian com um sorriso no rosto.

– Está trancada. – interrompeu Emma.

– Mas... como assim? – a rosto de Sebastian exalava frustração.

– Essa é a má notícia, achei isso pregado junto à porta. – disse Emma mostrando a Sebastian um bilhete que dizia:

“Querido zelador Harper,

Gostaria que você pegasse um daquelas roupas de proteção biológica na minha sala, pois deixei a chave dos tubos do incinerador no quarto do Mr. Tinoco, sim, aquele senhor com o caso grave de hanseníase no 3º piso, e gostaria que você pegasse pra mim e como você sabe não podemos entrar lá sem a roupa. Os medicamentos não contiveram a habilidade de contágio da doença, devemos ter cuidado com ele, seu caso é muito complicado, ele está apodrecendo e também tem apresentado sinais de demência ultimamente.”

Sally”

– Incinerador?

– Deviam queimar as roupas dos infectados, tipo esse cara, para evitar possíveis infecções. Mas não devemos nos preocupar, porque assim como o resto desse hospital, esse incinerador deve estar desativado a anos. – respondeu Emma, de braços cruzados.

– Então só precisamos subir e achar essa chave?

– Só? – retrucou Emma – Não sabemos em que sala ele está ou que encontraremos lá em cima, nem se a porta está aberta e nem se essa chave realmente está lá. E se não estiver?

– Pensaremos em outro jeito Emma, mas agora devemos focar no nosso objetivo: achar essa chave, descer até o porão e sair daqui.

Os dois olharam pro topo da escada, estava escuro e um cheiro de podridão maior ainda podia ser sentido.


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Notas finais do capítulo

Após o hospital Alchemilla ter sido mergulhado no mundo alternativo, Emma reencontra Sebastian. Os dois estranham os acontecimentos no lugar e decidem sair dali. Emma acha um papel que fala da internação de alguém no hospital, que parece ter ligação com o que ela leu na cabana. Emma também conta para Sebastian da existência da garota, e que ela talvez ela tenha relação com o que está acontecendo.



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