Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 2
Presente de Grego


Notas iniciais do capítulo

"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente." - William Shakespeare



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Emma ficou estática, ela não sabia o que pensar ou idéia de quem havia endereçado a ela o tal pacote ou o que havia nele, tudo que ela perguntou foi:

– Pacote, como assim, de quem é?

– Lamento Srta. Carter, mas não liberamos esta informação pelo telefone, apenas presencialmente e com a apresentação do documento, poderia comparecer hoje? – disse a atendente.

– ... – Emma pensou em silêncio.

– Srta. Carter?

– Sim, sim, quero dizer, comparecerei, me aguarde... eu...estou chegando. – disse Emma, desligando o telefone.

Ela dirigiu-se até o carro pensativa, entrou, sentou no banco e começou a dirigir, milhões de ideias passavam pela sua cabeça, quem teria deixado um pacote, e porque esperar 2 anos e meio para que ela pudesse receber... Emma pensou bastante ao longo do caminho, e foi que aí um súbito pensamento veio até Emma, por um instante ela teve idéia de quem tinha mandado o pacote, suas mãos gelaram, ela suou frio, mas logo se tranquilizou pensando: “Não... é impossível...”. Com alguns minutos de viagem, Emma estava no banco, estacionou o carro e entrou, tirou sua fichinha e esperou sua vez sentada numa cadeira perto da porta.

– Dia frio, hein? – exclamou amigavelmente um rapaz, sentado ao lado dela pouco tempo depois de ela ter sentado.

– Uhum... – Emma respondeu sem nem olhar pra ele.

– O inverno está chegando... deve ser por isso.

– Com certeza. - respondeu friamente Emma.

O homem percebeu as indiretas de Emma e resolveu se aquietar, de fato Emma não queria conversa. Com um pouco de tempo de espera, seu nome foi chamado.

– Número 67, dirigir-se ao caixa 9 por favor. – disse a atendente.

Emma foi até o caixa 9 rapidamente e sentou-se na cadeira, estava ansiosa descobrir de uma vez o que havia no pacote.

– O que deseja, Srta.?

– Bom, o banco me ligou há 1 hora, minha presença foi solicitada aqui para o recebimento de um pacote, vim recebê-lo.

– Hum... – disse a mulher examinando uns papéis – Você deve ser Emma Carter, correto?

– Sim. – disse Emma já mostrando sua identidade.

– Por favor me acompanhe.

Emma acompanhou a mulher até os fundos do banco, no que parecia ser um depósito ou algo como um cofre, era uma sala imensa com diversas gavetas de metal espelhadas e trancadas "às sete chaves" em todas as paredes, Emma ficou perplexa, nunca havia entrado num lugar como aquele na sua vida, nem quando era criança.

– Um minuto, irei buscá-lo.

A mulher pegou alguns papéis numa escrivaninha e examinando foi até uma das gavetas da parede leste, digitou uma senha, abriu com uma chave e trouxe o pacote até Emma.

– Aqui está, gostaria de abrir aqui mesmo?

Emma estava distraída com seu reflexo naquelas gavetas... "Devia ter usado a calça jeans..." ela pensava.

– Srta., gostaria de abrir aqui?

– Sim, sim, por favor.

– Pois bem – a mulher pegou um estilete sobre uma mesa e arrancou o lacre do pacote – aqui está.

Emma abriu o pacote sem saber o que iria encontrar lá dentro, para sua surpresa havia apenas um envelope e uma caixinha, “Pouca coisa para um pacote desse tamanho.” Emma pensou, ela suspirou e pegou a caixinha, que estava envolvida com uma embalagem de presente laminada, olhou um pouco, rasgou o embrulho, e enfim, abriu a caixinha. Dentro havia um lindo par de brincos encrustado com diamantes, Emma demorou um pouco mas reconheceu os brincos. Nesse momentos sua expressão mudou, Emma olhou vaga e fixamente para seu presente, sabia o que ele era e o que representava. Aqueles brincos eram os que ela tinha pedido ao seu pai quando tinha 7 anos de idade, tinha pedido quando foi com seus pais a uma festa de 20 anos de uma amiga da família, a qual ganhou aquela linda peça de presente de seus pais. Naquele dia, ela olhou fixamente pro seu pai e disse com todo o fervor de uma criança: “Papai, com vinte anos eu quero aqueles brincos, olha só! São lindos”, a pequena Emma falou dos brincos a noite toda. Naquele instante, Emma sabia quem tinha lhe mandado o pacote, trêmula de raiva e medo e na esperança de estar errada ela pega o envelope e o rasga violentamente, revelando uma pequena carta, que dizia o seguinte:

“Querida Emma,

Antes de tudo, quero desejar um feliz aniversário, 20 anos hein? Já é uma mulher, e sim, eu lembrei do seu presente, são os que você queria não são? Que ótimo. Mas meu principal objetivo nesta carta não é este, bom, creio que já tenha deduzido quem está te escrevendo, pois bem, quero dizer que já faz muito tempo que não a vejo, 4 anos é mais do que suficiente quando se ama alguém, não acha? Se não achar, quero pedir desculpas pela carta e peço que pelo menos mande uma de volta, mas se achar, gostaria de dizer que queria poder te ver de novo, nem que por pouco tempo. Eu estou morando em Brahms agora, são apenas 6 horas daí, rua Gen. North, 544, esperando que você esqueça o que passou e decida vir me ver para que possamos conversar. Eu te amo.

Douglas Cartland”

O coração de Emma se encheu de ódio e tristeza após ler a carta, ela amassou o pedaço de papel quando, segurando-o fortemente, deixou rolar algumas lágrimas.

– Você está bem? – perguntou a atendente.

Emma se recompôs e fez com a cabeça que sim.

– Belos brincos você ganhou, hein?

– Você achou? Então pode ficar! – disse Emma largando com fúria os brincos no balcão, chamando a atenção das outras pessoas no recinto.

Emma saiu com a carta na mão e limpando o rosto com a manga da camisa, ela passou rapidamente pelo saguão do banco, atravessou a porta e dirigiu-se ao carro. Estava certa, era o seu pai, e ele queria vê-la, mas ela também estava certa de que não iria vê-lo.

– Ele não merece me ver, esse canalha não merece nada. – exclamou ela em voz baixa furiosamente enquanto entrava no carro.

Ela sentou no carro, deu a partida e jogou a carta amassada pela janela do carro, queria esquecer daquilo, queria ficar mais leve, aquilo tinha sido um choque, tanto por causa dos brincos, afinal, até ela já havia esquecido, como pelo fato de ele querer vê-la mesmo depois de 4 anos. Emma dirigiu-se ao bar mais próximo, era pra onde ela corria sempre que precisava “resolver seus problemas”, estacionou o carro, e ao entrar no bar jogou-se numa cadeira, chamou o garçom e pediu cerveja, muita cerveja, ela precisava esquecer daquilo, e pretendia fazer aquilo se embriagando o máximo possível, Emma sabia que já havia tido problemas sérios com bebida, causando até batidas de carro, mas isso nem qualquer outra coisa no mundo a impediria naquele momento. A cerveja chegou e Emma logo pôs-se a beber e resmungar, como há tempo não bebia, perto do fim da primeira garrafa, teve ânsia de vômito, vomitou um pouco sobre a mesa, pois já estava meio tonta e conseguiu se recompor e ir até o banheiro, onde caiu de boca na privada e vomitou bastante, por minutos, pura bebida. Logo que a vontade passou, ela sentou-se no chão sujo e molhado, ao lado do vaso onde vomitara, e com as mãos da cabeça começou a chorar silenciosamente, como uma criança, e pelo passado que veio à tona através da carta Emma chorou por um longo tempo, até reclinar sua cabeça, encostá-la na parede e adormecer, sozinha, num banheiro de um bar decadente, sujo, podre e mal iluminado.


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Notas finais do capítulo

Emma recebe o pacote que foi deixado pra ela no banco e tem uma surpresa ao ver que dentro dele havia um presente de aniversário e uma carta do seu pai, que ela não via há 4 anos pedindo pra vê-la, isso atiça dores passadas que fazem Emma procurar um bar, encher a cara e então adormecer por lá, dentro do banheiro