Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 16
O Caso Heather


Notas iniciais do capítulo

"Não existe mistério mais intrigante do que aquele que mesmo depois de revelado continua sendo um enigma." - Rodrigo Terra



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– Estamos salvos! – exclamou Emma.

– Sim... estamos... nós estamos salvos. – reforçou Sebastian, ofegante pela agonia que passara minutos antes.

– Não por muito tempo... – exclamou a garota sem nome, ao olhar por uma pequena janela de vidro na porta principal e perceber que as criaturas se aproximavam – Precisamos agir. – disse olhando para eles.

Os três agora se encontravam em uma segurança provisória dentro do prédio principal e tal situação era motivo de alegria. Ao passarem pela porta, o grupo encontrou-se em uma pequena recepção, com um sofá rasgado no canto da parede, um balcão de madeira desgastado e um imenso mural com ganchos, onde muito provavelmente eram postas as chaves dos quartos. Emma passou o olho no local, procurando algo útil, porém rapidamente lembrou-se de algo que o pânico de instantes antes a fizera esquecer: a pasta do carro.

– E então? Espero que tenha valido a pena! – ela disse a Sebastian, cruzando os braços.

– A pena?

– A pasta Sebastian, espero que não tenha quase morrido por nada! Eu disse que aquele carro não tinha a placa do dele. – respondeu, franzindo as sobrancelhas.

– Oh sim! A pasta!

Sebastian mais do que depressa abriu a pasta, antes cerrada em suas mãos, e encontrou uma foto virada para baixo e um pequeno bloco de folhas, com algumas coisas escritas. A primeira coisa a ser pega foi o bloco, ele não sabia o que era, mas em sua mente, naquele instante, mil palavras falariam mais do que uma imagem. Logo que abriu, olhou em direção as duas meninas e, voltando sua atenção ao papel, começou a ler.

“Dia 1...

– Espera! – gritou Emma.

– O quê? – perguntou o rapaz.

– Huh... menina! Poderia sentar naquele sofá enquanto lemos isso aqui? – perguntou Emma, tentando inutilmente ser simpática, afinal, não era algo que ela praticasse com frequência.

– Sim, claro! – disse a menina sorrindo, dirigindo-se ao sofá.

– Porque ela não pode ler com a gente? – ele perguntou.

– Viu o que quase aconteceu com ela no carro ao darmos informações tão vagas e idiotas? O que aconteceria se aqui fosse revelado algo sério? Leia em voz baixa. – disse ela cochichando.

– Ok... lá vai!

“Dia 1,

Recebi um contato, um pedido aos meus serviços para ser mais exato. Nome da senhora: Claudia Wolf, residente em Silent Hill; Objetivo: Encontrar uma garota chamada Heather Mason e levá-la a Silent Hill, para encontrá-la; Os motivos pelos quais ela quer a moça ainda permanecem em sigilo, porém preciso de mais informações antes de dedicar todos os meu esforços ao caso, irei contatá-la novamente em breve.

Douglas Cartland”

“Dia 3,

Tive a oportunidade de contatar a senhora Wolf novamente, ela parecia estar com pressa, pedia avidamente para que eu encontrasse logo a menina, pois precisavam dela, não entendi muito bem essa parte. Eu disse que precisava de razões e de motivos para que a encontrassem. Tudo que ela me falou foi que a menina havia sido sequestrada de ser verdadeiro lar ainda quando bebê, há 17 anos, por um homem sem coração e totalmente inconsequente, e agora, queriam a garota de volta. Bom, 17 anos é muito tempo. Por que não procuraram por ela antes?

Douglas Cartland”

“Dia 6,

Consegui!! Encontrei paradeiro da tal Heather Mason, ela é residente em Portland. Eu estou bolando um plano para que possa contatá-la, analisando seus comportamentos e os lugares que frequenta, para uma abordagem mais suave. Não posso abrir o jogo de vez, Claudia me disse que ela não saberia do que se tratava, por isso a informasse apenas que eu possuía conhecimentos ocultos sobre seu passado que seriam de seu interesse. Isso está muito estranho para mim, mas é o meu trabalho, agir e não fazer perguntas. Estou louco para terminar esse dia e tomar uma cerveja gelada... o estresse está me matando.

Douglas Cartland”

“Dia 8,

Já faz um tempo que fui contratado para prestar meus serviços a uma senhora, chamada Claudia, de Silent Hill, ela pediu para encontrar essa garota, a tal Heather Mason, afirmando que a garota “pertencia” a ela. Ela chegou a mencionar algo sobre sequestro, mas não pude entender. Comecei a investigação e confesso que demorei para encontrá-la, cheguei a avistá-la algumas vezes, mas ainda não tive contato com a garota, pretendo fazer isso amanhã, ela costuma frequentar o Shopping às tardes. Claudia pediu que quando a encontrasse a levasse a Silent Hill de volta, bom, não sei se posso convencê-la a fazer tal coisa, afinal, a garota já é uma adolescente, e esse fase da vida é marcada pela teimosia, mas fazer o quê? Devo ao menos tentar.

Douglas Cartland”

– Essa última é... – disse Sebastian, iniciando uma ideia.

– A mesma mensagem que encontramos em Brahms! – Emma concluiu, aproximando-se de Sebastian para ler junto com ele – Continue!

– Sim... claro!

“Dia 9,

Consegui! Fiz contato com ela no shopping da cidade! Segui as recomendações da senhora Claudia quanto ao que dizer, porém a garota não parecia dar a mínima para mim ou para nada do que eu dissesse, ameaçou até gritar se eu não parasse de falar com ela, birrenta! Ela acabou de ir ao banheiro, estou à espera na porta, não posso desistir tão facilmente do meu objetivo. ... Já fazia meia hora que ela estava no banheiro, tomei a ousadia de entrar mas não tinha ninguém lá dentro, ela fugiu! ... O que diabos está acontecendo com este lugar? As coisas mudaram! Mudaram de uma hora pra outra! As paredes, o piso! O que está acontecendo com esse shopping? Tem monstros, monstros em todo lugar, criaturas horrendas!! Fui atacado por uma delas há pouco tempo mas consegui me esconder! Estou escrevendo isso para que, caso achem esse caderninho, saibam o que me matou, não acho que vou sobreviver, esse lugar... essa realidade é perigosa e traiçoeira! ... Bom Deus, tão rápido quanto a realidade foi mergulhada naquele inferno, esta saiu dele! As coisas voltaram ao normal! Preciso sair desse shopping antes que as coisas surtem novamente! ... Encontrei Heather! Ela estava indo para a entrada do metrô que fica perto do portão principal do shopping. Pelo visto ela também viu o que e vi, o.... outro mundo. Ela parecia chateada! Disse ter encontrado Claudia no shopping, mas como? Ela me acusou de estar com Claudia nisso, nisso? Nisso o quê? Ela disse que eu e ela éramos responsáveis pelo que aconteceu! Que aquilo, de alguma forma, dizia respeito a ela! Eu não estou com Claudia em nada. Fui contratado para encontrá-la e isso é só! Estou tão confuso sobre o que acabei de ver quanto ela! O que isso poderia ter a ver com ela? Ou com Claudia? Do que essa garota está fugindo? O que ela tem de tão especial afinal?

Douglas Cartland”

– Então... seu pai, eles, isto é, ele e a tal Heather, também passaram por tudo isso? – perguntou Sebastian.

– Aparentemente sim! – estranhando – Mas por quê?

– Não sei mas... segundo a Heather tem a ver com ela. Foi isso que entendi, particularmente. Tem uma última folha aqui! – disse Sebastian.

– O que está esperando? Leia!

“Dia 10,

É madrugada, ainda estou me recuperando do que houve no shopping, estou preocupado com a Heather. Passarei em sua casa, verei se está tudo bem com ela. ... Estou à espera de Heather aqui fora, quando cheguei em sua casa encontrei o corpo de seu pai, cujo nome ela afirma ser Harry Mason, estirado, morto aparentemente a facadas sentado sobre uma poltrona. Um trilha de sangue levava até a escada do prédio, estava me preparando para subi-la quando Heather desceu, chorando e melada de sangue. Eu perguntei o que houve, ela me culpou pela morte de seu pai. Disse que Claudia o havia matado por uma vingança de 17 anos atrás, talvez pelo sequestro, e que se não fosse por mim, Claudia nunca teria a achado. Ela está certa, a culpa de certa forma é minha. Estou aflito, ele não parecia um sequestrador para ela, mas sim um pai, foi admirável a forma com que ela chorou sobre seu corpo e o cuidado com o que fez seu velório “caseiro”. Ela disse que irá a Silent Hill encontrar Claudia e vingar-se. Embora não ache que irá resolver... eu sei... a dor causada em alguém quando um ente querido se perde... Claudia não tinha esse direito e merece pagar. Tudo que posso fazer é dar-lhe uma carona, ela aceitou e aqui estou, esperando-a. ... Foram várias horas de viagem, mas finalmente chegamos! A cidade é suspeitosamente deserta, não há nada nem ninguém nas ruas. É estranho. Procuramos um hotel e acabamos por achar essa pousada: Jacks.Inn. Não tinha ninguém na recepção, como já era esperado, então decidimos pegar um quarto por nós mesmos, achamos o 206, é ideal, ela já entrou com o caderno revelador que seu pai deixou para ela. Eu entrarei agora, lá dentro decidiremos o que fazer. ... Está tudo pronto! Fizemos um plano, está perfeitamente registrado em um papel dentro da escrivaninha do quarto. Heather já se dirigiu ao seu destino e estou preste a ir ao meu, temos que encontrar a Claudia. Passarei na cozinha para ver se encontro algo para comer, estou morto! ... Não tinha nada, tudo vencido ou estragado, pelo visto teremos que encontrar Claudia de barriga vazia! OH Não! A chave do quarto! Esqueci na cozinha! Enfim, não importa, irei logo aonde me é devido, quando retornar pego a chave de volta, não precisarei ficar no quarto mesmo.

Douglas Cartland”

– É a última. – concluiu Sebastian, puxando a foto por último, para enfim descobrir o que havia nela – É a mesma garota da foto de Brahms. A Heather Mason!

– Sim... – disse Emma puxando a outra foto da pasta de Brahms para fazer uma comparação – É a mesma, branca, cabelos loiros, até a roupa é igual.

Sebastian recolheu as duas fotos e as pôs de volta na pastinha, segurando a mesma debaixo do braço. Sem perceber a posição inclinada em que deixará a pasta, nem Sebastian nem Emma repararam quando uma das fotos escorreu e caiu, planando para perto dos pés da garota sentada no sofá.

– O quarto 206! Pelo visto nem Douglas e nem Heather estão aqui certo? Sem falar que já faz muito tempo que estas anotações foram escritas e o carro ainda permanece aqui. O plano deles está naquele quarto! E a chave está na cozinha! Só precisamos ir até lá e pegar!

– Tudo bem, mas como atravessaremos o pátio de monstros quando voltarmos? – perguntou Sebastian.

– Ei... o que é isso? – disse a menina, sem ser notada, reparando a foto caída no chão.

– Isso é um problema para pensarmos depois. – respondeu Emma – Vamos nos concentrar no agora, e, agora, nós temos que achar essa chave.

A menina ajoelhou-se e pegou a foto.

– Tudo bem, faremos isso! Menina você... – Sebastian parou juntamente com Emma ao olharem para ela.

A garota estava de pé, totalmente parada, olhado ofegante fixamente para a foto da Heather Mason. Ela apertava a foto com força enquanto sua respiração aumentava gradativamente.

– Ah não... vai começar... eu vou acalmá-la. – disse Emma.

– Não... deixa que eu vou.

Sebastian se aproximou da garota, porém, parou ao perceber que o toque da mesma estava aparentemente queimando a foto e transformando-a em cinzas que despareciam lentamente no ar.

– O que você está ...

“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH!!" gritou a menina em histeria, em um tom tão forte e tão absurdamente agudo que todos os vidros da pequena recepção foram estilhaçados em frações de segundo. Sebastian recuou com dois passos e pôs as mãos nos ouvidos, Emma fez o mesmo, ambos tentavam se proteger do som destrutivo que tomava conta da sala, temendo não só pelas suas audições mas pelas suas sanidades. Subitamente, as paredes começaram a descascar, assim como ocorrido no hospital Alchemilla, revelando os emaranhados de ferro e sangue e liberando o característico cheiro insuportável de podre e enxofre.

– Não... não de novo... – sussurrou Emma tentando se manter firme diante do barulho infernal.

Assim como as paredes, o chão também começou a descascar, porém este não revelou piso nenhum, mas sim um buraco gigante, cujo fundo apresentava apenas um ventilador enferrujado que girava em uma velocidade tão alta que nem o metal mais resistente escaparia de ser triturado. Tal buraco começara a dividir a sala em dois, separando Emma e Sebastian da garota, empurrando-os cada vez mais contra a parede.

– Pare por favor! – gritava Sebastian – Não vê o que está fazendo?

– Droga! – Emma recuava em direção a parede quando notou uma porta atrás do balcão que havia ganhado existência naquela realidade demoníaca – Finalmente... algo de útil nesse inferno!

Ela puxou o braço de Sebastian.

– Vamos, achei uma porta!

– Mas... não podemos deixá-la aqui! Ela...

– Ela está melhor do que a gente Sebastian! Vamos cair se ficarmos aqui, não há como pular até lá!

Sebastian cedeu, ainda hesitante, e correu juntamente com Emma até a nova porta. Ambos passaram por ela antes que o buraco tomasse conta da sua respectiva parte da sala e a fecharam, cessando os gritos nesse exato momento, como se esta fosse à prova de qualquer tipo de som ou acontecimento que estivesse ocorrendo na sala anterior. Embora agora estivessem temporariamente fora “de perigo”, algo ainda perturbava severamente a mente de Emma: os dois estavam, novamente, mergulhados no inferno.


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Notas finais do capítulo

Emma, Sebastian e garota refugiam-se no prédio principal. Lá, abrem a pasta e descobrem mais sobre o caso de Douglas: o caso Heather. Uma foto da tal Heather Mason, presente na pasta que pegaram no carro, faz a garota misteriosa gritar histericamente, mergulhando a realidade no outro mundo novamente.



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