Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 13
À Prova de Fogo


Notas iniciais do capítulo

"A vida está cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, transformam-se em oportunidades." Marxwell Maltz



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Em frações de segundo havia caído, o local estava escuro, um breu total! Porém a superfície em que caíra era surpreendentemente fofa e movediça... Sebastian apalpou um pouco o que estava ao seu redor e concluiu, estava sobre roupas, muitas roupas, incrivelmente fedorentas e pegajosas. "De fato, era aqui que queimavam as roupas dos pacientes infecciosos...", pensou. Desenterrando seus pés de entre as roupas, o rapaz deu alguns passos sem rumo sobre o espesso solo de vestimentas até tropeçar em um objeto, ele levou sua mão até ele e o apalpou... era a lanterna que Emma segurava quando caiu. " Deve ter soltado na queda." concluiu ele. Sebastian a apanhou e a acendeu, apontando para todas as direções.

– Emma!!! - gritou, andando sobre as roupas, que pareciam não ter fim.

– Sebastian? - respondeu Emma, ao ver o facho de luz em meio a escuridão - Sebastian estou aqui!

Sebastian apontou a lanterna para a fonte do som e conseguiu ver um vulto, pouco longe, acenando para ele. Emma percebendo que este a tinha visto, correu em sua direção. Ele fez o mesmo. No entanto, antes de conseguirem se encontrar foram interrompidos por um problema... digamos assim... estrutural. Simplesmente havia um buraco enorme no meio do sala em que estavam. Os dois se perguntaram como haviam caído em lados diferentes já que haviam descido pelo mesmo tubo, porém isso era o que menos importava naquele momento.

– O que pretende fazer? - perguntou Sebastian.

– Simples.... vou dar a volta! - Emma estava acompanhando as bordas do buraco com o pouco de luz que vinha da lanterna de Sebastian - É redondo... deve ter uns 3 metros de raio...

– Engraçado... parece uma boca de fogão. - comentou Sebastian, apontando a lanterna para o fundo do buraco.

– É o incinerador... - assim como se fossem antigos ditos mágicos, o incinerador ligou-se no dizer dessas palavras.

Uma chama forte e violenta foi acendida no centro do buraco e algumas luzes nas paredes se acenderam e iluminaram o lugar... permitindo-os ver onde estavam. Os dois se encontravam numa especie de salão: era redondo e gigantesco, estava repleto de roupas que convergiam para o ponto central, um buraco enorme e profundo, emissor de um fogo abrasante, cujo calor podia ser sentido de longe.

– Só precisamos achar a porta da sala e sair daqui! - disse Emma olhando para os lados.

– Emma... eu sei que será bem desanimador o que vou dizer mas... estamos presos aqui.... não há portas. – respondeu Sebastian após um curto período de observação.

De fato, não haviam portas no local, por onde se pudesse entrar ou sair dali, apenas paredes gigantes que revestiam a sala, paredes tão grande quanto a frustração dos dois em não conseguir acreditar até então naquela triste realidade. Afinal, era realmente frustrante ter passado por tudo o que havia acontecido e morrer preso naquele incinerador, tão perto do fim.

– Não... impossível, tem que haver... - Emma começou a correr em direção às paredes, estava disposta a apalpar cada centímetro do lugar até encontrar qualquer brecha - Quase morremos por esta porcaria de chave! Não acredito! Estávamos tão pert... argh! Droga.

– O que houve?

– Nada eu... prendi meu pé em alguma coisa... - disse Emma, procurando a tal coisa - Aqui... parece um cinto... - continuou, puxando a perna - Essa porcaria não qu...

Emma foi interrompida pelo que viu depois: de outros sete pontos próximos, cintos semelhantes emergiam dentre as roupas e se revelavam na superfície...

– Três... seis...oito... oito... - Emma ligava os pontos... - Droga! Drogaa! - Gritou, começando a puxar a perna violentamente.

– Calma... garota! Vamos tirar você daí... - Sebastian já havia dado quase toda a volta no buraco.

– Sebastian... ele está aqui!!!

– Ele...?

Embora quisesse mais do que tudo estar errada, Emma estava fatalmente certa no que tinha acabado dizer. O Mr. Tinoco de fato, de alguma forma, também estava ali, e não tinha vindo para uma visita amistosa. Sebastian ficou estático quando viu o corpo da criatura emergindo dentre as roupas, suspendendo Emma no ar, e sem demora, engatilhou a arma, começando a atirar na besta. Mr. Tinoco sacudia Emma com a pata que a segurava, enquanto a surrava de cintadas com outras duas... Emma inutilmente tentava se defender usando as mãos, uma vez que as pancadas eram certeiras e de tamanha força que estavam começando a deixar marcas avermelhadas em seu corpo.

Sebastian por sua vez continuava a atirar, descarregando todo o pente na criatura, enquanto se esquivava de golpes aleatórios dados por uma ou outra pata, porém de nada adiantava. Os tiros dados por ele não pareciam surtir grande efeito, pois tirando o fato de atordoa-la um pouco, nada faziam além de abrir pequenas feridas e furos na criatura... nada que o Mr. Tinoco já não tivesse em uma escala extraordinariamente maior. Não demorou muito até que o pente acabasse e arma parasse de disparar... Emma continuava apanhando miseravelmente e Sebastian não sabia mais o que fazer.

Abrindo e examinando a mala, o rapaz cogitou em recarregar a arma e continuar a atirar, na esperança de que a criatura caísse morta no chão, porém já havia pouca munição em seu arsenal e era preciso guardar um pouco para o que eventualmente encontrassem quando saíssem dali, isto é, se saíssem. Além do fato de que, se as balas continuassem a surtir aquele tipo precário de efeito sobre a criatura, ele teria que gastar toda a munição americana para conseguir mata-la. Sebastian entrou em desespero, estava vendo Emma apanhar e não conseguia ajuda-la: as balas não fariam grande coisa e, se fosse para um corpo a corpo com a criatura seria muito provavelmente apanhado pelas patas remanescentes e ambos teriam o mesmo destino, ele não podia correr esse risco.

" Pensa... pensa Sebastian!", Sebastian corria de um lado pro outro, atrás de uma ideia que parecia não chegar enquanto se preocupava em não ser pego e libertar Emma... " Droga... está tão quente...". O fogo do incinerador havia começado a espalhar uma fumaça negra sobre todo o salão, Sebastian e Emma começavam a respirar com dificuldade e ficava cada vez mais difícil de ver o ambiente. "Maldito fogão... " pensou Sebastian consigo mesmo, " Se for até lá, serei pego mas... e se não for...? Droga, seremos pegos depois, e depois mortos... não temos pra onde correr!” Sebastian olhava desesperado para os lados. “Todo esse calor, só está me atrapalhando... quase morremos pra chegar aqui... e agora... vamos morrer... estávamos tão perto... tanto esforço... e essa bosta de lugar não serviu para nada!"

.

Instantes silenciosos...

Sebastian olhou fixamente para a criatura...

.

Serviu... serviu... serviu... Essa palavra ecoou na mente do rapaz por alguns instantes. Ele olhou fixamente para o Mr. Tinoco e não pôde evitar de sorrir com o canto do rosto. " É isso." Sebastian correu em direção ao monstro e, apanhando uma camisa da pilha de roupas que compunham o chão, jogou-se sobre a cabeça da criatura envolvendo seu pescoço com a camisa e puxando para trás, sufocando-a. A criatura, desequilibrada, cambaleou para trás, e por estar com metade das suas patas ocupadas com Emma, acabou caindo, soltando a garota, que foi logo ajudada por Sebastian.

– Boa... mas não vai adiantar por muito tempo... - disse Emma apontando para a criatura, que se levantava – Não podemos sair daqui!

– Emma, o que o bilhete dizia sobre o incinerador?

– Que a chave estava no quarto dele.

– A outra coisa!

– Que ele era usado pra queimar as roupas q... - Emma parou.

– Exatamente! - concluiu Sebastian, supondo que Emma já tivesse entendido - Vamos queimar o que está infectado. Vem!

Sebastian puxou Emma pela mão e ambos correram até a borda do incinerador. A criatura levantou-se e após alguns instantes tentando recuperar o equilíbrio, pôs-se em direção aos dois, rápida e furiosamente, com raiva de suas vítimas pelo trabalho que estavam dando para morrer.

– O plano é o seguinte: correremos até a borda do incinerador, a coisa com certeza virá atrás de nós. Quando chegarmos lá quero que acene para ela, balance roupas ou qualquer coisa para atraí-la! Eu recarregarei o revolver e estarei pronto para atirar! Quando ela chegar perto de nós descarregarei o pente sobre ela e quero que deite-se na minha frente e enterre-se com as roupas ao redor! Quando ela vier até mim e estiver na minha frente, ou seja, em cima de você, saia e empurre-a com tudo para o incinerador! - Sebastian narrou o plano enquanto estes corriam para a borda e a criatura estava desorientada.

– Entendido!

A hora era aquela e o plano havia começado! Sebastian carregava o revolver enquanto Emma, apanhando algumas peças de roupas do chão, atraia o ser para perto deles. A criatura correu em direção aos dois.

– Agora! - Sebastian gritou quando, com dificuldade para enxergar em meio a densa fumaça, a criatura atingiu a distância ideal.

Emma fez como o pedido, deitou-se e, agarrando o máximo de panos possível, cobriu-se até ficar completamente enterrada. Sebastian apontou o revolver para a criatura e começou a atirar contra todo o seu corpo, esta por sua vez, recebendo os disparos e vendo apenas a Sebastian, correu em direção a ele. A criatura investiu contra Sebastian com duas de suas patas, visando empurrá-lo no incinerador, ele largou a arma no chão e agarrou as duas cintas que vieram em sua direção, uma com cada mão. A criatura tinha uma força imensurável, e não precisaria de muito tempo até que o empurrasse para dentro do buraco.

– Emma!!! - ele gritou.

Ouvindo ela o sinal, colocou a cabeça para fora do seu "sepulcro", e viu o corpo da criatura bem sobre sua cabeça. Era sua hora de agir. Emma saiu de entre as roupas, apoiou-se na joelho direito e com as mãos erguidas para cima tomou impulso. Sebastian vendo que Emma estava na posição largou as cintas da criatura e saltou pro lado. Funcionou! A criatura, por estar distraída na luta contra Sebastian, não preparou-se pro ataque de Emma, sendo facilmente empurrada para dentro do incinerador... agarrando, porém, a perna de Sebastian como um último ataque. O rapaz também foi arrastado, pela queda da criatura, para dentro do incinerador. Tentando inutilmente se segurar no chão movediço, o desespero de Sebastian foi reparado por Emma, que segurou as suas mãos antes que ele caísse. Foi encarregada a ela, de joelhos perante aquela grande fogueira, então, a missão de segurar tanto Sebastian como a besta, que estavam a um passo da queda mortal... O calor estava se tornando insuportável, e estar tão perto do fogo havia feito a pele de Emma começar a arder...

– Sebastian!!! Eu não vou conseguir!!! Está pesado!!! - gritou Emma após perceber que a mão de Sebastian estava escorregando por causa do suor.

– Emma... solta!!! Você vai acabar caindo também!! Você vai arranjar um jeito de sair daqui!

– Não chegamos tão longe para que eu deixe você morrer! - neste momento as chamas emitiram uma onda de calor tão forte que forçaram Emma a olhar pra outro lado... revelando a arma que Sebastian tinha deixado cair. Emma olhou de novo para Sebastian - Eu já sei o que fazer. Preciso que solte uma das minhas mãos!

– Você não vai conseguir segurar só com uma.

– Solta Sebastian! – Emma equivocou-se em relação a sua própria força, e o rapaz, confiando nela, segurou-se com apenas uma das mãos. Emma foi rapidamente puxada até a borda do incinerador, caindo de bruços.

Ela olhava fixamente para a arma, e com a mão que Sebastian havia soltado, tentou ao máximo pegá-la. “Vamos... só mais um pouco”, Emma pensava enquanto via sua mão cada vez mais próxima da arma. “Vamos... quase...” Estava cada vez mais difícil de ficar ali, Sebastian estava escorregando, os dois quase não conseguiam mais respirar e a fumaça havia se tornado tão densa que não se conseguia ver além de um ou dois metros à frente. Os olhos de Emma começavam a lacrimejar pelo contato com a fumaça, seu corpo era cada vez mais puxado para dentro do incinerador pelo peso dos suspendidos e definitivamente nada contribuía para que ela chegasse a pegar a arma. Porém Emma não queria saber do que estava ou não a seu favor, estava determinada a sobreviver e faria aquilo a qualquer custo, ainda que precisasse superar seus próprios limites e capacidades. Apoiando-se esforçadamente com o cotovelo, Emma estendeu-se o máximo que pôde... e pegou o objeto.

– CONSEGUI! – Emma pegou a arma e apontou para o fundo do incinerador mirando na criatura.

– ATIRA!!! – gritou Sebastian vendo a arma. – ATIRA NELE!

– Mas.... eu não consigo vê-lo... posso acertar você!!! Sou péssima nisso!

– Você acertou no corredor, pode fazer de novo!

– Sebastian eu... – disse deixando alguma lágrimas rolarem.

– ATIRA!!!!!! Emma.... senão vou cair... o que você tem a perder? Eu confio em você, agora atira! – disse Sebastian, fechando os olhos, que embora soubesse plenamente do que estava falando, na verdade não acreditava que viveria para ver o resultado do tiro.

Emma focou, respirou fundo e mirou, estava difícil de ver... a fumaça atingia diretamente seus olhos e as lágrimas não ajudavam em nada, mas Sebastian havia depositado sua vida naquele plano e agora ele dependia dela! Ela não iria decepcioná-lo, ela definitivamente não seria responsável pela morte de Sebastian, por este motivo, olhou atentamente para a criatura, abriu bem os olhos e disparou.

.

.

.

Alguns instantes após o disparo, Emma pôde sentir o peso diminuir significativamente em seu braço.... para seu alívio, havia acertado... e em cheio. O tiro havia pegado na cinta da criatura que havia segurado Sebastian, rasgando-se e derrubando-a de uma vez por todas dentro do flamejante incinerador! O corpo dela desapareceu em meio as chamas e a grunhidos medonhos, causando uma enorme explosão que começou a subir pela circunferência. Emma rapidamente puxou Sebastian para cima e ambos caíram às margens do buraco, assistindo a explosão, que subira, chegara até o teto e infestara o local com uma quantidade escandalosa de cinzas e fumaça.

– Sebastian... eu não consigo respirar... – disse Emma com as mãos sobre o pulmão, perdendo a consciência.

– Emma... Emma? – ela havia desmaiado – Emma!!! ACORDA!!! – a fumaça agora era tão densa que Sebastian ao menos conseguia vê-la, que estava bem do seu lado – Emm... acord... acorda... Emma... temos que... sair...– Sebastian caiu também... e foi fechando os olhos... enquanto a fumaça envolvia o ambiente e levava embora todo os seus sentidos.


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Notas finais do capítulo

Sebastian e Emma se encontram num incinerador sem saída. Mr. Tinoco aparece misteriosamente e os ataca, isso dá início a uma luta que pode custar suas vidas.



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