Quarteto escrita por Dricka Macedo


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus caros leitores! Demorei um pouco, mas eis aí um capítulo romântico e com novos personagens. Espero que gostem.
Boa leitura!



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Dohko e a doutora continuaram a conversa na varanda, saboreando um delicioso chá.

– Kokoro, está acontecendo alguma coisa?

– Como assim, Dohko?

– Desde a hora que você chegou, tenho percebido, no seu olhar, que você está preocupada com alguma coisa.

– Impressão sua.– Kokoro falou desvencilhando do olhar dele.

Dohko pegou no seu queixo delicadamente, fazendo-a virar-se para ele. Kokoro já tinha os olhos molhados.

– Pode se abrir comigo, querida!

A doutora escondeu o rosto no peito dele, chorou baixinho. Dohko a abraçou em consolo. Mais calma, mas ainda aconchegada no peito do feirante, Kokoro começou a falar.

– Meus pais me alertaram, sobre o quanto seria difícil para mim, aqui sozinha com uma menininha para criar, mas não imaginei que seria assim.

– O que está acontecendo?

– Estão querendo me tirar do hospital, por causa da Paradox. Eles, até então, não sabiam da existência dela... Estou sendo pressionada a deixar o trabalho...

– Infelizmente é assim que as coisas funcionam, Kokoro.

– Mas você é tão feliz e vive em paz aqui com sua filha...

– Sim. Mas o fato é que você é uma mãe solteira e ainda é estrangeira. Pode parecer muito preconceituoso, o que na verdade é... Pensei que você soubesse como a sociedade e as tradições chinesas tratam as mulheres? Ás vezes me pego pensando no que o destino tem reservado para minha filha e penso até em afastá-la daqui para não vê-la cair na depressão de um casamento fadado ao desastre.

– Eu sabia, mas... Eu jamais vou me separar de minha filha!

– Eu sei e você tem o meu apoio.

Ambos continuaram abraçados por um longo tempo. Dohko sentia-se extremamente atraído por aquela mulher. Por outro lado, os sentimentos da doutora também não eram indiferentes. Mas ela temia envolver-se com ele só por questões burocráticas, porque se eles ficassem juntos agora, era o que todos iriam falar e talvez ela se sentisse assim mesmo. E assim, um homem e uma mulher, desejosos um do outro, mas por questões de princípios, moralidades não tinham coragem de tomarem iniciativa de se entregarem a paixão que os consumiam. Mas até quando ficariam assim? O medo e ao mesmo tempo desejo de estarem para sempre juntos, era uma dubiedade para eles. Naquela varanda, a doutora Kokoro Marika, já estava mais calma, sentia-se bem por ter desabafado com alguém, sabia que podia confiar no amigo.

– O que seus pais acham disso tudo que você está passando, Kokoro?

– Eles não sabem... Se soubessem, meu pai já teria vindo nos levar daqui.

– Você pensa em ir embora?

– Eu gosto daqui... Do meu trabalho... Aqui eu me sinto tão útil e sei que a diretoria gosta do meu desempenho, mas se as coisas chegarem ao um ponto culminante temo que deva deixar o país.

– Você sabe que tem uma solução, não é?

– Solução?

– Case-se comigo, Kokoro. - Dohko falou rápido.

– Ma... Mas... Dohko... Nã... Não podemos tomar uma atitude, assim, de uma hora pra outra, sem pensar!

– E quem disse que eu não pensei, Kokoro? Eu penso nisso todos os dias... Vejo a alegria das meninas quando estão juntas brincando. Sinto-me atraído pela mulher e mãe valente que você é...

– Dohko...

– Eu sei que muitos podem e vão falar, mas o quê importa? Vamos deixar as coisas acontecerem naturalmente. É claro que eu também tenho meus temores, mas a minha vontade de tentar, de te dar amor e proteção superam tudo isso. Kokoro deixe-se levar pela força do vento...

– Mas se esse vento parar de uma vez, eu vou cair!

– Estarei bem aqui para te segurar.

Ambos foram aproximando os rostos até que seus lábios se fundiram num beijo lento e profundo. Sob a luz da lua, com a imensa cachoeira que parecia cantar no desaguar de sua eminente queda, um casal cheio de dúvidas, deixava-se cair na cachoeira do amor, onde no fim, só via uma densa neblina, cristalina, bonita, mas que poderia apenas estar encobrindo pedras pontiagudas, pronta para espetá-los.

No outro lado da pequena cidade, duas famílias recorriam da tradição de casamentos arranjados para se valerem financeiramente e socialmente. E uma dessa era a família de Ohko. As crianças já haviam ido deitar-se, os pais estavam na sala e conversavam, porém Ohko, sendo um menino de personalidade, diga-se de passagem, bastante forte, escutava a conversa escondido. O senhor e a senhora Dayu, pais de Ohko e Shirah e o senhor e a senhora Zairy, conversavam sobre o casamento de sua filha Shirah com o filho unigênito da família Zairy; Dalay Zairy.

A família Zairy possuía a maior plantação de arroz de Rozan, porém, como eles eram apenas caixeiros viajantes que se instalaram na cidade com a pretensão de mudança de vida, nunca tiveram uma posição social desejada. Mas tudo mudaria com o casamento prometido. Ohko detestava essa tradição, apesar de saber que, cedo ou tarde, isso iria acontecer, não se conformava. E para piorar ainda a situação, Dalay era quinze anos mais velho, ou seja, já era quase um homem e a pobre Shirah apenas uma pequena criança.

Finalmente ambos os pais acordaram o casamento. Então, quando a pequena Shirah completasse quinze anos, ela se casaria com o unigênito da família Zairy.

– Nossas famílias serão unidas para sempre através dos laços matrimoniais desses dois. - Dizia o senhor Dayu.

– Sim. Estamos mui felizes, Sr Dayu. Porém já está ficando tarde, boa noite.

– Boa noite!

E assim, felizes, ambos os casais pensavam na grande conquista financeira e prestigiosa que usufruiriam com o casamento dos filhos. Ohko, naquela noite, não conseguia dormir, por mais que pensasse não lhe vinha ideia para desfazer aquele contrato de casamento.

Na cidade de Harbin, na Manchúria, especificamente em um bar próximo a casa dos estudantes da faculdade de Agronomia, estava Dalay.

– Dalay, seu idiota, não vai beber nada enquanto não pagar o que me deve.

– Mas eu já disse que pagarei daqui há três dias.

– Isso você falou na semana passada, agora cai fora!

Dalay saiu de lá com uma mochila nas costas sem saber para onde ir, pois havia sido expulso da faculdade por beber e fumar dentro da sala de aula, por anarquia e violência. Então, não poderia residir na casa dos estudantes.

– Vai para onde, Dalay?- Disse uma garota de programa.

– E aí, Gueiya! Será que, por todos esses anos de companheirismo, você me daria um lugar pra dormir?

– Quer dizer que o famoso Dalay playboy, virou um sem-teto?

A mulher ria da cara do rapaz.

– Amanhã meu pai vai depositar um dinheiro para mim e eu vou dar um jeito em tudo.

– Venha, garoto, vou te dar abrigo por esta noite, mas só isso. Se quiser mais... Vai ter que pagar adiantado.

– Mas você já vai para casa? A noite é apenas uma criança! – Eu sei, mas é que eu estou “interditada”, entende?

– Entendo e não me importo!

A garota lhe dá um cascudo.

– Ai, foi só uma brincadeirinha.

E assim ambos seguiram até um cortiço que havia ali perto.


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Notas finais do capítulo

Estava um pouco inspirada na história de Dohko x Kokoro
Tadinha da Shirah. Será q seu irmão vai achar uma solução para esse casório?
Esse Dalay é um danado, mesmo!
Espero q tenham gostado. Kissus!



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