O prédio onde Ichigo morava com seu pai Isshin era próximo ao hospital onde trabalhavam e de que eram donos. Moravam em um apartamento situado no décimo primeiro andar, e o mesmo era pequeno havendo apenas dois quartos. Mudaram-se para lá há três anos, antes moravam em uma casa maior e desde que Isshin perdera a mulher e suas filhas gêmeas em um acidente de carro, aquela casa o angustiava muito. Não apenas ele como também a seu único filho que tinha dezesseis anos na época e desde então estudara para ser médico como seu pai. Os anos se passaram e agora Ichigo se tornara médico e um homem mais responsável diferente do rapaz que era anos atrás.

— Ah! Ichigo! Era tão bom quando você era um filho irresponsável e sempre eu que ia te acordar! – Isshin se debulhava em lágrimas ao ver seu filho levantar-se cedo.

— Tenho que agradecer a medicina por isso. – observou pensativo enquanto segurava uma xícara de café na altura do queixo. Lembrava-se muito bem da forma como seu pai o acordava, ele era um velho maluco.

— Viram meninas, o Ichigo virou um homem responsável! – as lágrimas não cessavam e o rosto que se mostrava patético aos olhos de Ichigo, encarava agora o enorme retrato de sua mulher e suas filhas. As lágrimas finalmente cessaram quando Isshin ouvira o som da campainha.

— Quem será? – indagou o mais velho encarando o filho.

— Quem mais poderia ser a essa hora senão a Nell. Que veio pra se empanturrar de comida e sair fora, aliás, ela podia ajudar nas compras aqui de casa! – falou enquanto encarava o jornal e tomava seu café.

— Não fale assim da sua prima, se fosse assim aquela sua namorada devia ajudar aqui em casa, já que ela dorme aqui quase todos os dias. – disse enquanto ia em direção a porta para atender a tal "visita", enquanto Ichigo estava sem graça e meio corado pelo comentário que seu pai falara a pouco.

— Olá Nelliel, entre! - disse dando passagem para que ela entrasse.

— Olá senhor Isshin, oi priminho! – cumprimentou assim que entrara no apartamento e olhando por toda a casa como se procurasse por alguém. — Ichigo, a engomadinha não dormiu hoje aqui?

— Não a Inoue não dormiu hoje aqui não! Vem logo tomar seu café antes que você nos atrase pro trabalho. - levantou-se indo em direção ao balcão onde ficava a cozinha.

— Bem... Vocês me dão licença. Eu vou sair mais cedo, tenho que resolver um assunto... Ichigo avisa ao Urahara que eu vou chegar tarde hoje no hospital. – a seriedade de seu pai o preocupara, mas sabia que era o modo como se comportava as vezes quando estava na frente dos outros.

— Tudo bem. Mas aonde você vai? – indagou antes de seu pai se retirar.

— Eu vou resolver uns assuntos naquela faculdade onde você estudou.

— Na UFKA? Vai fazer o que lá? – perguntou Ichigo que estava lavando a louça do café da manhã, enquanto Nell tomava seu café lendo uma revista sobre moda e Isshin estava ajeitando umas papeladas dentro de sua pasta preta.

— Bem eu estou indo, quando chegar ao hospital eu te falo, Ichigo, e tchau Nell. – disse antes de sair.

— Deve ser algo sobre os estagiários. Parece que a UFKA está precisando de um lugar na área da medicina para que seus alunos façam um estágio. – explicou Nell ao ver a cara interrogativa de seu primo.

— É, deve ser isso. Bem quando terminar de tomar seu café vê se pelo menos lave sua louça depois, agora com licença que eu vou me arrumar. – aconselhou e logo seguiu em direção ao banheiro.

Após alguns minutos no banho, Ichigo retorna até a sala usando seu costumeiro blazer preto com uma camisa social de manga longa de cor branca por baixo e com uma calça jeans azul, além de uma dificuldade enorme de colocar a bendita gravata.

— Deixa que eu ajeito. – pediu Nell ao se levantar e ir em direção ao primo.

— Você faz melhor que a Inoue. – comentou olhando para gravata.

— Sabe Ichigo, você deveria arranjar uma mulher melhor que a Inoue. – advertiu a mulher de mechas esverdeadas, enquanto Ichigo a olhava surpreso e assustado. — Calma Ichigo, eu não estou dando em cima de você seu Baka! – disse ao perceber a reação do primo.

— Bem, então vamos. Já estamos atrasados. – constatou ao olhar para o relógio.

— Eu posso ir com você no seu carro? É que o meu está no conserto.

— Ok! Vamos.

...

Enquanto Ichigo e Nell se encaminhavam para o hospital. Isshin estava na faculdade UFKA – Universidade Federal de Karakura, resolvendo o assunto sobre os estagiários.

— Então, negócio feito. – o senhor careca de barba branca apertava a mão de Isshin. — Nemu, chame o professor Ukitake. – deu ordens para sua secretária através do interfone.

Não demorou-se muito tempo para que o professor Ukitake chegasse para se juntar-se à reunião.

— O senhor me chamou? – perguntou Ukitake, entrando à sala.

— Ukitake-san, você deve se lembrar do Kurosaki Isshin, ele já lecionou aqui . Bem, agora ele é sócio do Urahara, dono do hospital de Karakura.

— Olá eu vim aqui pra fechar o negócio. Seus alunos podem fazer estágios no hospital.

— Que bom, fico feliz por essa noticia. Bem, eu tenho uma aluna que estava procurando um lugar pra estagiar, se me permitem posso chamá-la.

— Vou pedir para a minha secretária chamá-la, qual o nome da aluna? – quis saber o velho Yamamoto.

— É Kuchiki Rukia.

— Kuchiki? Por acaso ela tem algum parentesco com o empresário Kuchiki Byakuya. – indagou Isshin curioso.

— Sim, eles são irmãos. – respondeu o professor Ukitake.

— Nemu, por favor, traga a aluna kuchiki Rukia até aqui. – ordenou pelo interfone. Minutos depois Rukia adentrava a sala.

— Chamou Yamamoto-sama? – indagou a jovem de baixa estatura assim que adentrou à sala.

— Sim Kuchiki-san, este é Kurosaki Isshin um dos donos do hospital de Karakura.

—Prazer Kuchiki-san, eu fui professor do seu irmão, ele era um ótimo aluno.

— O senhor já foi professor? – perguntou ao conhece-lo apenas como médico e dono de um dos melhores hospitais da região.

— Sim, mas não era minha área o que eu gosto mesmo é de medicina.

— O senhor Isshin veio aqui pra dizer que os alunos da área de medicina podem estagiar no hospital de Karakura. É por isso que eu a chamei aqui. Sabia que você estava procurando um lugar pra estagiar. – justificou-se o professor Ukitake e sorriu ao ver a alegria de sua melhor aluna.

— Poderá estagiar lá no hospital, mocinha. Apareça lá amanhã e conversaremos sobre seu estágio. – completou Isshin.

— Arigato, Kurosaki-sama! – curvou-se como agradecimento.

— Por favor me chame apenas de Isshin.

— Ok! Arigato Isshin!

— Bem, já vou indo, nos vemos amanhã senhorita Kuchiki, até mais.

— Até. – disse a Kuchiki sorridente.

...

Ichigo e Nell haviam chegado ao hospital...

— Ichigo, tem uma paciente te aguardando na sua sala. – disse a atendente do hospital. Matsumoto era loira, alta, parecia uma modelo com exceção dos seios fartos.

— Pela sua cara sei até quem é a tal cliente. – afirmou Nell ao notar o sorriso malicioso da loira.

Ao receber o recado e sem responder nada além de um aceno de compreendido para a atendente, Ichigo seguiu em direção a sua sala. Ao abrir a porta encontra sua namorada, uma ruivinha de um rosto gracioso que fazia um belo contraste com seu corpo curvilíneo e seus seios avantajados.

— Inoue? Você não devia estar na escola?

— Ah Ichigo, esqueceu que hoje é meu dia de folga. – respondeu ao levantar-se aproximando-se do ruivo.

— O que você está fazendo? – perguntou Ichigo, segurando as mãos de Inoue que estavam prestes a desabotoar a camisa do ruivo após ter tirado o blazer do mesmo.

— AH Ichigo, estou com saudades. – disse de forma manhosa.

— Isso é um local de trabalho, não estamos em casa e muito menos no motel. – comentou a soltando e sentando-se na cadeira.

— Sabe que não precisamos de um motel pra isso. - disse maliciosamente sentando no colo de Ichigo e enlaçando seus braços no pescoço dele.

— O que houve com você? Tá andando demais com a Matsumoto. – observou e logo tratou de tira-la de seu colo, mas logo seu ato foi interrompido por alguém que adentrava a sala.

— Nossa será que eu ainda estou no hospital ou em um cabaré? – se perguntava ao se deparar com Inoue sentada no colo de seu primo.

— Não exagere Nelliel, eu e o Ichigo não estamos fazendo nada demais. Bem, eu já vou indo, até mais tarde amor. – disse dando um selinho em Ichigo e logo saiu da sala fuzilando Nell com os olhos.

— Nossa essa é a mesma Inoue que eu conheço, aquela que corria atrás de você e vivia com Kurosaki-kun pra lá, Kurosaki-kun pra cá, com aquela voz enjoada dela. Agora chega aqui, te chama pelo nome e me fuzila com os olhos. – observou sentindo-se realmente surpresa. — O que houve com ela? Sofreu uma lavagem cerebral ou está drogada?

— O problema se chama Matsumoto, mas depois eu falo com ela. E você veio aqui pra que?

— Bem, além de vir aqui pra interromper o seu momento com a Inoue, eu vim avisar que seu pai acabou de chegar e quer ver você na sala dele.

— Ok! Eu vou lá vê o que o velho quer! – disse ao levantar-se e em seguida vestiu o seu jaleco branco antes de se retirar.

Ichigo caminhava em direção à sala de seu pai, mas fora interrompido no meio do caminho pela causadora do novo comportamento de Inoue.

— Ichigo, sua paciente já chegou.

— Peça para ela me esperar na minha sala. E Matsumoto depois quero falar com você._ disse e logo saiu em direção a sala de Isshin.

— Matsumoto por acaso o Hitsugaya já chegou? – perguntou Nell se aproximando do balcão onde a loira estava.

— Não, ele mudou hoje o horário dele. Ele só vem a noite.

— Mas ele mudou o horário com quem?

— Foi com o Ulquiorra, ele está fazendo agora uma cirurgia. Você sabe o que o Ichigo quer falar comigo?

— O nome do problema é Inoue. Bem, agora vou indo que tem um paciente me esperando.

...

— Pode entrar! – permitiu Isshin ao ouvir batidas na porta.

— A Nell disse que você queria falar comigo.

— Sim, sente-se. Bem, é que hoje eu fui à faculdade pra resolver o problema sobre os estágios, então amanhã vem uma jovem moça fazer um teste e eu quero que você chegue cedo, pois quero que você esteja presente.

— Mas eu sempre chego cedo...

— Menos quando você dorme com sua namoradinha, por isso peço pra você não sair com ela hoje à noite, você tem que estar aqui antes da moça chegar, pois ela poderá ser sua assistente.

— Ok! Deixa-me ir porque tenho um paciente me esperando.

...

A lua já dera as caras e após horas de trabalho as pessoas do hospital não tinham descanço. Sempre chegavam ou saiam pacientes, uns apenas para uma simples consulta outros casos já mais graves. Toushirou que mal havia chegado ao hospital, já fora fazer uma cirurgia de emergência que precisava de muita concentração e paciência pela demora.

— Olá Youruichi-san, veio ver o Urahara? Ele está na sala dele. – disse Matsumoto a uma mulher morena que possuía os cabelos lilás e olhos de gato.

— Na verdade eu vim falar com a doutora Unohana. – comentou Youruichi.

— Não me diga que a senhora está...

— Primeiro, senhora tá no céu e segundo eu ainda não sei.

— Bem a Unohana está na sala dela.

— Então eu vou até lá. Tenha uma boa noite querida. - disse indo em direção a sala da obstetra.