Amor de Pai - RxHr escrita por Verônica Souza


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/483838/chapter/5


Rony já estava se acostumando com a rotina de cuidar de Mia. Hermione agora ficava no ministério com Harry até tarde, enquanto Rony cuidava da pequena o dia inteiro. Não era um problema pra ele, já que ela gostava de Quadribol. Sempre ficava sentadinha assistindo aos treinos, e algumas vezes, se divertindo com eles.

Os colegas de Rony estavam encantados com a pequena, e já tinha um afeto muito grande por ela, principalmente o técnico, que ficava sentado ao lado dela assistindo os treinos.

No domingo, pelos pedidos de Gina e os choros de Mia, Hermione aceitou almoçar na Toca. No início foi estranho, porque todos os Weasley a olhavam desconfiados e confusos, mas depois que ela explicou toda a história, tudo voltou ao normal, para o alívio de Hermione.

– Querida, dê um tempo a Rony... Uma hora ele vai entender. – Molly falava carinhosamente para Hermione enquanto ela a ajudava no almoço.

– Acho que ele nunca vai entender Sra Weasley. Ele sempre vai guardar rancor de mim.

– Não diga isso. Rony não é assim. Ele é cabeça dura, mas depois vai entender.

– Tomara... – Hermione olhou pela janela e todos os homens da família faziam uma pequena bagunça no jardim. Hermione arregalou os olhos quando viu Rony entregar um embrulho para Mia, e dava para ver claramente o que era.

Ela largou o almoço e saiu da cozinha batendo os pés. Molly e Fleur olharam para ela sem entender.

– NÃO ACREDITO! NÃO ACREDITO! NÃO ACREDITO! – Rose olhava abismada para seu presente. Rony sorria vendo a alegria da filha. – É-O-MELHOR-PRESENTE-DO-MUNDO! – Ela falava pausadamente e todos riram. – OBRIGADA PAI! – Ela pulou no pescoço de Rony.

– Por nada princesa. – Ele sorriu. – Isso é pelos seus aniversários que eu não estive presente, pelo seu primeiro sinal de magia, e por outras coisas importantes que eu não compareci. – Ele disse um pouco deprimido.

– O que está acontecendo? – Hermione parou na frente de Mia e Rony, com os braços cruzados.

– Olha o que o papai me deu mãe! – Ela apontava para o presente.

– Uma vassoura Ronald? Sério? – Hermione perguntava indignada.

– E o que tem isso? – Ele respondeu sem entender.

– Eu disse para ela que não queria que ela tivesse uma vassoura enquanto não fizesse onze anos! – Ela dizia histérica. – E você sabia disso não sabia Amélia? Eu já disse pra você.

– Mas mãe...

– Mas nada! Você não vai ficar com essa vassoura.

– Claro que vai. – Rony se irritou. – É o meu presente pra ela! Eu sou o pai dela, e tenho direitos de dar qualquer presente que eu quiser.

– Mas você nem ao menos conviveu com ela para saber o que é melhor para ela. – Ela gritava.

– E FOI POR QUE EU QUIS POR ACASO? NÃO PARTICIPEI DE UM ANIVERSÁRIO DELA, E QUANDO RESOLVO DAR UM PRESENTE VOCÊ AINDA VEM COM ESSES ATAQUES DE FÚRIA SEM NOÇÃO? – Ele gritava ainda mais. Todos olhavam para eles assustados.

– Você não entende nada! – Ela falava mais calma. – Ela não pode ter essa vassoura.

– Eu quero mãe! Eu quero! É um presente do meu pai! Você já me tirou dele e já me escondeu. Se eu pudesse escolher com quem ficar, eu escolheria meu pai, porque ele sabe como eu gosto de quadribol e não briga comigo por isso. – Mia falou com Hermione como nunca tinha falado antes. Rony não parecia se importar com o modo que ela estava tratando-a. Hermione não teve resposta. Sua própria filha estava com raiva dela, e ela sabia que isso um dia iria acontecer. Antes que pudesse chorar, Hermione virou as costas e entrou em casa, praticamente correndo.

– Querida, você não deveria falar com sua mãe assim. – Molly disse para Mia.

– Sua avó tem razão. – Gina falou. – Sua mãe fez tudo o que pode por você. Você tem que agradecer a ela.

Mia não respondeu, mas estava arrependida. Harry olhou para Rony, que permanecia de braços cruzados, e percebeu que tinha que ir conversar com a amiga.

Hermione estava sentada no sofá, chorando e se lembrando de como sua filha tinha falado com ela. Sua filha, por quem ela dedicou sete anos da sua vida para dar todo o carinho e amor para ela, e assim que ela conhece Rony começa a virar rebelde. Hermione nesse momento não se sentiu arrependida por ter escondido Mia de todos, pelo contrário, achava que deveria ter continuado escondendo, pois assim não precisava passar por aquela humilhação.

– Você está bem? – Harry se sentou ao lado dela e ela virou para o lado, limpando as lágrimas. – Não precisa esconder que estava chorando... Já te vi assim várias vezes. – Ele segurou a mão da amiga.

– Em sete anos... Mia nunca falou daquele jeito comigo. – Hermione desabafou.

– Ela só estava nervosa Hermione, descontando tudo o que ela sentiu durante esses anos. Uma hora isso ia acontecer.

– Isso é tudo culpa dele! Ele acha que sabe tudo sobre ela, mas não sabe nada! Ele não sabe do que ela é alérgica, não sabe o que ela pode ou não pode comer, não sabe nem da metade das coisas que eu sei.

– Tem razão, ele não sabe... Mas ele quer descobrir. Não é fácil para ele também. Imaginar que você sabe muito mais coisa do que ele faz com que ele se sinta vulnerável, como se Mia fosse preferir você em qualquer momento. Mas não é sobre isso que se trata. Mia é uma criança, quer que vocês dois fiquem juntos para que ela não precise escolher.

– Pois ela vai ter que escolher, porque eu nunca vou ficar com ele. Nunca Harry!

Harry entendeu a raiva da amiga, mas sabia que aquelas palavras eram somente da boca pra fora...

**

– Eu não deveria ter falado com minha mãe daquele jeito não é papai? – Mia conversava com Rony enquanto eles assistiam ao jogo de Quadribol dos Weasley.

– Não, não deveria. Isso foi errado. Sua mãe fez tudo por você. – Ele disse sério. – Fico feliz em saber que você me escolheria, mas não tem que fazer isso. Sua mãe que sabe tudo sobre você, e eu ainda estou tentando aprender.

– É que eu fiquei brava. Mamãe nunca me deixou ter uma vassoura desde o acidente...

– Acidente? Que acidente?

– É que quando eu tinha cinco anos, eu achei a antiga vassoura da mamãe no armário, ela já estava um pouco velha porque minha mãe tem medo de voar, então eu experimentei e subi nela. Eu fui bem alto, até que a vassoura quebrou comigo, e eu caí. Fiquei um pouco machucada, quebrei minha perna... E minha mãe ficou desesperada. Disse que nunca mais queria me ver montada em uma vassoura enquanto eu estivesse sobre os cuidados dela.

– E por que você não me disse isso antes? – Rony se sentia culpado.

– Porque eu não achei que era necessário...

– Então sua mãe tinha toda a razão por ter ficado com raiva. – Ele falava mais para si mesmo do que para Mia. – Eu vou conversar com ela.

Ele se levantou e foi para dentro de casa. Assim que entrou, Hermione estava sozinha arrumando a mesa para o almoço.

– Posso falar com você? – Ele perguntou calmamente.

– Estou ocupada. – Ela respondeu fria.

– Só por um minuto.

– Tenho que arrumar a mesa e... – Ela foi interrompida pelo pano se colocando sozinho na mesa, e os pratos sendo distribuídos rapidamente. – O que você quer Ronald? – Ela colocou as mãos na cintura e Rony guardou sua varinha.

– Mia me contou o que aconteceu quando ela tinha cinco anos.

– Oh, parabéns. Quer um premio de melhor pai do ano porque descobriu uma coisa da sua filha? – Ela perguntou sarcástica.

– Não seja infantil Hermione. Você sabe que não teria como eu adivinhar. – Ele se sentou e passou a mão pelos cabelos. – Se eu soubesse que era por isso que você não queria que ela tivesse uma vassoura, eu não tinha comprado uma pra ela.

– Mas como você sempre age por impulso...

– Para de me tratar desse jeito! Não sou o único culpado por isso. – Ele disse calmamente e Hermione se sentiu agredida. – O que estou querendo dizer, é que eu não quero roubá-la de você. Sei muito bem tudo o que você fez para ela, e não quero e não tenho o direito de tirá-la de você.

– Acontece Rony, que vocês me olham como se eu fosse uma neurótica super possessiva. Estou feliz por vocês estarem se entendendo, estou mesmo. Tanto que aceitei que você cuidasse dela enquanto eu trabalhava. O que não concordo é que você quer fazer as coisas para agradá-la, e acaba tirando minha autoridade. Eu poderia muito bem ficar um dia inteiro falando sobre Mia para você, com o maior prazer, mas ao invés disso você prefere agir por instintos.

– Eu sei... Me desculpe por isso...

– Você vai saber como é ver sua própria filha se machucar na sua frente. Você vai querer protegê-la de tudo e de todos, vai querer criar um escudo em torno dela, para que nenhum mal passe por ele.

– Eu já estou sentindo isso... Tenho vontade de protegê-la o tempo todo, e nem penso na hipótese de alguém querer machucá-la, porque eu acabo com a pessoa que fizer isso...

– Está vendo? É disso que estou falando. Agora imagina se eu chegar para ela e dizer: “Mia, pode sair correndo por aí conversando com estranhos”. Você ia se sentir traído não ia? Eu ia ter passado por cima da sua palavra.

– É... Eu sei Hermione, desculpe.

Hermione ainda estava brava por Rony ter tirado sua autoridade, mas não pôde evitar sorrir quando ele pediu desculpas. Ele sorriu de volta, entendendo que estava tudo bem entre eles.

– Mamãe... – Mia se aproximou de cabeça baixa. Hermione não a olhou. – Eu queria te pedir desculpas pelo que eu disse... Não era verdade.

– Engraçado... Estou ouvindo um pequeno gnomo de jardim conversando comigo... – Ela disse testando a paciência da filha.

– Mamãe, não sou um gnomo. – Ela disse chorosa. – Eu só vim pedir desculpas... – Hermione percebeu que Mia estava prestes a chorar, e olhou para ela, sorrindo. – Você me desculpa?

– Claro que desculpo. – Ela sentou a filha em seu colo e Rony sorriu. – Só quero que entenda que faço de tudo por você, e não sou essa mãe chata que você pensa. Você sabe muito bem porque te proibi de montar em uma vassoura, não foi porque sou chata.

– Eu sei, desculpa. – Ela abraçou a mãe. – Mas... Agora que o papai me deu a vassoura, ele pode me ensinar a andar?

– Hum... Só se seu pai prometer que vai tomar todo o cuidado com você. – Hermione sorriu.

– Claro que vaaaaaai! – Ela correu para perto de Rony. – Vamos pai, vamos, vamos, vamos!

Rony sorriu para a filha e os dois saíram indo até o jardim. Hermione foi até a porta, e os observou. Rony parecia tão empolgado quanto Mia. Talvez ele sonhasse que a filha fosse uma jogadora de Quadribol, como ele... E quem seria Hermione para impedir que aquele sonho acontecesse? Ela sorriu ao ver todo o cuidado de Rony com a filha, enquanto ela tentava demonstrar que já sabia voar.

– Ele está muito feliz. – Arthur se aproximou e Hermione levou um susto. – Desculpe, não queria te assustar. – Ele sorriu.

– Tudo bem. – Ela sorriu de volta e voltou sua atenção para os dois. – É... Vê-lo feliz assim faz com que eu me sinta um pouco culpada.

– Não sinta. Você fez o que achava certo, e querendo ou não talvez tenha sido o melhor a se fazer. Agora vocês já estão mais maduros...

– Será? – Hermione riu, e Arthur também.

– Um pouco talvez. No início fiquei com medo que Rony não se adaptasse, mas ele está fazendo um ótimo trabalho.

– Está sim... – Hermione sorriu olhando para os dois. Rony estava orgulhoso da filha, era óbvio, notava-se no brilho dos seus olhos quando ela voava a poucos metros do chão. Hermione se sentiu aliviada por Rony ter sido o seu primeiro e único parceiro sexual. Apesar de não ter sido planejado, um filho de Rony era tudo que Hermione sempre desejou.

– Almoço! – A Sra Weasley gritou, e todos voltaram correndo do jardim, apenas Rony e Mia ficaram. Rony a abraçou e beijou seu rosto, e Hermione pôde ver claramente lendo seus lábios quando ele disse: “Estou orgulhoso de você, princesa”.

**

Depois de um dia agitado, Hermione chegou em seu apartamento exausta, e louca pra poder dormir. Mia já tinha dormido em seus braços, enquanto ela ainda conversava com Gina. Ela saiu da lareira e foi direto para o quarto, colocar a filha na cama. Elas dormiam juntas desde sempre, era um costume que tinham.

Depois que Hermione colocou Mia para dormir, ela foi até a sala, juntando os papéis que a filha deixava jogado por toda a casa. Enquanto ela juntava os papéis, alguém bateu em sua porta. Ela estranhou, pois já eram dez horas da noite. Ela pegou sua varinha no bolso, e a escondeu atrás de seu corpo, indo abrir a porta.

– Rony! – Ela respirou aliviada. – Você me assustou.

– Você ia estuporar uma visita? – Rony riu.

– Não... É que... Bem...

– Você tem medo. – Ele sorriu.

– Não é fácil apenas duas mulheres morarem sozinhas.

– Pensei que tinha feito feitiços de proteção.

– Eu fiz, mas sabe como eu sou...

– Sei...

– Oh, desculpe. Entre. – Ela abriu mais a porta, e Rony entrou em seu apartamento. – Aconteceu alguma coisa?

– Não... Bem, sim. Não, na verdade não.

– Sim ou não? – Hermione riu.

– Mais ou menos.

– Rony, estou ficando preocupada. – Ela fechou a porta.

– Não fique. – Ele disse sério.

– Como não vou ficar? Você não diz logo o que é.

– É que eu me esqueci de fazer uma coisa hoje...

– E o que é?

– Isso. – Parecendo soltar todos os extintos, Rony correu para perto de Hermione, a puxou pela cintura e lhe deu um beijo. Foi em questão de segundos, que Hermione não teve tempo de ter alguma reação, e também não queria, isso era o que ela tinha sonhado durante esses sete anos. Ela não o empurrou, apenas entrelaçou os braços pelo pescoço dele, e retribuiu o beijo. Um beijo que ambos esperaram por sete anos, que tinha uma mistura de paixão, ansiedade e amor. Eles não se desgrudaram, e nem queriam, mas então o fôlego foi acabando, e Rony se afastou tranquilamente.

– O que significa isso? – Hermione sussurrou.

– Não posso ficar longe de você. É mais forte do que eu. – Ele disse bem próximo dos lábios dela. – Não consigo ficar com raiva de você, não consigo guardar rancor, e quando Mia apareceu na minha porta dizendo ser minha filha, eu rezei para que fosse sua também. Desde aquele dia eu não pensei em outra pessoa a não ser você, e agora que você está aqui, tão perto de mim, eu não quero deixá-la... Não quero me afastar.

– Eu também não parei de pensar em você. Tive medo de ser rejeitada por você para sempre...

– Eu não vou mentir, eu queria conseguir te rejeitar, queria conseguir ter raiva de você por ter sumido durante todos esses anos e ter me deixado preocupado aqui enquanto você cuidava sozinha da nossa filha, mas eu não consigo. É algo mais forte do que eu.

– Me desculpe Rony, me desculpe. Todos os dias eu me arrependo por isso... – Ela começava a chorar.

– Shhh, não precisa chorar. – Ele segurou seu rosto carinhosamente. – Deixa isso pra lá, já te perdoei, não quero que pense mais nisso e nem que fique se torturando por isso... Só preciso de você comigo agora, e matar essa vontade que eu estou de você. – Ele sorriu, e a beijou novamente.

Ele a puxou para o sofá, e ele se sentou, puxando-a para cima dele.

– Rony... Mia tem o sono leve.

– Nós vamos saber quando ela acordar. – Ele sorriu.

– Eu... Não estou pronta para...

– Por Mérlin Hermione, nem eu. – Ele a olhou sério. – Não quero que façamos nada, além disso, por enquanto. Eu te respeito você sabe disso.

– Eu sei. – Ela se sentiu culpada. – Desculpe.

– Você pede muitas desculpas. – Ele riu.

– Desculpe. – Ela sorriu e ele a puxou para um abraço.

– Como pode depois de tantos anos você ficar ainda mais linda, e despertar tantas coisas em mim? – Ele sorriu.

– Hum, obrigada pelo elogio. Pensei que estava sendo ao contrário. – Ela riu.

– Nunca. Parece que você fica mais atraente a cada ano que passa.

– Estou ficando envergonhada, Rony.

– Irônico, temos uma filha e você com vergonha de mim. – Eles riram.

– É diferente... Apesar de termos uma filha, ainda somos imaturos no relacionamento.

– Verdade... Então vamos deixar as coisas irem com calma está bem? Quero que dessa vez dê tudo certo, por nós, e por Mia.

– Desde quando você é o sensato da relação? – Hermione riu.

– Eu mudei Hermione... Não muito, mas mudei.

– O que quer dizer com não muito?

– Ah... Esquece. Vamos aproveitar que Mia ainda está dormindo.

Ele sorriu e a deitou no sofá, ficando por cima dela. Durante o resto da noite, eles trocaram carinhos e beijos, nada mais do que isso. Rony realmente respeitava Hermione, e eles ainda tinham muito que decidir antes de terem algo mais sério.

Mas tudo ao seu tempo...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!