Almas Obscuras - Despertar escrita por Angie Ellyon


Capítulo 10
Capítulo 9 – Error 404


Notas iniciais do capítulo

Geeeenteemmm, mil desculpas pela demora. Estive todo esse tempo enrolada com mil coisas, mas não pensem que eu deixei a fic..E, também, era meio desmotivante, porque pouca gente estava comentando...enfim, rogo para que não tenham me abandonado, pliz :D



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Mesmo assim, segui qualquer caminho. Tudo que eu queria era não deixar Logan me alcançar. Em dado momento, ele já não parecia estar mais me seguindo, então relaxei a guarda. Passei a caminhar mais devagar, olhando atenta pelos cantos do beco escuro, quando escutei vozes.

Logan estava do outro lado conversando com um rapaz tão alto quando ele, que usava boné e moletom escuro. Eles cochichavam.

– Já sabe quem está na área, não é? – o rapaz disse num tom de afirmação, cruzando os braços.

– Posso cuidar disso sozinho – Logan falou.

– Há consequências – o rapaz contestou.

Logan pareceu tenso.

– Não se preocupe com isso.

O outro baixou a guarda.

– Você não tem jeito.

– Confie em mim.

Decidi aproveitar a distração para sair. Dei apenas alguns passos, quando o mesmo rapaz surgiu na minha frente. Reparei que ele tinha olhos castanho-claros e cabelos pretos.

– Parece perdida, garota.

– Não mais.

Antes que eu desse qualquer resposta, Logan estava parado atrás de mim, olhando de um jeito sério para o rapaz. Então, eles riram.

– Agora sei por que anda sumido...está preocupado com coisas bem mais interessantes, não é? – ele me cumprimentou, piscando. – Eu sou Luke.

– Oi. Melaine. – disse, sorridente.

Logan me olhou.

– Você está atrapalhando, camarada.

– Ok, eu sei quando estou sobrando – Luke voltou a piscar para mim. – Até mais.

Achei melhor não dizer à Logan que eu havia escutado parte da conversa dos dois. Algo me dizia que o assunto abordado não era assim tão simples. E muito menos algo comum.

...[...]...

O colégio era só cores por causa do baile no dia seguinte. Os corredores, armários, escadas e salas estavam enfeitados com faixas, com frases empolgantes e cartazes apostando quem seriam o rei e rainha do baile. Acabei encontrando Lauren no ginásio, apoiada em uma escada, ajustando o globo brilhante no teto. As mesas já estavam sendo arrumadas, além dos enfeites e toda a cerimônia para a coroação.

Ela suspirou ao me ver, fingindo não ter me visto. Olhei para ela.

– Lauren, precisamos conversar.

Ela então parou e desceu, cruzando os braços.

– Estou ouvindo.

– Me desculpe – falei. – Eu...perdi a cabeça.

Ela me avaliou e em seguida entrelaçou os dedos.

– Sinto muito pelo que eu disse ontem na boate também – ela disse depois de um tempo. – Eu estava irritada e...não sabia muito bem o que estava fazendo. E eu gosto do Enzo de verdade. É para valer, Mel. Espero que possa entender isso.

Sorri.

– Tá tudo bem. Eu entendo. E me desculpe também. Fui irracional. Se está afim dele...vá em frente.

Nós sorrimos e nos abraçamos, então olhei ao redor.

– Ainda faltam muitos enfeites? Deixe-me ver...

Arrumei alguns detalhes que faltavam para completar a decoração do ginásio, o que acabei achando bastante produtivo. Aquele baile prometia ser a festa do ano e todos pareciam bastante ansiosos. Tudo estava sendo preparado com muito cuidado. Lauren me mostrou como aconteceria o sorteio dos casais, o telão que mostraria as fotos da festa, além das playlists escolhidas para as músicas da festa.

Lauren e eu estávamos nos retoques finais em uma das mesas, quando nossa visão foi ofuscada pelo flash da câmera de Mary.

– Ah, essa promete ser a festa do ano – ela deu um suspiro profundo.

– Isso vindo de alguém que provavelmente tem um par – alfinetou Lauren.

Mary notou a indireta.

– A vida é cheia de surpresas. Puxa, Pom-Pom – ela se virou para mim. – Rainha do baile? Que avanço...Mas cuidado! – ela disse num tom de falso alerta. – As fichas com os nomes podem ter sido alteradas com outros...

Lauren deu um passo.

– Você parece bem antenada para alguém que nunca foi a nenhum baile...e nem sequer convidada por ninguém. Já com a Mel sempre foi diferente, não é?

Mary a fuzilou com o olhar.

– Você acha que eu me importo com esses bailes colegiais idiotas? São só desculpas para grupinhos metidos superiores tentarem expor sua vidinha ridícula.

Aquilo já estava indo longe demais.

– Mary – me aproximei dela. – Sei que nunca nos demos muito bem, mas...ok: eu sempre pensei que você fosse a nerd fofoqueira que xeretava a vida dos outros para escrever no jornalzinho. Mas acabei vendo que você tem um bom coração lá no fundo. E...espero que possamos nos dar bem um dia e, quem sabe...sermos amigas.

Mary deu risada.

– Engraçado você dizer isso, Pom-Pom, porque...sabe? Pra mim, você nunca vai deixar de ser a eterna imagem que tenho na minha mente desde o primeiro dia que nos conhecemos...a da líder de torcida popular, rica, mimada, superficial e fútil, filha do homem que destruiu a minha família. – ela guardou a câmera na bolsa. - Nunca seremos amigas. Acostume-se com isso.

Em seguida, ela se virou a saiu do ginásio.

– Que discurso de terapia ocupacional foi esse? – disse Lauren, dramática. – Que papo foi esse? Esqueceu como ela implica com você? Sinceramente, essa garota às vezes me dá medo.

Eu observei a porta por onde Mary havia saído.

– Só quis acabar logo com isso. E também porque acho que não devemos brincar com quem a gente não conhece direito.

...[...]...

– Não pense que vá ser tão ruim – Tia Diana me dava conselhos sobre como eu iria me adaptar com os Lancaster.

– Sem essa – eu ri, entrando no quarto. – Volto pra cá na primeira oportunidade.

Ela me deu um último abraço antes de sair do quarto. Terminei de ajeitar os últimos detalhes de minha mudança, quando vi um carro preto estacionando lá embaixo. Senti um frio na espinha quando um homem saiu do banco de trás. Tive vontade de trancar a porta e não deixá-lo entrar.

– Ela está no quarto... – escutei a voz de tia Diana crescer à medida que se aproximava. Então Henry abriu a porta e sorriu.

– Já está pronta para ir, querida?

Não.

– Eu estava indo lá para baixo – falei.

– Então, vamos para casa?

– Agora? – eu quase sussurrei, olhando para tia Diana, que fez um gesto de calma.

Ele apanhou minha mala.

– Estou ansioso para lhe mostrar tudo.

Segui-o em silêncio até a porta. Ele se acomodou no banco de trás e fez sinal para que eu entrasse. Olhei para tia Diana em desespero.

– Não se preocupe – disse ela. – Vai ficar tudo bem.

Entrei no carro e fechei a porta. Quando ela acenou, ele começou a se afastar, e então a ficha caiu, e me dei conta de que eu estava indo para um covil cheio de crocodilos ardilosos e engoli em seco.

Seguimos um tempo em silêncio. Observei o motorista olhar no espelho retrovisor. Ele parecia sorrir, me cumprimentando.

– Então, como vai o colégio? – Henry puxou papo. – É o seu último ano, certo?

Dei um aceno de cabeça.

– Ah, isso é bom. Em breve começa a faculdade...uma nova vida.

É fácil descobrir o mapa socioeconômico de Monthe´s Hell. Basta você imaginar o mapa da cidade e uma bola. Solte a bola no mapa. Se a bola descer à toda velocidade e parar lá na frente, você está em um dos bairros mais fracos. Se a bola descer, mas parar no meio do caminho, você é da classe média. Agora, se você soltar a bola e ela nem sequer andar, você está num dos bairros mais distantes e altos – os bairros da classe alta e rica. Henry e a família moravam a cerca de 15 minutos da LancasterCorp. Quando percebi, estávamos entrando na mansão. Logo atrás de um muro cercado e um grosso portão de ferro que se abriu para nós, se estendia um jardim circular, onde duas pessoas podavam as plantas. Havia um chafariz também. Já a mansão em grande. A fachada era branca com detalhes em bege. O carro fez um círculo pelo chafariz, parando ao lado de uma escadaria.

Henry saiu primeiro.

– Venha, Melaine. Há muito o que mostrar.

Então eu vi o motorista. Era um senhor de 60 e tantos anos. Ele abriu o porta-malas e sorriu para mim.

– Obrigada. – disse quando ele me entregou minha mala.

– Melaine? – ele segurou minha mão com carinho. – Não se lembra de mim? O velho Phill?

Espremi os olhos.

– Ah, me desculpe...

Ele riu; uma risada rouca, dando tapinhas na minha mão.

– Ah, claro que não se lembra. Era muito pequena. Assim que a vi, logo me recordei da sua mãe. Uma grande mulher. Pelo visto, o ditador do seu pai quer você por perto... – divagou ele. – Não se preocupe, criança. Não está sozinha.

Me despedi dele assim que Henry voltou a me chamar. Ele estava parado em frente a uma garagem cheia de carros. À minha esquerda, estava a porta da frente, toda de vidro, de onde se podia ver a sala com mobílias impecáveis. Henry me guiou pela enorme sala de estar. Havia uma TV plana, uma escada em espiral à direita que provavelmente levava ao 2°andar; uma mesa redonda onde haviam alguns livros e um controle, dois sofás grandes e marrons que contrastavam com a iluminação branca.

– Lá em cima estão os quartos. A cozinha – ele apontou para a primeira porta à frente. – A biblioteca – ele indicou uma porta aberta, escondida pela escada. A biblioteca era enorme; com cerca de umas seis estantes cheias. Além das estantes, havia uma mesa de leitura, onde tia Miranda estava sentada. Parece que os Lancaster liam e pesquisavam bastante.

– Irmão – ela disse quando nos notou. Parecia bastante compenetrada em sua leitura.

– Será que pode mostrar o restante da casa e acomodar Melaine? Recebi uma ligação urgente e tenho que ir – Henry disse.

Ela acenou com a cabeça e fomos deixadas à sós. Depois de guardar o livro, ela se voltou para mim.

– Então, Melaine... – ela cruzou os braços. – Finalmente veio morar conosco.

– Não esperava que a casa fosse tão grande – desconversei.

– Ah, você ainda não viu nada – ela me levou pra fora. – Espere até a família estar toda reunida.

Tia Miranda me levou pelo corredor principal até sairmos nos fundos da mansão. E não era um simples quintal comum. Bem no meio, havia uma enorme piscina, rodeada por cadeiras preguiçosas e mesas com guarda-sol. Já a cozinha era hi-tec e sofisticada, e os empregados corriam pra lá e pra cá. Então, ela me levou para ver os carros na garagem antes de enfim me acomodar no quarto.

Ele era um pouco grande demais pra mim. Teria minha própria TV, uma cama grande, um banheiro-suíte chique, e as janelas eram decoradas com cortinas brancas, com um parapeito que era possível enxergar lá embaixo.

– Nos vemos mais tarde. – tia Miranda me deixou sozinha.

Todo aquele silêncio estava me matando. Não havia mensagens de Lauren. Sentia falta das indiretas de Mary e até o bobão do Jonas. Como tia Diana estaria sem mim? E ainda havia Logan...

De banho tomado e me sentindo mais sozinha do que nunca, me joguei na cama e liguei a TV. Não tinha nada de bom. Não estou acostumada com isso, pensei. Achei uma revista qualquer em uma gaveta da cômoda e então olhei minha mala, me lembrando que o baile do colégio aconteceria amanhã.

Desci e fui para a cozinha, onde vi o velho Phill e os demais empregados: duas garotas, três mulheres de meia idade e um rapaz simpático ao lado do Sr.Phil. Eles me olharam, curiosos.

– Então esta é a filha do Henry? – quis saber o rapaz.

– Melaine – o velho Phill sorriu para mim.

– O jantar está quase pronto, querida – disse uma das mulheres.

Sr.Phill os apresentou para mim. O rapaz se chamava Brian e era seu filho.

– Você parece diferente das suas primas – ele me disse.

– Ah, ela é sim – Sr.Phill deu risada.

Então escutamos vozes vindas do salão.

– É melhor você ir – o velho Phill me empurrou para fora da cozinha. – Eles não vão gostar de ver você conosco.

Me dirigi até a sala de jantar iluminada com um lustre no centro e uma mesa grande de mogno, a qual os Lancaster foram se acomodando. Henry, minhas tias Miranda, Sharon e Joanne; meus tios Hansel, Borias, Benjamin, e seus respectivos filhos e primos; o trio de "luluzinhas" Lara, Nicole e Léxi, Dave, Peter, além dos que estavam à tiracolo, como a "pseudo" esposa de Borias e os respectivos maridos de minhas tias Sharon e Joanne, parceiros de negócio de Henry.

Eles se sentaram com barulho, até que Henry disse:

– Venha, filha. Sente-se conosco.

Não tive outra alternativa a não ser obedecer. Pude ver os olhares de todos me acompanhando. Os empregados começaram a servir o jantar e me senti deslocada. A comida era diferente; refinada, e havia todo um ritual de talheres para se comer. Mas me contive. Pelo menos ali eu teria que fazer tudo da maneira deles.

Depois do jantar, todos se dispersaram. Cansada, me dirigi até o quarto, quando tia Miranda me chamou.

– Tem um minuto?

Ela me levou até a biblioteca. Havia uma lareira acesa, deixando o ambiente mais nostálgico. Nos sentamos nos sofás aconchegantes, e ela ficou lá, com a mão no queixo, me olhando. O único barulho era da lareira crepitando.

– Sabe, Melaine, eu sei o quanto está sendo difícil - ela começou a falar. - Mas você acha que podemos ser uma família agora?

Engoli em seco. Que pergunta difícil...

– Só preciso me acostumar.

Ela deu uma risada seca.

– Ah, isso é verdade - parou, me observando melhor, e pediu: - Se aproxime.

Quando o fiz, ela ergueu meu rosto com os dedos. Por um minuto, me pareceu que ela engoliu.

– Tem muito da sua mãe em você.

Ok, por isso eu não esperava.

– Ela era uma mulher de muita fibra. Admito que, por vezes, nós quase nos demos bem. - ela riu.

Um aperto estava se formando na minha garganta. Ver tia Miranda - justo ela - falar de mamãe daquela maneira estava me causando uma sensação estranha. E que eu não queria sentir.

– Puxa... - falei.

– Mas, ainda assim, o sangue da nossa família também prevalece em você - completou. - O que também faz com que você não seja...exatamente uma de nós.

– O que quer dizer?

Ela deu de ombros.

– Ora, nós duas sabemos que sua mãe não tinha costume de fazer coisas...femininas com você. Vamos ser sinceras, sobrinha: ela não era feminina. Deve ter sido por isso que ela e meu irmão não se deram bem.

Agora a raiva estava começando a fazer meu sangue fluir nos ouvidos. O que ela estaria insinuando? Que minha mãe não era mulher suficiente só porque não era uma vaca estúpida que só se importava com coisas fúteis? Ela estava pensando no que eu estava pensando? Que dali para frente ela iria me transformar em uma perfeita tapada e imbecil como a filha?

– Não se preocupe - ela deu tapinhas na minha bochecha. - É para isso que estou aqui agora. Irei guiar você. Pode ter sido moldada por sua mãe, mas o resultado final será meu. - e deu um sorriso caloroso. - Você irá mudar, querida. Para melhor.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Estou perdoada? ~le eu fazendo carinha fofa~*-*



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