Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 3
Decido lutar


Notas iniciais do capítulo

Oie! Eu voltei depois de um longo tempo, me perdoem pela demora, eu juro que tentei postar antes mas muitas coisas me impediram de escrever, mas eu prometo que o próximo capítulo saí mais rápido. Ah, um agradecimento enorme às leitoras simpáticas que comentaram no capítulo passado.



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Eu encarava meus dedos apoiados sobre o volante, esperando que o congestionamento acabasse logo. Era uma terça-feira, um ótimo dia para as coisas darem errado, e uma chuva forte castigava os motoristas apressados que tinham que chegar logo em seu destino. Eu não era um deles, tinha todo o tempo que eu precisasse, já que estava de licença do serviço, mas estava odiando ficar parado assim como todos os outros. Porém, algo que eu estava odiando mais do que a espera era o silêncio, que pairava sobre nós como um fantasma. Nós. Eu e Annabeth.

Já havia se passado mais de uma semana do acidente dela, onze dias para ser mais exato, e agora nós estávamos voltando para casa. Na verdade, eu estava voltando para casa, ela estava indo para um lugar desconhecido com um estranho. Alguns dias atrás ela me contava seus segredos, hoje eu sou o estranho, alguns dias atrás ela tirava seus sapatos e assistia os filmes de comédia romântica no sofá da sala que ela mesma escolheu, hoje ela não sabe nem o número do nosso apartamento. As coisas mudaram rápido. Rápido demais para poder acreditar que é verdade.

Antes de encarar minhas mãos eu estava olhando para ela, reparando no modo em que seus olhos perdem o foco quando ela se perde tão facilmente em pensamentos, vendo o sorriso de tímido que seus lábios formam quando os pensamentos são agradáveis, notando os tons de amarelo e castanho claro nos seus cabelos, analisando seu nariz pequeno e sua boca avermelhada, descobrindo as cicatrizes e os arranhados que o acidente deixou marcado no rosto dela, contando os curativos na testa e na cabeça. Sempre gostei de observá-la, e acho que ela gostava que eu a observasse, mas talvez não goste de ser observada pelo que eu sou agora para ela, um completo estranho.

Queria deixar de ser o estranho, queria parar de ser o cara que ela não conhece, queria simplesmente me virar pra ela e dizer: " Oi, eu sou seu marido, você me conhece e me ama. Só tente se lembrar disso, desses três pequenos detalhes. ". Porém me limitei a ficar olhando pra frente, esperando o fim do congestionamento.

E quando ele finalmente acabou, a chuva também já começava a acabar, no entanto o silêncio continuava lá, se recusando a nos abandonar. Eu não tinha assunto, e ela não parecia querer conversar, e eu odiava o fato dela não saber como a voz dela me acalma, e como eu precisava disso naquele momento.

Quando nós finalmente chegamos ao Edifício Paraíso, o que nós moramos e que costumava ser realmente nosso pequeno paraíso, mesmo que seja um nome bem ridículo para um lugar, eu sai do carro e abri a porta pra ela, e também tirei minha jaqueta e coloquei encima da cabeça dela para que ela não se molhasse. Eu sabia que Annabeth gostava quando eu fazia isso, sabia porque ela já tinha me dito, e sabia que ela continuava a gostar, sabia pelo jeito tímido que ela me olhou e algo mais, um tipo de brilho no olhar. Uma vez ela tinha me dito que um dos motivos dela ter se apaixonado por mim era por eu ser um homem gentil, e no mesmo dia eu fui na casa da minha mãe agradece-la por ter me dado educação e por ter me criado tão bem.

– Qual é o andar? - Annabeth perguntou quando já estávamos no elevador.

– O sexto. - Eu respondi e ela fez uma expressão curiosa.

– Eu que escolhi, não foi? - Minha esposa perguntou já sabendo a resposta. Eu já tinha contado para ela um pequeno resumo do que tinha acontecido no período que ela não se lembra, mas não é fácil aceitar que você viveu e passou por tanta coisa e não se recorda de nada. Fiquei feliz por ela estar se esforçando para pensar que houve um nós, que houve alguém com quem dividir a vida, e uma esperança cega me dizia que se ela podia imaginar um passado, talvez ela pudesse imaginar um futuro para nós.

– Sim, seu número da sorte. - Concordei, sentindo uma necessidade de mostrar para Annabeth que eu sabia o porquê de sua escolha.

– Eu já te contei que eu gosto de apertar o botão do elevador? - Ela perguntou tímida e curiosa. Deveria ser estranho para ela, estar conversando com uma pessoa que sabe praticamente tudo sobre você e que você mesmo não saber nada sobre a pessoa, e saber ainda que já foi apaixonado por essa pessoa.

– Sim. Seu pai deixava que você apertasse o botão do elevador quando era pequena, e isso a fazia se sentir importante. - Falei.

– É loucura, não é?- Annabeth perguntou corando.

– Talvez seja, mas é legal. - Disse a verdade, eu realmente achei loucura quando ela me contou isso, mas era legal o modo como ela mantinha sua infância em pequenos gestos da sua vida adulta.

– Você parece saber muito sobre mim, senhor Jackson, vamos ver se eu fiz a escolha certa. Qual é a minha cor favorita?

– Amarelo. - Respondi rapidamente.

– Qual é o animal que eu mais tenho medo?

– Aranha.

– É, você realmente sabe muito sobre mim.

– Sem querer me gabar, eu sou um especialista no assunto Annabeth Chase.- Falei fazendo com que ela disse pela primeira vez desde o acidente. Comemorei internamente essa pequena vitória, era bom ver ela sorrindo.

Queria saber o que estava se passando pela cabeça dela agora, queria saber qual seria a opinião dela sobre mim,mas infelizmente eu não posso ler mentes, só podia me lembrar dos momentos que ela me revelou aqueles pequenos segredos sobre ela. Quando ela me mostrou de cores seu mundo era pintado.

Mostrei a casa para ela. Annabeth ia ficar no nosso quarto enquanto eu ia dormir no quarto de hóspedes, deixei ela a vontade para tomar um banho e fui preparar algo para ela comer.

Depois de um tempo ela apareceu na cozinha, e fez caretas ao comer a comida que eu tinha preparado. Ela odiava sopa, não entendia qual era lógica de comer verduras que estavam se afogando, mas eram ordens médicas, então eu tinha que obrigá-la a comer.

– Como eu posso ter me casado com alguém que me obriga a comer sopa? - Ela pergunta de brincadeira, mas toca em um ponto sensível, algo que eu não gosto de pensar, porém é impossível não avaliar essa possibilidade, e se quando ela melhorar ela quiser ir embora, decidir que não vai dar certo, descobrir que tem que viver sua vida sem mim, seguir seu caminho e descruzar nossas estradas?

Ela percebe que eu fiquei abalado com isso, ela sempre percebeu quando algo estava errado comigo, e se retira agradecendo pela comida e me desejando boa noite pra evitar que eu tenha que responder a pergunta. Adimiro-a por ter feito isso, mas um outro lado meu nota que ela não tentou me consolar, que pra ela o futuro é tão incerto e misterioso quanto é pra mim. Ela não sabe o que quer.

Mas eu sei o que quero, e arrisco a dizer que soube desde o momento que a conheci. Eu quero ela do meu lado todos os dias, quero poder voltar a abraçá-la sem nenhum motivo, quero rir com ela, chorar com ela, e rir de novo com ela. Quero passar por todos os desafios com ela, quero passar por todos os momentos felizes com ela. Quero poder beijá-la no meio da noite e dizer que a amo. Quero poder chamá-la de minha.

E agora eu descobri,mais claro do que nunca, que eu vou gastar cada segundo da minha vida tentando reconquistá-la, porque eu já perdi muitas coisas e muitas pessoas nessa vida, mas Annabeth não será uma delas. Eu não vou desistir de lutar. De lutar por ela.


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Notas finais do capítulo

Bom, foi isso, espero que tenham gostado. Ah, não se esqueçam de me contar o que acharam do capítulo.
Beijinhos da autora...



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