Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 15
Passado, presente e futuro


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores! Eu estou aceitando todo o tipo de xingamento que vocês têm pra mim, porque devem ser muitos. Mas muitas coisas aconteceram, como prova, perda de dois inícios de capítulo, doença, falta de criatividade, falta de computador, falta de internet e eu me senti tão mal porque eu pedi só pra gente chegar em cem e vocês chegaram a 120 comentários, eu não mereço vocês. Vocês são maravilhosos. E esse capítulo é pra todas vocês que fizeram meus dias mais felizes e me fizeram me sentir culpada também, e principalmente pra Stalker porque ela foi a centésima a comentar ( parabéns stalker) ! Ah, sejam bem-vindas novas leitoras!



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É estranho como algo que um dia significou o futuro se transforme em passado no tão esperado futuro. Olhar para aquele lote, vazio, era como olhar para um cemitério de sonhos, lá estavam os grandes planos de Annabeth, era lá que começaria uma grande parte do seu futuro. Agora é só passado.

Eu cumpri minha promessa, a trouxe para ver onde ia começar seu futuro na vida profissional, mas só consegui sentir que aquilo parecia mais com o fim de algo do que com um grandioso início.

Não havia nada ali, era só um terreno vazio, ela ia começar a construir seus sonhos naquele lugar e já tinha tudo programado, estava tudo planejado em mil papéis, só que ela não se lembrava disso, era só mais uma das coisas que foram tomadas injustamente dela.

– No que pensa tanto? - Annabeth quis saber.

– Só em como o que aconteceu com você foi injusto. – Confessei, não me lembro de ter falado tão abertamente com Annabeth sobre a injustiça daquilo tudo , porém senti como se não pudesse evitar, ela saberia justamente o que era aquilo, ela também estava passando por aquilo, mais até mesmo do que eu.

– Como assim?

– Esse acidente, você não percebe? Ele te tirou nosso passado, bagunçou nosso presente e acabou com o nosso futuro. – Disse finalmente tirando um peso de mim, não sabia o tanto que eu queria falar sobre isso com ela até dizer as palavras.

– Eu às vezes penso assim, sabe? Às vezes eu só quero me trancar no quarto e chorar por tudo o que eu perdi, por tudo o que eu estou passando e que terei que passar, às vezes as coisas parecem muito injustas, parecem tão erradas, às vezes eu quero tanto desistir de tudo, de tentar me encontrar, de tentar te encontrar, de tentar nos encontrar, de descobrir quem eu fui, quem eu sou e quem eu posso ser.

Ela ficou encarando o sol se pondo no horizonte antes do voltar a falar.

– Mas então eu percebo que nada é tão ruim assim que não possa ficar bom, nada está tão quebrado que não possa ser consertado, nada é tão difícil que não possa ser feito. Eu tenho sorte, essa é a verdade, eu perdi o meu passado, mas um dia o que nós estamos vivendo agora será passado, e eu poderei dizer que apesar de complicado ele foi muito bom, e o futuro sempre está aí, em aberto, enquanto eu estiver viva ele é uma possibilidade.

E depois ela se virou pra mim, sorrindo, e completou:

– E quanto ao presente, ele está mesmo muito bagunçado, mas eu tenho você, e isso compensa tudo.

E então ela me beijou.

E tudo pareceu certo, possível e justo.

Ela tem razão, nós temos sorte.

Nós ficamos lá por mais um tempo, vendo o sol se pôr, e não importava se estava ficando cada vez mais escuro, as palavras dela, os abraços dela, os beijos dela, eram melhores do que qualquer claridade, às vezes parecia que ela era um raio de sol, ao menos seu sorriso era.

– O que você quer fazer? – Annabeth perguntou de repente.

– Como? – Questionei confuso.

– É domingo à noite e me parece um bom dia para, sei lá, sair por aí. – Ela se explicou.

– Quer reviver a próxima carta? – Perguntei imaginando ser aquilo que ela pretendia fazer, entretanto ela me surpreendeu com sua resposta, mais uma vez.

– Não, hoje não. Agora eu quero esquecer um pouco o passado e o futuro e viver o presente. O que acha?

– Eu acho uma boa ideia. – Revelei o que eu pensava, porque realmente me parecia uma boa ideia, eu queria aproveitar aquele momento com Annabeth, sem preocupações, sem me importar com o passado ou com o futuro, somente vivendo o presente. – O que você quer fazer?

– Eu honestamente não sei. – Ela confessou enquanto ria. – Mas a gente podia ficar andando por aí até eu descobrir.

– Não tenha pressa.

– Eu não tenho. – Ela me garantiu enquanto ria mais uma vez.

Nós ficamos rodando pela cidade por um tempo tentando achar algo para fazer, porém acho que nós dois concordamos que só aquele passeio já valia à pena. Annabeth tinha ligado o rádio e deixado em uma estação que estava tocando músicas antigas. Ela, e eu também, confesso, nos divertimos tentando cantar aquelas músicas tão conhecidas, mesmo que nenhum de nós dois soubesse cantar uma nota sem desafinar. Então pareceu meio óbvio que nenhum de nós dois queria realmente achar algo para fazer até que ela gritou animada:

– Aquilo é um circo?

– Sim, não sabia que tinha algum circo na cidade.

– Eu amo circos.

– Eu sei. – E eu realmente sabia, Annabeth me arrastava toda vez que tinha um circo, não importando se ela já fosse velha demais pra isso ou que todas as apresentações se parecessem, ela sempre ia, toda feliz, parecendo uma criança.

– A gente pode ir? – Ela perguntou ansiosa.

– Não sei.- Eu já deveria ter aprendido minha lição, mas era legal ver sua cara de decepcionada seguida de uma expressão totalmente determinada. Era legal isso nela, sua insistência, sua perseverança, menos quando era em me provar que eu estava errado, nesse caso específico não era nada legal.

– Por que não sabe? – Ela entrou na briga, pronta pra combate.

– É muito infantil. – Respondi só pra irritá-la.

– Não é nada, é arte. É cultura. Eu não tenho culpa de você não ter o mínimo de cultura e não saber apreciar um bom espetáculo circense. Quando nós tivermos nossos filhos você... – Ela parou de falar constrangida, mas logo se recuperou e voltou a falar sobre arte e cultura e sobre a importância de um circo para a sociedade e honestamente, eu não estava mais ouvindo, aquela pequena declaração espontânea dela sobre os nosso filhos foi o suficiente para ganhar qualquer discussão, mesmo que não houvesse qualquer discussão.

–Você ganhou, Annabeth, vamos ao circo. – Eu disse e ela respondeu com um “yeh” animado e um soco no ar.

Nós tivemos que correr para comprar nossos ingressos e conseguir um lugar, porque apesar de não estar muito cheio o espetáculo já estava começando.

Era um circo como todos os outros, tinha os acrobatas, os malabaristas, o mágico e o palhaço, havia muitas luzes e finalizava com o globo da morte, mas apesar de tudo, eu gostei, não me lembrava de rir tanto com um palhaço como eu ri dessa vez, não me lembrava de ter gostado tanto de um circo quanto eu gostei desse, mas eu também não me lembrava de ver Annabeth sorrir tanto em cada apresentação, nem me lembrava de ver ela se assustar com os passos em falso dados pelos acrobatas, nem lembrava de ver seus olhos cinzentos brilhando tanto.

Annabeth me disse uma vez porque ela gostava tanto de circos, ela disse que era porque ela adorava a sensação que aquilo a trazia, era divertido, era engraçado, perigoso, livre, nostálgico e mágico, ela confessou que quando era criança queria ser artista de circo, viver andando por aí, viajando de cidade em cidade, vendo aquelas luzes todos os dias, andando nas alturas, ela gostava daquilo, ela dizia que tudo no circo era libertador, e eu estava começando a concordar com ela.

– O que você achou? – Ela perguntou enquanto nós andávamos perto de onde estava o circo após o espetáculo ter acabado.

– Até que não foi tão ruim.

– Não foi tão ruim? – Dito isso ela soltou minha mão e começou a me encarar com um olhar assassino.

– É, foi legalzinho. – Fiquei esperando ela explodir.

–Legalzinho? Foi ótimo, maravilhoso, foi divertido, engraçado, nostálgico e ...

–Mágico. – Completei pra ela, eu conhecia esse discurso.

– Sim, mágico, como adivinhou?

– Você fala isso toda vez que vai ao circo depois de eu falar que eu achei que foi “legalzinho”.

– Você fez de propósito! Não valeu!

– É tradição.

– Fazer com que eu fique estressada é tradição? – Annabeth perguntou séria, mas estava claramente achando graça.

– Na verdade, é sim. – Eu respondi e ela me deu um soco no ombro. – Ei,essas são as vantagens de um casamento, ver quem deixa o outro louco primeiro.

– Pode crer que serei eu a te visitar em um hospício primeiro. – Ela me garantiu.

– Nem nos seus sonhos.

– Vai ser quando eu estiver bastante lúcida mesmo.

– Não vai não, pode ter certeza que depois de uma semana você se muda pro hospício porque vai estar louca de saudades de mim.

– Hoje é domingo, tenho certeza que você deveria dar uma folga ao seu ego ou ele vai te processar.

– As folgas dele são na segunda.

–Você é um péssimo patrão.

No final de tudo isso nós repetimos a dose na volta pra casa, Annabeth ligou o som e deixou em um rap qualquer que ela fazia questão de tentar imitar e fingir que sabia a letra, mas ela só ficava balançando a cabeça e fazendo algumas caretas estranhas.

Quando chegamos em casa eu parei para refletir no tanto que aquela Annabeth se parecia com a minha Annabeth, a que eu conhecia e amava, ela era engraçada, forte, destemida e persistente, não se deixava abater pelas dificuldades do caminho, ela estava se reencontrado e se reinventando, de uma forma cada vez melhor e estava me deixando fazer parte disso.

Esse era o nosso presente, que um dia se transformará em passado, mas como Annabeth mesmo disse, será um bom passado para se lembrar, porque é um bom presente para se viver.

– Sabe o que foi mais mágico do que o circo? – Annabeth me surpreendeu me tirando dos meus pensamentos.

– O quê?

– Estar com você. Foi mágico, obrigada, pelo passado, pelo presente e pelo futuro.

E ela estava certa, mais uma vez, porque estar com ela era certo, é certo, em qualquer tempo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que achou do capítulo? Eu particularmente gostei! Obrigada por lerem! Beijinhos...



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