Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 12
Quando milagres acontecem


Notas iniciais do capítulo

Oiee! Como vão? Eu estou ótima e eu devo isso a uma das minhas leitoras mais incríveis ( sim,eu estou falando de você Ariel)! Eu só tenho a agradecer a essa fofa pela recomendação maravilhosa que ela deixou em Cartas de Amor, não tem como não amar e não se emocionar lendo o que ela escreveu. Obrigada por suas palavras tão doces e por esse enorme voto de confiança Bia, eu te adoro.
Foi mal pela demora, mas eu tinha que fazer um capítulo especial pra Ariel, não é? Esse capítulo é pra você Bia, como prova da minha imensa gratidão.
Ah, e muito obrigada pelos comentários lindos e obrigada aos novos leitores, se sintam bem-vindos.



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Talvez milagres caiam do céu, porque foi assim que eu considerei aquela caixa que caiu de cima do guarda-roupa nos pés de Annabeth.

Sim, essa é a verdade, o que me fez entrar correndo no quarto que agora pertencia somente a Annabeth foi nada mais que uma caixa de madeira que caiu nos pés dela. Não que não seja dolorido, mas minha mente já estava pensando no pior, em coisas que eu prefiro nem pronunciar para de modo algum correr o risco delas se tornarem verdadeiras.

Eu poderia estar confuso e com um pouco de raiva, mas eu ainda me importava com ela, é claro que eu me importava e me preocupava, por isso, mesmo aliviado, ver seu rosto se contorcer de dor me fez imediatamente esquecer nossa discussão e minhas incertezas, mesmo que momentaneamente, e somente querer cuidar dela, nada mais.

– Você está bem? – Perguntei, era óbvio que ela não estava bem, os olhos estavam inchados, os cabelos terrivelmente bagunçados e a dor ainda estava estampada no seu rosto, mas ainda sim eu perguntei aquilo, deve ser alguma força de hábito, mas era melhor do que perguntar se estava doendo, e eu precisa falar com ela.

– Sim, só está doendo um pouco. – Ela respondeu sem me olhar. Ok, nada bem, as coisas não estão nada bem.

– Deixa eu te ajudar. – Essa frase saiu como uma metade de uma pergunta e uma metade de uma ordem.

Ela hesitou um pouco, mas acabou cedendo. Ajudei-a a sentar na beirada da cama e fui procurar um pouco de gelo para colocar no pé dela, que estava muito vermelho e um pouco inchado, nada legal. Não sabia o que eu podia fazer exatamente nessa hora? Gelo resolveria? É justamente por isso que eu não sou médico. Mas resolvi arriscar com um pouco de gelo.

– Está melhor? – Perguntei um pouco depois, o clima entre nós estava estranho e tenso, o que era de se esperar, porém eu não quis sair de perto dela até ter certeza de que ela estava bem.

– Sim, bem melhor. – Annabeth me respondeu. Agora ela estava bem e eu poderia sair daquele quarto e ir dormir, mas a verdade é que eu não saí, não tenho muita certeza do porquê.

– O que você estava fazendo?- Perguntei notando, não pela primeira vez, as roupas dela espalhadas na cama.

– Tirando minhas coisas do guarda-roupa. – Ela respondeu cautelosa.

– E por que exatamente você estava fazendo isso? - Indaguei desconfiado.

– Eu vou embora, ta? Isso não está funcionando, não está dando certo. – A loira na minha frente respondeu na defensiva.

Então ela ia embora, ia simplesmente me deixar. Aquilo me irritou, depois de tudo o que eu fiz para ela, depois de todo o meu esforço para fazê-la feliz, era assim que ela retribuía? Abandonando-me? Está certo que eu precisava de um tempo, precisava pensar, mas mesmo assim eu não cheguei a fazer nada tão drástico, eu tinha o direito de me irritar.

– E pra onde você iria? – Perguntei, tentando parecer controlado.

– Não sei, pra qualquer lugar, eu só preciso sair da sua vida, você não vai conseguir ser feliz comigo, um dia você irá me agradecer por isso. Você vai estar livre de novo, vai se apaixonar por uma mulher, se casar com ela e ser feliz, mas pra isso você precisa me deixar partir. – Annabeth respondeu com uma mistura de súplica, renúncia e irritação, e com lágrimas nos olhos.

– Mas eu conheço uma mulher, Annabeth. Sou apaixonado por ela. E olha só, sou casado com ela e ela me faz, ou ao menos fazia, feliz. E ela está indo embora, falando que é melhor assim, sem nem me perguntar se é o que eu quero e ela ainda quer que eu a agradeça. – Disse magoado.

– Mas eu perguntei, você não lembra? Eu perguntei! E sabe o que você respondeu? Você disse que não sabia. E isso é praticamente um não. Se você queria que eu ficasse por que não disse? – Annabeth esbravejou, já gritando.

–Porque eu sou um idiota, um idiota confuso! E burro também! – Eu gritei também, só esperava que nossos vizinhos não reclamassem do barulho, entretanto eu tinha certeza de que eles iam fazer isso.

– Por que não pensou antes de dizer isso então? – Ela perguntou ainda em voz alta, mas já não mais gritando, minhas palavras haviam pego-a de surpresa, acho que ela não esperava essa resposta.

– Porque é você que pensa nessa relação, você sempre foi a que sabe tudo, e não encare isso como uma ofensa, porque não é. Entretanto, se você perguntar agora o que eu acho sobre isso eu vou ter uma resposta. – Eu afirmei, esperando que ela perguntasse.

– Você quer que eu vá embora? – Ela perguntou, com medo da resposta e em um tom de voz baixo, quase um sussurro.

– Não, eu não quero, eu quero você aqui, para sempre.- Eu tinha acabado de decidir isso, talvez fosse aconselhável pensar um pouco antes de dar aquela resposta, mas só de pensar em deixar ela sair pela porta me destruía, não queria ter de aprender a viver sem ela, não queria me apaixonar por outra pessoa, não queira amar mais ninguém, então eu não tive dúvidas quando disse essas palavras. Eu poderia ser um idiota, porém não era idiota a esse ponto.

– Fique. – Eu sussurrei, implorando.

– Se é o que você quer. – Ela respondeu sorrindo.

– É o que eu quero. – Afirmei.

Não dei tempo para respostas, senti que precisava confirmar minhas palavras, ou somente fazer algo que eu queria fazer a muito tempo. Aproximei-me dela o suficiente para trazer seus lábios para perto dos meus e a beijei.

Meu corpo e minha mente ansiavam por aquilo, pelo seu toque, pelo seu beijo. Aquela abstinência vinha me matando, a necessidade era mais forte que tudo. Eu só precisava sentir os lábios dela no meu de novo, e de novo, e de novo. Era tudo o que eu precisava para me sentir bem, para me sentir vivo.

Quando o nosso beijo acabou ela me olhou constrangida, porém seu rosto denunciava o sorriso que ela tentava esconder, aquilo fez tudo parecer certo pra mim, de algum modo eu sabia que ela não iria mais embora, porque ela também não queria me deixar. Não me importei com meu sorriso enorme, era aquilo que eu queria também, era aquilo que eu precisava.

Agora tudo estava bem, ou ao menos ia ficar.

Forcei-me a sair do quarto, acho que nós dois merecíamos um descanso, tinha sido um dia tenso. Se antes eu já não queria ir embora, agora que eu não queria mesmo, mas não ia invadir mais a privacidade dela, se quero fazer com que ela fique para sempre tenho que saber dar um passo de cada vez. Seria uma caminhada longa, mas eu poderia caminhar por essa estrada.

E então, é aqui que entra em cena novamente o nosso pequeno milagre, nosso pequeno doloroso milagre. Eu estava tão distraído com tudo o que estava acontecendo que eu acabei tropeçando na caixa e indo parar de cara no chão. Se isso dói? Bastante!

– Você está bem? – Annabeth veio correndo me socorrer querendo com um teimoso sorriso nos lábios que ela não conseguia esconder, ela realmente estava rindo da minha cara.

– Só um pouco dolorido e provavelmente com o rosto inchado e com cara de idiota. – Reclamei zangado.

–Ah não! Que isso, você está ótimo. – A loira comentou em tom de deboche. Posso dizer “ eu mereço”? – Vou pegar um pouco de gelo pra você.

Annabeth me fez sentar no lugar onde ela estava sentada antes e retribuiu o cuidado que eu tinha tido para com ela minutos antes.

– O que tem nessa caixa afinal? – Annabeth indagou curiosa.

Fiquei em dúvida se revelava o conteúdo da caixa ou não, lá continha informações sobre o passado dela, sobre o nosso passado, sobre nós, porém me pareceu certo lhe revelar, estava na hora dela saber, de tudo, sem mais filtros e sem mais ressalvas.

– São cartas, eu as escrevi pra você.

– Você me escrevia cartas? - Ela perguntou com uma expressão que não pude decifrar.

– Sim, por quê?

– Porque isso é tão incomum e tão fofo. – Julgando agora ela parecia feliz, extremamente feliz, e encantada. – Quando você começou a escrevê-las?

–Promete que não vai me matar. –Pedi antes de tudo, a situação que me levou a escrever essas cartas não foi muito legal, ou romântica.

– Prometo.

– Quando eu esqueci nosso aniversário de casamento. – Falei rápido.

– Você o quê? –Annabeth gritou parecendo indignada, e um pouco furiosa também. Mas qual é, ela esqueceu nosso casamento inteiro! Tudo bem, eu não deveria estar fazendo piadas com isso. – Não acredito que você fez isso.

– Foi só uma vez. – Tentei inutilmente me defender, parece ter dado certo, ou ela ficou com pena de mim, porque ela começou a rir e voltou sua atenção para caixa.

–Posso vê-las? – Annabeth perguntou.

– São suas.

A reação dela ao pegar as cartas foi no mínimo engraçada, ela parecia estar tocando em algo raro e valioso, que poderia se despedaçar a qualquer momento.

– Essa deve ser a primeira. – Ela disse se referindo a última carta da caixa.

–Provavelmente. – Concordei.

Annabeth pegou o papel e se sentou junto a mim na cama.

– Leia para mim, por favor. – Ela disse fazendo aquela carinha triste de cachorrinho que caiu da mudança.

– São 2 da manhã.

– E daí? Não estou com sono. – Annabeth tentou disfarçar, mas ao dizer isso ela bocejou de sono.

– Sei... – Respondi irônico.

– Só uma. – Ela continuou insistindo.

– Tudo bem.

Annabeth se aconchegou em mim e colocou sua cabeça em meu ombro. Então eu comecei a ler, lembrando daquele dia. Annabeth tinha se trancado no quarto e se recusado a falar comigo, foi sorte ela ter lido essa carta que eu passei por debaixo da porta pra ela, talvez também tenha sido um milagre.

“ Querida Annabeth,

Você com certeza está brava comigo e essa carta é só mais um jeito que eu achei para tentar falar com você, por favor não ignore essa tentativa desesperada de um homem já desesperado, eu já não sei mais o que fazer pra você me escutar.

Eu entendo que você tenha todo direito de estar com raiva de mim, eu mesmo estou com raiva de mim, mas, por favor, tente se lembrar que eu te amo e que eu faria qualquer coisa por você, até mesmo voltaria no tempo e corrigiria esse erro se eu pudesse, mas eu não posso.

E eu sei que eu sou idiota e eu sei que esquecer nosso primeiro aniversário de casamento é algo horrível, mas essa foi a única coisa que eu esqueci, eu juro, porque quando se trata de você, eu lembro de cada detalhe.

Lembro de quando nos conhecemos, naquela loja de CDs, você esbarrou em mim sem querer e eu nunca agradeci tanto pelo acaso. Você pediu desculpas por isso e se apresentou, acho que eu demorei um pouco pra dizer meu nome, mas tudo o que se passava na minha cabeça era o quanto você era linda.

Você procurava pelo CD da minha banda favorita e eu te ajudei a achar, isso começou um longo diálogo, você também gostava daquela banda, lembra? Depois você foi embora e eu nem ao menos pedi seu telefone, preciso te dizer quantas vezes eu me chamei de burro por aquilo?

Você perdoou esse erro, assim como perdoou muitos outros, e eu sei que vou continuar errando e fazendo besteiras, mas, por favor, perdoe esse e me dê a chance de errar mais uma vez, porque é isso que eu vou fazer,infelizmente, porém se for pra errar, eu quero errar do seu lado.

E então, você me desculpa?

Com amor, seu Cabeça de Algas.”

– E eu te perdoei? – Annabeth perguntou, mas ela já sabia a resposta.

– Sim, com duas condições.

– Quais? – Ela indagou novamente.

– Que eu nunca mais esquecesse uma data comemorativa e que eu te escrevesse essas cartas todo dia.

– E você as escreveu?

– Sim, inclusive nos feriados.


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Notas finais do capítulo

Então, foi isso, espero do fundo do coração que vocês tenham gostado.
Mereço comentários? Recomendações? Ou eu estou pedindo demais?
Mas agora é sério, me digam o que acharam, quero muito saber a opinião de vocês, e eu fui legal nesse capítulo, até beijo rolou, e não ia acontecer, era só porque eu tava feliz com a recomendação mesmo.
Beijos e até o próximo capítulo...