Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 8
A Insensatez de um Jovem Coração


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a todos que estão acompanhando, comentando, e também aos meus fantasminhas camaradas que amo tanto! :)



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PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI

Talvez aquilo que eu estava fazendo fosse uma das maiores loucuras da minha vida. Um garoto de 16 anos, que nunca havia saído de sua cidade natal, estava agora sozinho no meio de uma multidão de pessoas em uma das cidades mais violentas do país (não que a minha não seja) e sem conhecer nada.

Procurar Lara Pacheco no Rio de Janeiro era como procurar uma agulha no palheiro. Uma agulha teimosa.

Tomei um táxi numa avenida próxima a Cidade do Rock e me instalei num hotel barato na capital. O lugar era bem imundo e confesso que nem meus frascos de álcool gel deram jeito naquela colônia de bactérias.

Depois de me instalar, fui até a recepção.

— Preciso de um telefone.

A recepcionista do hotel, uma senhoria simpática, desfez sua expressão de simpatia quando me viu limpando o gancho do telefone da recepção com o meu amigo álcool gel. Retirei minha agenda telefônica de dentro da mochila e disquei o número da Lara algumas vezes. Seu celular sempre chamava até cair na caixa postal.

— Rapazinho, você está ocupando o telefone! — disse a recepcionista.

— Não se preocupe, eu pago, já que a senhora está se incomodando tanto. — respondi. Não que eu estivesse esbanjando dinheiro, mas queria deixar aquela senhora calada e me concentrar na minha nova missão.

PALAVRAS DE LARA PACHECO

(Música: Pitty – Déjá Vu)

Um número desconhecido insistia em chamar meu telefone. Não queria atender, pois provavelmente seria uma das garotas ou o chato do Márcio Q.I enchendo o saco, claro, com razão, por eu não ter aparecido. Desliguei o celular, guardei-o na bolsa e encostei a minha cabeça na janela do carro, observando Douglas dirigir.

— Parece um sonho. Eu, você aqui, juntos, depois de tanto tempo. — falei. Douglas parecia estar mais concentrado do que em mim.

— Ops, estava tão concentrado no volante que nem percebi que você estava acordada. Por que não dorme? Ainda há alguns minutos de viagem até chegarmos ao meu flat.

Cheguei mais perto do seu corpo e pude sentir sua respiração um pouco até ofegante devido ao grande calor que fazia. Beijei seu rosto. Sua barba pinicou meus lábios.

— Não consigo dormir. Confesso que estou um pouco preocupada com o que vai acontecer na minha vida agora.

Confortei minha cabeça no ombro de Anjo e, ainda abraçada a ele, fechei os meus olhos, tentando tranquilizar meu coração, que estava apreensivo. Antes daquele dia, eu nunca tive medo do futuro.

Naqueles dias durante o festival, tive a oportunidade de contar a Douglas no quanto minha vida era chata e vazia. Meu pai já era um senhor de sessenta anos que tinha só a mim como filha. Sendo assim, isso tinha algumas vantagens. Eu tinha sempre o amor do meu pai e o da minha mãe, até ela morrer... e ele se casar de novo.

Minha madrasta se chamava Sheila e era uma mulher trinta anos mais nova que papai. Ela era uma daquelas periguetes gordas que vestiam shorts que, de tão curtos e apertados, quase entravam no útero. Infelizmente ela vira no meu pai, um policial aposentado, um jeito de se dar bem na vida.

Sheila e papai se casaram, com direito a cerimônia religiosa, banho de arroz, lua de mel em Buenos Aires e, de quebra, tempos depois, um anúncio: a periguete estava grávida. Eu tinha treze anos quando tudo aconteceu. Foi um baque atrás do outro e, confesso que fiquei com ódio quando a minha meia-irmã nasceu. Os paparicos que eu sempre tive, sumiram.

Sheila, então, gostava de fazer papel mãe. Dava ordens sempre e tinha uma voz autoritária, a qual eu nunca fui fã de obedecer, a não ser por consideração ao meu pai, que estava cego de paixão por essa porca.

— Lara, amor, acorda! Nós chegamos. — Douglas me sacudiu. Eu acabei dormindo, mesmo encostada no seu ombro.

Saímos do seu velho carro e, ao me virar, quase me assustei com o tamanho do flat onde Douglas residia: era enorme. Eu realmente achei que aquele garoto morasse num lugar fétido, cheio de ratos, desprovido de qualquer higiene. Entretanto, minhas apostas estavam erradas. Havia muito ainda da vida de Anjo a descobrir. Eu descobriria?

PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI

Na tarde do dia seguinte, resolvi pedir a recepcionista do hotel que me deixasse usar o telefone novamente. Para não fazer desfeita, resolvi não usar o álcool gel daquela vez. Peguei o telefone do gancho e disquei o número do celular de Lara enquanto observava a senhorinha simpática me encarar. Da primeira vez, talvez por sorte, alguém atendeu.

Alô? — disse ela, do outro lado da linha.

Metade do peso que havia em cima das minhas costas desabou naquele mesmo momento. Saber que Lara estava bem, para mim, era um grande alívio.

— Lara, aqui é o Márcio. O que houve? Onde você está? Você tá bem? Por que você fugiu? As meninas e eu estamos preocupados!

Porra, cara, parece que quer ser minha mãe! — exclamou — Já não basta a porca da Sheila, agora tem você também? Caralho para de me seguir, eu tô bem, só resolvi acordar e viver minha vida!

— Não precisa me engolir pelo telefone, não, Lara. Mas você não sabe o que é consideração não? A gente ficou na frente daquele hotel com cara de idiota esperando você aparecer e depois você vem com quatro pedras na mão achando ruim por nós nos termos nos preocupado? Ah, bem que a Gabriela tinha razão! Não sou obrigado a limpar as merdas que você faz.

Ela desligou na minha cara. Naquela mesma tarde, reuni meus pertences, comprei uma passagem e tomei um ônibus de volta a Fortaleza.

PALAVRAS DE LARA PACHECO

Márcio Q.I era chato. Confere. Ele não merecia o modo que eu o tratei. Confere. Mas desfazer quaisquer laços de amizade com aqueles que eu mantinha em Fortaleza fazia parte dos meus planos se eu quisesse realmente ter uma nova vida.

— Você acha que a sua madrasta vem atrás de você? — perguntou Douglas, entregando-me uma latinha de cerveja. Sentei-me na cama, abri a lata e tomei alguns goles.

— Talvez. Tratando-se dela, ela pode ir atrás de mim até no inferno. — ajoelhei-me sobre a cama, de modo a ficar da mesma altura em que Douglas estava. Rodeei meus braços no seu pescoço e lhe dei um beijo. — Mas não há quem me tire de perto de você agora.

Derrubei a lata de cerveja no chão do quarto e, com a mão direita, fiz um gesto para que Douglas deitasse comigo na cama. Despimo-nos e logo estávamos nos amando novamente.

Douglas tinha um jeito diferente de beijar. Ele era delicado, me respeitava. Como ele havia me dito antes, não tinha muitas experiências sexuais e pelo jeito que ele me tocava, eu estava começando a acreditar completamente nisso. Com ele eu via estrelas, viajava. Nos seus braços, eu me sentia livre, segura. Era mágico.

Meu anjo... — falei próximo ao seu ouvido.

Mas Douglas para mim ainda era um enigma a ser desvendado.


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Notas finais do capítulo

Pessoas, eu vou demorar um pouco a postar porque eu acabei relaxando e os capítulos que eu havia adiantado estão no fim kkkkkkk Mas não se preocupem porque eu postarei sempre :)

Ah, eu queria recomendar uma história pra vocês. Romance, um pouco de comédia e um texto impecável. Confissões de Laly , da minha amiga Mary. Vale muito a pena. Dá uma passada lá, eu que fiz a capa, perfeita, pra uma história perfeita *--*

http://fanfiction.com.br/historia/485370/Confissoes_de_Laly



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