Love Story escrita por Carol


Capítulo 10
It’s a love story, baby, just say yes




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Corri pelos corredores do orfanato, esbarrei em muitas pessoas e desviei de algumas, algumas me olharam feio, e acho que as outras viram a esperança nos meus olhos, portanto relevaram. Passei por um portão de ferro enferrujado e estava no jardim. O sol fraco fazia o local parecer melancólico. Havia um pedaço de papel perto das primeiras árvores. Achei estranho, mas meu coração batia tão alto que eu mal conseguia pensar.

Agachei e peguei o papel com as duas mãos. Uma letra de forma muito conhecida fazia as palavras que eu fui lendo em voz alta para assimilar.

- “Julis. Você disse que não queria que eu entregasse a carta para o juiz e que minha mãe ou meu pai se tornassem seus tutores. Isso me magoou um pouco, será que você não queria ficar comigo? Será que isso era um não? Mas... Eu pensei. E cheguei à conclusão que você quis assim porque EU a magoei fazendo aquilo com o seu pai sem perguntar qual era sua vontade. – Ele estava completamente certo, então continuei a leitura. – Então passei as duas últimas semanas pensando num jeito de contornar a situação. A primeira coisa que faço é me desculpar, da próxima vez que for tomar uma decisão irei te consultar antes. A segunda foi dar um jeito de ficar com você, te tirar desse orfanato, sem ir contra seu pedido. Nunca mais irei fazer algo contra sua vontade. E é por não querer fazer nada sem saber o que você quer que agora eu te pergunto”. – Eu virei a carta. Não havia nada no verso, a carta acabava exatamente ali. – Mas que diabos...

- Não, você não perdeu um pedaço da carta. – Rafael saiu de lá sabe-se onde. – Julie. – Ele se ajoelhou e segurou minha mão direita. – Quer se casar comigo?

Eu engasguei com a própria saliva.

- O que... Você quer dizer com isso?

- Literalmente. – Os olhos dele brilhavam, provavelmente de excitação. Ou porque me ver confusa era divertido.

- Como? Nós somos menores de idade!

- Eu pesquisei e descobri que existem países na América Central em que a maioridade para se casar é 16 anos. E eu tenho sua guarda, você pode sair do país.

- Você... É louco. – Eu disse, sem saber o que dizer.

- Posso considerar isso como um sim?

Eu fiquei em silêncio e olhei bem dentro de seus olhos.

- Não fazer nada sem me perguntar, não é?

- Exato.

- Nesse caso isso é definitivamente um sim.

Ele se levantou bem devagar e me puxou para perto pela cintura. Eu mordi o lábio inferior enquanto ele sorria. E nós nos beijamos. Por muito tempo. E o mundo pareceu parar e silenciar, enquanto as coisas entravam novamente nos eixos.

 

- Mas Julie, você já está indo? O que houve? – Clara me olhava confusa enquanto eu jogava as coisas dentro das malas.

Corri para o computador e mandei uma mensagem instantânea para Amanda.

 

Julie diz:

Em breve estarei em casa, tenho novidades. Você não vai acreditar.

 

- Sim. Aliás. – Eu girei nos tornozelos e encarei a garota pasma na minha frente – Sabe o livro que eu te dei? Pois é. Eu preciso dele de volta. Percebi que ele é importante para mim.

Ela me olhava em choque e eu peguei Romeu e Julieta na cabeceira da cama dela.

- Se você não se importa.

Girei e olhei tudo a minha volta. Definitivamente sem nenhum sinal de que eu já tivesse estado ali. Coloquei a mochila e levei as malas embora. Parei no meio do corredor e olhei por cima do ombro.

- Até mais, Clara. Foi ótimo. Uma pena que não pudemos nos conhecer melhor.

Não esperei resposta, caminhei confiante até a recepção. Rafael estava sentado em um sofazinho. Lia uma revista, tentando parecer descontraído, mas no minuto que eu cheguei no cômodo, ele levantou os olhos até mim e sorriu.

- Minha mãe está no carro.

Ele pegou uma das malas e me ajudou.

- Ela já sabe?

- Aham.

- De tudo?

Ele me olhou e sorriu. Ele com certeza se divertia às minhas custas.

- Julis, relaxa. Não é como se vocês não se conhecessem! Fica fria.

 

Estava tudo pronto para a nossa viagem até algum pequeno país esquecido por Deus na América Central. As malas no carro, todo mundo na expectativa, tia Leila, tio Sammy e Rafael me esperando no carro.

- Já vou, já vou! – Eu gritei do meu quartinho improvisado na casa de meus tios e selei a carta. Peguei minha bolsa e fui até a porta da frente, onde todos estavam reunidos.

Tia Leila e tio Sammy deram abraços individuais em mim e Rafael, repetiram pela centésima vez as recomendações e tia Leila chorou um pouco. Disseram pela bilionésima que qualquer coisa era só ligar e deram um até logo e nos liberaram para entrar no táxi. Eu entreguei a carta selada para tia Leila e disse:

- Coloque no correio, por favor, tia? Obrigada.

Ela me olhou confusa e apenas assentiu.

- Nos liguem assim que chegarem lá!

 

 

“Querido papai,

Sim, ainda sou sua filha. Através dessa carta peço desculpas pelo mal entendido, não fui eu quem pediu para tia Leila prender o senhor, mas isso não vem ao caso. Quero pedir desculpas por não ter sido compreensiva com o senhor. Quero avisar que irei me casar com Rafael. Sim, casar. Em um país em que a maioridade é 16. Não entre em pânico, pense pelo lado positivo, pelo menos o senhor ficou sabendo da minha boca, não da de outra pessoa. E o senhor não poderá fazer nada, mamãe deixou minha guarda com Rafael, legalmente eu posso fazer isso.

Espero que o senhor entenda e continue me considerando sua filha, nunca irei abandonar o senhor, te amo demais para isso.

Beijos da sua filinha,

Julie Camentto

 

P.S. O senhor deve ser liberado da prisão o mais rápido possível, eu e tia Leila já entregamos para o juiz o pedido de anulação da acusação.”

 

Fim


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