P.O.V Aidan

Duas semanas haviam se passado desde que Arya Morgan e sua família haviam se mudado para a casa ao lado e tudo só piorou. Fora os pesadelos terem ficados mais frequentes, acho que meus sentimentos por Arya estavam começando a ir além da amizade.

A campainha tocou e desci as escadas para atender já que Rachel não estava em casa.

–Fala aí emo virgem - Dalton gritou e eu dei um sorriso.

–Não muito diferente de você - retruquei. - Entra aí.

Sei que mencionei não ter amigos no Inferno mas Dalton Lambert* não era um amigo, era um irmão.

–Taí - ele disse jogando meu CD de CS no sofá. - Vamos jogar?

–Claro - peguei um controle e dei o outro para Dalton.

Nos sentamos no sofá e começamos a conversar enquanto o jogo carregava.

–Ficou sabendo da Selenne? - perguntou e eu franzi o cenho.

–Selenne Blond? - perguntei em dúvida e Dalton fez um gesto afirmativo com a cabeça. - Não, não sei de nada. O que aconteceu com ela?

–Ninguém sabe, a sra. Blond chegou em casa e a encontrou em estado de choque repetindo as palavras "não para" e "ela está livre".

Congelei. "Ela está livre". Se eu não me enganava, ela era Samara Morgan. Eu sabia que Rachel havia "parado" tudo trancando Samara no poço mas se "ela está livre" significa que alguém havia esquecido um poço aberto e acho que eu sabia quem era esse alguém.

O telefone tocou e hesitei um pouco para atender pois haviam chances grandes de eu ouvir "Sete Dias" novamente.

–Alô?! - falei quando finalmente atendi a ligação e suspirei de alívio ao ouvir a voz irritada da Sra. Lambert. - Sua mãe, e ela não está nada feliz.

Entreguei o telefone à Dalton.

–Agora? (...) Mas...

Podia ouvir perfeitamente os berros da Sra. Lambert do outro lado da linha.

"Sem 'mas', pode vir embora AGORA! Seu quarto está uma zona total e sem video-game por uma semana!"

–Tá, tá! Já vou, tchau - ele disse e desligou a ligação, eu apenas ri.

–É melhor você voltar escoltado pra casa, acho que sua mãe está prestes a cometer um assassinato - eu disse.

–Engraçadinho.

Assim que Dalton foi embora subi para o meu quarto e me joguei na cama. Eu precisava ter uma conversa séria com Arya. E se ela soubesse da história toda?

Estava quase adormecendo quando ouvi uma melodia baixinha de piano. Reconheci a música e sabia quem a estava tocando.

"Round we go

The world is spinning

And when it's stopped

It's just beggining

Sun comes up

We live and we cry

Sun comes down

And then we all die"

O som do piano parou e ouvi uma risada aguda vir do banheiro seguida do barulho de água corrente. Levantei-me para ver se era só a minha imaginação mas logo que abri a porta encontrei o cômodo totalmente inundado e água transbordando da pia. Entrei para fechar a torneira e a porta se fechou com um estrondo.

–Não adianta fugir Aidan - disse a voz distorcida de Samara. - Não para.

Virei para trás e, assim como imaginei, lá estava ela, parada com um insano sorriso estampado no rosto.

–Por que continua fazendo isso? Deixe-me em paz, deixe Arya em paz! - gritei e dei um passo para trás quando ela se aproximou mais.

–Arya? - disse e riu. - Ela não é tão burra e ingênua quanto você pensa.

–O-o quê v-você quer dizer com isso? - eu disse xingando a mim mesmo em pensamentos por gaguejar.

Samara agarrou meu pulço e o apertou com força, senti minha pele queimar sob a dela.

–Aquela garota se faz de boazinha e boba mas possui mais segredos do que você consegue imaginar - ela disse e finalmente me soltou, deixando apenas uma queimadura vermelha no formato de sua mão.

–Pare de ser burro e não se iluda, tome cuidado.

–E-espere... - falei mas Samara já havia desaparecido.

Não sei se estava ficando louco ou querendo demais mas tinha a sensação de que Samara não queria me matar, muito pelo contrário. Parecia que ela estava tentando me ajudar.