–Isso é mesmo necessário? - perguntei enquanto Rachel puxava minhas cobertas.

–E desde quando escola deixou de ser importante? - falou. - Anda logo, Aidan- ela me olhou com um olhar mortal e eu sabia que se não levantasse naquele exato momento, Rachel passaria de mãe inofensiva a assassina.

–Tá bom, tá bom! Já estou indo! - sentei na cama e fiquei pensativo por um momento.

Ainda não tinha contado à Rachel sobre os sonhos (pesadelos) que estava tendo consecutivamente. Não olhei para os meus braços, mas sabia que estavam lá: as malditas marcas da mão de Samara.

Por que isso tudo tinha que voltar? Já faziam duas semanas que esse inferno tinha recomeçado.

–O que foi? - perguntou me tirando dos meus pensamentos, quase (eu disse quase) me assustando.

–Nada, só estou meio dormindo- respondi dando um sorriso.

–Então é bom acordar logo - disse e saiu do quarto esbravejando algo que não entendi e achava melhor não entender.

Fui para o banheiro trocar de roupa, seria um dia longo na escola. Ah é, né... esqueci de mencionar que não tenho amigos naquela porcaria. Por que? A maioria diz que Rachel fez pacto com o demônio e a minoria gosta de acreditar nisso. Eu pouco me importo, sempre me dei bem comigo, eu e eu mesmo.

Desci as escadas para tomar café e assim que sentei na cadeira Rachel me expulsou.

–Tchau, Aidan!

–Mas eu ainda nem...

–Demorou na cama porque quis - disse e eu revirei os olhos.

–Tchau, Rachel - dei um beijo na bochecha dela, peguei a mochila e saí.

O dia estava ensolarado e nublado ao mesmo tempo. Meio confuso, eu sei mas foi a única descrição que encontrei. A escola não era tão longe então eu ia a pé mesmo.

Cheguei em menos que quinze minutos, o professor ainda não estava na sala. Segunda-feira, primeira aula de química... como a vida é linda. Sentei na primeira carteira da primeira fileira, assim ficava isolado do resto da sala. Se é que aquilo podia ser chamado de sala, parecia o caos: as meninas gritando sobre quem era o menino mais bonito da escola (é claro que eu não fazia parte deles) e os outros imbecis gritando sobre quando seria o próximo jogo.

–Silêncio, por favor.

Ouvi a voz irritante da Sra. Silver, a diretora daquele inferno, e olhei para frente.

–Temos uma nova aluna na classe, sejam receptivos com ela - a velha disse.

Ahh... eles não seriam.

A garota entrou pela porta e se sentou atrás de mim. Tinha longos cabelos pretos e olhos castanhos. Essa aparência me era familiar e eu preferia não lembrar o porquê.

O sr. Evans, professor de química, entrou na sala já escrevendo na lousa as páginas do livro que devíamos ler e responder as perguntas. Amber e Selenne olhavam na direção da aluna nova como se pudessem fuzilá-la com os olhos e a coitada da garota mal sabia no fim de mundo que viera estudar.

O sinal tocou para o intervalo e primeiro esperei os apressados correrem para depois sair da sala como uma pessoa normal.

Sentei sozinho no refeitório, mas por pouco tempo. A aluna nova olhou para os lados parecendo perdida mas depois veio até a mesa em que eu estava.

–Posso me sentar aqui? - perguntou, sua voz era fina mas não irritante como das outras meninas.

–Sem problemas - respondi, sério. Mas não era culpa minha, não sabia me relacionar com outras pessoas além de Rachel. - Veio de que escola?

–Ah, eu era de Seattle e antes era de Nova York e antes dessas duas morava em Washington - disse dando meio sorriso.

–Muda sempre de cidade? - perguntei, até que estava indo bem em puxar assunto. Eu acho.

–Pois é... Isso não para.

Congelei. A maldita frase. Não para.

–Algum problema? - perguntou. - Se eu estiver te incomodando posso sentar com outra pessoa é só que parece que as outras garotas não gostaram muito de mim.

–Não, está tudo bem - sorri. - Só parece que te conheço de algum lugar e não se preocupe com aquelas garotas, elas nunca gostam de ninguém.

–Abrindo exceção para jogadores de futebol.

–Isso é claro - nós rimos. - Sou Aidan Keller.

–Ah, desculpe, Arya Morgan.