Mais uma semana de gravações e Rachel decidiu aproveitar o final de semana para comemorar o aniversario de Alice. Com apenas dois anos não havia necessidade de grandes festas, ela não lembraria mesmo. Então a morena apenas reuniu a família em seu apartamento para comemorar. A única coisa com que a garotinha se importava era com o tamanho e a cor dos pacotes de presente. Sua teoria era de que quanto maior e mais colorido melhor.

Quinn estava oficialmente morando com Rachel de forma temporária. Era divertido morar com outras pessoas. Em LA morava sozinha e às vezes era bem monótono chegar em casa e não encontrar ninguém.

A amizade com Rachel se fortalecia a cada dia, assim como com Blaine e, por mais incrível que pareça, com Jesse. Os quatro passavam muito tempo juntos no set.

Assim, no sábado à tarde, estavam Rachel, Quinn, Kurt, Blaine, Jesse, Shelby, Beth, Hiram, Leroy e Margareth e Steve, pais de Brody, comemorando o aniversario da pequena Berry.

Rachel e Margareth sempre se deram muito bem, a mulher ligava varias vezes por semana para saber da neta e falar com ela. Quando Shelby não podia ficar com a menina, era com a avó paterna que Alice passava o dia. O avô era tão babão pela menina quanto o pai costumava ser.

Hiram e Leroy não ficavam muito atrás, o único empecilho era a distancia, mas sempre que possível estavam em NY para passar alguns dias com a filha e a neta. Contudo, já estavam cansados da distancia e muito dispostos a mudar para a cidade.

“Vem aqui Ali.” Kurt estava ajoelhado no tapete da sala com uma enorme caixa cor de rosa com desenhos de ursinhos. Quando Alice viu a caixa correu em direção ao padrinho.

“Nunca pensei que veria Kurt Hummel, com suas roupas de grife, ajoelhado no chão.” Quinn comentava com Rachel enquanto as duas observavam todos interagindo na sala.

“Ele adora a afilhada.”

“Isso é visível. Ele e Blaine não querem ter filhos? Eles parecem tão à vontade com ela.”

“Blaine não vê a hora, mas Kurt acha que ainda são muito novos, quer curtir um pouco a vida de recém casados.”

“Mas eles não tem já quase dois anos de casados?” Ela estava confusa com a declaração.

“Deve ser uma coisa de gays, por que até hoje meus pais agem como recém casados.” Rachel brinca.

“Só se for de homens, porque mulher depois do primeiro encontro já vai morar junto, planeja casamento e filhos.” Quinn continua fazendo a morena rir.

“Estamos atrasadas então, você já está morando comigo e não tivemos nosso primeiro encontro ainda.” Rachel provoca segurando o braço da amiga que consegue demonstrar todo seu talento dramático ao permanecer neutra com a brincadeira.

“Hei, vocês duas vão ficar ai ou vem pra festa?”

“Estamos indo Blaine.” Quinn afirma e se aproxima de Alice que estava brincando com um enorme urso que havia ganhado dos padrinhos, mas ao ver a loira arrasta o brinquedo até ela.

“Rachel, seu pai e eu andamos vendo alguns apartamentos por aqui.”

“Vocês tem certeza de que querem vir pra cá? Você vai conseguir deixar o hospital de Lima?”

“Vou sentir falta de lá, mas ficamos tanto tempo longe de vocês duas, enviei alguns currículos para os hospitais aqui.” Hiram contava.

“Pai, você sabe o quanto sentimos a falta de vocês também, mas você e o papai têm uma vida em Lima, carreiras excelentes. São reconhecidos e muito valorizados.”

“Não quer que venhamos para cá, Estrelinha?” O homem perguntava sincero. Desde que ele e o marido começaram a pensar em mudar para a cidade a filha se colocou contraria.

“De maneira alguma pai, eu amo muito vocês dois. Só acredito que com o tempo vocês não tenham mais paciência para a cidade. Da ultima vez que vocês ficaram aqui por um período maior, papai não agüentava mais o transito e a neve no final da primeira semana. São coisas que não vão mudar na cidade.”

“Nós queremos acompanhar o crescimento da Alice, da sua carreira e ver você se tornar cada vez mais a bela mulher que tem sido.”

“Eu respeito isso pai, você sabe disso. Posso tentar ir para Lima mais vezes, vocês podem vir mais. Com o tempo Alice poderá até ir sozinha. Nos falamos pelo Skype duas vezes por semana. Pensem com muita cautela sobre mudar a vida de vocês para cá.”

“Estamos apenas fazendo uma pesquisa, não compramos nenhum imóvel ainda.”

“Faça um teste papai, nas próximas férias aluguem um apartamento por aqui e vejam como vão encarar a vida nova iorquina.” Ela sugere sorrindo. “Quem sabe um apartamento no mesmo andar? Teremos nossa própria versão de FRIENDS.” Isso faz o homem rir.

“É uma boa sugestão.”

“E não façam isso na primavera, nessa época NY é perfeita, venham no inverno. Chega a ser um caos quando neva muito.”

“Vou conversar com seu pai. Agora vamos voltar para a festa daquela criaturinha perfeita.”

“Não a chame de criaturinha.” Rachel bronqueia. “Quinn chama a Alice de princesa.” Conta pensativa enquanto observava a filha correr pela sala.

“Isso é ruim?”

“Não. Eu acho fofo. Brody a chamava assim.”

“Eu lembro.” Ele confirma e observa a filha que só parou de correr ao se jogar no colo de Quinn.

“Nunca tive coragem de chamá-la assim, achava que era o apelido do pai dela. Mas quando Quinn o faz os olhinhos da Ali brilham. Ela não lembra que o pai a chamava assim, mas é muito fofo ela se dar tão bem assim com uma pessoa que até outro dia ela não conhecia.”

“Não estou entendendo aonde você quer chegar.”

“Lugar nenhum pai, foi apenas um comentário.” Rachel garante e segue para a sala.

A morena vai até o sofá e levanta a filha do colo da amiga e começa a fazer cosquinhas em sua barriga, causando um ataque de risos na menina.

“Que tal cantarmos parabéns?”

“Pabens?”

“É meu amor, e comer bolo.” Ela complementa.

“Humm.” Alice sorri imitando o sorriso da mãe. Quinn que permanecia no sofá registra o momento com o celular.

Todos seguem para a mesa. Como qualquer criança, Beth corre para ficar perto do bolo na hora dos parabéns. Alice estava animada em pé sobre a cadeira enquanto todos batiam palmas. Na hora de assoprar a velinha Beth a ajuda. Leroy e Quinn não paravam de tirar fotos, querendo registrar todos os momentos.

Depois do bolo e brincar mais um pouco Hiram e Leroy levaram a aniversariante para tomar banho e dormir, enquanto os outros permaneciam na sala.

Os pais de Brody já haviam saído, assim como Shelby que levara Beth para casa. Blaine estava limpando os papeis do chão e levando os presentes para o quarto da afilhada, Jesse e Quinn conversavam no sofá, e Rachel e Kurt arrumavam a cozinha, o que a loira imaginava ser um código para conversa de melhores amigos, já que pelo que conhecia da morena sabia que essa não era sua atividade preferida.

“Está na minha hora.” Jesse afirma levantando do sofá.

“Algum evento social St. James?”

“Baladinhas top, Fabray. Quer vir?”

“Não, esse não é muito meu estilo.”

“Qual? Bebida, música boa e pessoas bonitas?”

“Não sou fã de balada, muita bagunça.”

“Ahh, que isso Fabray, não seja velha.” Ele provoca. “É divertido.”

“Vou ficar aqui com Rachel.”

“Entendi.” Ele dá um sorrisinho e vai até a cozinha se despedir de Kurt e Rachel. “Até segunda.” O homem volta a sorrir para Quinn e então sai do apartamento.

A loira levanta e começa a organizar a sala, limpando o que ainda estava fora do lugar. Poucos minutos depois Rachel aparece com Kurt. A morena com uma terrível cara de choro e o estilista com a mão no ombro da amiga.

“Ali vai ficar maluca amanha com tantos brinquedos novos.” Blaine comenta vindo do quarto da menina. Hiram e Leroy logo atrás dele.

“Vou dar um beijo na minha bonequinha e podemos ir, amor.” Kurt diz.

Rachel olha para os pais com um sorriso tímido, e eles retribuem o gesto.

“Você precisa de alguma coisa querida?”

“Não papai, estou bem. Logo vou me deitar.” Ela assegura.

“Quinn obrigada por ceder seu quarto.”

“Não há problema algum, falei para Rachel que se ela preferisse, eu poderia ir para o hotel, não quero atrapalhar vocês.”

“E eu cansei de responder que você não volta para o hotel enquanto puder ficar aqui. Meus pais vão ficar no seu quarto e você dorme comigo.”

“Rachel eu posso ficar aqui na sala, não tem problema.” Quinn tenta argumentar.

“Melhor não nos metermos nisso, boa noite.” Leroy fala puxando o marido para o quarto de hospedes.

Blaine e Kurt saem do quarto de Alice e se despedem dos pais de Rachel no caminho.

“Tchau minha querida, se precisar de qualquer coisa me ligue.”

“Pode deixar Kurt, obrigada.” A morena o abraça e em seguida abraça Blaine. Os dois então saem.

“Você quer conversar?” Quinn pergunta, sabia que a amiga não estava nada bem.

“Se incomoda de irmos deitar? Podemos conversar no quarto.”

“Claro. Vai indo.” Rachel concorda e vai para seu quarto. Quinn tranca a porta, apaga as luzes da sala e vai se preparar para dormir.

20 minutos depois Quinn está sentada na cama e Rachel com a cabeça em seu colo.

“Quando Brody morreu nos não estávamos muito bem, vínhamos brigando muito e tenho certeza de que não ficaríamos juntos por muito mais tempo. Ele era um excelente homem, me respeitava, me valorizava, mas não ia dar certo por mais tempo. Eu nem deveria estar tão chateada hoje.”

“Rachel se me permite dizer, você sempre foi uma pessoa segura, que sabia o que queria. Foram poucas as suas atitudes sem pensar. A pior talvez tenha sido a idéia de casar com o Finn, mas...”

“Hey, não precisamos lembrar de mais um namorado meu que morreu.” As lágrimas pareciam aumentar.

“Desculpe, não quis te chatear.”

“Tudo bem.” Ela garante, sabia que Quinn não teve intenção de lhe aborrecer.

“Se hoje você diz com segurança que vocês não teriam futuro, tenho certeza de que era o que você também pensava na época. Você não esta triste pela ausência do namorado Brody, e sim do pai. O que está te chateando é não ter o pai da sua filha ao lado dela no aniversario. É saber que Alice vai crescer sem fotos clássicas dos pais ao lado dela na hora dos parabéns.” Quinn acariciava os cabelos da morena que parecia se acalmar. “Mas não se preocupe, essa linda princesa vai crescer sabendo que é muito amada, que o pai a amava muito. Você nunca vai deixá-la pensar o contrario. Seus pais não vão deixar, ou os pais de Brody, ou Kurt e Blaine.”

“Ele era apaixonado por ela. Brody poderia estar tendo o dia mais terrível, mas era só falar nela que seus olhos brilhavam.”

“E ela vai saber disso.” Rachel concordava com a cabeça, ela nunca permitiria que a filha esquecesse-se do pai. Havia varias fotos espalhadas pela casa.

“Hoje Alice nem percebeu que Brody não estava aqui. Ela é apenas uma criança, a única coisa que percebeu é que ganhou muitos brinquedos novos. Durante a festa ela era a criança mais feliz do mundo, ela se sentia amada, ainda que não faça idéia disso. Quando for mais velha e perceber a ausência do pai nas fotos é que ela vai sentir falta. Mas hoje ela estava feliz, e é só isso que você deve pensar. Sua filha é uma criança saudável e feliz.”

Rachel estava visivelmente mais tranqüila. Durante a noite havia conversado com Hiram, Leroy, Shelby, Kurt e Blaine sobre o mesmo assunto, porem nenhum conseguiu fazer com que ela se sentisse leve dessa maneira. Quinn tinha razão. Alice estava feliz, nada mais importava. Pelo menos não hoje.

“Deixa te mostrar uma coisa.” A loira pegou o celular ao lado da cama e abriu a galeria de fotos. “Olha isso.” Na imagem Rachel estava com Alice nos braços, as duas sorriam, seus olhos brilhavam. Era clara a felicidade estampada em seus olhares.

“Ela está feliz.”

“Muito. Fique feliz por ela.”

“Muito obrigada Quinn. Ter você aqui tem sido ótimo.”

“Digo o mesmo Rach, conviver com você e Alice tem sido maravilhoso. Ainda mais por que tenho contato quase que diário com Beth.” Ela estava radiante por poder passar tanto tempo perto da filha.

Rachel senta na cama e dá um beijo no rosto da amiga.

“Boa noite, Quinn.” Então deita e se cobre. Quinn segue os passos da amiga, desligando o abajur em seguida.

“Boa noite, Rachel.”