A Filha das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 43
Capítulo Quarenta e Três


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, porém estou estudando muito esses últimos dias, porém aqui está o novo capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/483398/chapter/43

A viagem fora assombrosamente silenciosa, Draco fingia ver a paisagem que passava pela janela e Belinda desenhava furiosamente em seu caderno de desenho, a mão negra de carvão e os olhos perdidos em uma dor angustiante.
Draco sentiu o trem parar e se colocou de pé, notando o quão rápido fora a viagem ou talvez tenha parecido por estar com a mente tão distante. Belinda se ergueu logo após guardar seu material de desenho, os jovens caminharam para a plataforma e encararam a carruagem os aguardando.
–Eu preciso andar um pouco. —Disse ela e sentiu como a garganta estava seca.
–Vamos.
Draco a puxou em direção ao castelo, porém ignorando a carruagem.
–Eu não irei jantar. —Comunicou ela quando estavam a meio caminho de Hogwarts.
–Tudo bem. —Concordou ele. —Estou cansado e planejando ir pro quarto também. —Ela assentiu.
–Irei pra Torre de Astronomia. —Suspirou. —Quero pensar um pouco.
–Claro. —Draco sabia não adiantaria oferecer companhia, ela precisava daquele momento, assim como ele.
O resto do caminho fora feito em silêncio.
Belinda notou os corredores quase vazios ao entrar no castelo, aquela hora a maioria estava no Grande Salão, aproveitando um dos incríveis jantares de Hogwarts.
–Nos vemos amanhã. —Disse ela para o loiro, que assentiu.
–Boa noite, Bell.
–Boa noite. —Draco a viu sumir, caminhando rapidamente para a Torre de Astronomia.
Malfoy suspirou e logo se dirigiu para seu quarto, não estava disposto a ter que falar com ninguém.

Belinda caminhava rápido para a Torre de Astronomia, somente queria esquecer o que Mark fizera, esquecer de sua existência e esquecer quem ela encontraria no dia seguinte. Ela dobrou um corredor no sexto andar, não queria mais ir para a Torre tão conhecida, não estava querendo ser descoberta ali e mesmo Draco não seria uma boa companhia naquele momento, ele a conhecia demais e tinha tantos problemas quanto ela, chorar em sua presença não o ajudaria em coisa alguma.
Belinda bateu de frente com alguém, que a segurou antes que fosse de encontro ao chão. A menina reconheceu o perfume antes mesmo de escutar um leve riso e ouvir sua voz.
–Devemos parar de nos encontrar assim, Lestrange. —A menina ergueu os olhos e encarou o verde calmo dos olhos do rapaz.
–Não foi exatamente intencional. —Tentou brincar.
Taylor a encarou por um momento longo, os olhos inteligentes analisaram o rosto da menina.
–Vamos sair daqui. —Disse ele, estendendo a mão.
Belinda sabia que aquele ato pedia sua permissão, ele estava oferecendo sua companhia, mas deixando claro que ela poderia recusar. Lestrange encarou a mão do rapaz por um momento e depois a segurou.
Taylor a levou para o fim do corredor do sexto andar e depois virou em uma esquina qualquer, entraram em uma sala grande, porém vazia e logo ele a levava para uma portinha que ficava atrás de um quadro de frutas, no fim da sala, subiram uma escada pequena, ao chegarem ao topo deu passagem para ela.
Belinda encarou a Torre onde se encontrava, era menor dos que as que costumava frequentar com os amigos, porém grande o suficiente para uma festa com várias pessoas. O teto era extremamente alto, a janela imensa dava visão ao Lago Negro, o chão de pedra escura era liso e lustroso.
–Como você descobriu esse lugar? —Questionou ela, indo para a murada de proteção da janela e se apoiando ali.
–Não lembro direito, só sei que foi no meu primeiro ano. —Bell olhou por sob o ombro, ele estava encostado casualmente na parede, próximo a janela e a encarava. —Eu... Não estava bem nesse dia. —Deu de ombros. —E andava distraído, acabei encontrando esse lugar e logo em seguida notei que ninguém mais sabia da existência, então meio que o tomei pra mim. —Ela deu um sorriso pequeno.
–É um lugar lindo.
–É sim.
Taylor se colocou ao lado da menina após alguns minutos, o som do vento era a única coisa que se ouvia. Bell o encarou por um momento e o viu encarando o Lago Negro, lhe dando toda a privacidade que ela precisava, o rapaz a olhou e deu um sorriso pequeno ao notar sua atenção.
–Foi um fim de semana horrível. —Confessou a garota e ele aguardou. —Fui arrastada para a pior parte da minha infância. —Suspirou e olhou para o Lago. —O jantar foi exatamente como eu tinha previsto, Draco e eu demos boas gargalhadas pelas costas dos Malfoy e Pierre, os feitiços que você e eu achamos naquele livro saíram do jeito que eu queria. —Suspirou novamente e voltou a falar, um pouco mais baixo que antes. —Como a casa estava infestada de ratos e aranhas, acabamos indo pra minha casa, um lugar que evito ir... Porém concordei, era só uma noite e logo Draco e eu estaríamos de volta a Hogwarts. —Ty a viu balançar a cabeça de forma negativa e cansada. —Meu... padrinho estava lá, não sei fazendo o que, mas estava, nem mesmo os Malfoy ficaram satisfeitos com a presença dele. —Ela o olhou e notou que ele a encarava. —Meu padrinho é um lunático de primeira linha.
Belinda suspirou mais uma vez e Ty segurou a mão dela, apertando levemente, lhe passando segurança e confiança.
–Mark fez coisas horríveis, mas nunca conseguiram provar nada contra ele. —Sussurrou. —E quando ele... fez algo que poderia finalmente acusa-lo, fugiu e passou muitos anos longe, fiquei sem vê-lo por vários anos e do nada descubro que ele está na minha casa, apareceu do nada e decidiu que não havia me feito mal o suficiente da última vez. —Belinda sentiu as lágrimas escorrerem e soltou o ar lentamente, tentando se acalmar. —Ele quer destruir minha vida, essa é a verdade. —Um soluço baixo lhe escapou e Taylor a puxou para seu peito. —Ele afasta a todos de mim.
Taylor a prendeu em seus braços por um longo momento, ela não soluçou mais, porém chorou e ele ainda sentia suas lágrimas caírem e molharem sua camisa, porém estava preocupado demais com ela para se importar com amenidades.
Belinda se afastou um pouco do rapaz e o encarou, ele não a olhava com pena como ela temia, somente havia preocupação em seu rosto, ele secou as lágrimas do rosto da menina com calma e por fim a encarou.
–Se vale de algo —Ty disse com calma. —eu estou e vou ficar aqui com você.
Belinda sentiu algo estranho se remexer dentro dela.
–Se você fosse tão inteligente como dizem que os Corvinais são, não ficaria. —Taylor deu um sorriso preguiçoso e sem diversão.
–Provavelmente eu não sou tão inteligente assim então.
Belinda deu um passo pra frente e o abraçou.
–Por que você ficaria? —Perguntou em um sussurro.
A verdade é que Lestrange sempre temeu se apegar as pessoas e com a volta de Mark o medo só ampliou, porém o fato de Taylor dizer que ficaria depois de escutar aquilo sobre Mark, mesmo que ela não tivesse especificado o que, a deixava contente e isso era preocupante.
–Porque você dá desconto quando compro alguma das pegadinhas dos gêmeos. —Sussurrou e Bell não conseguiu evitar sorrir.
–E eu achando que era por minha causa. —A voz tinha uma nota de diversão, pela primeira vez desde que se encontraram, notou ele.
–Está se achando demais. —Respondeu com um risinho. —Mas talvez eu goste um pouco de você, mas só um pouquinho.
Belinda sentiu um sorriso involuntário nascer em seus lábios e se afastou para olha-lo.
–Obrigada. —Ele fez uma caretinha engraçada. —Você sabe que fez algo sim.
–Não precisa agradecer.
Belinda encostou a cabeça no peito do rapaz.
–Só aceita e não reclama. —Disse ela e bufou. —Obrigada de verdade, eu... Só obrigada.
–É pra isso que servem os amigos.
–Que bom.
Belinda sentiu uma pontada no peito. Seus amigos estavam em perigo graças a ela e ela nem sabia como os encararia depois do que acontecera. Marcos, como ela agiria... A menina calou aquele pensamento.
–O que você estava fazendo quando me encontrou? —Quis saber ela, se encostando na murada de proteção e o encarando.
–Eu costumo vir muito aqui quando quero pensar. —Deu de ombros.
–O silêncio daqui é bom. —Concordou.
–Sem dúvida. —Ele sorriu.
–Como foi o fim de semana aqui?
–Normal. —Ele deu de ombros. —Pirraça jogou balões e mais balões de tinta no Filch... Até agora me questiono como ele conseguiu tanta tinta.
Belinda deu um sorrisinho, sabendo exatamente de quem era a culpa.
–Eu tenho uma leve noção.
–Claro, os gêmeos. —Disse ele sorrindo. —Como é que não pensei nisso antes?
–E o que mais?
–Pirraça pendurou Madame Norra em uma daquelas estátuas imensas de perto da entrada e o Filch ficou louco da vida, gritando com todos para tirarem ela de lá, mas ninguém fez nada, além de rir, até que a professora McGonagall chegou, aí ela a tirou de lá.
–A culpa disso é minha. —Falou ela e ele ergueu uma sobrancelha, a fazendo dar de ombros. —Eu falei com o Pirraça antes de ir...
–Espera. —Pediu ele surpreso. —Você consegue conversar com ele?
–Só me atrevo quando estou com Freddie e George.
–Isso não me surpreende. —Ela assentiu.
–Mas pedi ao Pirraça que amarrace a Gata-Maldita em algum lugar que Filch conseguisse ver, mas não pegar, pena que não presenciei. —Deu um sorriso de canto, mas não era muito verdadeiro e Taylor percebeu.
–Um garoto da Grifinória tirou fotos.
–Acho que sei quem foi.
Belinda e Taylor conversaram por um longo tempo, até que decidiram que era tarde demais e deveriam ir para seus Salões Comunais. Caminharam juntos até a entrada da Torre da Grifinória.
–Nos falamos amanhã? —Ele quis saber e ela sorriu.
–Se fosse esperto fugiria.
–Pena que não farei isso. —Ele se inclinou e deu um leve beijo nos lábios dela.
Belinda sorriu levemente e deu um beijo de volta, mais profundo que o primeiro.
–Boa noite. —Disse ela, ainda com as mãos em sua nuca.
–Pra você também.
–Que casal fofo. —Mulher Gorda zombou e Belinda bufou.
–Boa noite pra você também, Mulher Gorda.
Taylor sorriu e começou a fazer o caminho para seu quarto.
–Nem apresentou o namorado.
Belinda ignorou, deu a senha e passou pela entrada assim que conseguiu. Quando entrou no Salão Comunal, viu os gêmeos conversando tranquilamente com Murilo, que ergueu os olhos e a encarou.
–Lestrange. —Os gêmeos sorriram pra ela, que sorriu de volta sem muita vontade.
–O que aconteceu? —Murilo exigiu e ela se encolheu levemente.
Belinda suspirou e mordeu o lábio inferior.
–Eu...
–Você tá horrível. —Belinda deu de ombros e encarou o amigo que descia as escadas. —E parece que não dormiu nada na última noite.
–Na verdade dormi, só não bem.
Ele balançou negativamente a cabeça.
–Você tá da cor do Nik-Quase-Sem-Cabeça.
–Na verdade ele tá com mais cor. —Freddie falou.
–Então não fui só eu quem percebeu.
–Calado. —Disse ela e deu um sorriso pequeno.
Marcos riu e bagunçou seu cabelo, Bell jogou os braços em volta de seu pescoço e ele riu de novo.
–Isso tudo é saudade, Lestrange? Só ficou fora dois dias, imagina nas férias.
Belinda queria rir, mas recordou do maldito pesadelo. Só em pensar que poderia perder um de seus melhores amigos, a dor do sonho retornava e a atormentava.
–Foi um fim de semana difícil e senti a falta dos meus idiotas preferidos. —Disse ela.
–Então por que só ele ganha abraço? —Murilo bufou.
–Você brigou comigo quando cheguei.
–Briguei porque você não apareceu no jantar e você não é de perder o horário das refeições. —Ela sorriu e foi até ele.
Belinda sentou entre os gêmeos e começou uma conversa leve com os quatro rapazes. Ela lembrava do pesadelo cada vez que encarava aqueles lindos e brilhantes olhos verde-azulados, mas decidiu passar por cima, Mark morreria antes de tocar em um de seus amigos.
Belinda relaxou no decorrer da noite e era quase manhã quando pararam de conversar e rir e foram para seus quartos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí?
Gostaram? Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.