POV Gale:
NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! Ela, NÃO! Não entendo como alguém pode amar uma pessoa inconsciente e sem noção, talvez seja mais uma das loucuras do nosso mundo.

Acabei de passar a noite com uma garota, eu não precisava de outra. Não, eu realmente não precisava! Por quê? Eu não mereço essa vergonha... essa... mãe!

Chegando em casa. Indo falar com o meu velho. Mas não, eu tive o desprazer de vê-la conversando com as vizinhas. Johanna e sua mãe. As putas se juntando. Johanna assim que me viu, imediatamente me chamou:

— Gale! - Fingi que não as tinha visto, mas é claro que Johanna foi até mim.

— Gale, você é surdo?! Sua mãe está aqui. Ela confundiu nossa casa com a su...

— Ah, deve ser porque vocês combinam em absolutamente tudo. - ri.

— Como um pai tão legal como o seu pode ter um filho assim, que trata até a própria mãe mal. Sua mãe não é assim porque quer!

— Isso não é da sua conta!

— Você querendo ou não. Aceitando ou não. Ela é a sua mãe! Vou falar com o seu pai mesmo. - deu alguns passos em direção a minha casa porém ainda disse - Admiro seu pai, Gale. Independente do que quer que seja, ele sempre amou. Ele ama de verdade, você e ela. É uma coisa que sempre foi difícil de ver e de entender. Eu queria ter um pai como o seu, e quero um dia ser como o seu pai. Aprenda com ele.

— Meu pai é um corno manso! Eu não quero sofrer mais do que eu e ele já sofremos!

Senti uma mão no meu ombro que logo sumiu e então vi que era o meu pai indo em direção a casa de Johanna. Ele não falou nada, nem eu. Saí imediatamente dali. Não suportava mais.


POV Finnick:

— Bom dia, meu docinho, lindinho, meu diamante humano lapidado!

— Mãããe! É domingo! Me deixa dormir! Ah, e eu sei que sou tudo isso e muito mais do que você falou. Olha, olha, são só 11:00 da manhã!

— Finnickão! Eu preciso que você faça um favor pra única mulher da sua vida!

— Ah, tá, tá! Você já me acordou mesmo! O que foi?

— Bom... é um assunto um pouco delicado. Tem uma aluna na sua escola... ah, inclusive é uma colega de classe sua. Não lembro o nome dela... ah! Você sabe como tenho memória ruim pra nomes de pessoas, enfim, a avó dela pinta quadros pra se distrair, um tipo de atividade. Ela tem alzheimer. Ela pinta muito bem! O quadro que tem lá na sala, ela que fez. A neta dela disse que ela sempre fez isso e que de alguma forma isso ajuda ela a se lembrar algumas vezes de algumas coisas. Quis muito outro quadro dela, e ela fez. Você vai lá busca-lo pra mim, tenho hidroginástica agora. Sabe né, manter o corpitcho!

— Tá legal, vou indo lá.

— Ah, querido. A mocinha não quer falemos sobre o problema da avó dela e etc. Não quer o pessoal da escola enchendo o saco dela por ela cuidar da avó. Não comente isso com os outros, filho! É um assunto sério.

— Eu sei mãe a hora de brincar e de me comportar. Quer que eu compre pão de leite?

— De jeito nenhum! Estou chegando nos quarenta, quero ser uma velha inteiraça!

Minha mãe me deu o endereço e logo saí. Nunca soube que havia alguém que tinha uma avó com alzheimer. E olha que eu conheço o segredo de muita gente na escola, senão de quase todos. Mas parece que os segredos mais secretos não conseguem me evitar. Eu atraio segredos.

Cheguei na casa. O portão estava aberto. Uma casa simples. Portão baixo, com algumas plantas, e parecia ser térrea. Era uma casa antiga. Ao contrário das outras que eram mais modernas.

A porta também estava aberta e então entrei.

— Olá, vim buscar o quadro. - disse.

Silêncio. Chamei outra vez e ninguém disse nada. Fui andando até a cozinha até que...

— AAAAAHHH!

Dei um berro com o que vi. Ouvi passos atrás de mim e vi Annie, ela não disse nada. Parecia tão em choque quanto eu.

Era a avó dela. Estava estirada no chão, estava morta.

POV Gale:

— Cara, você devia perdoar sua mãe. Johanna está certa, ela não tem culpa de ser assim.

— De que lado você está Cato? - Respondi.

— Você pediu um conselho! Se não quer ouvir é só dizer.

— Eu entendo a Johanna. Ela nunca teve um pai... - Peeta disse.

— Claro, foi dar pra qualquer um! - disse.

— Você não sabe de nada, Gale! O que todos sabem é que a mãe da Johanna teve ela ainda jovem. Não sabem nada do pai dela, como era o pai da Johanna. Se era um cara bom ou mau. Vai saber se não era como o meu pai! Só o fato de nunca ter aparecido já mostra que não era um cara bom. - Peeta respondeu me encarando.

— Você devia mudar seu olhar sujo, Gale. As coisas não são como você vê, essa sua raiva da sua mãe não resolve nada. - Cato disse.

— Eu não consigo. O pior é ter magoado meu pai por causa daquelas duas vacas.

— Fala sério, você magoa o seu pai e a Johanna leva a culpa? Ela tava tentando fazer o que nós dois aqui estamos tentando fazer há muito tempo, mas você é que não colabora. - Cato disse.

— Olha quem fala! Você não se recuperou da morte da irmã há um ano e tanto! Estamos empatados, Cato! Eu não me recuperei do fato da minha mãe ter me largado e você da May ter morrido! O Sant quer só se vingar do papai e chorar pela irmã que já virou refeição dos vermes!

Cato veio pra cima mas Peeta o segurou.

— Pelo menos eu amo alguém! E você? Quem você ama Gale? Acho que nem os amigos você ama! Nem o seu pai! Você é rude e trata mal quem se aproxima de você! Você não muda e não vai pra frente! Você vai acabar sozinho, infeliz você já é! Me solta, Peeta! - Cato disse aos berros.

— Gale, sai daqui! Vai esfriar a cabeça, vai Gale. - Peeta disse calmo, mas com um olhar meio enfurecido. Saí daquele lugar.
POV Katniss:

— Katniss, Clove, preciso falar com vocês. - Quando nossa mãe dizia isso, era porque a coisa tava pegando fogo.

Fechou a porta do meu quarto e sentou na cadeira da penteadeira.

— O pai de vocês vai casar.

— Bom pra ele. - Clove respondeu enquanto mexia no celular.

— O casamento dele é amanhã.

— O quê? Como é que é? -  Eu disse.

— Ele vai casar amanhã, às 16:00. Todas nós temos que estar lá.

— Ah, mas eu não vou mesmo! - Respondi - Como é que ele nem mesmo nos diz que está noivo, e nos diz para estarmos no tal casamento desconhecido dele em menos de 24 horas?

— Ele quer que você seja a dama de honra Katniss, junto com o primo da noiva. E todas devemos manter as aparências.

— Dama de honra! Quanta consideração... então ele fica sem ligar pra nós há quase dois meses e do nada liga pra você dizendo isso?! - Praticamente gritei.

— Vocês não têm escolha. Vocês vão e não se fala mais nisso. Vamos pegar o voo para a capital às 20:45. Se aprontem.

— Eu não vou! Eu não quero ir! Nem conheço a noiva! Não falo com ele há dois mes...

— Katniss, devemos manter as aparências! É importante para todos nós! Nem Prim e Rue agiram assim, por favor. - E saiu.

— Por que ela nunca nos ouve?

— Porque as aparências sempre foram muito mais importantes para os dois. - Clove respondeu.

— Tomara que esse casamento queime!

Pegamos o voo direto para a capital e ao chegarmos lá, já começaram a nos olhar. Éramos muito famosos na capital. Fomos direto para uma das várias mansões na capital do papai. Era onde o casamento aconteceria. Assim que entramos, papai foi direto falar conosco junto da sua futura esposa.

— Prim! Rue! Como vocês cresceram! - Blablabla, beijos e falas previsíveis.

— Katniss! Nossa dama de honra! Linda! Linda! Como sempre. Que bom que você está aqui!

— E seria possível não estar, papai? -  disse.

— Hahaha! Sempre esquentadinha! Hahaha!

— Só em ocasiões especiais. - disse.

— Bom, bom! E você, Clove! Como está escola?

— Horrível. - Clove disse.

— Como assim horrível, Clove? Não me diga que está tirando notas baixas na escola de um distrito?

— Há um bando de arruaceiros lá, pai. - Clove soltou um sorriso - E eles não têm lá muita classe no que fazem. - Também não consegui controlar o sorriso.

— Bom... essa é a Erika. A futura madrasta de vocês, hahaha!

Nos cumprimentamos e falamos de banalidades e logo eu e Clove subimos para o quarto. Não suportávamos aquele clima falso de amiguinhos. Dormimos e acordamos no outro dia. A casa estava um caos de tanta gente. Mal conseguimos tomar café da manhã direito.

— Olá garotas! Meu nome é Celina e vou me responsabilizar pelo visual de vocês. Vamos?

— Já que não tem jeito de darmos o fora desse casamento... - respondi.

Fomos escolher o vestido que cada uma usaria. Havia vários para escolhermos. Eu queria um mais curto, mas como éramos as filhas do noivo e eu ainda por cima a dama de honra, deveria ser um longo. Acabei escolhendo um verde claro tomara que caia. Porque verde é minha cor favorita. Clove escolheu um vermelho com decote em v mas nada decotado, com obreiras. Muito elegante. Preferi fazer um penteado com o meu cabelo solto, estava fazendo frio. Clove preferiu fazer um penteado com a cabelo preso num coque.

Estávamos bonitas. Uma pena que não estávamos contentes de estar lá. E mal sabia eu que tudo isso pioraria muito.

Quando descemos nenhum convidado havia chegado, mas tudo estava pronto. Nos sentamos no banco bem na frente onde ficaríamos e ficamos lá conversando até chegar muita gente.

Alguns entrevistadores vieram. É claro que tivemos que falar algo sobre o que estávamos achando do casamento.

— A comida é boa. - eu disse.

— Estou muito feliz por meu grande amigo estar se casando, finalmente, depois de tanto tempo solteiro. Espero que ele e Erika tenham lindos filhos como nós tivemos e que sejam tão felizes, exatamente como eu e ele fomos durante todo o nosso casamento. - Minha mãe disse. Eu e Clove não pudermos evitar um sorriso bem irônico.

Clove permaneceu com o seu sorriso mais sarcástico por um longo tempo até mesmo depois de responder as perguntas dos papparazi.

— E você, Clove? O que está achando do casamento?

— Magnífico. O casamento sempre é melhor para os convidados. 

— Hahaha! É isso aí! Eu sou Robert Linton, ao vivo (...)

— Clove! Katniss! Tenham modos! Isso não é nem um pou...

— Senhora Everdeen, se me permite dizer, isso é bom. Imagine a manchete nas revistas da capital ''gêmeas Everdeen dão respostas afiadas no casamento do pai'', isso vai vender mais rápido que chuva. É ótimo para o marketing!

— Me lembre de não ser como ele quando for maior de idade...

— Pode deixar, você é melhorzinha.

— Ei!

Estava tudo na medida do possível, até que tudo superou.

— Katniss? O que foi? - Clove me perguntou mas não consegui responder de imediato. Era terrível. Não podia ser verdade. Eu só podia estar num pesadelo! Marvel estava chegando.

— Como assim? O que esse desgraçado tá fazendo aqui? - eu disse. Clove virou a cabeça disfarçadamente e viu quem era. Nos entreolhamos. Ela sabia o quão eu sofri e o odiava. Bom, na verdade ela não sabia de tudo e era melhor assim. Eu preferia morrer do que ver a cara dele novamente. Olhar para o rosto dele era como voltar no tempo e sentir tudo aquilo de novo...

— Não! Não! - eu disse.

— Katniss e Clove, venham cumprimentar a família de Erika. - mamãe disse.

Clove segurou bem forte a minha mão e me deu um olhar de apoio antes de irmos até lá.

— Ah, bom! Creio que vocês já conheçam a Senhora Everdeen! - Erika disse. - Acho que vocês já ouviram falar das filhas gêmeas mais velhas dela e do meu querido! Katniss e Clove! Ah, meninas, essa é minha tia Adele Madson, e meus primos Emma e Marvel.

A mãe de Marvel, Adele, me olhou de cima a baixo. Ela me reconheceu, mas fingiu que era a primeira vez que nos víamos. Marvel fez a mesma coisa.

Após diálogos tediosos sobre os assuntos de sempre, Erika disse:

— Então, Katniss, será você a dama de honra que levará as alianças com Marvel, certo?

Eu queria dizer não. Mas fui imobilizada por tudo o que estava sentindo com aquele horrível reencontro. Fomos nos afastando e fomos até o banheiro.

— Clove, eu não vou fazer isso! Eu não consigo! Por favor...

— Tudo bem Kat, eu vou.

Nos abraçamos e quando minha mãe chegou, que não demorou muito, fingi que não estava passando bem.

— Vocês não vão estragar esse casamento! Katniss, você va...

— Não se preocupe, mãe, eu vou. Você não vê que ela realmente não está passando bem?! - Clove foi bem grossa, mas foi ouvida. Eu não estava com uma aparência tão boa assim. As cores desapareceram da minha pele. Mamãe acabou se convencendo. Porém havia alguém que não se convenceria: Marvel.

Como eu poderia entrar de braços dados com o meu ex que já me fez mal suficiente para a vida inteira?

Não cheguei a ver a cerimônia e aquele blablabla de ''você a aceita como esposa''. Tomei alguns comprimidos e logo voltei para a festa. Me perguntaram se estava tudo bem, e é claro que eu disse que estava melhorando. Fiquei perto de Rue e Primm quando reparei que Marvel estava conversando com Clove e, de repente, Clove jogou a bebida nele. Clove estava com uma cara de raiva total. De repende a festa inteira parou, os paparazzi começaram a tirar mais fotos, de Marvel todo ensopado e de Clove, empurrando-os com uma cara de fúria. Será que ele contou a ela?