Parte 1: Alegrias de Verão

“As paixões são os ventos que enfunam as velas dos barcos, elas fazem-nos naufragar, por vezes, mas sem elas, eles não poderiam singrar.” – Voltaire

Percy:

Quando encontrei a Annie chorando na cama tomei um susto. Me vesti – ela estava olhando, mas resolvi ignorar isso – e fui até ela. Não perguntei nada, achei melhor deixá-la chorar.

— Annie... – Chamo-a – Você está bem? – Sempre odiei essa pergunta. Se alguém está chorando de tristeza, é porque não está bem, mas agora entendo o que as pessoas sentem quando perguntam isso.

— Não. – Ela enxuga as lágrimas. – Minha avó vai morrer! Eu vou vê-la! Minha avó vai morrer!

Eu não sabia o que o que falar nessas horas, então, a abraço.

— Annie...

Ela me interrompe, com um beijo.

— Não fale, Percy. Não precisa falar nada. Tá tudo bem.

Então eu a abraço de novo, e nós ficamos parados ali, até eu ter uma ideia.

— Annie, quando você vai visitar sua avó?

— Daqui à duas semanas. Por quê?

— Por nada.

Annabeth:

Estranho a pergunta do Percy, mas deixo para lá.

Me levanto da cama dele e vou tomar banho. De verdade, dessa vez. Talvez a água me ajude a pensar, afinal, é na hora do banho que nós tomamos as decisões mais importantes das vida, certo?

Minha vó vai morrer. Isso é um fato. Por que será que é tão difícil aceitar isso? Além do fato de que eu a amo, eu deveria saber que um dia todo mundo morrer, mas isso nunca ajudou ninguém a não ficar triste quando alguém que ela goste morreu, né?

Lavo meus cabelos e o penteio depois de me vestir. Eu sou loira, mas sempre quis ser morena. Pois é. Acho que nenhuma garota está inteiramente satisfeita com seus cabelos.

Olho pela janela e vejo que já é de noite, e mesmo ainda sendo umas seis horas, eu capoto na cama. Emoções também te deixam cansada.

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Percy:

Acordo a Annie com beijos no rosto, levando uma bandeja de coisas gostosas pra ela comer. Só pra constar: eu não estou na bandeja.

— Bom dia, Bela Adormecida. – Digo eu.

— Bom dia. E aí? Que é que tem na bandeja?

— Bem; eu, como o ótimo namorado que sou; fiz um café da manhã especial pra você. Com quase tudo que você gosta: suco de laranja, pão de queijo, misto, frutas e waffles. E ainda tem uma rosa aqui.

— Olha, que namorado prendado que eu tenho. – Ela diz, me beijando.

— Então, vamos atacar? – Eu pergunto.

— Não é só meu? – Pergunta ela, fazendo beicinho.

Vou até ela, mordo levemente esse beicinho e digo rindo:

— Gorda!

Ela me dá um tapa e me beija, depois, começamos a comer.

— Ah, e meu pai quer te conhecer.

Ela engasga e começa a tossir. Eu dou tapinhas nas suas costas até ela parar. Ela ficou vermelha de tanto tossir.

— Como assim, Perseu?

Torço nariz ao ouvir o meu nome. Não curto muito ele. Me lembra da minha mãe, que o escolheu.

— É que eu falei com ele a novidade e ele disse que quer saber quem é.

— Obrigada por me avisar antecipadamente. – Ironiza Annabeth.

— E ele provavelmente está atrás da porta ouvindo tudo. NÉ, PAI? – Digo, gritando.

Meu pai entra pela porta (n/Fire: Pela porta? Ah, não diga!), a tempo de Annabeth se cobrir. Ele é um homem moreno com olhos da mesma cor que os meus.

— Me desculpem não resisti... Aliás, sou Poseidon Jackson, mas pode me chamar de sogrinho. – Diz em seu tom divertido.

Eu coro. Esse meu pai sempre me fazendo passar vergonha. Olho para Annabeth, ela também está mais vermelha que antes – será que é só por causa da tosse?

— Er... Eu me chamo Annabeth. – Ela diz.

— Já vou indo se não me atraso. Tchau, crianças.

— Tchau! – Dizemos eu e Annabeth.

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Duas semanas depois.

Eu e Annabeth aproveitamos bastante o resto do dia e as duas semanas seguintes, já que ela iria embora amanhã. Eu não queria que ela fosse, por mais que fosse voltar logo – talvez.

Ela é a alegria pela qual sempre procurei. Minha alegria de verão. Queria que ela também fosse minha alegria pelo resto de todas as estações do ano. Para sempre enquanto eu viver.

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Parte 2: Tristezas de Verão

"Beije-me forte antes de ir/Tristeza de verão[...]
Tenho aquela tristeza de verão/Verão, tristeza de verão/Tenho aquela tristeza de verão" – Lana Del Rey.

Annabeth:

Depois de eu conhecerr o pai de Percy, nós aproveitamos muito o nosso tempo juntos, já que eu iria embora hoje.

No momento mais perfeito do meu namoro, tudo tinha que dar errado lá em Los Angeles?

— Annie... – Diz Percy, batendo na minha porta – mesmo ela estando aberta.

— Oi, Percy.

— Que horas você entra no avião?

— Meio-dia.

Três semanas. Eu tinha ficado aqui durante três semanas. Tudo foi tão... Intenso. Como se eu tivesse passado boa parte de minha vida aqui. Na verdade, eu passei A boa parte de minha vida aqui. Mas não durou muito.

E eu sei que vou voltar – tenho as férias, não quero ficar lá, perto de onde minha avó morrerá, me sentiria triste. E ainda tenho Percy –, mas é como se algo ruim fosse acontecer. Não sei quando, como, onde e nem o porquê. Mas deve ser só pressentimento (que mesmo sendo pré, não acontecerá).

Jogo os pensamentos para longe e termino de arrumar a mala, com a ajuda do Percy.

— Annabeth? – Ouço uma voz conhecida. – Esqueceu da gente?

Me viro e encontro Bianca. Ela está um pouco diferente. Cabelos maiores, olhos mais curiosos. Na verdade, esqueci de dizer que ela havia ido à Londres com o Nico. A Thalia tinha ido junto à eles.

— De jeito nenhum! Que saudades! – Eu a abraço e ela retribui.

— Cadê o resto dos vagabundos?

— Nem sei, sabe? Eles sumiram. – Onde será que a Rachel e o Will teriam ido? Hehe. E o Charles e a Silena? Eles andavam falando de um curso de moda...

— Bom, vou deixar vocês à sós. – Ela pisca e sai.

— Wow! – Exclama Percy.

— Wow!, o retorno. – Digo, fazendo Percy ri. – Isso ficou tosco, certo?

— O "Wow"?

— Não. Falo de estarmos nos tratando como se não fôssemos mais nos ver. Nós vamos. – Digo e seguro suas mãos.

— Eu sei.

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Então, eu sigo ao Aeroporto e faço tudo aquilo lá. Depois fico esperando meu vôo chegar – o que não demorará muito, se ele não atrasar.

Minhas mãos estão suando de nervoso. As únicas pessoas que vieram foram Bianca e Percy – os únicos que vi também, os outros sumiram. Será igual num filme de terror? Tô louca.

— Nervosa? – Pergunta Percy. Faço que sim com a cabeça. – Lembra que era besteira? – Ele ri. Dou uns tapas nele. – Ai! Desse jeito nem deveria ter trazido seu capuccino.

— Você traria de qualquer jeito.

— Se acha. – Olho para ele. – Ok. Eu traria de qualquer jeito.

Tomo meu café, enquanto seguro a mão do Percy e Bianca digita no celular. Viciada.

Provavelmente, meu vôo atrasou – eu acho. Mas olho meu relógio e percebo que só se passaram dez minutos.

Compro uma garrafa d'água e bebo quase toda, depois jogo o resto em cima da Bianca.

— Meu celular! – Não tinha caído no celular dela, mas sei como é esse susto.

— Viciada.

Nesse momento, meu vôo é anunciado. Odeiodespedidasodeiodespedidasodeiodespedidas.

— Annie? – Percy me chama, me viro para ele e o beijo, sem ele esperar.

— Meu Deus! Ok. Eu tô bem. – Digo e respiro profundamente.

Percy ri.

— Tenho uma coisa pra você. – Ele tira pega um embrulho vermelho com um laço da bolsa de Bianca. Agora entendo o porquê da bolsa estar com ela. – Só abra quando entrar no avião. E goste do meu presente. – Bianca dá um tapa na nuca dele e eu rio. – Do nosso presente.

Assim, sigo até o vôo, sigo as instruções, guardo as malas e você já sabe o que se faz! Tenho mesmo que descrever? (n/Leitores: Nossa!) Desculpe. Tô nervosa.

Assim que o avião decola, eu abro o embrulho, com lágrimas nos olhos, Já estou com saudades? Esse papel é do cão, cara! Ele não precisa nem rasgar, mas o presente não sai de dentro!

Depois de um tempo, consigo tirar o presente de dentro do embrulho e... Nossa... Era um livro! “Romeu & Julieta”. E tinha um bilhete: “Espere pelas surpresas”. Era do Percy.

Que surpresas?

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O tempo passou, e, quando finalmente aterrissamos, jogo meu capuz na cabeça e ligo para o meu pai. Ele deu o ponto de encontro onde minha vacadrasta estará me esperando. Ele não pode vir para evitar escândalos – algo com sua construtora.

Assim que vejo os cabelos platinados da Sarah, sinto repulsa. Mas ao ver os gêmeos lá, melhoro um pouco.

— Tobias? Tris?

— Annie! – Eles correm até mim e me abraçam. Quantas saudades!

— Annabeth, mais uma vez nos incomodando! – E essa é a Sarah.

— Annie, tem umas gente querendo falar com você. – Diz Tris.

— É “umas pessoas”, meu amor.

Ela assente, e continua agarrada as minhas pernas, igual ao seu irmão.

— Quem quer falar comigo, Sarah?

Ela torce o nariz.

— Estão lá em casa.

Vamos até o estacionamento, colocamos os gêmeos na cadeirinha, e eu vou ao lado da Sarah, que dirige.

O silêncio entre nós duas – porque os gêmeos falam demais – reina até chegarmos em casa, que estava escura.

Eu vou entrando – enquanto a Sarah pega a Tris – segurando a mão de Tobias, que me puxa. E, de repente, as luzes se acendem, e eu encontro os sumidos. Silena, Charles, Will, Rachel, Nico e Thalia estão aqui.

— Viemos te dar apoio, Sabidinha. – Diz Silena.

— Mas você não veio por causa daquele curso de moda... Ai! Também não precisava bater, né? – Diz Nico.

Rimos.

— Tris ajudou a gente. E Tobias também. — disse Rachel.

Os gêmeos assentiram, rindo. Tris voltou para o colo de Will e Tobias ficou no colo de Silena,

E, depois da Sarah entrar, dizendo que meu pai só chegaria à noite, resolvi aproveitar com meus amigos, enquanto não ia visitar a minha avó.

Acho que dá pra suportar tudo se eles estiverem aqui, mesmo que o Percy não esteja. Mesmo que ele esteja lá, mesmo que eu esteja triste por tudo, com eles aqui eu consigo suportar. E, mesmo longe, aquele Cabeça de Alga consegue me fazer uma bela surpresa.