Merda! Merda! Merda! Quando foi que as coisas ficaram tão confusas? Quando foi que eu precisei me esforçar para fazer meu trabalho direito? Sherlock, seu imbecil, por que você fez isso comigo? O que eu fiz de errado para...

— Molly? — Ouvi a voz de Lestrade. De novo. Me virei como um furacão, era minha maior esperança. — Me desculpe...

Me virei novamente para minha mesa e dei um soco bastante forte nos meus papéis — ação da qual me arrependi logo em seguida com a dor que me atingiu. Por que ele tinha que sumir dessa forma? Sem um aviso, sem um caso, sem uma ligação?

— Ele ainda não atende ao telefone? — Lestrade ainda estava parado ao meu lado.

Ótimo. Lestrade, John, Mary e até mesmo Mycroft já estavam preocupados com a minha reação ao sumiço de Sherlock. Se ele tivesse dado um motivo... Ele simplesmente desaparece da minha vida como se nada nunca tivesse acontecido. Estava tudo tão bem! Por que você tem que ser tão babaca, Sherlock Holmes? Por que você tem que amar esse idiota, Molly? Por que?

— Molly? — Sinto a mão de Lestrade em meu ombro. — Está tudo bem com-

— Não, eu não estou nada bem! — Interrompo-o sem ao menos olhar para ele. — Você pode ir embora, Lestrade? Quero notícias de Sherlock, você não as tem. Não preciso de mais alguém para me supervisionar, vigiar e dizer como devo reagir, trabalhar, comer e dormir na ausência daquele palhaço!

— Eu acho melhor você ir para casa. — Lestrade se afastou um ou dois passos.

— A casa dele? — Me viro, finalmente. Os olhos inundados de lágrimas. Não chore, Molly. Não seja fraca. — A porcaria da casa de Sherlock Holmes? Vazia? Como se ele nunca tivesse existido? Gregory Lestrade, por favor, saia.

— Molly...

— Só... Me deixe em paz. — Respiro fundo, assistindo Lestrade se afastar de cabeça baixa. — Por favor me deixem em paz.

Abaixo a cabeça, enquanto junto meus papéis e coloco tudo em ordem. Deixo as lágrimas descerem livres — já tinha impedido-as de descer pelas duas últimas semanas — e me sinto a pessoa mais idiota do mundo. Como você pôde acreditar no carinhoso e romântico Sherlock Holmes? Aquela história de me interromper enquanto tocava piano... De dizer que ficava ainda mais linda vestindo suas roupas... De me carregar para o quarto todas as vezes que íamos... "Chega, Molly." Me obriguei à parar de pensar no sonho que havia vivido nas últimas semanas.

Um sonho cheio de Sherlock carinhoso, manhoso e romântico. Ele nunca dizia que me amava. Ele dizia "Molly, volte para a cama" ou "Molly, preciso de sexo" e isso me deixava bastante feliz. Uma, duas, três, quatro vezes por dia. Às vezes mais de cinco vezes, mas nunca menos do que quatro... Ele estava atuando e se esforçando para ser um marido aceitável, mas é claro... Ele tinha que pirar! Sumir, fugir, deixar-me acordar sozinha de manhã todos os dias e me perguntar onde ele está... "Para casa, Molly..." Ouço a voz dele dizendo dentro da minha cabeça e mais uma lágrima teimosa rola pelo meu rosto. Espero o celular vibrar com uma mensagem de "venha para casa SH", mas novamente nada acontece.

É hora de enfrentar 221B vazio... Completamente vazio. Seja forte, Molly. Prepare-se para o pior... Não é como se você não soubesse que ele é... Bem, ele é Sherlock Maldito Holmes.