- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 57
Capítulo 56




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Essa viagem mesmo tendo sida decidida do jeito que foi, está sendo uma das melhores ideias que eu já tive, eu tenho a certeza disse vendo o quanto os sorrisos deles não se desfazem nem por um segundo, não ontem depois de um dia inteiro na praia, não quando voltamos para a pousada, nem quando dormiam e mesmo quando Katniss mandou que Pyter comesse todos os legumes no jantar mesmo assim eles sorriam, e hoje, domingo, aniversário dele, eu acho que nunca o vi tão radiante mesmo sem dezenas de olhos em cima dele, já estamos quase na hora do almoço e ele ainda não reclamou de fome, isso é no mínimo um milagre, ele passou a manhã jogando xadrez com Haymitch, depois foi andar pela praia com a avó, o tipo de cena que jamais se passou pela minha cabeça, mas aconteceu, eu vi, e já estava orgulhoso da minha ideia quando Katniss se senta do meu lado na areia de frente para o mar e me relembra aquilo que eu tentava não pensar.
– Você PRECISA falar com ela – ela me avisa enfatizando bem as palavras, eu desvio o olhar do mar e a olho, embora sua aparência seja tranquila e suave ainda tem uma leve ruga entre suas sobrancelhas, indicando sua preocupação – Uma hora ela vai saber, melhor que seja por você – ela completa quando eu não digo nada, eu olho pela praia e vejo ela caminhando ao lado do Haymitch, segurando seu braço e rindo de alguma coisa enquanto aponta para o mar, eu respiro fundo, sabendo que Katniss tem razão mas ao mesmo tempo querendo adiar esse momento o máximo que eu puder, Katniss se encosta em mim, passa o braço entre o meu e apoia o rosto no meu ombro, ela fica em silencio alguns minutos e eu também, apenas encaro o azul do céu se misturando ao azul do mar.
– Ela vai me odiar – eu falo quebrando o silencio, minha voz sai mais abafada do que eu esperava, mas ela me ouve e solta uma risada abafada, eu me viro pra olhá-la quando ela levanta o rosto do meu ombro e me olha nos olhos.
– Você tá falando sério? – ela pergunta parecendo levemente confusa, eu apenas a olho e ela sorri de novo – As vezes eu ainda me surpreendo com o quanto você pode ser idiota sabia? – ela fala mas está sorrindo enquanto me olha.
– Obrigado - eu falo com ironia tentando não parecer magoado com isso mas acho que falho por que ela diminui o sorriso e me olha mais séria então nega com a cabeça algumas vezes.
– Não tem a menor chance de aquela garota ali te odiar – ela fala indicando com a cabeça Pérola que passa a alguns metros de nós ainda conversando com o avô – Totalmente impossível – ela conclui mais firme agora voltando a me olhar – Só fala com ela! Uma hora você vai ter que falar e é melhor falar logo – ela me incentiva balançando minha perna com a dela, eu concordo, remexendo com o dedo na areia a nossa frente, ela beija minha bochecha, meu ombro e então se levanta – Quanto antes melhor – ela reforça passando a mão pelos meus cabelos e se afastando, voltando para casa da mãe, eu continuo sentado olhando Pérola e Haymitch conversando já afastados quando a areia se espalha pela minha perna e meus braços, eu me desperto e encontro Pyter praticamente se jogando ao meu lado, ele está um pouco suado, o cabelo bagunçado e sem camisa.
– Eu ia gostar de morar aqui – ele fala apoiando os braços nos joelhos, eu olho pra ele e sorrio, então passo meu braço pelo seu pescoço e o puxo pra mim, sua cabeça para quase debaixo do meu braço, ele ri mas se desvia.
– E deixar tudo pra lá? A escola, Ryan, Keyse... – eu falo e ele ri negando.
– Eu ia sentir falta deles – ele admite parecendo vencido, eu sorrio.
– Deles? – eu pergunto olhando de forma cúmplice e ele ri mas nega.
– Ela é só minha amiga – ele fala rindo.
– Acho bom que seja! Você ainda é meu bebê – eu falo puxando ele pra mim de novo e bagunçando o cabelo dele, enquanto ele ri, se esquivando de mim e rolando na areia, eu paro e ele continua deitado rindo – Já basta sua irmã – eu falo e ele me olha curioso com um riso preso.
– O Ian foi falar com você? – ele pergunta se sentando ao meu lado e dessa vez eu que me surpreendo.
– Como você sabe? – eu pergunto e ele ri orgulhoso.
– Ele perguntou se eu achava que você o mataria se ele fosse falar com você! – ele fala dando de ombros.
– E o que você disse? – eu pergunto curioso.
– Eu disse que eu mesmo faria isso se ele não fosse – ele fala sem dar muita importância e mesmo sem gostar muito do assunto, eu acabo soltando uma risada.
– Muito bem – eu falo bagunçando o cabelo dele.
– E o que você disse pra ele? – ele pergunta me olhando curioso.
– A gente ainda vai conversar de novo – eu falo resumindo a história.
– Ele é legal – ele fala como se estivesse me dando um conselho – Só não sei o que ele viu na Pérola – ele fala fazendo uma careta, e eu solto uma risada de novo.
– Pode não ser pra você, mas pra todos os outros garotos, aquela dali – eu falo com o braço atrás da cabeça dele e apontando Pérola – É a maior gatinha – eu falo e ele me olha divertido e começa a rir, rir mesmo, se jogando pra trás na areia e rindo eu o olho sem entender direito.
– Maior Gatinha – ele fala entre risadas tentando se recuperar.
– Não é assim que vocês falam? – eu pergunto e ele confirma rindo – Então! – eu concluo sem entender.
– NÓS! Não os mais velhos – ele fala e eu ergo as sobrancelhas surpreso, mas rindo.
– Mais velhos? – eu pergunto fingindo ofensa.
– BEEEEEEEEM mais velhos – ele acrescenta e eu começo a fazer cócegas nele que ri ainda mais, rolando na areia novamente e se desviando, eu também acabo na areia enquanto ele tenta imobilizar meu braço e acaba conseguindo e eu sou obrigado a bater na perna dele como sinal pra ele soltar, e ele solta vitorioso, já se levantando, pulando e comemorando – RÁ! Eu consegui – ele grita e pula com os braços pra cima – Mãe, mãe! Eu imobilizei o papai – ele grita virado pro lado da casa, eu continuo deitado no chão recuperando o fôlego, encarando o céu e rindo com a animação dele – É oficial! Eu sou o melhor – ele fala me encarando de cima, eu agarro o pé dele mas analiso que ele pode se machucar e desisto.
– Você me pegou desprevenido, mereço uma revanche – eu falo já soltando o pé dele e me sentando balançando os braços pra me livrar da areia, mas isso não o abala enquanto ele corre comemorando em direção ao mar.
– Não vai pro fundo – o grito de Katniss me faz olhar pra trás, ela está parada na entrada da casa, com a mão na altura da testa bloqueando o sol e olhando pro Pyter, eu me levanto batendo as mãos pelas minhas pernas e depois no cabelo e faço sinal de positivo pra Katniss pra mostrar que eu estou de olho nele, ainda assim ela continua olhando por algum tempo, então Pérola e Haymitch terminam a caminhada.
– Sabia que tem muitos peixinhos coloridos daquele lado – ela fala quando para ao meu lado com um sorriso encantado, eu também sorrio.
– Ela me fez andar mais de um quilometro – Haymitch reclama passando um lenço pela testa, ela ri.
– Vô, nós demos uma volta só – ela fala e ele faz uma careta e beija a testa dela.
– Uma volta pra você! Um quilometro pra mim – ele fala dando de ombros – Agora eu preciso me sentar – ele fala e segue andando em direção a casa, Pérola logo vai ao lado dele – Tudo bem! Eu ainda sei andar sem babá – ele reclama parando de andar e ela para no caminho – Vai se divertir um pouco vai – ele fala amenizando o que disse antes, ela sorri, beija a mão dele e deixa que ele siga sozinho, eu olho pra Katniss na varanda e me lembro do que ela disse e decido acabar logo com isso.
– Será que eu posso ver os tais peixes coloridos? – eu pergunto e Pérola se vira pra mim sorrindo.
– Claro – ela fala já se encaixando ao meu lado, passando o braço na altura da minha cintura – Nem é tão longe, o vovô que é exagerado! Você sabe – ela fala meio rindo enquanto caminhamos pela areia fofa e branca, ela segue falando sobre como tudo aqui é maravilhoso e ela adora acordar ouvindo o mar, ou olhar pra ele toda hora, adora a areia, o vento, o sol, no final da caminhada ela simplesmente está adorando tudo, cada centímetro do lugar e sua empolgação é quase contagiante se eu ainda não tivesse esse ponto pra resolver – Aqui! Olha, são muitos – ela fala parando bem na beirada da água e me apontando os peixinhos coloridos, a água cristalina faz eles se desatacarem e são realmente bonitinhos, ela se abaixa tentando pegar eles com a mão cheia de água mas não consegue e ainda assim mantém o sorriso, eu passo minha mão pelo cabelo dela enquanto ela para ao meu lado e ela me olha meio curiosa.
– Aconteceu alguma coisa? – ela pergunta meio preocupada – Você tá esquisito! Tá quieto – ela fala e se vira pra me olhar melhor, eu respiro fundo, olho pro céu como se buscando força e me encho de coragem.
– Eu preciso te contar uma coisa – eu falo olhando pra ela que parece ainda mais preocupada – Eu acho que fiz uma coisa meio errada com você – eu confesso sem saber como falar, nada nunca pareceu ser tão difícil de ser dito como isso, mesmo quando eu tinha que fazer discursos diante de uma multidão que provavelmente me odiava, ainda assim isso é mais difícil.
– Você tá me assustando – ela fala agora parada exatamente na minha frente de costas para o mar – Pai, o que tá acontecendo? – ela pergunta ansiosa e nervosa, eu dou outra olhada pro mar atrás dela e encho os pulmões de ar.
– O Ian – eu falo o nome e seu olhar se torna ainda mais confuso.
– O que tem o Ian? – ela pergunta cruzando os braços, ela sempre faz isso quando está prestes a iniciar uma discussão, eu vejo quando ela e Pyter brigam, eu demoro pra responder – Pai! O que tem o Ian? – ela repete pausando a cada palavra.
– Ele veio falar comigo na sexta – eu confesso e seu olhar vai de surpreso pra animado em uma fração de segundos, um sorriso escapa mas ela se controla.
– E o que ele queria? – ela pergunta numa tentativa horrível de parecer desinteressada, eu a olho também desacreditado com a sobrancelha erguida, ela sabe exatamente o que ele queria, mas ela continua fingindo confusão.
– Ele pediu permissão pra namorar você – eu falo e agora é impossível não ver o sorriso dela.
– Ele o quê? – ela pergunta meio surpresa meio contente, eu acabo revirando os olhos.
– Ele veio falar comigo que gosta de você mais do que um amigo e que queria uma chance, enfim... de ser seu... – eu engulo a saliva com força tentando falar a palavra – namorado – ainda assim um som de desprezo não passa despercebido, assim como o sorriso maior no rosto dela, ela desfaz os braços que estavam cruzados e parece ainda mais ansiosa.
– E o que você disse? – ela pergunta me olhando, eu não consigo sustentar o olhar dela, não quando ele está animada assim, por isso encaro o mar – Pai? O que você disse? – ela repete tentando chamar minha atenção, eu volto a olhar pra ela, seu olhar agora carrega algum tipo de preocupação, eu olho para os meus pés que remexem a areia, mudo o peso do corpo do lugar e ela move o corpo me acompanhando – Espera ... – ela fala levantando a mão como se percebesse algo – Ele falou com você na sexta! Hoje é domingo! Por que você só tá me falando agora? – ela pergunta com a voz mais aguda, assim como quando ela faz começa a se irritar, Pérola não é burra e demora menos de um segundo pra ela concluir sem que eu diga uma única palavra – A viajem! – ela fala como se tivesse desvendado um segredo, ela me olha esperando que eu negue, mas quando a olho, com certeza a culpa está estampada no meu rosto, por que seu olhar muda totalmente – Foi por isso não foi? – ela pergunta me olhando e eu não posso negar.
– Eu fui pego de surpresa, eu não sabia se era o momento certo... – eu começo a me explicar e ela balança a cabeça negando, suas bochechas começando a ficar vermelha, e isso não é de vergonha ou por causa do sol, ela está irritada, muito irritada, ela passa as mãos no cabelo e depois coloca as mãos na cintura.
– Então a gente tá aqui por que você queria me esconder dele? – ela pergunta com raiva me encarando do mesmo jeito que Katniss quando está brava.
– Pérola... – eu começo a falar mas ela nega.
– Por que você não me falou antes? – ela pergunta cruzando os braços – Você mentiu pra mim! Mentiu pro Pyter! Mentiu pra todo mundo e você sempre disse que mentiras são horríveis – ela fala já começando a realmente se exaltar.
– Eu estou te contando agora! E eu não menti, só achei que não era hora pra esse assunto, eu sou seu pai e... – eu começo a tentar me explicar novamente mas ela bate o pé igual fazia quando era menor e se chateava com algo.
– É mentira sim pai! – ela conclui ainda mais vermelha – MENTIRA!MENTIRA!MENTIRA – ela repete batendo o pé a cada palavra – Você disse! Você jurou que a gente nunca ia mentir um pro outro – ela me lembra e isso só me faz sentir pior do que já estou – Eu NUNCA menti pra você! Nunca! Eu sempre te contava as coisas e você mentiu pra mim – ela fala e agora seus olhos se enchem de lagrima.
– Pérola deixa eu explicar – eu peço e ela segura as lagrimas com a mesma força que Katniss – Você e ele ainda são novos, eu só achei que fosse melhor pensar um pouco mais – eu falo e ela nega.
– Não tem nada a ver com o Ian, pai! Nada – ela fala me olhando e agora eu estou confuso, como pode não ter a ver com ele? – Você podia não ter deixado e tudo bem! Você podia até fazer o que você fez, me afastar dele, podia ter falado que eu nunca ia namorar ele, podia até querer me trancar em casa... Desde que você me contasse a verdade! Desde que você cumprisse a sua promessa de nunca mentir! – ela joga na minha cara e eu ainda estava digerindo quando ela continua – Como eu posso confiar em você agora? – ela pergunta me olhando nos olhos e com lagrimas presas a ele, é impossível dizer como doeu ouvir essas palavras, minha garganta pareceu se fechar e meu peito pareceu parar enquanto queimava de um jeito que jamais tinha acontecido – Você era meu melhor amigo! E mentiu pra mim! Você mentiu pra mim, pai – ela fala e sua voz já está quase sussurrada no final da frase e a primeira lagrima escorre do seu rosto, eu dou um passo a frente e estico minha mão pra enxugá-la, mas antes que eu pudesse encostar nela, ela recua me olhando com raiva – Você me enganou! – ela conclui gritando e magoada – Eu nunca mais vou confiar em você – ela fala enquanto corre o mais rápido que consegue. Pra longe de mim.
– PÉROLA! PÉROLA – eu grito mas ela não para, continua a correr de volta para a casa, sem nem ao menos olhar pra trás, ela tropeça mas continua a correr, Pyter chama por ela mas ela passa sem olhar pra ele também e ele corre atrás dela, como um bom irmão faria, então desaparecem dentro da casa, eu chuto a areia algumas vezes me xingando mentalmente, odiando a mim mesmo por isso e com as palavras dela ainda ecoando na minha cabeça ‘’ Eu nunca mais vou confiar em você!”, eu sei que eu merecia ouvir isso mas as palavras saindo da boca dela conseguem ser ainda mais mortal do que eu jamais achei que fosse, tudo que eu sempre quis era ser um bom pai, era poder oferecer o melhor pra eles e agora eu mesmo estraguei tudo, eu me jogo sentado na areia e coloco a cabeça entre os joelhos, fecho os olhos e tento me concentrar apenas no som do mar, gostaria de poder acordar e não ter agido como um idiota. Não sei quanto tempo eu passo assim mas apenas me movo quando os passos e areia se levantando se aproximam, levanto meu rosto e encontro os pés a minha frente, sigo o olhar e vejo Pyter parado me encarando.
– É verdade? – ele pergunta me olhando nos olhos com um jeito diferente e pela primeira vez desde que chegamos aqui ele não está com um sorriso no rosto, enquanto eu o olho ele me dá um sorriso triste e se senta do meu lado, mas sem encostar em mim, ele dobra os joelhos e os abraça assim como eu estou, ele coloco o queixo sobre eles e encara o mar – Então não era um presente... – ele fala com uma frase solta ao ar e novamente eu sinto o quanto errei, não só com Katniss, ou Pérola, mas com ele também, eu olho pra ele e depois de alguns segundos ele me olha também.
– Quando o Ian veio falar comigo eu não sabia o que dizer, ainda não estava pronto pra ver sua irmã namorando, saindo por aí com ele! Eu disse pra ele que conversaríamos depois por que também não tive coragem de dizer não, então eu cheguei em casa, vi vocês com seu avô e lembrei quando vocês eram só os ‘’meus filhos’’, aqueles dois que corriam pela casa me gritando e eu não queria que isso mudasse nunca – eu confesso com a maior sinceridade que consigo, ele avalia minhas palavras.
– Então não era um presente – ele repete me olhando nos olhos, mas diferente de Pérola ele não está com raiva, ele está magoado, extremamente magoado, eu coloco minha mão sobre a cabeça dele e ele não desvia.
– Eu sabia que você era louco pra conhecer o mar! Então quando pensei, achei que poderia unir o útil ao agradável – eu admito e ele concorda e volta a olhar pra frente, ficamos em silencio por alguns segundos, ele desdobra os joelhos e remexe na areia.
– Então a gente só veio pra viagem pro Ian não chegar perto da Pérola? – ele pergunta ainda parecendo confuso e me olha.
– Eu só queria um tempo com vocês – eu conserto ele.
– Com a Pérola! – ele me corrige olhando pro mar e mexendo na areia, seria impossível não notar a magoa na voz dele.
– Com vocês – eu falo em seguida corrigindo-o, ele solta uma risada meio irônica, e me olha do mesmo jeito.
– Qual é pai?! – ele fala e seu sorriso é meio triste – Todo mundo vê, todo mundo sabe que ela é sua preferida – ele fala e isso me pega de surpresa.
– O quê? – eu pergunto também abaixando minhas pernas e o olhando.
– Tudo bem! Não tem problemas... Sempre foi assim! Eu já entendi – ele fala e por mais que soe magoado não está irritado pelo contrario ele me olha de um jeito doce e calmo.
– Pyter, isso não é verdade! Nunca foi – eu falo e ele libera outro sorriso triste.
– É sim pai, mas tudo bem! Eu te amo assim mesmo, eu sei que você também me ama só...
– Não tem ‘’só’’, não tem ‘’mas’’! Eu te amo e ponto – eu falo e ele não olha pra mim, eu me viro pra mais perto dele e puxo o rosto dele pra me olhar – Pyter, eu...te...amo! Você é meu filho tanto quanto sua irmã! E é impossível eu amar um a mais ou a menos – eu falo e ele também me olha agora mais determinado, então eu mudo a situação – Você ama mais a sua mãe ou a mim? – eu pergunto e ele parece confuso.
– Os dois – ele fala sem pensar muito.
– Mas é com ela que você quer estar todos os domingos! – eu falo e ele pensa.
– Mas é só por causa dos treinos! Isso não tem nada a ver com amar mais! Só que a mamãe sabe atirar com o arco e as coisas da floresta – ele explica, e eu concordo.
– Exatamente! Eu sei que você me ama igual, mas tem coisas que você e sua mãe combinam mais! Esse seu espírito da floresta, você herdou dela, mas isso não quer dizer que você me ame menos, certo? – eu pergunto e ele confirma – É a mesma coisa com a Pérola, eu sei que não é seu dia preferido passar confeitando bolo ou pintando uma tela, mas são coisas que eu sei fazer e que a Pérola gosta, então assim como você e sua mãe compartilham essa paixão, nós temos essa, mas é isso, são hobbies e gostos diferentes, não tem nada a ver com amor! Meu amor por vocês é exatamente igual! Tão grande e intenso para os dois – eu concluo esperando que ele entenda o exemplo.
– E se fosse o contrario? – ele pergunta sério – Você também ia ter medo de eu me afastar caso eu começasse a namorar? – ele pergunta e isso me pega de surpresa, por que é tão impensável outra resposta que não posso acreditar que ele não saiba.
– Claro que ia! Eu tenho pavor de simplesmente pensar em me afastar de um de vocês! Seja a Pérola ou seja você! Vocês dois são as melhores partes da minha vida! Os dois! – eu reforço e ele concorda com a cabeça – Tudo que eu mais queria na minha vida era nunca me afastar de vocês, se eu pudesse vocês jamais sairiam do meu lado! Vocês são tudo pra mim e eu não consigo imaginar uma vida sem a Pérola e muito menos uma vida sem você! – eu falo e solto uma risada abafada com algumas lembranças – Eu sou incapaz de pensar como seria não ter alguém me lembrando quanto estou velho ou arrancando dinheiro da minha carteira – eu falo e ele libera um sorriso – Você é pessoa mais alegre e contagiante que eu conheço! – eu falo e ele me olha com atenção – É sério! É impossível alguém estar triste do seu lado, eu amo isso em você! Amo como você consegue soltar uma frase engraçada sem parecer maldoso, amo quando você banca o durão mas sorri como aquele menininho que segurava forte minha mão pra dar os primeiros passos, amo esse seu coração gigante que sempre tá pronto pra ajudar ou proteger alguém!Amo como você é teimoso e consegue sempre arranjar um jeito de aprontar suas pegadinhas! Amo o quanto você é parecido com a sua mãe! Amo que você seja ainda aquele bebê que eu peguei pela primeira vez no Hospital e fez meu coração parar e depois bater loucamente. Na verdade acho que amo tudo em você...Tudo – eu falo enfatizando as palavras, sem desviar meu olhar do dele e nem ele do meu – Espera... Menos aquela parte de pegar o dinheiro da minha carteira – eu falo brincando e ele ri.
– Mas essa é a melhor parte – ele fala com um sorriso divertido, eu também sorrio.
– Você é o garoto mais fantástico que eu conheço! E eu duvido muito que exista alguém que não pense o mesmo e caso exista... bom, é um completo idiota – eu falo e isso o faz rir, dessa vez sinceramente, eu me encosto nele, passo a mão pelo seu cabelo e encosto sua cabeça em mim e o beijo varias vezes – Você é meu filho e o maior orgulho da minha vida é poder bater no peito e dizer que sou seu pai – eu falo e ele me abraça, eu o abraço ainda mais apertado, beijando sua cabeça, então nos separo e seguro com cada mão no seu rosto, olhando direto nos olhos dele – Nunca! Nunca mesmo duvide disso! EU... AMO ... VOCÊ, PYTER EVERDEEN MELLARK! – eu falo com intensamente cada palavra e ele sorri emocionado.
– Eu também te amo! – ele fala e me abraça de novo, dessa vez ainda mais forte e nós ficamos abraçados por um tempo, olhando o mar.
– Não quero estragar o clima romântico e tal mas... eu to morrendo de fome – ele fala fazendo uma careta e eu sorrio, e acabo rindo.
– É isso que eu to falando – eu falo apertando ele em mim, essa é uma das coisas que mais amo nele, esse humor descontraído e leve, que me consegue fazer rir em qualquer momento, depois que eu o solto, ele se levanta e me oferece a mão, nós seguimos o caminho para a casa enquanto ele tenta adivinhar o que terá pra comer, quando chegamos Haymitch está dormindo na cadeira de balanço e Pyter faz sinal de silencio pra mim, então com um pedaço de folha que ele pega passa no rosto dele que espanta uma vez, Pyter prende o riso e passa novamente, dessa vez ele esfrega o rosto irritado e quando ele percebe que Haymitch vai abrir os olhos, ele solta a folha e vem pro meu lado, mas ele volta a dormir, nós entramos na casa rindo e as vozes que estavam a mesa diminuem, Pérola estava de frente pra entrada da cozinha então foi a primeira que vi, ela estava ainda distraída quando me viu, seus olhos estavam vermelhos e ela desviou assim que eu a olhei, então soltou o garfo no prato e se levantou.
– Eu acabei – ela falou e passa por mim rápido saindo da casa, e ela nunca sai sem antes ajudar a limpar, eu olho ela se afastando, ela passa pela porta e segue pela areia.
– Eu to morrendo de fome – Pyter fala logo ao meu lado e Sra. Everdeen faz questão de servi-lo, eu continuo parado no lugar, Katniss vem até a mim e me oferece o prato pra eu me servir, eu pego mas continuo parado.
– Você tem que comer – ela fala quando percebe que eu não vou me servir.
– Tô sem fome – eu falo e ela me olha pronta pra brigar comigo – Você disse que ela não ia me odiar – eu falo olhando pela porta quando Pérola se senta na areia.
– Ela não te odeia – ela fala e eu a olho sem acreditar – Só está incrivelmente furiosa! Eu não disse que isso não ia acontecer – ela fala dando de ombros.
– Ela disse que nunca mais vai confiar em mim – eu falo sentindo minha garganta fechar de novo.
– Peeta ela tem 17 anos, o nunca mais dela pode ir até amanhã – ela fala sem se abalar mas eu ainda tenho minhas duvidas, o modo como ela parecia com raiva, decepcionada ainda dói quando me lembro – Ela te ama e eu te garanto cem por cento que isso não mudou e nem vai mudar! Ela é louca por você! Mas você agiu como um perfeito idiota então ela está no direito dela – ela fala e eu sei que ela está certa mas não aguento ficar assim nessa situação.
– Eu vou falar com ela – eu falo dando o primeiro passo.
– Não, não vai! – ela me segura me parando no lugar – Agora não vai adiantar falar! Ela ainda está com raiva e magoada com você, só vai piorar tudo! Deixa ela sozinha um pouco, é bom que o mar acalma, não foi isso que você disse? – ela fala me puxando de volta pra mesa, eu ainda queria ir lá mas ela me proibi, me entrega o prato e me obriga a almoçar, enquanto ela vai chamar Haymitch, ele vem reclamando que tem muito mosquito lá fora, eu e Pyter rimos mas ninguém parece perceber, nós terminamos de almoçar juntos enquanto Pérola continua do lado de fora, quando acabamos Katniss dá o remédio do Haymitch que claro reclama, eu me ofereço para lavar a louça mas Sra. Everdeen não aceita, Katniss também insiste e mesmo quando a mãe lhe nega ela ignora, eu também ia insistir mas prefiro deixar as duas mais um tempo sozinhas, e saio pra varanda atrás do Pyter e do Haymitch, eles começam outra partida de xadrez enquanto eu me sento nos degraus da escada olhando pro mar e pra Pérola que agora está brincando com uma menininha de aparentemente uns 3 anos, a menina tem cachos dourados, usa um chapéu rosa e está carregando um balde onde ela junta areia, Pérola fala com ela e mesmo de longe pode-se ver a menina rindo, Pérola também ri e logo a menina está fixada nela e as duas brincam na beirada da água, eu acabo sorrindo vendo o jeito que Pérola brinca com a menina e alegria delas duas enquanto jogam água pra cima, estava fixado nelas quando um homem se aproxima delas, ele é alto, a pele bronzeada do sol, está levando uma garrafinha na mão e se aproxima da menina oferecendo a ela, a menina agarra a garrafinha rindo e bebe, ele fala algo com Pérola, ela sorri tímida, eles continuam conversando, o homem se abaixa quase sentado na areia ficando na altura da menininha e na frente da Pérola, eu começo a me incomodar quando ela aponta na minha direção, o homem levanta o rosto e olha pra mim e é nessa hora, mesmo a distancia que um filme passa na minha cabeça, eu sinto como se tivesse revivendo várias coisas ao mesmo tempo, um aperto no peito misturado a uma surpresa, tudo misturado, intenso e confuso, mas é impossível ter duvida, apenas uma pessoa poderia ter aqueles mesmos olhos verdes.
– OH meu Deus! – eu ouço a voz de Katniss atrás de mim e é tudo que eu precisava pra confirmar minhas suspeitas, eu me levanto devagar sem conseguir desviar os olhos dele que agora está pegando a menina no colo e também se levantando.
– É ele não é? – eu pergunto apenas pra comprovar, Katniss dá um passo com a mão ainda na boca e para ao meu lado.
– Ele é...igual! – ela solta as palavras como se estivesse vendo assombrações e eu a entendo perfeitamente.
– Quantos anos ele tem? – eu pergunto enquanto ele caminha junto com Pérola na nossa direção, trazendo a menina nos braços.
– Eu...eu..não sei! Mais de 20 com certeza – ela fala ainda olhando pra frente e tudo parece meio confuso, com imagens de anos atrás se misturando, os mesmos olhos verdes que me encaravam quando eu fui ressuscitado, os mesmos olhos verdes que estavam grudados no meu rosto naquela vez na arena, os mesmos olhos verdes que eu vi segundo antes dos bestantes o roubassem de nós.
– Finnick! – o nome escapa dos meus lábios quando ele já está a poucos passos de nós, ele sorri e qualquer semelhança se torna simplesmente surreal. O mesmo sorriso, largo e sedutor, sem nem ao menos se esforçar pra isso, acompanhado daqueles dois furos na bochecha, ele estica a mão pra mim ainda sorrindo.
– Na verdade Finnick era meu pai! – ele fala rindo - Filipi – ele fala se apresentando e a cada segundo eu me pego mais confuso no passado e presente, a voz rouca e cantada é um pouco diferente mas carrega aquele mesmo jeito descontraído dele, eu aperto a mão dele quase que pra me certificar que ele realmente é real, ele solta a minha mão e a estica pra Katniss que mantem o mesmo olhar surpreso que o meu - E vocês são... Peeta Mellark e Katniss Everdeen – ele fala sorrindo e a menina está rindo tentando fazer ele beber a água da garrafa, ele ri mas tira a garrafa da mão dela – Agora não! O papai está conhecendo velhos amigos – ele fala meio sorrindo e nos olha – Na verdade, velhos amigos do vovô – ele conserta olhando rapidamente pra menina e depois pra nós.
– Eu juro que eu não coloquei uma gota de álcool na boca – Haymitch fala se aproximando de nós mas com os olhos fixos nele – Me diz que vocês estão vendo isso também – ele fala olhando de mim para Katniss.
– Haymitch... Esse é o Filipi! Filho do Finnick – eu falo numa apresentação completamente desnecessária, Haymitch solta uma risada enquanto aperta a mão dele.
– É isso ou o garoto simplesmente viveu escondido aqui todos esses anos – ele fala rindo e mesmo que pudesse ter causado algum desconforto, Filipi também ri.
– Eu ouvi muito sobre vocês – ele fala nos olhando e sorrindo – Além do que se ouve na escola ou em livros claro – ele conserta dando uma risada – Então finalmente eu os conheci – ele fala parecendo contente com isso – Minha mãe falava muito de você – ele confessa enquanto me olha – Nem todas eram boas lembranças, mas ela sempre disse do quanto você a ajudou – ele completa com um sorriso triste – Obrigado por isso – ele fala e eu concordo tentando me manter racional, mas é difícil vendo o mesmo rosto na minha frente tantos anos depois.
– E a Annie? – Katniss pergunta com a voz rouca de quem parece ter ficado dias sem falar, ela tosse como se pra limpar a garganta – Como está a Annie? – ela pergunta mais clara e firme, ele sorri, não um sorriso largo, mas um sorriso triste e antes que ele diga eu sei o que significa.
– Ela já se foi – ele fala e eu sinto um aperto no peito.
Annie. Ainda me lembro do quanto ela estava desesperada e apenas ficava chamando o nome do Finnick, durante os primeiros dias na Capital, sim, apenas os primeiros, por que depois tudo que se podia ouvir eram gritos estridentes ou o absoluto silencio, houveram dias que ela não pronunciou nem um único som, por mais que ela fosse a mais poupada nas torturas, ainda assim ela estava lá e eles a obrigavam a assistir tudo, com a confusão que ela já tinha antes posso imaginar como ela se sentia assistindo aquilo tudo, mas ao mesmo tempo, uma pequena parte minha se alivia ao saber que ela pode pelo menos viver algum momento do amor deles e que isso tenha gerado Filipi.
– Faz um ano – ele informa com um olhar meio perdido mas quando a menina em seus braços reclama querendo ir pro chão ele volta a sorrir iluminado – Pelo menos ela conseguiu conhecer a neta! – ele fala e beija a bochecha da menina que insiste em ir pro chão, ele ri e a coloca no chão, eu e Katniss trocamos um olhar e ela parece tão surpresa quanto eu.
– Então... você se casou? – Haymitch pergunta o olhando curioso, ele sorri mais ainda.
– Ah sim! Me casei. E muito bem eu tenho que admitir – ele fala com aquele mesmo humor do pai, impossível não sorrir pra ele.
– Por que vocês não vem até minha casa? É logo ali na frente! Seria uma honra – ele fala e em um rápido olhar trocado com Katniss nós concordamos.
– Eu espero vocês aqui – Haymitch fala dando as costas e voltando pra cadeira.
– Esse é o filho de vocês? – Filipi pergunta quando vê Pyter sentado no chão, eu sorrio orgulhoso.
– É sim! Pyter – eu o chamo e ele logo está ao meu lado, eu coloco a mão na sua cabeça – Pyter esse é Filipi, Filipi esse é o Pyter – eu falo e ele aperta a mão do Pyter.
– Ele parece com aquele cara lá do livro ''das coisas boas''! – ele fala olhando curioso, Filipi ri, o ''livro das coisas boas'' como eles chamam, é o livro que eu, Katniss e Haymitch, fizemos para nos lembrar de nossos motivos para continuarmos, Pyter o batizou com esse nome, e desde então é assim que o chamamos.
– Pyter – Katniss tenta repreendê-lo mas já é tarde demais.
– Vocês também tem um livro desses? – ele fala rindo.
– Parece que Doutor Aurelius era bem generalista – eu falo e isso lhe arranca outra risada, não ouvi Finnick rir tão livre assim muitas vezes mas algo me diz que era um som muito parecido com esse.
– Parece que sim – ele fala rindo – E quanto a essa princesa... Pérola? Certo? Meus parabéns, vocês tem filhos lindos! – ele fala olhando pra ela que está brincando com a menina e sorri tímida – Então? A visita ainda está de pé? – ele pergunta e nós concordamos e o seguimos até a casa que fica a alguns metros de distancia, Pérola seguiu o caminho com a pequena Annie, homenagem que ele fez a mãe, Pyter e ele se deram bem logo de cara e ele também fala de medalhas que também ganhou na época da escola, hoje ele possui alguns barcos e vive disso, além do dinheiro que a mãe deixou, chegamos a casa, ela é muito maior do que as outras, dois andares e grande mas ao mesmo tempo quando se entra é completamente aconchegante e alegre, nós estávamos passando da porta quando a voz vinda de algum lugar do segundo andar nos alcançou.
– Filipi eu juro que se você deixou ela entrar com aquele pote de areia de novo você que vai limpar – mesmo tentando parecer irritada a voz é doce e calma, ele ri e faz uma careta a menina corre até a escada se desgrudando pela primeira vez de Pérola, ela grita pela mãe que aparece no topo da escada já preparada pra dizer algo mais quando nos vê – Ai meu Deus! Eu não sabia que tínhamos visita – ela fala colocando as mãos no rosto em vergonha e logo desce as escadas, a menina agarra em suas pernas e ela a pega no colo – Me perdoem! – ela fala envergonhada parando ao lado do Filipi.
– Tudo bem! Eu sei como é isso... quer dizer não a parte da areia mas da bagunça – Katniss fala sorrindo e ela também sorri.
– Espera... – ela fala nos olhando com mais calma – Katniss Everdeen? – ela pergunta a Katniss que sorri concordando – E Peeta Mellark? – ela completa e eu concordo, ela ri – Oh meu Deus – ela repete e dá um passo a frente abraçando Katniss que foi pega de surpresa, depois vem a mim – Eu nunca imaginei – ela completa já olhando pra Pérola – Como você é linda – ela fala passando os dedos pelo cabelo de Pérola e a pequena Annie se joga para os braços dela, Pérola a pega sorrindo – E esse garotão, que olhos lindos – ela fala mesmo que ela mesma também tenha olhos quase tão azuis quanto os do Pyter, ela é uma mulher bonita, jovem, parece alguns anos mais nova que ele, pele clara mesmo morando a beira da praia, cabelos castanhos claro, olhos azuis e traços delicados quase como uma boneca – Esqueci de me apresentar... Vitória – ela fala sorrindo estendendo a mão para nos cumprimentar.
– Não reparem, ela normalmente não para de falar – ele finge sussurrar e leva um tapa em resposta, a expressão dele exatamente igual a do pai me faz me perder no tempo novamente, então eles nos fazem entrar, sentar, conversamos um pouco, ele nos mostra algumas fotos de Annie e me sinto feliz ao ver que mesmo com tudo que passou em algumas fotos há um brilho no olhar dela, principalmente na que ela segura a neta nos braços, eu sorrio e Katniss também sorri quando vê, por que essa é a certeza de que mesmo com tudo que passamos mesmo com tanta coisa ruim que carregamos na bagagem ainda assim podemos sim ser felizes, e saber que Annie também conseguiu isso me traz um alivio, eu serei eternamente grato a Finnick pelo que me fez e saber que a mulher que ele tanto amou e o filho a quem ele com certeza ama onde quer que esteja está vivendo tão bem me fazem me sentir melhor e mais agradecido; Filipi também nos mostra o ‘’livro das coisas boas’’, a foto do bolo que eu fiz no casamento deles está lá, assim como uma foto que tirei com ele algumas horas antes da festa começar, eu não fui liberado para a festa mas eles fizeram questão de passar por lá e eu pude cumprimentá-los. Nós ficamos mais algum tempo e depois nos despedimos e os deixamos lá com a certeza de que Finnick e Annie estão felizes, onde quer que estejam.
Quando saímos da casa deles voltamos pelo caminho da praia, Pérola está empolgada falando de Annie e de como ela é esperta.
– Mãe, ela sabe contar até 10 e sabe varias cores e ela só tem 3 anos – ela fala impressionada.
– Quando você tinha 3 anos já cantava a canção do vale – eu falo e ela que estava rindo para de rir e me olha – Você enrolava algumas palavras mas conseguia – eu insisto em falar e ela continua andando de cabeça baixa, Katniss me lança um olhar que me pede calma e eu preciso me controlar, ela se aproxima de mim e passa a mão no meu cabelo.
– Só dá um tempo pra ela – ela pede enquanto Pérola segue na frente, eu concordo mesmo querendo insistir até que ela me olhe da mesma maneira de antes, mas eu sei que não vai adiantar – Agora eu preciso de um favor – ela pede e eu a olho curioso, Katniss não pede favores, ela simplesmente manda – Preciso que você segure Pyter aqui fora! Minha mãe tá fazendo um bolo pra ele – ela fala e mesmo odiando festas, ela sorri com a expectativa, eu sorrio, beijo-a rapidamente e concordo.
– Deixa comigo – eu garanto já me afastando, eu corro apenas alguns passos e dou um tapa na cabeça do Pyter que se vira rápido – O ultimo a chegar fica com a louça do jantar – eu aviso e saio correndo em direção a água, tirando a camisa e largando pela areia, não demora muito e ele me alcança, a camisa dele também é largada no chão e ele entra primeiro na água.
– Não vão pro fundo – ouço Katniss gritar antes de mergulhar, e quando volto a superfície a risada do Pyter me alcança.
– A louça é sua velhote – ele fala rindo e eu o afundo na água, mas logo o solto e ele continua rindo, nós nadamos e tentamos apostar uma ‘’corrida’’ que ele ganha, 3 de 2, o que o faz se sentir ainda mais invencível, ele comemora e espirra a agua em mim enquanto ri animadamente, depois saímos um pouco da água e nos jogamos na areia pra recuperarmos o folego, o sol não está tão forte e nós aproveitamos isso pra ficarmos jogados conversando, até que uma bola acerta nosso meio, eu agarro a bola e me sento preparado pra reclamar mas apenas duas meninas que correm na nossa direção e a irritação se vai, elas param a dois passos de nós.
– Cuidado na próxima ein – eu aviso e jogo a bola pra elas que sorriem agradecendo.
– Aprende a jogar primeiro – Pyter fala também se levantando, ele se vira para as duas meninas e apenas se eu fosse cego pra não ver a reação delas a ele, uma delas praticamente solta um suspiro quando vê Pyter, ela parece mais velha que ele, é uma menina bonita, confesso, cabelos loiros, pele bronzeada e olhos verdes, a outra, com a pele também bronzeada, cabelos escuros longos, olhos castanhos e uma pinta na bochecha no formado de um pingo de água, parece da mesmo idade que Pyter ou mais nova, elas sorriem e parecem hipnotizadas.
– Você quer jogar com a gente? – a mais velha pergunta e espera...
‘’Meu Deus, ela está mesmo secando ele com os olhos? Não é possível!’’.
– O que vocês estavam jogando? – ele pergunta sem parecer perceber nada de diferente.
– A gente ainda ia começar! Você pode escolher – ela fala sorrindo de um jeito completamente atirado.
– Se antes de começar vocês já estavam assim.. depois então – ele fala implicando com elas e eu acabo rindo, a menina mais nova também ri, enquanto a mais velha apenas o olha com um sorriso irônico.
– Você mora por aqui? – a mais nova pergunta inocente e a outra solta uma risada.
– Deixa de ser tonta! Ele é o Pyter Mellark, não é? – ela pergunta erguendo a sobrancelha e ele me olha com aquele sorriso que ele tem de quando alguém o reconhece.
– É, sou eu! – ele fala voltando a olhar pra menina.
– E você é o Peeta! – ela fala e estica a mão pra mim quase se encostando no Pyter, eu aperto sua mão mas não estou gostando nada disso – Clara Villar – ela se apresenta – E ela é a Blanca... – ela apresenta a outra menina que parece mais tímida e eu me simpatizo melhor, a bochecha dela cora quando se aproxima de nós.
– E como você me conhece? – Pyter pergunta mesmo sabendo a resposta mas ainda não existe ninguém que goste mais de ser bajulado que ele.
– Jornais, revistas, televisão – ela fala dando de ombros.
– Legal – ele fala e me olha rindo.
– Então? Joga com a gente? Pode ser de outra coisa sem ser a bola se você quiser... – ela fala sorrindo e ele parece pensar.
– Na verdade eu ia te chamar pra aquele revanche agora – eu falo empurrando o pé dele com o meu e apontando o mar, ele nem precisa pensar, dá um pulo ficando de pé e olha pra garota sorrindo.
– Foi mal! Mas eu tenho um velho pra vencer – ele fala e corre pra água deixando a menina ainda olhando pra ele, eu sorrio satisfeito, pelo menos eu ainda tenho prioridade com ele, eu corro e alcanço a água enquanto ele já está mergulhando, nós fazemos o revanche e pra minha infelicidade, ele ganha e tenho que aturar ele cantando versos de vitória no meu ouvido, felizmente depois de quase 40 minutos aturando isso, Katniss nos grita.
– Ok, um pouco de humildade seria bom – eu falo jogando água nele enquanto caminhamos pra sair do mar, ele ri.
– Humildade? Eu acabei de ser reconhecido na praia – ele fala se gabando rindo.
– Sobre isso... Eu não gostei do jeito daquela garota – eu falo e ele me olha confuso.
– Que jeito? – ele pergunta realmente sem entender, eu sorrio aliviado e passo meu braço pelo seu ombro.
– Esquece – eu falo sorrindo satisfeito – Agora acha nossas camisas se não sua mãe nos mata – eu falo e ele corre até onde o vento levou nossas camisas, ele me entrega e eu a jogo sobre o ombro e ele faz o mesmo, chegamos a casa e Haymitch não está na varanda e a porta está fechada, eu sorrio enquanto ele nem desconfia de nada e limpa os pés varias vezes no tapete.
– Será que antes de ir embora a gente podia... – ele para a frase quando abre a porta e eles gritam ‘’Parabéns’’, ele arregala os olhos surpresos, me olha, olha pra eles e então começa a rir, eu também rio e sou o primeiro a abraçar ele, tirando os pés dele no chão, ele ri ainda mais, Haymitch vem logo em seguida, depois a avó, Pérola, que fala algo que o faz rir e ele bagunça o cabelo dela enquanto ela faz o mesmo com ele e por ultimo Katniss, ela o abraça forte e demorado e beija a bochecha dele varias vezes fazendo ele fazer caretas mas sorrir satisfeito, uma faixa com o nome dele está presa na passagem da sala pra cozinha, na mesa um bolo de chocolate com uma cobertura de açúcar por cima, e uma vela com faíscas soltando, cantamos a musica, ele apaga as velas e começamos a mini festa, mas com uma alegria gigante, os presentes são entregues e entre jogos novos pro vídeo game, uma coleção de carrinhos em miniatura, uma garrafa com um barco dentro que o faz ficar vários minutos tentando entender como foi feita e varias risadas o restante da tarde passa.
– Nós temos que ir! O trem sai as 22horas – eu aviso enquanto estamos reunidos na sala, todos concordam e começam as despedidas, Sra. Everdeen se emociona ao se despedir, dizendo o quanto ficou feliz por termos ido, beija varias vezes eles dois, abraça Katniss e lhe diz algumas coisas sussurradas, aperto de mão no Haymitch, um abraço em mim e um outro agradecimento e então seguimos para a pousada para pegarmos as malas e trocarmos de roupa, nós nos revezamos pra usar o banheiro, nos arrumamos e saímos levando as mochilas do quarto, Haymitch já estava nos esperando e assim que o carro que pedimos chega nós vamos para a Estação, dessa vez com duas cabines, uma para o Haymitch e uma para nós, são duas camas de casal e quando Katniss pede pra que Pyter divida com ela eu sei exatamente o que ela está tentando fazer.
– É que nós quase não ficamos juntos e vocês dois passaram a tarde na praia! – ela mente se desculpando quando eu a olho, Pyter sorri e pula na cama ao lado dela.
– E hoje é meu aniversario – ele fala e Katniss o agarra apertando ele.
– É isso! 15 anos! Eu estou me sentindo velha – ela fala abraçada a ele.
– Nada a ver! Você não tá velha – ele discorda rapidamente.
– Você sabia que nós temos a mesma idade, com diferença de meses né? – eu falo pra ele que ri – Por que eu sou velho e ela não?
– Por que a mamãe é gata e você não – ele fala rindo e eu jogo uma almofada em cima dele.
– Vocês se merecem – eu falo fingindo irritação mas sorrio, até me virar pra outra cama e ver Pérola me olhando com certo receio – Quer a janela? Ou a ponta? – eu pergunto olhando pra ela também com certo receio, ela dá de ombros.
– Pode ser a janela – ela fala e desvia o olhar do meu se levantando da cama, ela vai até a mochila, pega outra roupa e vai no banheiro, Katniss me olha e sorri me dando confiança, eu arrumo a cama e me sento encostado na cabeceira, Pyter já está praticamente desmaiado, Katniss acariciando o cabelo dele e também com cara de sono, Pérola vem pra cama e se deita no lado dela.
– Boa noite – ela fala sem nem me olhar, puxa a coberta e vira de costas pra mim, eu apago a luz do abajur, a cabine fica escura mas eu não consigo dormir, depois de alguns minutos observando Pérola percebo que ela também está acordada por que a cada dez segundos ela mexe o pé e ela nunca faz isso quando dorme, coisas que um pai percebe.
– Então você só ta fingindo pra não ter que falar comigo? – eu pergunto e o pé balançando para, ela fica tensa, a respiração muda mas ela não se mexe – Tudo bem, você tem o direito de me odiar – eu falo e então ela se mexe, ela se vira pra mim e no escuro fica mais difcil encontrar aqueles olhos cinzentos mesmo assim eu focalizo seu rosto.
– Eu não te odeio – ela fala baixo mas sincera, então arrasto o corpo pra se sentar, ela coloca as mãos sobre as pernas e leva alguns segundos pra falar – Você é meu pai – ela fala dando de ombros e me olha – E eu te amo mesmo quando você é um idiota – ela fala e eu me surpreendo mas acabo sorrindo.
– Não posso negar que fui um idiota – eu falo olhando pra ela.
– Não, não pode e você foi um super idiota – ela me conserta.
– Tá bom! Acho que já entendemos essa parte – eu falo e ela ri, uma risada fraca mas já consegue fazer meu coração voltar a bater – É sério... – eu falo e me viro pra ela e pego sua mão – Me perdoa! Eu sei que eu não devia ter feito isso! Você tá certa, nós tínhamos uma promessa, nada de mentiras e eu quebrei isso! Mas eu realmente to muito arrependido, eu te amo tanto, tanto que as vezes eu nem sei o que fazer... e só em pensar que você tá crescendo, deixando de ser a minha menina e se transformando nessa garota incrível, isso me assusta. Eu só queria poder ter você pra sempre segurando minha mão – eu confesso com toda sinceridade que consigo, ouço ela fungando o nariz indicando que ela está chorando.
– E eu vou segurar pai! Pra sempre – ela garante apertando a mão na minha e colocando a outra por cima – Você é meu pai! – ela fala agora com o rosto próximo ao meu e eu consigo ver aqueles pares cinzentos intensos e sinceros – Eu te amo e eu sempre vou te amar! Eu só quero saber que ‘’meu pai’’ nunca vai mentir pra mim de novo – ela fala séria.
– Nunca mais! Eu juro – eu garanto colocando a minha mão por cima das nossas, ela concorda.
– Eu gosto do Ian... na verdade... eu gosto muito dele – ela confessa o que eu já sabia mas tentava não ver – E eu realmente quero ficar com ele, só que isso não muda em nada! Eu ainda sou a Pérola, ainda sou sua filha! – ela me garante como se ela fosse a mais velha.
– Eu sei! Eu... não sei o que me deu – eu confesso e ela abre um pequeno sorriso.
– Então isso quer dizer que? – ela pergunta esperando a resposta, eu reviro os olhos.
– Eu permito! Você pode namorar o Ian – eu falo e ela sorri mais ainda, então me abraça – Mas... – eu falo e ela para o abraço me olhando – Os domingos são em família! – eu aviso e ela ri.
– E perder os almoços de domingo? Isso nem passou pela minha cabeça – ela fala animada e me abraça de novo.
– Então você não me odeia mesmo? – eu pergunto no ouvido dela enquanto ainda estamos abraçados e ela ri.
– Eu te amo! Muito! Muito! – ela garante e a declaração acompanhada da risada dela me traz de volta todas as batidas do meu coração, eu a beijo varias vezes e ela ri, se escorregando dos meus braços.
– Mas eu posso estar muito magoada e talvez mereça todas as primeiras panquecas daqui pra frente – ela fala fazendo cara de choro.
– Nem vem! Ele mentiu no meu aniversario, eu sou o traumatizado – Pyter fala surpreendendo nós dois, sua voz não está triste nem magoada, pelo contrario, ele ri, então Katniss também ri.
– Eu achei que vocês estavam dormindo – eu falo ligando o abajur.
– E perder o pedido de desculpas do ano? – Pyter fala rindo – Nãããão – ele fala fazendo caras e bocas, eu jogo o travesseiro nele, ele joga em mim e pega na Pérola e então logo entramos em uma guerra de travesseiros.
– Se nos formos expulsos do trem, vocês me carregam no colo – Katniss avisa e então Pyter nos olha com aquele jeito de quem vai aprontar e então nós três jogamos os travesseiros nela que mesmo tentando ficar brava acaba rindo.
Enfim, não fomos expulsos, mas ninguém conseguiu dormir também, então pedimos um lanche no quarto, comemos enquanto víamos algumas fotos que Pérola tirou de nós, eles falam do que mais gostaram e quando finalmente o sono começou a aparecer, anunciam nossa chegada, reunimos tudo e logo estávamos descendo no Distrito Doze, o carro que eu havia deixado aqui continua, e nós logo estamos chegando em casa, deixo Haymitch na casa dele e vamos pra casa.
– A melhor parte das viagens – Katniss fala enquanto passa a mão pelo corremão da escada como se tivessem se passado muito tempo.
– A gente tem que ir pra escola amanhã? – Pyter pergunta parando no começo da escada, Katniss me olha cedendo.
– Pode ficar! Mas a tarde você vai no Ryan e quero a matéria em dia – eu aviso e ele sobe comemorando.
– Eu vou – Pérola avisa mas nos olha esperando o que eu vou falar.
– Eu imaginei que iria – eu falo e ela sorri, beija a mim e Katniss, deseja boa noite, e sobe as escadas rapidamente.
– Muito bem – Katniss fala sorri e aproxima mais o rosto do meu – Esse é o Peeta que eu conheço – ela fala com os lábios colados no meu, então eu a beijo, segurando sua cintura contra mim, ela sorri quando aumentamos o beijo, eu subo a camisa dela e minha mão se arrasta pela sua barriga indo para suas costas, mas quando eu ameaço tirar ela me para – Você tá louco? – ela fala mas esta sorrindo enquanto olha pro alto da escada, eu também sorrio.
– Eu sei, eu sei – eu falo revirando os olhos e soltando ela.
– Apaga as luzes – ela manda enquanto começa a subir as escadas, eu apago e também subo, entramos no quarto e eu fecho a porta, ela estava tirando a camisa quando eu me aproximo dela e termino de fazer isso, ela se vira pra mim e sorri, meus dedos correm por sua pele e ela também tira a minha camisa, jogando em algum canto, quando eu a beijo de novo não há nenhuma intenção de parar, esse últimos três dias foram longos, com seus altos e baixos, a nossa briga, depois as pazes mas o tempo todo perto deles e consequentemente menos tempo pra nós dois, quando sinto o corpo dela, sua pele quente na minha, todo desejo e fome que meu corpo tem dela vem a tona e eu sei que não dá mais pra adiar, eu preciso dela tanto quanto sei que ela precisa de mim, quando alcançamos a cama e seu corpo se encaixa ao meu, tudo parece encaixado em seus lugares, nossos movimentos são sintonizados e quanto mais nos perdemos um no outro mas nos encontramos, por que eu sou dela e ela é minha.
No dia seguinte eu acordo cedo e como Pérola ainda não tinha acordado, vou chamar por ela, entro no quarto que ainda está escuro com as cortinas bloqueando o sol, ela está enrolada em seu lençol, agarrada ao coelho que ela tem desde pequena, dormindo tão tranquilamente que vejo aquela menininha de anos atrás, eu me aproximo devagar, me ajoelho perto dela e afasto seus fios de cabelo, beijo sua testa devagar e sorrio quando ela se mexe.
– Pérola! Pérola... – eu chamo calmamente e ela resmunga ainda de olhos fechados – Meu amor, tá na hora – eu falo passando os dedos pelo cabelo dela, ela abre os olhos sonolenta.
– Nunca mais acredite quando eu disser que quero acordar cedo – ela fala com a voz embragada, eu solto uma risada.
– Mas você não vai pra escola? Achei que tivesse ansiosa – eu falo e ela ainda de olho fechado tateia a mão no meu rosto pra me impedir de falar.
– Eu to ansiosa pra voltar a dormir – ela fala sem abrir os olhos e se aperta ao coelho, eu sorrio.
– Tudo bem! Eu tentei – eu falo e beijo sua testa, puxando o cobertor mais pra cima, eu paro em pé olhando pra ela.
– Pai?- ela me chama de olhos fechados - Para de me olhar! – ela fala e abre os olhos apenas pra se certificar, eu solto uma risada e levanto as mãos pra mostrar que perdi, então apenas mais uma olhada e saio do quarto, encontro Katniss que diz que sabia que ela não acordaria cedo, então eu preparo café pra nós dois e vou pra padaria, as coisas foram bem enquanto estive fora mas na hora do almoço Philip bate no escritório.
– Posso falar com você? – ele pergunta e parece sério, eu sinalizo que ele entre já me preparando pra problemas.
– Que cara é essa? Algum problema ? – eu pergunto e ele confirma – Senta – eu ofereço mas ele nega – Você ta me deixando preocupado, eu falei com Benny e Rory e eles disseram que tudo foi bem – eu falo e ele parece procurar como falar.
– Você sabe o quanto eu gosto de você né? – ele fala e eu concordo mas fico ainda mais confuso – Não só como meu patrão mas como meu amigo também, por isso eu acho que temos essa liberdade – ele fala e eu estou lhe dando atenção – Ian passou o final de semana inteiro pelos cantos da casa sem saber o que aconteceu e hoje ela não apareceu na escola, ele tá sem saber o que fazer – ele fala e eu entendo o problema, mas espero ele terminar – Eu entendo que ela é sua filha e sei que você é protetor com eles, mas ele nunca te deu motivos pra isso e se fez eu espero que você me fale e eu resolva – ele fala sério.
– Não! Não – eu nego rapidamente – Ele é... um ótimo garoto, nunca fez nada que eu discorde! – eu admito e isso o acalma – Olha, eu já tive essa conversa algumas vezes esses dias então... – eu respiro fundo – Eu fui um idiota! Completamente! Eu achei que ia perder minha filha se aceitasse o namoro e surtei, eu errei e admito meu erro. Eu vou falar com ele hoje mesmo e sinceramente eu só posso pedir desculpas – eu falo e agora ela parece realmente aliviado.
– Tudo bem! Deve ser difícil ter uma filha bonita – ele fala sorrindo e estende a mão pra mim, eu me levanto e aperto – Ele tá La fora – ele fala e eu sorrio.
– Ele não desiste mesmo ein – eu falo e nós rimos.
– Ele tá apaixonado – ele fala e dessa vez a palavra já não me apavora.
– É, mas vamos manter isso controlado ok? – eu falo e ele ri, nós saímos do escritório e encontro Ian parado no salão, ele se endireita quando me vê, mas antes que ele fale sou eu quem falo.
– Tem alguma coisa pra fazer agora? – eu pergunto e ele olha pro pai e depois nega rapidamente - Quer almoçar lá em casa? Acho que a Pérola ia gostar – eu falo e o sorriso dele parece dividir seu rosto ao meio, incrivelmente eu acabo sorrindo junto.


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