- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 51
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

GEEENTE, desculpa a demora, mas o capitulo estava todo pronto semana passada e meu pc simplesmente apagou, deu ruim total! Perdi tudo, inclusive toda a história que eu tinha gravada que já havia postado, até a ''Recomeçando'', já chorei, já xinguei, enfim, por isso demorei, mas espero que vcs não me odeiem tanto, Beijos, Aproveitem



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Ainda estava tentando organizar meus pensamentos, primeiro o telefonema da diretora, Pérola recebendo sua primeira advertência, Pyter sendo suspenso das aulas, eu brigando com ele e então Pérola revelando que ele só a defendeu, são muitas coisas para colocar em ordem, uma parte minha sente orgulho por Pyter querer proteger a irmã mas outro lado se sente culpado, eu não posso acreditar que eu não percebi algo errado, até mesmo Haymitch estranhou mas eu não, eu que sou o próprio pai nao vi nada errado, que especie de pai eu sou?
– Você nao tinha como saber! - Katniss fala parecendo ler meus pensamentos, ela se aproxima e coloca as maos nos meus ombros e me olha nos olhos - Você não tinha como saber Peeta! Você só agiu como pai - ela fala colocando a mão na minha nuca.
– Grande pai - eu falo com ironia e balanço a cabeça negando.
– Grande pai mesmo - ela confirma com a voz firme - O melhor! - ela fala e me força a olhar pra ela - E eu não admito você duvidar disso - ela avisa e aproximo o rosto do meu - O melhor pai e o melhor marido - ela fala e então beija minha testa e depois meus lábios, então seu olhar desvia pra algo atrás de mim, eu me viro e Perola esta na escada nos olhando, Katniss se afasta um pouco de mim e sinaliza pra que ela desça e ela faz isso evitando me olhar, para no meio da sala, as mãos pra trás do corpo e olhando pra um ponto fixo na janela.
– Você quer nos falar mais alguma coisa? - Katniss pergunta e ela nega - Você não quer dizer o que aconteceu? - ela insiste e Pérola junta as mãos a frente do corpo entrelaçando os dedos.
– Foi tudo culpa minha! O Pyter só quis me defender! Eu tinha que ter falado antes - ela fala e olha para as mãos.
– E quanto a ser expulsa da sala? - Katniss pergunta olhando pra ela, que levanta o olhar e quando seus olhos encontram os meus ela parece tensa, nervosa e... Com medo. A minha filha me olha com medo, eu sinto uma pontada no peito, essa é uma das coisas que eu mais temia.
– Eu respondi o professor - ela confessa e desvia o olhar, alguns segundos de silêncio e ela volta a falar - A gente tinha que entregar um trabalho, e eu fiz, entreguei mas ele não aceitou, mandou eu fazer tudo de novo! Eu fiz. Três vezes, eu juro que eu fiz - ela afirma e começa a ficar nervosa - Eu ate pedi pro Ian olhar por que ele é melhor que eu em matemática, mas tava certo! Eu juro que tava certo - ela repete começando a chorar.
– Eu acredito - Katniss fala sinceramente e ela a olha concordando.
– Mas ele mandou fazer tudo de novo! Só que a aula ia acabar e eu ia levar zero. Aí eu falei que não ia fazer, que se ele quisesse era pra ele fazer! - ela confessou e levantou o olhar mais uma vez - E eu disse que ele nem sabia fazer conta - ela conclui com a voz mais baixa, Katniss parece surpresa e me olha com uma certa diversão no olhar.
– E então ele te expulsou? - ela pergunta e ela confirma.
– Mas mãe, pai! Eu juro que tava certo! Ele nem olhou direito! E ele sempre implica comigo! Eu juro pai, eu juro que eu não fiz mais nada! Eu tava quieta - ela fala e começa a chorar, ela enxuga as lagrimas com a manga da blusa e é esse gesto que me chama a atenção, não ela chorar, nem tentar limpar, mas sim limpar com a "manga" da blusa, estamos no meio da primavera, clima abafado, sol forte la fora e Pérola esta com uma blusa de manga comprida, cinza que ela só usa no inverno.
– Você ta com frio? - eu pergunto e Katniss me olha confusa, enquanto Pérola arregala os olhos surpresa.
– Será que você ta doente? - ela pergunta confusa e coloca a mão na testa da Pérola, e antes que ela diga eu já sei a resposta - Nao! Sem febre - ela fala ainda preocupada e olha pra Pérola - Você ta sentindo alguma coisa? - ela pergunta e Pérola esta me olhando fixamente.
– Não! Ela não tá - eu afirmo e Katniss me olha confusa, eu não desvio o olhar de Pérola, já deixei passar muitos detalhes hoje, agora não, eu conheço Pérola bem demais e tem algo muito errado aqui - Pérola, tira a blusa - eu falo e Katniss se vira rápido demais.
– O quê? - ela parece surpresa, eu não repito apenas encaro Pérola - O que você ta fazendo Peeta? - ela pergunta se aproximando de mim, colocando a mão no meu ombro como se pra me conter - Melhor você subir, depois a gente conversa - ela fala meio apreensiva, eu me desvio dela.
– Pérola, a camisa - eu falo agora ainda mais incomodado, ela recua um passo.
– Peeta! Não! Eu te proíbo de fazer isso - Katniss fala séria e firme, eu me viro pra ela, mas não digo nada, volto a atenção a Pérola e já estava levantando a camisa dela quando a mão segurou meu braço.
– Não - ela fala firme.
– Eu vou fazer voce querendo ou não! - eu afirmo e ela ia revidar - Eu sei o que to fazendo - eu afirmo e ela parece confusa - Se você não tirar, eu mesmo faço - eu aviso a Pérola e ela concorda, então ela mesma tira a blusa, ficando apenas com uma camiseta.
– Oh meu Deus - Katniss solta surpresa, mesmo sem olhar pra ela sei que ela levou a mão ate a boca tentando abafar algum som, mas meus olhos estão fixos a minha frente, Pérola esta chorando e se recusa a nos olhar nos olhos, mas a minha atenção está mesmo em seus braços, as marcas dos dedos ainda estão ali, vermelhas e intensas, em alguns pontos já sendo substituída pelo roxo, eu preciso de alguns segundos pra conseguir raciocinar e acreditar que aquilo é real e nao um dos meus pesadelos.
– O quê que aconteceu? - nem eu mesmo reconheço minha voz, ela é rouca, baixa e ameaçadoramente calma, mas Pérola apenas me olha com lagrimas ainda rolando, eu fecho os olhos alguns segundos, puxo o ar com forca e volto a abri-los - Quem fez isso Pérola? - eu pergunto mesmo já desconfiando da resposta mas eu preciso ter certeza e ela apenas chora - Pérola, quem? - dessa vez minha voz é mais forte e mais alta.
– Pérola, você pode falar pra gente! O que aconteceu? - Katniss pergunta enquanto passa a mao pelo cabelo dela mas também numa calma que eu sei que é apenas superficial.
– Ele segurou meu braço pra me tirar da sala e depois eu respondi ele e ele me apertou mais - ela fala em meios as lágrimas.
– Desgraçado! - eu solto assim que tenho minha suspeita confirmada, uma especie de adrenalina percorre cada músculo do meu corpo, motivada por raiva, ódio e qualquer outro sentimento ruim, por que é isso que acontece quando você vê o braco da sua filha marcado por um verme como esse mas ele vai pagar por isso - Qual é o nome desse cara? - eu pergunto já que ela disse mas eu nao consigo me lembrar, minha cabeça esta agitada demais pra me lembrar desse detalhe.
– Pai... - ela ia começar a falar mas eu fiz que não e exigi a resposta e ela veio, porém nao foi ela quem disse.
– Senhor Muniz! Ele é gordo e careca - Pyter estava no alto da escada nos olhando, então antes que Katniss pudesse dizer algo, eu me afastei e sai de casa.
– Peeta! Peeta! Me espera! - ouvi seus gritos me chamando mas eu já estava correndo, saindo da Aldeia, no curto espaço que eu corri minha cabeça latejava cada vez que eu me lembrava do braço dela, cada vez que eu via uma parte dos meus pesadelos se tornando real, afinal meu maior medo desde que eu me tornei pai, desde a primeira vez que eu senti ela nos meus braços era de não poder defendê-la de tudo, era saber que ela podia sofrer, chorar e eu não poderia evitar tudo e agora era exatamente o que estava acontecendo, eu não pude evitar, não estava lá pra defendê-la mas com toda certeza isso não vai ficar assim, eu chego na escola no horário de saída das crianças por isso acabo esbarrando em várias delas enquanto tento alcançar o portão e entrar no lugar.
– Tio Peeta - uma voz no meio da confusão de crianças me chama mas eu nao paro, sigo pra dentro das escolas, entrando nos corredores que já não são os mesmos que anos atrás, a escola parece um labirinto cheia de salas e portas, eu acabo em um corredor que esta vazio, tento achar a sala da diretora quando uma das portas se abrem, o homem alto, careca e gordo sai de lá, sinto meus músculos tensos e tento me controlar.
– Muniz? - mesmo eu tentando me controlar minha voz soa ríspida e ameaçadora, o homem se vira e quando me vê faz uma expressão de desprezo.
– Que foi? Se veio apelar pela sua filha é perda de tempo, eu não vou retirar uma única palavra... - ele começa a falar e eu me aproximo dele com passos firmes e antes que ele possa continuar seu discurso eu o agarro com as duas mãos pela gola da camisa e o empurro contra a parede, pressionando minhas mãos nele, seus olhos parecem assustados mas ele tenta manter sua postura.
– Eu exijo que me solte agora - ele fala tentando sair das minhas mãos.
– Cala essa boca - eu falo alto demais e firme, ele parece prender a respiração, eu libero apenas uma mão e abro a porta do lado, então o arrasto e o jogo para dentro da sala, ele cai tropeçando nos próprios pés mas tentando encontrar equilíbrio se segurando na cadeira.
– O que você pensa que esta fazendo? - ele pergunta enquanto se levanta, mas antes que ele consiga, eu lhe dou um soco, acertando um pouco acima do seu queixo, ele cai novamente, leva a mão a boca e quando olha esta com sangue, agora sim seu olhar esta assustado, ele recua se arrastando pelo chão - Você pode ser preso sabia? Eu vou te denunciar - ele avisa e eu vou pra cima dele de novo, me abaixo, apoiando-me em um joelho e lhe dou outro soco.
– A minha filha! Você encostou....na minha....filha - eu falo enquanto o seguro ainda no chão pela gola da camisa, ele agarra a mão por cima da minha tentando se livrar de mim, mas eu aperto mais forte - Seu desgraçado! - eu falo com ainda mais raiva.
– Eu não sei do que você ta falando! Ela me desrespeitou e eu a levei pra diretora - ele fala mas eu posso sentir a falsidade nas suas palavras, eu aperto minha mão no seu pescoço e em alguns segundos ele esta vermelho.
– Não mente pra mim - eu aviso e sacudo ele que tenta procurar ar - Você apertou o braço dela! Eu vi! Ela ta marcada - eu falo quase gritando, mesmo com meu aperto ele se arrasta no chão e tenta se soltar, então a porta da sala é aberta de novo.
– Peeta! - Katniss entra desesperada e para assim que me vê, eu estou no chão quase por cima dele e sangue escorre da boca e do nariz dele - Peeta, chega - ela pede com certo receio.
– Melhor você escutar ela - ele fala com o pouco de folego que ainda tem, eu lhe dou outro soco.
– Peeta! Não! - ela grita e corre até nós segurando minha mão - Não! Ele não vale a pena - ela fala me olhando nos olhos, sua respiração esta tão pesada quanto a minha e pelo modo como ela parece cansada deve ter vindo correndo também - Por favor - ela pede e solta minha mão deixando a decisão pra mim, eu olho para o homem no chão e depois pra ela, então o solto com um empurrão e me levanto.
– Isso não vai ficar assim - ele resmunga se apoiando na parede para ficar de pé.
– Você pode ter certeza que não! - Katniss fala indo pra cima dele, sua postura firme, ela aponta o dedo pra ele e eu posso reconhecer a raiva e ódio dela por que são os mesmos que eu estou - Você NUNCA mais chega perto da minha filha - ela ameaça e ele empurra o dedo dela.
– Vocês deveriam me agradecer - ele fala nos olhando com desprezo - Me agradecer por tentar fazer daquela menininha mimada uma garota de verdade!
– Seu desgraçado! Imbecil - eu avanço em cima dele de novo enquanto ele tenta se esquivar mas eu consigo acertar outro soco nele.
– O que significa isso? - a diretora para na porta da sala nos olhando séria - Eu posso saber o que está acontecendo na minha escola? - ela exige nos encarando friamente - Senhor Mellark... É esse o tipo de exemplo que você quer dar a seus filhos? - ela pergunta e mesmo que ela tivesse uma boa intenção, a simples menção deles e do motivo que me trouxe aqui fala mais alto.
– Você nao sabe nada sobre meus filhos! - eu falo encarando ela e dando um passo a frente, a diretora parece realmente surpresa e um pouco assustada quando me aproximo mas tenta parecer firme, Katniss segura meu braço - E pelo visto nada sobre a "sua" escola - eu falo com ironia e ela me olha indignada pronta pra revidar - Ou você saberia que tem um canalha como professor - eu falo e seus olhos quase saltam do rosto.
– Eu não sei o que aconteceu aqui! Mas eu exijo respeito! Nós podemos resolver tudo de forma civilizada, se nós nos sentarmos e conversarmos - ela sugere e eu solto um riso nervoso.
– Eu nao tenho nada pra conversar! Nem com a senhora! Muito menos com ele! - eu falo e olho para ele que esta me encarando no canto - Eu só quero deixar uma coisa bem clara aqui! Esse homem não fica nem mais um dia aqui! - eu falo e ela endireita sua postura e dá um passo a frente.
– Eu sinto muito Senhor Mellark mas isso não esta na sua decisão! Eu sou a diretora! E ninguém é dispensado sem minha autorização - ela fala me enfrentando.
– É por isso que aqueles dois estão desse jeito! Com pais assim! Eles precisam ser controlados ou ficarão como eles... Duas pessoas que acham que podem ter tudo na vida... E aqueles dois estão iguais a eles. Mimados e sem controle - ele resmunga do canto e dessa vez antes que eu possa fazer algo, é Katniss quem se vira e vai até ele, ela aperta a mão no pescoço dele, encostando ele na parede mesmo ele sendo fisicamente mais forte que ela, com mais do que o dobro do peso dela, ela é uma mãe defendendo os filhos e isso a torna ainda mais forte, ele começa a ficar sem ar enquanto ela aperta ainda mais.
– NUNCA...mais...fala...dos meus...filhos - ela fala pausando então solta a mao mas antes lhe da um chute entre as pernas, ele se inclina pra frente murmurando.
– Eu exijo saber o que esta acontecendo aqui - a diretora fala e Katniss se vira pra ela com um olhar furioso.
– Pérola esta em casa com os braços marcados por causa desse desgraçado! Eu que exijo saber como você deixa um homem assim ser professor da "sua" escola - eu falo encarando ela friamente e ela parece ainda digerir a informação.
– Eu... Eu... Como ela esta? O que exatamente aconteceu? - ela pergunta sem conseguir manter toda postura de antes.
– Isso é mentira - ele fala e eu me viro pra ele de novo.
– Isso não vai ficar assim! Eu te garanto que você vai se arrepender de ter encostado nela! Eu vou acabar com você da forma mais completa que eu conseguir! E isso nao é una ameaça - eu aviso a ele, olhando diretamente nos seus olhos, então eu seguro Katniss pela mão e nós saímos - E você deveria saber melhor o que acontece dentro da "sua" escola - eu aviso a diretora e então volto o caminho com Katniss ao meu lado, nós seguimos os corredores em silencio, apenas misturas de passos fortes, respiração pesada e toda tensão que ainda estava em nós, quando chegamos do lado de fora da escola já nao tinha mais nenhuma criança, o espaço estava vazio, o sol nos atingiu fortemente e eu ainda sentia tanta raiva de quando eu cheguei aqui, minha cabeça doi como a muito tempo nao doía, e eu ainda sinto cada nervo meu pulsando de ódio, então os braços me envolvem, me despertando e me fazendo parar no caminho, Katniss aperta os braços ao meu redor, sua cabeça apoiada no meu peito e sinto a respiração e o tremor dela, então a abraço de volta ainda mais apertado tentando passar alguma tranquilidade ou conforto mesmo que eu mesmo nao os tenha, ficamos assim alguns segundos, apenas abraçados, então ela levantava cabeça e para o rosto de frente pro meu parecendo pensar.
– Você acha que isso tem a ver com a gente? - ela pergunta com o olhar preocupado e culpado, e mesmo que eu sempre queira livrar ela de qualquer coisa ruim, dessa vez eu nao posso, Katniss não é idiota e pela maneira que ele falou lá dentro, do desprezo ao nos olhar, é quase certo que ele tenha usado Pérola pra mostrar que não aprova nada do que aconteceu anos atrás e eu poderia entender ele, mas ele perdeu essa chance quando encostou na minha filha, isso eu nunca vou perdoar.
– Ele vai pagar por isso - eu falo sem responder diretamente sua pergunta, ela me da um leve aceno de cabeça, eu beijo sua testa e nos abraçamos mais uma vez.
– Me promete que você não vai fazer nada sozinho - ela pede me olhando angustiada e nervosa, meus dedos passam pelo seu caminho - Nós vamos resolver isso juntos! - ela completa e eu confirmo.
– Juntos!- então eu beijo sua testa antes de voltar o caminho.
– Ah ainda bem Peeta! Eu já estava indo te procurar - Marie fala saindo apressada da padaria e vindo ate nos dois que estávamos apenas passando pela rua.
– Hoje não Marie! Vocês resolvem! Eu to indo pra casa - eu falo sem soltar a mão da Katniss.
– Bom, eu sinto muito, mas não da pra gente resolver! - ela anuncia e Katniss olha pra mim e depois pra ela esperando a noticia - Houve um estouro e depois a luz simplesmente acabou! Nós temos duas tortas geladas prontas que vão começar a derreter a qualquer momento, uma encomenda de pães de queijo e um bolo pra rechear e confeitar - ela despeja o problema e me olha esperando a solução, eu solto o ar derrotado e passo as maos pelo cabelo tentando raciocinar mas tudo parece embolado demais pra que eu consiga me organizar.
– Chama o Benny aqui, ele vai com a gente até la em casa, pega o carro e volta aqui! Depois leva as tortas e tudo que precisar la pra casa ate a hora da entrega e vocês podem ficar pela cozinha - Katniss fala tomando a frente do problema com uma certeza e naturalidade que me faz assim como Marie a olhar surpreso - Mas leva os ingredientes e tudo que for usar por que acho que lá em casa nao tem todas essas coisas - ela completa no mesmo ritmo - Nós vamos na frente e esperamos vocês lá - ela conclui e volta a segurar meu braço, Marie concorda e volta pra dentro da padaria.
– Você foi ótima - eu falo enquanto voltamos a andar, ela dá de ombros.
– Você ta bem? - ela pergunta me olhando preocupada e não há motivos pra mentir.
– Não! - eu admito e ela aperta os lábios tentando pensar no que dizer - Do mesmo jeito que eu sei que você também não está! Mas nós vamos ficar! - eu garanto e ela confirma e aperta ainda mais a mão na minha, nós chegamos em casa e encontramos Haymitch sentado em uma ponta do sofá, Pyter na outra e Pérola dormindo com a cabeça sobre a perna do Haymitch e as pernas sobre o Pyter, eu me aproximo deles, me abaixo a frente da Pérola e meus dedos passam pelos cabelos delas, loiros e longos que tampam parte do seu rosto, eu afasto eles e meu coração se aperta quando a expressão dela não é aquela mesma doce e tranquila de sempre, meus olhos encontram a marca em seu braço e eu passo a ponta dos dedos ali.
– Me diz que vocês acabaram com esse babaca - Haymitch fala com a voz baixa mas igualmente furioso, eu cerrei os dentes e o olhei com a mesma determinação. - Ele vai pagar - eu afirmo e ele concorda e desvia o olhar pra ela.
– Eu podia colocar tachinhas na comida dele - Pyter fala e mesmo com toda tensão eu acabo sorrindo, ele também a olha com preocupação.
– Você deveria pensar em não se meter em encrenca pode ser? - eu peço mas sorrio e ele revira os olhos jogando a cabeça pra trás.
– Ta bom - ele fala sem parecer entusiasmado - Mas ia ser legal - ele completa e me olha com aquele olhar travesso que ele tem e eu acabo sorrindo de novo, Katniss se aproxima e passa a mao pelo cabelo dele e beija a testa dele.
– Eu vou levar ela pra cama - eu falo e me levanto, com cuidado eu pego ela no colo, espero uns segundos apenas pra me equilibrar e então subo as escadas, entro no quarto dela e a deito na cama com o maximo de cuidado mas ela acaba abrindo os olhos.
– Dorme - eu falo já puxando o lençol pra ela.
– Você ta bravo comigo? - ela pergunta, a voz rouca e baixa, eu a olho e ela realmente parece preocupada.
– Claro que não - eu falo com o maximo de confiança que consigo e me sento na beirada da cama dela.
– Desculpa - ela pede com a voz de choro.
– Ei... - eu passo meus dedos pelo cabelo dela e a olho nos olhos - Eu que tenho que pedir desculpas! Eu devia saber que tinha algo errado - eu confesso sentindo a culpa - Mas eu prometo que isso nunca mais vai acontecer! Você e seu irmão são minha vida, você sabe não é? - eu pergunto e ela confirma - E eu não estou bravo com nenhum dos dois! - eu falo e ela parece mais tranquila, seus olhos lutam pra permanecerem abertos, eu a cubro com o lençol e me inclino para beijar sua testa – Eu te amo! – eu afirmo com a voz baixa mas completamente firme.
– Eu te amo – ela devolve com um sorriso meio de lado que logo vira um bocejo, eu sorrio e fico a observando por alguns minutos, olhando o modo como ela fica ainda mais linda dormindo, embora aquele sorriso de sempre não esteja ali, ainda assim ela parece calma e serena, me distraio até ouvir as vozes la embaixo, então me levanto da cama.
– Peeta, tá uma confusão lá embaixo – Katniss avisa enquanto eu saio do quarto, nós descemos e eu encontro Benny implicando e brincando com o Pyter, como sempre, Philip está tentando arranjar espaço na mesa pra colocar todo material enquanto Rory e Marie tentam achar outro espaço pra começar a preparar o bolo.
– Peeta, não vai dá! Não leva a mal, sua casa é grande e tudo, mas a cozinha não cabe todo mundo com tantas coisas – Rory fala aquilo que já está bastante claro, eu olho ao redor e os sacos de farinha, açúcar e todos os outros ingredientes ocupam praticamente a mesa toda, com certeza aqui não é o lugar perfeito, se ao menos tivéssemos duas cozinhas.
– Tá bom! Rory e Marie, vocês vão pro Haymitch e fazem o bolo lá, a cozinha sempre está vazia mesmo – eu falo e eles dois se olham meio desconfiados – O que? Qual o problema? – eu pergunto confuso e antes que eles expliquem Haymitch entra na cozinha.
– Não quero ninguém na minha casa! – ele avisa já entrando pela cozinha, corta um pedaço de queijo e joga na boca, eu reviro os olhos e empurro o prato com queijo pra longe dele.
–Não escutem ele, apenas ignorem, anda, juntem as coisas – eu falo pra eles dois que ainda parecem indecisos e permanecem parados – Ah o que foi? Vocês estão com medo do Haymitch? – eu pergunto sem conseguir acreditar nisso, ele mal anda sem arrastar os pés, a barriga caindo pra frente, a barba já com centenas de fios brancos e tem tanta energia quanto uma tartaruga.
– Ele não é a pessoa mais simpática do mundo – Marie fala encarando ele e ele faz uma careta pra ela.
– Não quero ninguém lá, principalmente essa aqui – ele fala e aponta com a cabeça.
– Meu nome é Marie – ela fala e o encara de braços cruzados.
Meu nome é Marie – ele imita ela afinando a voz – Bom, eu não quero essa daí na minha casa – ele fala e agora passa saindo da cozinha, eu solto o ar cansado e esfrego minha nuca.
– OK! Pyter... – eu chamo por ele que logo entra correndo na cozinha – Você fica com seu avô até eles terminarem o bolo e por favor... não deixa ele implicando com eles dois, pode ser? – eu peço e ele me olha com atenção, então libera aquele sorriso suspeito.
– Aí eu posso sair do castigo? – ele pergunta com esperança e Benny e Rory riem, mas logo disfarçam.
– Só por essa pergunta você deveria ficar mais tempo – eu falo e ele tampa a boca com as mãos negando rapidamente – Me faz esse favor e depois eu penso sobre o resto – eu falo e com a mão ainda tampando a boca ele concorda, e faz sinal pra que eles o sigam.
– Vai indo, eles já vão – eu falo e ele sai da cozinha atrás do Haymitch enquanto Rory e Marie juntam as coisas e com a ajuda do Benny levam o material e os equipamentos, eu fico pela cozinha de casa junto com Philip começando a preparação dos pães de queijo, a massa é feita rápido mas o maior problema é para assar todos os pães, na padaria nós temos quatro fornos profissionais, aqui temos um e comum, então com certeza demora muito mais e enquanto a segunda fornada assa, a outra esfria.
– Amanhã nós temos mais encomendas de pães, a padaria não pode continuar sem luz – Philip constata o que eu mesmo já tinha acabado de perceber, eu concordo, tiro o avental e coloco sobre a mesa.
– Eu vou ligar pra Companhia de luz – eu aviso e saio da cozinha indo direto para o escritório, entro, me sento, puxo o livro onde vem os principais números do Distrito, disco e espero ser atendido, a mulher que atende do outro lado parece falar cada palavra com um exagero irritante, eu tento não prestar atenção nisso e a informo sobre o problema, contando o que eles me disseram, que houve um estouro e depois as luzes se apagaram e estão assim até agora, ela pede um minuto pra procurar algo no sistema e depois volta dizendo que no sistema consta que tudo está certo, eu tento explicar novamente a ela que não, não está tudo certo e ela me passa para outra pessoa, dessa vez a mulher parece um pouco menos artificial que a anterior mas também repete que tudo está certo, eu começo a perder um pouco da paciência que ainda tinha.
– Não é minha culpa se o sistema de vocês é uma porcaria! A minha padaria está fechada e eu preciso que isso seja resolvido! Então sinceramente não me importa o que diz essa droga de sistema se quando eu entro lá as luzes não acendem! – eu falo irritado depois de quase vinte minutos na mesma situação, então sinto os olhares em mim, Katniss e Marie estão na porta e parecem surpresas me olhando, eu afasto o telefone do ouvido pra que elas falem.
– Só você sabe fazer o recheio – Marie fala se explicando rápido como se estivesse com medo de levar uma bronca, Katniss entra vindo na minha direção e pega o telefone da minha mão.
– Eu termino – ela fala e me dá espaço pra sair da cadeira – Anda Peeta, precisam mais de você lá! Eu resolvo aqui! – ela fala com uma firmeza e eu ainda a olho incerto mas ela coloca o telefone na orelha e começa a falar com a mulher com o mesmo tom de voz, então eu me levanto e saio do escritório.
–E os bolos? – eu pergunto pra Marie enquanto alcançamos a casa do Haymitch.
– Ainda assando um – ela fala e assim que entramos na sala o cheiro que sai da cozinha invade a casa inteira, Haymitch e Pyter não estão por perto, nós vamos pra cozinha e começo a preparar o recheio, já estava terminando quando Katniss aparece.
– Só precisa de alguém lá na padaria! Eles estão mandando uma equipe em dez minutos – ela anuncia e eu desvio o olhar da panela pra ela realmente impressionado – De preferência você, por que eles precisam que assine alguma coisa – ela completa e eu termino o recheio, tiro a panela do fogo e coloco sobre a pia.
– Obrigado – eu falo assim que me aproximo dela, ela revira os olhos dispensando e se vira voltando pra sala.
– Eu to indo pra lá agora – eu falo e jogo o pano de prato em cima do Rory que pega sem dificuldade, então também vou pra sala.
– Cadê o Haymitch e o Pyter? – ela pergunta, eu dou uma olhada em volta mas dou de ombros sem saber onde estão.
– Devem estar por aí – eu falo sem me preocupar.
– Eles estão quietos, isso não é bom – ela fala olhando para as portas dos fundos.
– Eu tenho que ir – eu falo e olho no relógio, já saindo apressado, eu vou de carro e chego praticamente junto com a equipe, abro a padaria e eles começam a tentar solucionar o problema, mas o calor do lado de dentro começa a me sufocar e eu saio, mesmo com o sol ainda no seu turno no meio da tarde, o lado de fora parece mais fresco, eu me sento em um toco de arvore com uma sombra que tem ao lado da padaria e me distraio arrancando alguns pedaços de capim.
– E é assim que se ganha a vida hoje em dia? – a voz me distrai e eu levanto a cabeça pra encontrar Liesel a alguns passos de mim me olhando e sorrindo.
– Estamos sem luz – eu falo apontando com a cabeça a padaria, ela olha para o carro da Companhia parado e acena compreendendo.
– Lá na sede também teve um problema desses! Deve ser algum problema no sistema! Tivemos que fazer todo o circuito ao redor do Distrito por que as câmeras falharam – ela fala e só então eu me lembro que ela ainda trabalha junto com Gale na parte da segurança do Distrito, assim que eles voltaram pra cá era mais fácil me lembrar disso, ela era mais forte, mais dura, o corte de cabelo curto, um olhar mais firme, já hoje em dia embora ela ainda tenha algumas dessas características, a verdade é que depois de ver ela correndo atrás da Hannah no parquinho ou dançando na festa junto com Hazel, essa postura de durona acaba abalada e ela já não parece como alguém que impõe uma arma ou algo assim, embora eu saiba perfeitamente que isso é possível – Nós ficamos um dia sem luz e até hoje eu tenho trabalho acumulado – ela fala sorrindo e eu me atento a outra coisa.
– Seu trabalho é de segurança certo? – eu pergunto mesmo já sabendo a resposta, ela sorri estranhando mas confirma – Pra ter segurança é preciso saber de tudo correto? – agora embora ainda com um sorriso curioso ela faz uma careta.
– A maioria! – ela fala balançando a cabeça para os lados.
– Mas você consegue saber tudo sobre uma pessoa, não consegue? – eu pergunto e ela me olha ainda mais curiosa.
– Tudo o que? – ela pergunta desconfiada.
– Tudo! Onde morou, trabalhou, se deve alguma coisa, qualquer coisa... tudo! – eu falo já me levantando e me aproximando, ela me olha alguns segundos parecendo analisar isso.
– E quem seria? – ela pergunta sem aceitar.
– Eu não sei o primeiro nome, mas o sobrenome é Muniz – eu falo e ela parece surpresa.
– O professor de matemática – ela logo reconhece e quando eu confirmo ela parece meio desapontada – A Hazel me falou o que aconteceu, que ele tirou Pérola da sala – ela parece incerta em continuar mas continua - O que você pretende com isso? Vingança? – ela pergunta duvidando.
– Eu quero acabar com ele – eu confirmo sem duvidas na voz, firme e decidido, ela leva alguns segundos de confusão.
– Por que ele expulsou Pérola? – ela pergunta sem entender, eu nego, esfregando minha nuca, eu não quero expor Pérola mas preciso mesmo disso.
– Ele passou dos limites... – seu olhar ainda espera mais explicações, claro que uma bronca não seria motivo suficiente para um pedido como esse, por isso eu revelo o restante - O braço da Pérola está marcado... está roxo! Por que ele simplesmente a apertou como alguma espécie de castigo, eu não sei... ele é doente, maluco e eu não quero ele perto dela de novo – eu falo baixo tentando controlar a raiva na minha voz e olhando pra que ninguém nos ouça, sua expressão vai de surpresa para horrorizada.
– Ele o quê? - E isso não vai ficar assim! Eu vou fazer isso com ou sem a sua ajuda – eu falo já sentindo aquela sensação ruim de novo, ela dá um passo a frente me olhando fixamente nos olhos e estica a mão, eu aperto e seu aperto é firme.
– Pode contar comigo! Eu não quero esse miserável perto dos nossos filhos – ela fala compartilhando do mesmo sentimento que eu – Eu te entrego os papéis ainda hoje – ela me garante e eu agradeço, então ela continua o caminho dela, e quando eu entro na padaria as luzes acendem e eu respiro aliviado pela primeira vez no dia, eu assino um papel e então entro no carro de novo de volta pra casa, assim que entro Katniss vem ao meu encontro.
– Por favor, diz que resolveram e amanhã vocês voltam pra lá? – ela fala parecendo desesperada.
– Resolvido – eu garanto e agora é ela quem respira aliviada – O que aconteceu? – eu pergunto estranhando a reação dela.
– Eu mal consigo entrar na minha cozinha – ela fala parecendo irritada.
– Nossa! – eu a conserto enquanto coloco o papel e as chaves do carro na mesinha do centro na sala – E desde quando você é uma grande fã da cozinha? – eu pergunto e ela dá de ombros.
– Desde quando não param de andar pela casa, a cozinha eu mal posso me mexer lá dentro sem receber olhares, como se eu estivesse errada, sem falar que eu estou com fome e a mesa da cozinha está cheia de pães de queijo que eu não posso comer – ela fala e eu acabo sorrindo, me aproximo dela e passo meu braço pela sua cintura.
– Eu arranjo uns pra você – eu falo e ela libera um sorriso mas quando eu ia beija-la, ela desvia o rosto e eu acabo beijando sua bochecha.
– Patrão, sem querer atrapalhar nada aí, mas... eu posso pegar o carro? É que eu tenho que levar o bolo e os pães – Benny pergunta, eu pego a chave e jogo pra ele que pega ainda no ar, já ia voltar a atenção pra Katniss quando Marie entra correndo.
– Aquele velho... é... maluco – ela fala apontando na direção da casa do Haymitch, sua respiração pesada, ela para com o corpo curvado e as mãos no joelho.
– O que foi? – eu pergunto sem entender nada.
– Ele... soltou aqueles bichos... no meio da cozinha – ela fala recuperando o fôlego.
– Ele fez o que? – eu pergunto tentando entender o que aconteceu.
– Aqueles patos nojentos, aquele bicho agarrou minha perna – ela fala irritada.
– São gansos, não patos! – Katniss fala suprimindo um sorriso e eu tenho certeza que se essa não fosse’’ A Katniss’’ Marie provavelmente teria lhe dado uma resposta, mas ela apenas balançou os ombros como se não se importasse com a diferença, e então Pyter entra correndo também, só que ele está rindo.
– Foi o vovô! – ele fala assim que me vê parado na sala.
– Eu pedi pra você ficar de olho nele – eu falo e ele continua rindo e olhando pra Marie.
– Eles fugiram, a gente tentou pegar – ele fala mas pela sua cara está bem claro que eles não tentaram, pelo contrario.
– Cadê seu avô? – eu pergunto olhando para a porta mas apenas Rory vem vindo – E o bolo? – eu pergunto quando me lembro.
– Benny tinha acabado de pegar, ainda bem por que pelo jeito que a Marie se debateu o bolo já era – ele fala e também ri.
– HÁ HÁ HÁ , vocês são muito engraçados! Eu acho bom a padaria abrir amanhã, se não eu peço minhas férias adiantadas – ela ameaça cruzando os braços.
– Sem chance! A padaria abre as seis – eu falo e ela faz uma careta e começa a sair da sala.
– Estou me dispensando por hoje – ela avisa sobre o ombro e deixa todos rindo de sua irritação, depois que ela se vai, nós arrumamos a cozinha e eu dispenso os outros também, a tarde já estava no fim.
– Eu to com fome – Pyter fala passando a mão na barriga e fazendo uma careta.
– E quando você não está com fome? – eu pergunto e ele ri – Cadê a Pérola? Ainda tá dormindo? – eu pergunto preocupado com ela.
– Eu vou lá ver ela – Katniss avisa e sobe as escadas, enquanto eu e Pyter voltamos para a cozinha, ele me ajuda enquanto preparo o prato preferido deles, macarrão com queijo, já estava quase pronto quando Katniss e Pérola descem.
– Finalmente! – eu falo abrindo os braços quando Pérola entra na cozinha, ela sorri e se encaixa no meu abraço, eu beijo sua cabeça – Achei que teríamos uma bela adormecida em casa – eu falo implicando com ela.
– Eu não tava dormindo – ela retruca sorrindo meio misteriosa.
– Ela tava pintando – Katniss fala e tem um sorriso no rosto, eu volto a olhar pra Pérola curioso e ela sorri um pouco mais.
– Essa eu quero ver – eu falo e ela nega, eu estranho, por que ela sempre me mostra todos os desenhos.
– É surpresa – ela fala dando de ombros.
– Surpresa? – ela confirma sorrindo, eu olho pra Katniss e ela levanta as mãos como quem diz que não pode fazer nada.
– OK, e pra quando é essa surpresa? – eu pergunto e ela já se afasta se sentando na cadeira.
– Quando tiver pronto – ela conclui despreocupada.
– Será que a gente pode comer agora? Por favor! Ou eu vou cair desmaiado! – Pyter pergunta falando alto e jogando a cabeça pra trás com todo seu drama de sempre, nós rimos.
– Vocês jantam no seu avô hoje – eu aviso e eles me olham ansiosos – E dormem lá também, então melhor subirem e pegar as mochilas – eu falo e eles correm antes que eu termine a frase deixando uma Katniss completamente confusa me olhando.
– Quando nós decidimos isso? – ela pergunta com a sobrancelha erguida.
– Quando nosso aniversario foi na quarta e você passou o dia na rua – eu falo dando de ombros e me aproximo dela, colocando as mãos em sua cintura, ela parece contrariada.
– Peeta, eu sinto muito mas... hoje realmente não é um bom dia – ela fala tentando se afastar.
– Eu reservei uma mesa no restaurante novo – eu falo e ela para surpresa.
– Restaurante novo? – ela parece ainda mais confusa, eu sorrio.
– Pelo menos eu não sou o único – eu falo já que todos pareciam saber sobre o tal lugar – Sim, um restaurante novo! Eles me garantiram que teremos a melhor mesa – eu completo mas ela ainda parece desanimada.
– Peeta, eu não quero sair! E ir num restaurante? Por que a gente não pode comer em casa? Você fez macarrão com queijo! Eu gosto de macarrão com queijo – ela fala tentando soar animada, eu a encaro erguendo a sobrancelha – E você deve está exausto! A gente pode fazer isso outro dia... Hoje o dia foi corrido! – ela tenta me convencer, então eu me aproximo ainda mais dela.
– Katniss, hoje o dia não foi corrido... foi um pesadelo! Um daqueles em que eu me arrependi de ter levantado da cama, sim, eu estou exausto, cansado e ainda não consegui respirar por cinco minutos, mas a única coisa que eu preciso hoje, é me lembrar por que tudo isso vale a pena! Eu só quero um jantar e uma noite tranquila, com a minha mulher linda e que eu tanto amo, será que você pode fazer isso por mim? – eu peço e ela ameniza o olhar, parece pensar alguns segundos e respira fundo.
– Mas eu nem tenho roupa! – ela fala como desculpa.
– Segunda gaveta, na sacola vermelha – eu falo e ela afasta um pouco o rosto do meu e me olha curiosa.
– Eu te conheço, sabia que você ia dizer isso – eu confesso, por que mesmo sem adivinhar como seria o dia de h0je, eu tinha certeza que ela iria inventar desculpas pra não sair.
– Tchau – Pyter fala já descendo as escadas e indo pra porta, ele leva a mochila ainda aberta e quase arrastada.
– Pegaram as escovas? – Katniss pergunta quando eles já estão na porta.
– Tem escova no vovô – Pérola fala já correndo junto com Pyter e então eles se vão.
– Eles nem se despediram – Katniss fala ainda olhando pra porta, eu sorrio.
– Eles disseram ‘’tchau’’ – eu falo e ela me encara sem parecer satisfeita - Eu vou levar a panela, nós saímos em ... – eu olho no relógio – 40 minutos – eu aviso e ela respira fundo antes que eu entre na cozinha de novo, ela sobe e eu vou levar o jantar deles, o céu já está azul escuro, as estrelas já começam a se revelar embora a lua ainda esteja discreta, o clima ainda é abafado mas a noite parece que será agradável, eu entro na casa e eles estão falando alto e rápido cada um jogado em um sofá e Haymitch na poltrona.
– Jantar – eu aviso levantando a panela e passo pela sala.
– Macarrão com queijo – Pyter comemora e logo está atrás de mim.
– Pega os pratos – eu falo e ele corre pra cozinha, Pérola também aparece e se junta ele trazendo os copos.
– Pyter está de castigo! Ele dorme as nove – eu aviso pra Haymitch que puxa uma cadeira e se senta.
– Ele está de castigo lá... aqui não – ele fala dando de ombros enquanto destampa a panela.
– Qual é Haymitch... – eu peço tentando fazer ele entender, ele para a mão na tampa da panela e me encara.
– Achei que você já estava de saída – ele fala e eu sei que não adianta insistir.
– Nada de ficar acordados até tarde e escovem os dentes antes de deitar – eu falo me virando pra eles, beijo os dois e eles tomam seus lugares a mesa, Pérola serve Haymitch e Pyter espera impaciente pra comer logo, eu sorrio antes de sair, entro em casa, subo e vou direto pro quarto, pelo barulho do chuveiro Katniss está no banho, eu pego minha roupa que já havia separado e saio do quarto indo para o banheiro do quarto vago, deixo minha roupa pendurada para não amassar e me livro da roupa que estou, entro no Box, a água morna parece um calmante, enquanto escorre pelos músculos que eu ainda não tinha reparado que estavam tão tensos, eu acabo ficando alguns segundos apenas debaixo da água deixando que ela molhe minha cabeça e de alguma maneira amenize tudo dentro dela, e de certa forma depois de uns minutos assim pareço um pouco mais relaxado, eu termino meu banho, me enxugo e começo a me arrumar, paro na frente do espelho e aprovo o que vejo, estou com uma calça preta, blusa social verde aberta nos dois primeiros botões e um terno preto por cima, endireito a gola da blusa, passo a mão pelo terno, puxo a toalha pra terminar de enxugar os cabelos e decido deixar eles meio desarrumados mesmo, saio do banheiro indo para o nosso quarto,assim que entro Katniss estava entrando no banheiro de novo, eu vou até lá e mesmo com ela de costas minha respiração parece suspensa quando a vejo, nossos olhares se encontram no espelho e ela parece com a mesma reação que eu, ela se vira e fica de frente pra mim, ela está com o vestido que eu comprei pra ela, quando eu o vi na loja foi impossível não imaginar ela nele mas a verdade é que ela parece ainda mais incrível do que eu pensei, o vestido é laranja, se prende ao pescoço dela, ele vai até o joelho, a parte de cima até logo abaixo dos seios é mais justa e parece se ajustar a cada pedaço do corpo dela, porém a partir da sua cintura o tecido é mais solto e se movimento conforme ela se move, ela deixou os cabelos soltos e eles caem em ondas pelo seu ombro, mesmo a maquiagem fraca consegue ressaltar ainda mais seus olhos e seus lábios estão levemente rosados.
– Você está linda – eu falo quando recupero o ar, ela sorri tímida como sempre.
– Você também tá muito bonito – ela fala sorrindo e se aproxima, seus dedos passam pela minha blusa e ela sorri curiosa – Verde pra mim, laranja pra você? – ela pergunta e sorri mais ainda.
– Mais ou menos isso – eu falo também sorrindo e meus dedos escorregam do ombro dela até sua mão.
– Melhor a gente ir – ela fala tirando a mão de mim mas ainda sorrindo, eu concordo, antes passo o perfume e então descemos, eu pego a carteira e as chaves e nós saímos de casa, entramos no carro e eu percebo quando ela olha na direção da casa do Haymitch.
– Você quer ir lá antes? – eu pergunto e ela disfarça mudando o olhar pra mim.
– Não, tudo bem! Vamos... – ela fala se endireitando no banco.
– Tem certeza? – eu pergunto ainda olhando pra ela.
– Tenho! Eles com certeza estão bem – ela fala e mesmo ainda parecendo enciumada ela parece certa disso, eu concordo e então saímos com o carro, em poucos minutos chegamos ao lugar, fica um pouco afastado do centro e da praça, mas assim como me disseram o lugar é realmente bonito, toda a frente do lugar é de vidro mas não podemos ver lá dentro, apenas o nosso reflexo e olhando para nós dois ali, de mãos dadas, eu acabo sorrindo.
– Acho que você tem que concordar comigo que formamos um belo casal – eu sussurro no ouvido dela enquanto olhamos nosso reflexo, ela faz uma careta indiferente mas acaba sorrindo quando olha novamente, então a porta se abre e uma mulher de saia e blazer preto nos recebe, seu cabelo está muito bem penteado com um coque no alto da cabeça, um batom vermelho e um sorriso que deve deixar ela com dores no maxilar depois.
– Boa noite! Sejam bem vindos! – ela fala simpática, ela segura uma espécie de prancheta nas mãos e seus olhos deslizam pelo papel, então ela volta a sorrir e nos olha – Senhor e Senhora Mellark... por aqui... – ela fala e avança um passo esperando para que nós a acompanhemos, Katniss me olha meio nervosa e eu sorrio enquanto seguimos a mulher, algumas cabeças se viram conforme andamos pelo local, e mais uma vez eu me surpreendo com a decoração do lugar, por todo o espaço lustres com pedras brilhantes iluminam o salão que é todo decorado em tons de vermelho e branco, alguns músicos estão ao fundo tocando uma música doce e calma, flores também estão espalhadas para cada canto, nós alcançamos nossa mesa e apenas de olhar pode-se perceber que é uma das melhores, ela fica num canto onde há uma parede inteira de vidro, que vai desde o chão ao teto e assim como a entrada nossos reflexos também estão ali.
– Essa é a melhor mesa! Espero que estejam satisfeitos – a mulher fala sorrindo novamente, Katniss ainda parece impressionada demais enquanto seu olhar identifica o local.
– Estamos – eu falo agradecendo a mulher, então puxo a cadeira para Katniss que continua em silêncio mas agradece com um pequeno sorriso e se senta, eu me sento de frente pra ela.
– Vocês logo serão atendidos – ela garante e então de dentro do bolso da saia que eu não havia notado ela retira um pequeno objeto quadrado, então ela aperta alguma coisa nele, eu não entendo o que é até que Katniss solta um som surpreso, eu a olho e ela está olhando para a parede de vidro que agora tem a imagem de um céu completamente deslumbrante, o fundo azul escuro, quase negro, com tantos pontos brilhante espalhados que é quase impossivel desviar os olhos, é quase como olhar para o céu de verdade só que ainda mais perfeito.
– UAU – eu falo sem conseguir esconder que estou impressionado.
– Espero que tenham uma boa noite – a mulher deseja e coloca o pequeno controle sobre a mesa, então sorri uma ultima vez, faz um gesto de licença e se afasta, quando olho pra Katniss ela já está me olhando.
– Então? – eu pergunto ansioso pra saber o que ela está pensando.
– UAU – ela fala me imitando e eu acabo rindo, ela também sorri – É um lugar lindo... – ela fala olhando ao redor e mesmo estando mais afastados do centro do salão, ainda recebemos alguns olhares curiosos, Katniss parece incomodada mas desvia o olhar deles e me olha novamente – Eu nem sabia que tinha um lugar desses aqui no Distrito – ela confessa e eu concordo – É tão...
– Capital – eu completo e ela concorda sorrindo.
– Totalmente – ela fala mas não parece irritada ou mal por isso, eu respiro aliviado por que esse era um dos meus medos que ela acabasse mal por estar em algo que relembre a Capital – Tinha um desses no meu quarto, bem, lá no Centro de treinamento – ela fala me distraindo e indicando a parede de vidro com o céu.
– No meu também! – eu confesso me lembrando do susto que foi a primeira vez que vi, por acaso eu acabei sentando em cima do controle e então a parede a minha frente virou um mar, as águas batendo contra a parede parecia que iria me alcançar e mesmo que aquilo fosse surreal meu coração disparou por um bom tempo.
– Boa noite... – um rapaz se aproxima da mesa, ele assim como a mulher está de preto, mas claro que no lugar da saia é uma calça, carrega o mesmo sorriso exagerado e forçado, mas quando ele olha pra Katniss seu sorriso muda de automático para impressionado – Será uma honra servir vocês essa noite – ele fala com o olhar fixo nela e eu sinto quando a tensão que já estava quase sumindo volta, eu lhe lanço um olhar sério e por um segundo ele parece sem graça, ele pigarreia e então adquire um tom mais neutro – Vocês preferem o cardápio ou a sugestão do Cheff? – ele pergunta dessa vez me olhando, eu levo alguns segundos apenas o encarando e depois desvio o olhar pra Katniss que me olha de um jeito curioso.
– A sugestão? – eu pergunto e ela ainda parece tentar entender algo, mas desiste.
– Pode ser! – ela fala e seu olhar desvia para o homem que sorri novamente para ela, dessa vez sou eu quem pigarreio.
– Bom, desejam beber algo agora? – ele pergunta se voltando pra mim.
– Agora não! – eu falo ríspido, ele concorda, pede licença e se afasta.
– O que foi isso? – ela pergunta assim que ele não pode mais nos escutar, eu dei de ombros e desviei o olhar para a parede de vidro.
– Nada – eu falo quando ainda sinto ela me olhando e então eu volto a olhar pra ela e a expressão no seu rosto mesmo contrariada me faz sorrir – Você fica linda de cabelo solto – eu falo quebrando o clima e ela tenta se manter indiferente, mas eu alcanço sua mão por cima da mesa e meu polegar traço um caminho pelos seus dedos – Mesmo irritada – eu completo e ela recua a mão e me olha mais fixamente.
– Você estava irritado, não eu – ela revida me encarando com um ar meio vitorioso, eu acabo sorrindo.
– Eu te amo! – eu falo não apenas pra mudar de assunto mas também por que é uma verdade inegável, imutável. Eu a amo com cada pedaço do meu coração e isso se confirma a cada dia – Eu amo estar casado com você, amo ter uma família com você, amo quem eu sou do seu lado, eu amo tudo que nós construímos e vai ser assim pro resto da minha vida, por que não existe outra opção! Eu te amo e essa é a melhor parte da minha vida! – eu declaro com o olhar fixo ao dela, e conforme as palavras são ditas sua expressão suaviza, a pequena ruga que começou a se formar entre suas sobrancelhas se desfaz e uma nova emoção toma conta de seu rosto, um sorriso mesmo que discreto começa surgir, dessa vez a mão dela também vem ao encontro da minha, nossos dedos se entrelaçam por cima da mesa e por alguns segundos apenas ficamos nos olhando intensamente e é como se palavras transbordassem dos nossos olhos mesmo sem serem ditas eu consigo senti-las, o fato de não ouvi-las realmente não muda em nada, e talvez o som das palavras ditas não fossem tão fortes quanto o modo como ela me olha agora, eu sinto como se só existíssemos nós dois no mundo.
– Com licença! – o tal garçom volta desta vez trazendo uma bandeja cinza, Katniss libera minha mão e retira a sua de cima da mesa, dando espaço para a travessa que ele coloca no centro, são pães e torradas, ao lado ele deixa um pequeno potinho com alguma espécie de pasta, o olhar dele novamente encontra Katniss antes de ele pedir licença e sair novamente garantindo que nosso jantar já começara a ser servido.
– Você fez de novo – ela fala assim que ficamos a sós.
– Fiz o quê? – eu pergunto fingindo confusão mesmo sabendo do que ela está falando, enquanto ela me olha eu pego uma das torradas passo a tal pasta e tiro uma mordida, a mistura de manjericão, cebola e salsinha me agradam – Experimenta – eu falo e estico a torrada pra ela que ainda leva alguns segundos me avaliando, mas acaba mordendo, seu olhar desconfiado muda pra satisfeito, ela murmura um som de aprovação e ela mesmo pega outra torrada e passa a pasta, eu sorrio quando ela abandona o assunto e se concentra em terminar sua torrada.
– Eu não esqueci – ela fala quando vê meu sorriso, eu faço uma cara confusa e antes que ela pudesse falar algo, um casal se aproxima da nossa mesa.
– Peeta! – o homem é quem fala primeiro me esticando a mão, eu me levanto e a aperto, esse é o Senhor Suarez, dono da joalheria, nós não temos uma amizade nem nada forte, mas todos os dias ele ou a esposa sempre aparecem pela padaria e acabamos de fazer uma encomenda grande para o casamento da filha deles, ainda assim estranho a naturalidade que ele me cumprimenta, acho que isso tem a ver com a política de boa vizinhança, ele sorri e toca meu ombro num gesto amigável - Desculpa incomodar, mas já estamos de saída e não poderíamos sair sem cumprimentar vocês – ele explica e então se vira para Katniss também, ele lhe cumprimenta com um aperto de mão suave e um gesto de cabeça, ela retribui enquanto eu cumprimento a esposa dele, e logo depois eles se vão nos desejando um ótimo jantar.
– Acho que minha mão estava suja – ela fala limpando a mão no pano que estava sobre a mesa, eu acabei rindo – Eu não vi eles se aproximando – ela fala como se explicando, eu rio de novo – Para de rir – ela fala tentando parecer irritada mas acaba rindo junto comigo, então o garçom se aproxima de novo, dessa vez com nossos pratos, primeiro a salada, ele nos indica um vinho e mesmo que eu não tenha me simpatizado com ele aceito a sugestão por que a verdade é que não entendo nada de bebidas, Katniss olha satisfeita e assim que ele se afasta ela se concentra no prato a sua frente, a salada é com turbéculos de katniss, agrião e possivelmente qualquer outra coisa verde que eles encontraram acompanhada de um molho de laranja e mel, ainda assim a mistura foi excelente.
– Eu já havia me esquecido como é comer bem – ela fala entre uma garfada e outra.
– Isso não é muito justo – eu falo soando magoado, ela sorri.
– Você não pode negar isso – ela fala e levanta o garfo indicando o prato, eu mantenho minha expressão, ela revira os olhos contrariada mas volta a comer e eu faço o mesmo por que realmente está muito bom e quando provo o vinho devo admitir que também é muito bom.
– Como que você tá? – ela pergunta quando terminamos a salada, seu rosto é sério e preocupado – Sobre o que aconteceu hoje... – ela fala como se houvesse a possibilidade de eu esquecer.
– Tô bem – por mais que eu tenha forçado minha voz a sair neutra, ela quase vibra com todo desprezo e raiva que ainda estão escondidas em mim, ela me olha sabendo que eu estou mentindo – A gente pode não falar sobre isso agora? – eu peço sinceramente, sem querer estragar esse momento, eu não esqueci o que houve, nem vou esquecer, mas agora eu só quero continuar nossa noite, ela não diz nada, apenas pega o lenço e limpa o canto da boca mesmo que não estivesse sujo.
– Você fica bem de verde – ela fala normalmente enquanto me observa, eu olho para minha roupa rapidamente e lhe dou um sorriso agradecido.
– Você fica bem de laranja – eu devolvo o elogio e ela também sorri agradecida.
– Parece que meu marido tem bom gosto – ela fala implicando comigo, eu sorrio e a olho mais intensamente.
– Com certeza ele tem! – eu afirmo e a bochecha dela fica levemente corada, eu sorrio, por que amo isso nela. Então nossos pratos são trocados, no lugar um creme de batatas e abobora, muito bem temperados tomam o seu lugar.
– Pode repetir? – ela pergunta assim que prova a primeira colher.
– Bom, nós estamos pagando – eu falo dando de ombros – Mas ainda tem mais um prato e a sobremesa – eu lembro e ela já não está mais me dando atenção, está saboreando o creme, eu faço o mesmo que ela, a taça de vinho é enchida novamente e terminamos o segundo prato, em meio a conversa e goles de vinho.
– Pyter ia amar isso aqui – ela fala sorrindo.
– O vinho? – eu pergunto enquanto devolvo minha taça a mesa, ela me olha repreendendo mas está sorrindo.
– O lugar! As luzes! E principalmente... isso – ela fala e mostra o prato sorrimos com a lembrança e não posso negar, qualquer coisa que inclua comida tem a total atenção dele, assim como a de Katniss.
– Nós podemos trazer eles! – eu sugiro e ela olha ao redor.
– Não tem muita criança por aqui – ela fala meio que desaprovando.
– Mais um motivo que ele vai amar! – eu falo e ela ri concordando, já que ele tem essa incrível mania de querer parecer mais velho e adulto.
– Verdade – ela concorda rindo – Ele já está quase maior que a Pérola! – ela fala com uma expressão divertida. - Parece que foi ontem – eu falo também sorrindo com a lembrança, ela concorda.
– É, o tempo passou rápido – ela fala como um pensamento perdido, e antes que a nostalgia aumentasse o prato principal é servido, mas dessa vez além do garçom, um homem de branco com um daqueles chapéu branco o acompanha e mesmo que ele não tivesse se apresentado saberíamos que ele é o cheff.
– Eu fiz questão de vir cumprimentar vocês! – ele fala com um sorriso amigável, eu me levanto e o cumprimento, em seguida ele cumprimenta a Katniss – Eu fiz algo especial para o prato principal e espero que a senhora ainda se agrade – ele fala olhando pra Katniss e indica ao garçom que destampe o prato a frente dela.
– Oh não – ela fala assim que o prato é destampado, seu sorriso se alarga quase que instantaneamente – Cozido de carneiro – ela fala e me olha satisfeita, em seguida seu olhar vai para o homem que aguarda ansioso sua reação – Com certeza ainda me agrada – ela fala e ele parece realmente orgulhoso disso.
– Vou deixar que vocês aproveitem! Com licença – e então eles se vão.
– Isso... tá... muito bom – ela fala enquanto saboreia a primeira garfada, eu sorrio vendo sua empolgação.
– Você deveria repetir – eu sugiro quando ela termina de comer.
– Eu até repetiria se você não tivesse me entupido com aquelas torradas antes – ela fala fingindo estar zangada.
– Eu não obriguei ninguém – eu falo e ela faz uma cara indiferente, eu chamo o garçom e peço mais uma garrafa de vinho.
– Tem certeza? - ela pergunta enquanto ele vai buscar.
– Oh sim, eu ainda me lembro como você ficou na ultima vez que bebeu – eu falo sorrindo maliciosamente.
– Se eu fosse você não contaria com isso – ela fala tentando parecer convincente.
– Eu vou arriscar – eu falo e então chega nossa garrafa, as taças são cheias e mesmo me olhando desconfiada ela bebe, alguns minutos e nossa sobremesa é servida, sorvete com calda de chocolate quente e pequenos pedaços de frutas, e assim como todo o restante do jantar a sobremesa também está impecável, nós terminamos e enquanto a garrafa se esvazia Katniss começa a ficar mais sorridente que o normal e quando ela entra em uma crise de riso por que uma mulher tropeça a algumas mesas de nós eu decido que já está muito bom de vinho.
– Você não pode fazer isso – ela fala brigando comigo mas ainda rindo – Katniss beba! Katniss não beba! Agora beba, agora não beba – ela fala numa tentativa horrível de me imitar ainda assim eu acabo rindo.
– Tá bom, o plano não era bem esse! – eu murmuro tirando a taça da mão dela e ela me olha de cara feia.
– Você quer me seduzir Peeta Mellark? – ela pergunta um pouco alto demais e o garçom que acaba de chegar a nossa mesa acaba segurando uma risada.
– Pode levar por favor – eu falo lhe entregando a garrafa – E me traz um copo de água – eu peço e ele concorda já estava saindo quando Katniss o chama.
– Ei – ela fala e ele se vira voltando o caminho – Ele é meu marido! – ela fala e tanto ele quanto eu nos surpreendemos – Por isso que eu falei aquilo... antes... quando você chegou... sabe? Sobre ele me seduzir – ela explica meio enrolada nas palavras e novamente o homem suprimi uma risada e dessa vez eu também faço isso.
– Eu entendo senhora – ele fala se divertindo.
– Eu tenho certeza que ele entendeu Katniss – eu falo e dispenso o rapaz que sai rindo baixo.
– Eu só não queria que ele pensasse que eu saio por aí sendo seduzida – ela fala parecendo realmente encontrar sentido nisso.
– Katniss nós somos casados! Todos sabem disso – eu falo sorrindo da cara preocupada dela.
– Nunca se sabe! Ele pode ser de fora – ela fala dando de ombros.
– Você realmente bebeu demais – eu concluo rindo e a água que pedi chega, o rapaz se vai rapidamente – Bebe – eu falo esticando a taça com a água pra ela.
– Não to com sede – ela fala inocentemente.
– Katniss bebe – eu repito e ela me olha do mesmo jeito contrariado que uma criança.
– Sabe o que eu queria? – ela pergunta mas não me deixa tentar adivinhar – Mais chocolate – ela fala e eu sorrio.
– Bebe água e eu peço o chocolate – eu garanto e ela nem pensa duas vezes e pega a taça da minha mão bebendo a água sem reclamações, enquanto isso eu peço mais chocolate.
– Eu achei que você não gostasse dele – ela fala quando o rapaz se vai e eu a olho – Você olhou pra ele daquele jeito antes – ela fala e eu a olho curioso.
– Que jeito? – eu pergunto e ela ri.
– Aquele de quando você não gosta de alguém – ela fala sorrindo.
– E como seria? – eu insisto me divertindo com ela, ela tenta ficar séria mas acaba rindo então depois de alguns segundos de concentração ela faz uma careta, juntando as sobrancelhas e apertando os olhos numa tentativa no mínimo hilária. - Eu não faço isso – eu falo rindo e ela acaba rindo também. -
Faz sim! É por que você nunca se viu! Mas é exatamente assim – ela fala certa disso.
– Eu não posso acreditar em você – eu falo discordando dela, antes que ela revidasse o pote com chocolate chega, ela mal deixa o rapaz colocar o pote na mesa e já está com a colher na mão.
– Eu trouxe mais um copo de água pra senhora – o rapaz fala pra ela com aquele mesmo sorriso deslumbrado de antes.
– Aí! – Katniss grita assustando tanto ao rapaz quanto a mim – Você fez! – ela fala apontando pra mim – Aquela cara. Você fez de novo – ela fala como se tivesse descoberto algo muito incrível, o garçom nos olha curioso.
– Pode ir! Obrigado – eu falo dispensando ele.
– Você ainda está fazendo – ela fala sem desviar o olhar de mim.
– Não estou não – eu recuso e ela ri negando com a cabeça, então pega o pequeno controle que a mulher tinha deixado sobre a mesa assim que chegamos.
– Olha – ela fala depois de apertar o botão e a imagem do céus estrelado desparece deixando apenas nossos reflexos ali – Olha sua cara – ela fala me olhando pelo reflexo.
– Não vejo nada – eu falo dando de ombros e sorrindo, agora olhando pra ela diretamente.
– Por que você mudou! – ela fala meio que brigando comigo e eu solto uma risada.
– Tá! – eu concordo e tento parecer irritado de novo, juntando as sobrancelhas como ela disse que eu fazia, nós olhamos pelo reflexo e ela sorri.
– Viu! Igual – ela conclui satisfeita, então enquanto ela está ali me olhando pelo reflexo daquele vidro com um sorriso tão despreocupado eu me dou conta mais uma vez do quanto ela está linda, ou melhor do quanto ela é linda, talvez o efeito do vinho a deixe mais a vontade e mais leve e sorridente mas a essência dela é essa, talvez não na maior parte do tempo mas é, e cada vez que eu vejo essa parte dela me apaixono mais uma vez.
– Que foi? – ela pergunta quando percebe meu olhar nela, eu desvio o olhar do vidro e olho diretamente em seus olhos.
– Você é linda! – eu falo diretamente e sem nenhuma duvida, ela sorri e aquele leve tom vermelho que já estava em seu rosto por causa da bebida se realça ainda mais, ela volta a olhar para nossos reflexos.
– Acho que eu concordo com o que você disse quando chegamos – ela fala com os olhos no meu reflexo, eu espero ela continuar – Nós formamos um belo casal – ela fala e sorri.
– Eu não tenho duvidas – eu falo e então arrasto minha cadeira para mais perto dela.
– Eu acho que não pode fazer isso – ela fala olhando ao redor do restaurante, mas as pessoas estão entretidas com a musica ou com a comida.
– Eu acho que pode – eu falo quando paro a cadeira ao lado da sua, ela nega com a cabeça, eu sorrrio e meus dedos colocam alguns fios de seu cabelo atrás da orelha, depois deslizo eles pela lateral do seu rosto, pescoço e seu ombro, ela acompanha com o olhar, então eu aproximo nossos rostos e nossos lábios se tocam, o beijo começa lento, seus lábios se moldando ao meu, o calor de nossas bocas sendo trocados, o ar que escapa de sua respiração roçando na minha pele, minha mão sobe para sua nuca e eu aumento o beijo, minha língua invadindo sua boca e reconhecendo a sensação, mas antes que o beijo avance ainda mais, é ela quem recua, mesmo sorrindo.
– Com certeza ‘’isso’’ – ela fala fazendo um sinal entre nós dois – Não pode fazer aqui – ela fala sorrindo.
– O quê? Eu não posso beijar minha esposa durante o jantar de nosso aniversário de casamento? – eu pergunto fingindo confusão e ela sorri, me dá um beijo rápido e confirma.
– Daquele jeito não – ela fala e tira minha mão dela, colocando em cima da minha coxa, então ela arrasta um pouco sua cadeira para longe de mim, eu acabo rindo.
– Eu achei que você estivesse bêbada – eu falo implicando com ela que ri.
– Eu disse pra não contar com isso – ela fala e sorri vitoriosa.
– Tudo bem! – eu concordo e faço um sinal chamando o garçom – A conta! – eu peço assim que ele se aproxima, ele concorda e vai providenciar.
– Eu ainda não comi chocolate – ela reclama pegando uma colher.
– Ele ainda não trouxe a conta – eu falo e ela se concentra no chocolate, ela parece tão satisfeita que eu também pego uma colher e me sirvo do pote dela, ela tenta parecer irritada mas não consegue. O rapaz volta com a conta, eu pago deixando um extra para ele, por que não posso negar que ele fez um bom trabalho, mesmo com sorrisos exagerados para Katniss, mas de certa forma eu posso entender ele, Katniss está simplesmente linda.
– Podemos? – eu pergunto depois que ela come sua ultima colher.
– Agora sim – ela fala afastando o pote, eu me levanto, puxo um pouco sua cadeira e ela também se levanta, nós seguimos o caminho até a porta de mãos dadas, dessa vez os olhares não se prendem a musica ou a comida e sim a nós dois por todo o caminho até a porta.
– Voltem sempre – a mulher sorridente diz assim que nós nos aproximamos, agradecemos e então saímos do restaurante, ainda de mãos dadas e então quando nos aproximamos do carro Katniss solta minha mão para ir para o carro mas para quando percebe que eu desviei.
– Peeta? – ela me chama e eu paro a alguns passos a frente dela – Onde você vai? – ela pergunta confusa com a mão já na porta do carro.
– Eu não posso dirigir – eu falo e ela se vira pra mim sem entender – Katniss nós acabamos com duas garrafas de vinho e a não ser que você queira terminar a noite no hospital eu não posso dirigir – eu explico e ela parece assustada e logo depois irritada.
– E você não poderia ter pensado nisso antes – ela fala me encarando.
– Poderia e... pensei – eu falo e ela parece confusa, eu volto meus passos, paro a sua frente, meus braços envolvem sua cintura e eu aproximo o rosto dela a ponto de sentir sua respiração – E eu adorei a ideia de uma caminhada com você – eu falo e ela continua me olhando desconfiada, eu olho para o céu – E a noite está linda – eu completo e ela também olha para o alto, depois baixa o rosto quase colado ao meu.
– Parece tentador – ela fala com um sorriso aprovador. - Foi o que eu pensei – eu falo sorrindo.
– Mas e o carro - ela pergunta confusa.
– Eu busco amanhã! - eu falo baixo e então já estamos tão próximos que nossos lábios se tocam e seria impossível não acontecer o beijo, agora fora do restaurante e dos olhares eu permito avançar o beijo um pouco mais e ela não me impede, sua mão sobe do meu ombro para minha nuca e corresponde igualmente, quando estamos sem ar que paramos o beijo, e começamos nossa caminhada, as ruas estão praticamente desertas com excessão de algum casal aqui ou ali, sentados com aqueles sorrisos bobos ou andando de mãos dadas assim como nós, e felizmente tão concentrados um no outro que pela primeira vez passamos despercebidos apenas como um casal qualquer, durante o caminho Katniss envolve o braço no meu, seu rosto se encosta no meu ombro e sua voz soa baixa e macia a cada palavra que ela diz, o céu não está tão perfeito quanto aquele do restaurante mas a lua cheia realmente está de tirar o fôlego e essa visão que me faz desviar o caminho quando já estávamos perto de casa, Katniss levanta a cabeça e me olha curiosa mas sem parar de andar.
– Onde nós vamos? – ela pergunta e eu sorrio.
– Eu tive uma ideia – eu falo e continuo caminhando, apenas mais alguns minutos e alcançamos a Campina, as flores estão desabrochadas e formam um complemento magnífico com o céu impecável, ela me olha sorrindo de um jeito satisfeito quando alcançamos o lugar, nós caminhamos até o tronco que sempre nos serve de banco, ela se senta e me puxa para sentar ao seu lado, eu faço e passo meus braços em volta dela puxando-a para mais perto de mim, colando ela em meu peito e ela aceita e se aconchega em mim.
– Eu acho que depois da Floresta esse é meu lugar preferido – ela confessa com a voz meio abafada.
– O meu também – eu falo sorrindo e ela levanta o rosto e me olha curiosa.
– A floresta é seu primeiro lugar preferido? – ela pergunta desconfiada, eu rio.
– Não, não é! Mas é um lugar bonito – eu falo e agora ela que sorri.
– Então qual seu lugar preferido? Quero dizer, se você só pudesse escolher um único lugar, por todos os outros que você já passou! Onde você viveria pra sempre? – ela pergunta já voltando a se aconchegar em mim, e um sorriso me surge quando eu penso na resposta, na verdade não a muito o que pensar, só existe um lugar onde eu me sinto inteiro, vivo, completo e feliz.
– A nossa casa – eu falo e posso sentir a surpresa quando ela levanta o rosto pra me olhar, a cabeça ainda colada ao meu peito e me olha sem entender muito bem – Desde que vocês estivessem lá, claro! – eu completo sorrindo mas ela ainda parece com a mesma expressão – Lá é o único lugar onde eu posso ser eu mesmo e ainda assim querer seguir em frente! É lá onde eu vejo você acordar mau humorada, onde você deixa as roupas espalhadas enquanto vai pro banheiro, é lá onde eu beijo Pérola e Pyter antes de dormir, é naquela cozinha onde nas manhãs de domingo eles brigam pra saber de quem será a primeira panqueca, é lá onde Haymitch entra sem avisar e tira as coisas do lugar fazendo você iniciar outro discurso mesmo sabendo que não vai adiantar! É lá onde eu me sinto, inteiro! Completo! Realizado! Feliz! Então... se eu tivesse que escolher um lugar do mundo inteiro, com certeza seria nossa casa! – eu declaro sem desviar os olhos dela.
– Agora eu me sinto meio idiota tendo falado a floresta! – ela fala e eu acabo rindo, meus dedos passam pelo seu rosto.
– Eu não acho você idiota! – eu falo sorrindo e beijo sua testa – Eu sei o quanto aquele lugar significa pra você! Eu entendo! E também gosto de lá – eu falo e ela se endireita se sentando mais perto e mais virada para mim.
– Eu te amo! – sua declaração é direta, a voz firme sem duvidas, seu olhar completamente fixo ao meu e por uns instantes apenas a voz dela parece ecoar, cada vez que ela diz isso minha respiração parece presa como se não quisesse atrapalhar o som da sua voz – E eu sei que deveria dizer isso mais vezes – ela confessa e desvia o olhar do meu para suas mãos, mas logo volta a me olhar de novo – Mas eu te amo! Muito! Eu só... acho que não sou o tipo de pessoa que fica falando isso toda hora, mas isso não quer dizer que eu não sinta – ela fala tentando se explicar ou se desculpar.
– Ei... – eu falo e passo meus dedos pelo seu cabelo – Eu sei disso! Eu sei! – eu afirmo e sua mão encontra a minha, ela a segura entre as suas duas mãos e continua me olhando.
– Que bom, por que eu nunca fui boa com as palavras – ela fala e libera um sorriso, eu também sorrio e então a puxo para os meus braços, em um beijo apaixonado e demorado, não importa quantas vezes eu a beije nunca terá sido suficiente, por isso durante vários minutos nós apenas ficamos assim, abraçados, conversando baixo, rindo e claro, nos beijando, até que Katniss puxa uma pequena flor amarela que estava no canto próxima ao tronco que estamos, ela a levanta para olhar melhor e sorri.
– Um dente de leão – ela fala sorrindo e olhando a flor, eu olho melhor também e a reconheço, sempre aparece na primavera, não precisa ser um expert na natureza pra saber.
– Uma vez eu ganhei uma dessas de presente – eu falo me lembrando do dia – Quer dizer, eu acho que ganhei – eu conserto, por que até hoje ainda não entendi direito, na verdade havia me esquecido disso até hoje.
– Acha? – ela pergunta ainda olhando pra flor.
– É, sei lá – eu falo dando de ombros e ela me olha – Era na semana do meu aniversário, eu abri meu livro e lá estava ele – eu relembro meio sorrindo – Mas eu nunca soube quem deixou ou se era realmente um presente ou não! – eu falo e agora é Katniss quem sorri – É estranho por que eu perguntei pra todo mundo que eu conhecia e ninguém sabia como a flor tinha ido parar lá. Mas flores não andam sozinhas certo? – eu falo me relembrando desse episódio e voltando a curiosidade.
– Com certeza não andam – Katniss afirma com um sorriso diferente, ela volta a olhar pra flor e seus dedos passam lentamente por ela e então a ideia me ocorre. De todos que eu conhecia, de toda a escola, só uma pessoa podia ter feito isso, e pelo modo como ela sorri e me olha eu sei que não é apenas uma suposição.
– Foi você? – eu pergunto mesmo já sabendo a resposta.
– E você demorou mais de vinte anos pra perceber? Decepcionante – ela fala fingindo decepção, eu ainda me acostumo com a ideia enquanto ela me olha – Você tinha me dado o pão, salvo minha vida e bem, eu não tinha te agradecido e nem sabia como fazer isso, então no outro dia, eu estava no pátio e encontrei um desses, foi quando eu tive a ideia de ir pra floresta, mas aquele primeiro dente de leão eu usei como agradecimento, sei lá, eu esperei todos se distraírem e coloquei no seu livro – ela confessa parecendo revelar um segredo e eu pego a flor da sua mão e a observo com mais cuidado.
– Naquela época você ainda não era a ‘’garota natureza’’ então acho que minha demora é aceitável – eu falo e ela ri.
– É, acho que é aceitável – ela concorda rindo, então nós nos beijamos novamente e ficamos assim por vários minutos, aproveitando as noite, a luz do luar, o silêncio e a paz de estarmos sozinho, esses momentos são raros, geralmente na correria do dia a dia deixamos isso passar, acredito que seja normal com todos casais e principalmente com os que são pais, nós temos os trabalhos, as crianças, a casa e de certa forma momentos como sair para jantar ou ficar sentados em um canto observando a noite acaba tendo que ser substituído por uma noite em claro adiantando trabalho, ou verificando se a febre de um deles baixou, ou simplesmente apagando assim que encostamos na cama, mas quando acontece a oportunidade de ficarmos a sós é como se conseguíssemos realmente recarregar nossas energias e nos lembrar mais uma vez do por que estamos juntos até hoje, e do por que será assim pra sempre.
– Já tá tarde – Katniss quem fala mas continua com as costas apoiada no meu peito, meus dedos passando pelo seu cabelo e sinto quando ela toma uma respiração forte, então se desencosta de mim e fica em pé – Se a gente não for agora nunca mais saímos daqui – ela fala e me estica a mão.
– Não é uma ideia ruim – eu falo mas aceito sua mão e me levanto – Não mesmo! – eu confirmo e meu braço passa pela cintura colando nossos corpos e sem muita demora meus lábios encontram os seus e o beijo acontece.
– Muito tentador! – ela fala com um pequeno sorriso – Mas é melhor a gente ir – ela conclui, eu finjo uma cara triste e ela ri, então tomamos o caminho para casa, de braços dados, Katniss tirou a sandália e eu a levo, alcançamos a Aldeia e apenas uma luz na casa do Haymitch está acesa, o que significa que eles já estão dormindo, e quando olho a hora espero que realmente estejam por que já são quase meia noite, eu abro a porta de casa e a seguro para que Katniss entre primeiro, ela o faz e acaba tropeçando em algo.
– Droga! Eu falei pra eles não deixarem coisas no chão – ela reclama enquanto vai acender a luz.
– Eles não! Pyter você quis dizer – eu conserto já que em praticamente todas as vezes é ele quem larga as coisas pelo chão e quando não é ele, é Katniss, ela acende a luz e eu vejo o envelope jogado no chão, eu o pego e do outro lado as letras grandes e vermelhas trazem a palavra CONFIDENCIAL, provavelmene Liesel nos chamou e como não tinha ninguém ela colocou debaixo da porta.
– Que isso? – Katniss pergunta curiosa já na minha frente tentando ver o envelope.
– Confidencial – eu falo virando a palavra pra ela como uma explicação.
– Mas o que é confidencial? – ela pergunta curiosa.
– O envelope – eu falo dando de ombros e ela reprova minha resposta.
– Muito engraçado – ela fala com ironia e tenta pegar o envelope da minha mão, mas eu impeço e o coloco pra trás, eu nem tive tempo de dizer a ela sobre meu pedido a Liesel, então é melhor esperar pra contar – Eu quero ver – ela fala me encarando.
– Confidencial – eu falo como uma explicação, ela me olha séria e coloca as mãos na cintura – Será que a gente pode conversar sobre isso amanhã? – eu peço sabendo que ela iria insistir até conseguir, ela me olha alguns segundos avaliando minha proposta, então solta o ar derrotada.
– Amanhã – ela confirma e se aproxima de novo de mim, seus dedos passam pelo meu cabelo e seu olhar acompanha os movimentos, então ela para os olhos na frente dos meus – Eu gostei muito da nossa noite – ela fala sinceramente e eu libero um sorriso.
– Mas ela ainda não acabou – eu falo e aproximo nossas bocas, ela sorri mas recua alguns centímetros pra poder continuar olhando nos meus olhos.
– Eu sei que não – ela fala e sorri mais ainda, então seus lábios tocam meu queixo e começam a trilhar um caminho pelo meu pescoço, o calor da sua boca se espalhando por todo espaço, sua mão escorrega do meu cabelo para minha nuca, ela brinca com alguns fios de cabelo ali e depois desce pelo meu ombro, meu braço e então puxa o envelope da minha mão e em um gesto ainda mais rápido ela se afasta de mim, eu levo apenas um segundo pra entender mas então ela já está a alguns passos de mim. - Droga Katniss! Isso é golpe baixo – eu falo e tento me aproximar dela pra pegar o envelope e ela se afasta indo para o meio da sala – Você disse ‘’amanhã’’ – eu falo lembrando ela, mas ela já abriu o envelope, ela retira as varias folhas de dentro e então me olha confusa.
– O que é isso? – ela pergunta virando a primeira folha com a foto do tal professor, eu paro no caminho e desisto de pegar o envelope de volta, ela não espera uma resposta e volta a folhear e examinar as folhas – Onde você conseguiu essas coisas? – ela pergunta desviando o olhar da folha pra mim.
– Liesel – eu falo em resumo e seu olhar parece ainda confuso – Eu encontrei ela hoje de tarde quando fui na padaria e pedi a ajuda dela! Ela deve ter deixado aí por que não tinha ninguém em casa – eu explico e ela continua me olhando – Eu só queria estar bem informado sobre ele. Eu não menti quando disse que ele ia se arrepender! – eu falo mas o olhar dela não muda, continua me encarando como se eu tivesse feito algo errado – Que foi Katniss? Eu achei que você também fosse querer fazer ele pagar pelo que fez! Foi com a Pérola que ele mexeu, nossa filha – eu falo começando a realmente ficar nervoso pelo modo como ela me olha, como se eu estivesse errado e não um animal que machucou nossa filha.
– Se eu tivesse ido pedir ajuda ao Gale mesmo depois de ter prometido a você que agiríamos juntos o que você acharia? – ela pergunta e agora eu entendo seu olhar, não é por eu ter agido e sim por não ter avisado ela antes e ainda por cima ter falado com Liesel.
– Katniss eu não procurei ela! Ela estava passando, e de alguma maneira entramos nessa conversa! Eu me lembrei que ela teria acesso mais fácil as informações e então aconteceu, ela aceitou me ajudar! Katniss, eu nem lembro como a conversa iniciou – eu explico e ela balança a cabeça algumas vezes como se estivesse pensando em algo.
– Você deve ter alguma espécie de limitação perto dela, por que você nunca se lembra de como a conversa começou – ela fala realmente irritada.
– Kats, eu não acredito que você está com ciúmes – eu falo tentando não sorrir.
– Não é ciúmes Peeta! Mas eu sou a mãe dela! Você me prometeu, nós prometemos que faríamos seja lá o que fosse juntos – ela fala me encarando.
– Desculpa! Me desculpa mesmo! Mas eu vi uma oportunidade e achei que fosse valido tentar! – eu falo me desculpando, ela solta o ar ainda irritada mas volta a olhar as folhas.
– Omar Muniz – ela fala o nome e eu me aproximo dela, a foto dele está ocupando grande parte da folha e o nome logo abaixo, ela muda a folha e assim como eu pedi todas as informações estão ali. Ele é do Distrito 2, trabalhou como professor na escola de lá, foi casado mas sua esposa morreu no parto e o filho também, depois disso ele mudou de professor de matemática para pacificador, três anos depois houve a revolução, ele foi preso e julgado, depois foi transferido para o Distrito 4, ficou 5 meses lá e se envolveu em uma briga com um outro professor que alegou que ele não era um bom professor e que exigia demais dos alunos, então ele foi mandado para o Distrito 8, em menos de um ano ele foi transferido para cá, o motivo da transferência, ‘’problemas com os alunos’’.
– E então mandam ele pra outra escola? – Katniss pergunta tão revoltada quanto eu estou – É isso? O que eles pensaram? Que mudando de lugar ele mudaria? – ela pergunta sem esperar respostas – Isso é ridículo – ela conclui e então me entrega os papéis – E agora o que a gente faz? – ela me olha esperando uma resposta, eu olho mais uma vez para as folhas e depois pra ela.
– Nós acabamos com ele – eu concluo já ansioso por isso.
– Como? – ela pergunta curiosa e confusa, mesmo que eu não quisesse mais falar sobre isso, não poderia, ela já estava irritada por eu ter agido sem falar antes não poderia arriscar de novo, por isso eu falo.
– Ele já se meteu em algumas confusões, todas elas estão registradas, mais uma e ele terá graves problemas, principalmente se um de nós ligar pessoalmente para a Capital e exigir uma investigação detalhada dele e claro o afastamento completo de qualquer escola! Eu tenho certeza que ele terá muitas noites em claro pra pensar no que fez – eu falo e um sorriso vitorioso escapa dos lábios dela.
– Parece um bom plano – ela confessa me olhando com aprovação - Ele não vai sair dessa, nós pegamos ele – ela confirma tão determinada quanto eu.
– Mas só podemos fazer alguma coisa amanhã, então... – eu falo e jogo os papéis no sofá e me aproximo mais dela, meus braços em volta da sua cintura, ela sorri e passa os braços pelo meu pescoço – Ainda temos uma comemoração pra terminar – eu falo no ouvido dela e ela libera uma risada que também me faz rir, quando eu paro nossos rostos de frente um pro outro meu olhar encontra sua boca e logo em seguida eu a beijo com toda a vontade que eu sempre tenho dela, e ela corresponde do mesmo jeito, suas mãos se apressam em tirar o meu terno, ele escorrega pelos meus ombros e em seguida cai no chão, minhas mão na sua cintura a aperta ainda mais em mim e quando meus lábios descem pelo seu pescoço um som abafado escapa da boca dela, mas antes que minha mão suba ainda mais por baixo do seu vestido ela a segura me fazendo parar.
– Quarto – ela fala como explicação assim que percebe meu olhar confuso, então nós subimos, assim que alcançamos a porta do quarto eu a puxo para os meus braços de novo, o beijo continua como se não tivesse parado, seus dedos se atrapalham enquanto abrem minha camisa e nós dois acabamos rindo, quando a camisa é aberta acaba largada pelo caminho até a cama e quando alcançamos a cama qualquer coisa fora dela deixa de existir, existe apenas um lugar, um momento, um mundo e nesse mundo nós dois somos os únicos protagonistas, e enquanto nossos corpos se juntam, nossas peles se esfregam e nos entregamos um ao outro a história é confirmada do mesmo jeito que sempre acontece e eu sei que esse mundo nunca irá mudar, nossos corpos se alinham perfeitamente e nenhuma sensação pode ser comparada a essa, a de ter ela se entregando a mim, como minha mulher e de me entregar a ela, por que a verdade é que eu sou completamente dela e essa é a melhor parte da minha vida. Não pertencer a mim e sim, a ela!


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