- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 50
Extra


Notas iniciais do capítulo

Extra, pra vocês me perdoarem pela péssima formatação...
Realmente não cnsegui ajeitar, to sem tempo! No próximo eu arrumo. beijos



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POV PÉROLA

Eu respirei fundo antes de entrar na sala de aula, era aula de Matemática e eu até sou boa na matéria, o meu problema é outro, chama-se Sr. Muniz, eu realmente queria entender qual o problema dele comigo, mas já desisti, a única coisa que eu tento é não me destacar, nao aparecer e talvez com sorte ele esqueça que eu estou na sala e nao direcione todas as perguntas pra mim, claro apenas as que eu não sei, ele gosta de me ver nervosa e perto dele eu sempre estou nervosa. - Anda Pérola! Congelou? - Hazel fala já me empurrando pra entrar na sala, eu me desperto e olho pra ela, aqueles olhos grandes e castanhos sempre me encaram de um jeito que me faz lembrar o por que ela é minha melhor amiga, por que ela é sempre sincera e engraçada, ela revira os olhos e coloca as maos na cintura. - Fala sério, você ta com medo desse velho? - ela fala e eu imediatamente me alerto olhando para os lados com medo dele ter escutado, ela ri - É por isso que ele pega no seu pé - ela fala e passa o braço pelo meu pescoço - Por que você é uma menina boa - ela fala com ironia. - Eu tenho certeza que não é por isso - eu falo mas pra mim mesma do que pra ela, a verdade é que mesmo sem ele nunca ter dito acho que isso tem. a ver com papai e a mamãe, por que teve uma vez quando eu me atrasei apenas dez segundos pra sua aula que ele me deu um sermão de quase vinte minutos e no meio de tudo ele deixou escapar que eu devia ser controlada ou acharia que era igual a eles, eu realmente não gostei do seu tom de voz, mas nunca disse nada pro papai, muito menos pra mamãe, até por que não entendi direito o que ele quis dizer com aquilo. - Hey, o que vocês estão fazendo aqui? Ele já deve ta chegando - Ian aparece me distraindo, como sempre ele esta junto com alguns outros garotos da sala mas para assim que nos vê, os meninos entram e ele continua ali. - Pérola ta com medo - Hazel fala imediatamente. - Eu não tô com medo - eu falo irritada e tiro o braço dela de mim. - Relaxa! Você é a melhor aluna da turma - ele fala e toca meu braço, um sorriso aparece no rosto dele fazendo seus olhos azuis diminuírem ainda mais. - Droga! Ele ta vindo - Hazel fala e praticamente me empurra pra dentro da sala, nós corremos e eu me senti na terceira cadeira no meio da sala, Hazel ao meu lado e Ian a duas fileiras de nós. - E eu que tenho medo né - eu falo e ela faz uma rápida careta e então ele entra, o ar da sala parece diminuir e todos estão sentados virados pra frente, Sr. Muniz caminha ate a mesa coloca seus livros lá e olha pra turma de uma maneira geral, seus olhos me encontram e eu sinto meu coração parar, ele tem os olhos mais escuros que eu já vi na minha vida, ele tem pouco cabelo, apenas nos lados, uma barriga que parece muito com a da tia ???? Quando estava gravida do Billy, filho do tio Rory, ele coca a barba e se vira pra mesa de novo, abre um caderno seu e o olha alguns segundos. - Quero os trabalhos de casa na minha mesa - ele exige e se senta, todos abrem a mochila e pegam os trabalhos, inclusive eu, que já tinha feito desde a ultima aula dele, são três problemas que tivemos 4 dias pra resolver e sinceramente eu fiz em menos de duas horas, embora essa nao seja minha matéria preferida eu me esforço bastante, até por quando você tem um irmão que é bom em tudo você precisa achar pelo menos uma coisa pra ser boa, e eu era boa na escola, todas ás matérias e aquelas que eu tinha alguma dificuldade eu estudava mais ainda, pelo menos aqui eu era melhor, Hazel me cutucou e nós nos levantamos juntas, já estava alcançando a mesa quando Ian já voltava pro lugar, ele sorriu e eu sorri de volta, me aproximei da mesa, Hazel colocou sua folha sobre as outras e saiu, eu ia fazer o mesmo quando ele puxou a minha folha e a examinou. - Faz de novo! - ele exigiu sem nem me olhar, eu parei alguns segundos sem entender e dessa vez ele me olhou e eu quase corri de medo - Faz de novo - ele repetiu mais forte. - Ta errado? - eu perguntei mas nem sei se deu pra ouvir minha voz. - Se eu mandei refazer - ele disse e se levantou - Você tem até o fim da aula ou receberá zero - ele fala e eu me desespero - Hoje nós teremos dois problemas principais que incluem... - ele começa a explicação do dia enquanto eu ainda ia pro meu lugar, Hazel pergunta apenas com o movimento dos lábios o que houve e eu dou de ombros, até por que realmente nao sei o que fiz de errado, eu tenho certeza que esta tudo certo, eu olhei pro papel. Divisões. Multiplicações. Tudo certo. Onde eu errei? Se ele ao menos dissesse, mas não, eu teria que descobrir, então abri o caderno e comecei a refazer tudo, ignorei a explicação e refiz todos os cálculos, olhei pra folha, tudo igual, e agora? Sera que eu errei de novo? Refiz. Mesmo resultado. Uma terceira vez pra confirmar. Mesma coisa. Eu olhei pro lado e Ian estava me olhando curioso, ele era bom, na verdade ele era ótimo em matemática, se tivesse algo errado ele saberia, eu só precisava que ele visse minha folha, levou cerca de dez minutos para o professor virar e eu praticamente joguei a folha pra menina do meu lado. - Ian - eu apenas disse o seu nome e ela logo repassou o papel, ele me olhou curioso e eu fiz sinal de correção com a mão, ele baixou os olhos e começou a verificar, tentei nao ficar olhando pra ele se nao o professor poderia perceber, dez minutos depois olhei pra ele, seu polegar me confirmou o que eu já desconfiava, estava tudo certo, como aquele era um rascunho, deixei com ele, e quando o professor se sentou na sua cadeira eu me levantei e fui lhe entregar a nova folha porem com a mesma coisa de antes, ele olhou pro papel com raiva. - Faz de novo - ele falou e meus ombros caíram. - Mas professor... - eu comecei a falar e ele ficou mais reto na cadeira, eu fiquei com medo mas nao tinha o que fazer - Eu fiz três vezes, da sempre a mesma coisa! - eu falo e ele nao diz nada - Eu... Eu... Eu acho que esta certo - eu falo gaguejando e quase dando um nó nos meus dedos. - Faz de novo - ele repetiu como se eu nao tivesse dito nada e mesmo com medo aquilo me irritou, eu quis gritar com ele. - Eu já fiz! Três vezes - eu falo um pouco mais alto embora ainda nervosa. - Então faça quatro - ele disse e então amassou a folha, foi nessa hora que eu queria ter pulado no pescoço dele - E você só tem... - ele olhou pro relógio - 3 minutos - ele disse e sorriu, então eu já nao tava mais com medo e sim com raiva, ele nao podia fazer isso, eu fiz o trabalho, dias antes, refiz 3 vezes hoje e ele amassou sendo que estava certo, o Ian disse e eu acredito nele, a raiva falou mais alto. - Quer saber? Então faz de novo você - eu falo e Bato na mesa, um som de espanto vem dos outros atrás de mim enquanto ele me olha surpreso - Eu já fiz 3 vezes! E esta certo! Se ra ruim pra você então você mesmo faz outro.... Se você souber fazer contas né? - dessa vez ele da um soco tao forte na mesa que tudo estremece, inclusive meus ossos. - Eu sabia que um dia você arranjaria problemas - ele fala e se levanta - Nao tem como fugir! - ele murmura e então da a volta a mesa e me segura pelo braço - Alguem concorda com ela? - ele pergunta e todos estão mudos e com olhos arregalados, Ian parece realmente preocupado, Hazel esta apavorada mas os dois ficam quietos - Ótimo! Apenas uma rebelde - ele fala e me arrasta pra fora da sala - Fiquem todos em seus lugares - ele avisa assim que saímos, ele nao me solta nem pelo corredor, seus dedos me apertam com força, muita força mesmo, mas eu nao vou reclamar, nem se ele arrancar meu braço, ele nunca vai me ouvir pedir que pare, ele vira o corredor e eu reconheço o lugar, a sala da diretora. - Vamos ver ate onde vai sua rebeldia - ele fala e me sacode. - Não é rebeldia! Eu to certa! Você ta errado - eu falo com coragem, ele me segura agora pelos dois braços e me sacode, seus dedos parecem que vão entrar na minha carne mas eu apenas o encaro com mais raiva. - Você acha que pode tudo! Mas não pode! Hoje você vai entender quem manda - ele fala e me solta tão rápido que eu quase Caio, ele me deixa no corredor e entra na sala da diretora, alguns minutos depois e eles saem de lá. - Pérola... - a diretora me chama e abre a porta pra eu entrar, o professor se vai e ela entra fechando a porta, eu me sento e ela me olha alguns segundos antes de falar. - Pérola... - ela repete meu nome avaliando de forma exagerada - Você era minha melhor aluna! As melhores notas, mais elogiada, pelos professores e alunos, seu desempenho era realmente muito bom, não achei que iríamos ter um problema algum dia... - ela fala e agora aquela coragem toda começa a sumir, ela disse que eu "era" a melhor, nao pode ser, eu tenho que ser, eu preciso ser, é nisso que eu sou boa e em pintar também, mas não é algo que a mamãe ache tão fascinante, ao menos não tanto quanto acertar flechas em uma arvore ou dar lições em caras malvados ou conhecer a mata, pintar era coisa do papai, ele amava isso, mas eu precisava de mais do que isso. - Diretora eu... - Eu ainda não acabei... - ela fala me interrompendo e eu me calo já sentindo vontade de chorar - Desrespeitar um professor desse jeito é algo muito grave - ela afirmou e eu realmente quis chorar - Mesmo com seu histórico tao bom nao posso deixar isso passar! - ela anuncia e eu sinto a lagrima muito perto - Você está dispensada hoje! Eu vou ligar pra sua casa - ela fala e eu sinto a última fagulha de força sumir, no lugar vergonha e raiva de mim mesma, eu choro, ela me olha de um jeito triste mas pega o telefone, eu seguro sua mão. - A senhora pode ligar pra padaria por favor? - eu peço chorando mas eu nao ia conseguir encarar a mamãe agora, também sera difícil olhar pro papai, mas ao menos ele é mais fácil, a diretora concorda, remexe em uns papeis e disca o número. - Senhor Mellark... É a diretora da escola...não, eles estão bem! Mas temos um pequeno problema aqui... Não, não foi o Pyter... Nós conversamos melhor quando o senhor chegar... Ok! Eu lhe aguardo - então ela desliga, as lagrimas descem descontroladas e eu queria muito voltar o tempo e calar minha boca, então batem a porta, a professora de artes entra e me olha confusa. - Eu precisava falar com a senhora - ela fala para a diretora. - Claro! Pérola aguarde no corredor! - ela manda e eu me levanto. - Tudo bem? - a professora pergunta quando passo por ela e eu apenas aceno a cabeca e saio da sala, o corredor esta vazio por que essa hora todos estão em aula, eu me sento na cadeira e começo a chorar, eu nao acredito que fiz isso, eu devia ter calado minha boca, agora eu tô aqui sem conseguir parar de chorar, justo agora eu faço isso, eu devia ter aguentado, como eu vou falar isso pra mamãe, logo agora que eu estava achando que tinha conseguido mostrar alguma coisa pra ela, no dia que eu escalei a arvore ela me olhou igual quando o Pyter atira mas agora ela vai com certeza ficar decepcionada, o papai também, eu Estraguei tudo, a única coisa que eu realmente era boa. - Pérola! - ele me chama e eu levanto meu rosto e encontro Pyter se aproximando, tudo que eu nao queria agora - Então é verdade - ele fala sorrindo e para na minha frente. - Sai daqui - eu falo com raiva enxugando minhas lágrimas, ele me olha preocupado. - Que houve? - ele pergunta se abaixando na minha frente. - Pyter sai daqui - eu peço me virando de lado pra não olhar pra ele. - Pérola para de bobeira! Você ta chorando só por que foi expulsa de uma aula? - ele pergunta se divertindo. - Quem te falou? - eu pergunto, nao acredito que a noticia já correu, tudo bem o que ele fez com o ... Mas isso nao é tao digno de ser comentado assim. - A Hazel passou la na sala e me avisou - ele fala e eu reviro os olhos pra ela, na hora de me ajudar ela nao quis mas agora chama Pyter, justo ele. - Vai embora - eu peço agora olhando pra ele. - Eu não vou te deixar aqui. Ainda maia chorando - ele fala e se senta do meu lado, eu o encaro e ele apenas se endireita na cadeira e fica lá - Por que você ta chorando tanto? - ele pergunta depois de alguns segundos, eu olho pra ele analisando mas ele parece mesmo preocupado. - O que eu vou falar pra mamãe? - eu pergunto já sentindo um frio na barriga e mais vontade de chorar. - Sei lá. A verdade - ele fala normalmente. - É fácil pra você falar! - eu falo irritada e ele me olha confuso - Você é o favorito da mamãe, mesmo se você colocasse fogo no colégio ela ia rir - eu me lembro dela rindo quando papai contou sobre o sapo, eu sei que foi engraçado mas nem por um segundo ela as irritou, afinal, era o Pyter. - Isso não é verdade - ele fala me olhando - Você é a senhora perfeição - ele fala e eu sinto a mesma irritação que eu mesma estava - O papai por exemplo só ten olhos pra você - ele fala e olha pra frente. - Isso nao é verdade - dessa vez sou eu que falo e ele ri. - Claro que é - ele fala dando de ombros - Mas eu sei que ele me ama também, só que você causa menos confusão - ele fala rindo com aquela cara boba de sempre. - Não agora - eu lamento - Eu nao devia ter feito isso! Nunca! Eu só queria que a mamãe nao ficasse decepcionada comigo... Agora já era - eu volto a chorar. - Aaah para de chorar - ele pede e me puxa pra encostar nele - Você é a melhor aluna da escola, eu tenho certeza que a mamãe nao vai se importar tanto assim - ele fala tentando me acalmar. - Esquece Pyter! Você nao entende! Nunca vai entender - eu falo e me afasto dele - Eu só queria esquecer isso! Apagar... Que a mamãe nao se lembrasse! Só isso! Mas isso nao da né. Então pronto! - eu falo irritada com ele, comigo, com aquele professor idiota, com a Hazel e o Ian que nao fizeram nada, irritada com todo mundo, como se nao bastasse Ryan aparece. - Até você Pérola - ele fala rindo e eu afundo meu rosto nas minhas mãos. - Vai embora Ryan - Pyter manda mas ele ri. - A gente ta em aula sabia - ele fala avisando o Pyter mas ele continua sentado e então ri, eu o olho confusa, então ele levanta rápido demais. - Lembra daquele favor que você ta me devendo? - ele pergunta e Ryan concorda - É pra hoje - ele fala e o garoto assim como eu parece confuso com a animação dele - Eu que comecei e você tentou me parar! - ele fala e Ryan parece ainda mais confuso quando eu ia perguntar o que era a porta da diretora se abre, a professora de artes estava saindo e então Pyter praticamente voou em cima do Ryan e o empurrou no chão, o garoto levou um susto tao grande que nem piscou, eu pulei da cadeira e parei em pé, a professora soltou um grito e a diretora saiu a tempo de ver Pyter se abaixando por cima do Ryan. - Pyter! Pare agora - ela gritou e como se já soubesse a frase ele simplesmente se levantou, deixando um Ryan apavorado no chão, mas Pyter parecia calmo, quase sorrindo. - O que esta acontecendo aqui? - ela pergunta e a professora ajuda Ryan a levantar, Pyter olha pra ele e faz um sinal discreto com a mão, o garoto ainda parece confuso e fica olhando alguns instantes para o Pyter e então coça a cabeça antes de falar. - Ele que começou? - ele fala sem saber o que dizer. - Isso é uma pergunta ou é o que aconteceu? - a diretora pergunta e ele olha pro Pyter que acena discretamente novamente. - O que aconteceu! Eu tava passando e ele me bateu só por que eu disse que ele estava matando aula - o garoto fala agora com mais convicção. - Ele nao tava matando aula! Ele só veio falar comigo! Ele ia voltar - eu falo saindo do meu susto e me aproximando deles, Pyter não pode receber mais uma advertência, mas ele nega e me olha como se eu tivesse feito besteira. - Claro que ia! Um dia eu ia voltar - ele fala com ironia - E você ainda me paga - ele fala e aponta pro Ryan. - Sem ameaças - a diretora fala firme e ele não se abala, eu ainda tento entender o que ele fez quando ela abre a porta pra ele – Acho que teremos que ter outra conversa – ela fala e ele entra rapidamente – Você também – ela fala pro Ryan e o garoto mesmo parecendo perdido entra na sala – Aguarde mais um pouco – ela pede pra mim e eu me sinto completamente confusa e fico parada quando a porta fecha na minha cara, leva alguns minutos e Ryan sai da sala sozinho, eu quase pulo em cima dele. - Cadê o Pyter? – eu pergunto e ele aponta pra sala – O que aconteceu? - Sei lá, ele é maluco! – ele fala e mesmo concordando ainda não entendo – Ele disse que me bateu – ele fala parecendo confuso – E me mandou dizer que era verdade – ele conclui, então a porta abre de novo. - O que o senhor ainda está fazendo aqui? – a diretora pergunta pro Ryan e ele quase corre pra fora do corredor, eu estava olhando ele saindo quando eu vi papai entrando no corredor, eu senti até minhas pernas ficarem fracas quando ele me olhou confuso, eu sabia que tinha decepcionado ele, e isso era o pior sentimento do mundo, pior do que eu pensei e talvez pior do que seria olhar pra mamãe, por que na verdade sempre era o papai que me elogiava na escola, agora isso não vai mais acontecer, ele se aproxima me olhando preocupado e confuso. - Senhor Mellark – ela fala e aperta a mão dele – Vamos entrar – ela sugere e nos faz entrar, Pyter está no sofá logo embaixo da janela, olhando para os pés e papai olha pra nós dois tentando entender – Sente-se – ela fala e aponta a cadeira que papai logo se senta, eu aproveito e me sento do lado do Pyter. - O que foi aquilo? – eu sussurro e ele sorri mas não me olha – Por que você fez aquilo? – eu repito a pergunta e ele me olha mas dessa vez não parece aquele que sempre ri das besteiras que faz ele está mais sério. - Duvido que alguém vai se lembrar do que você fez – ele fala e eu não entendo, como assim? O que ele quis dizer? - Pérola? – ouço meu nome sendo chamado e me distraio, a diretora falava algo que eu não ouvi, eu me aproximo deles sem conseguir esquecer o que o Pyter disse – Você quer falar alguma coisa?– ela pergunta e eu nego sem nem pensar direito – Bom, ela sempre foi uma excelente aluna mas esse comportamento não pode ser tolerado, os professores devem ser respeitados e não podemos deixar passar, espero que o senhor entenda. – ela fala e mesmo sem olhar pra ele sei que ele está me olhando – Pérola receberá a advertência e terá um trabalho extra pra realizar – ela fala e eu não olho pra nenhum dos dois, estranho mas eu só consigo pensar no Pyter, parecendo que me ouviu ela continua – Já o Pyter... essa é a terceira advertência e dessa vez ele quase bateu em um colega – ela fala e papai quase cai da cadeira. - Ele o que? – ele pergunta e agora eu o olho, ele está bravo, muito bravo, Pyter se encolhe no sofá – Com quem? - Ryan Thompsom – a diretora fala e papai fica confuso – Pyter estava matando aula e Ryan o alertou, então foi empurrado, mas eu cheguei a tempo – ela conta mas tá tudo errado, não foi assim, e Pyter não nega nada, isso tá estranho. - É mentira – eu falo rápido demais, e todos na sala em olham surpresos inclusive Pyter. - Pérola! Acho que você já fez o bastante por hoje, não?– a voz do papai é grossa e firme e mesmo querendo explicar alguma coisa que eu ainda nem sei o que é, eu não consigo dizer mais nada, nem olhar pra ninguém. - Como eu estava dizendo! Pyter passou de alguns limites hoje! E eu já havia alertado antes... Não posso mais relevar, ele está suspenso, três dias, apenas pode voltar quinta feira - ela conclui e eu olho pro Pyter que está com a cabeça apoiada no sofá encarando o teto. - Eu entendo! E peço desculpas mais uma vez – papai fala e eu paro de prestar atenção, eu só queria acordar e ser tudo um sonho, mas quando o barulho da porta abrindo me desperta não era um sonho, era a professora de artes trazendo minha mochila e do Pyter. - Anda, vamos – ele fala e eu saio da sala, Pyter logo atrás de mim e ele se despede da diretora, eu e Pyter ficamos lado a lado esperando papai , ele anda na frente e nós o seguimos em silencio, os dois encarando o chão. - Eu estou completamente decepcionado com os dois – ele fala a frase que eu mais temi, sua voz é baixa de um jeito que eu nunca ouvi antes e eu preferia passar um dia inteiro aturando o professor Muniz do que ouvir ele falando assim outra vez – Desrespeitar um professor, bater no seu melhor amigo, o que está acontecendo com vocês dois? – ele pergunta e nenhum dos dois responde – Eu não esperava isso de vocês – ele conclui e o resto do caminho fazemos em silêncio, quando chegamos em casa mamãe estava com o vovô, ele logo sorriu quando nos viu e me abraçou. - O que eles estão fazendo em casa essa hora? – a mamãe logo estranhou enquanto vovô ainda abraçava Pyter. - Pyter está suspenso e Pérola recebeu uma advertência por desrespeitar um professor – ele fala diretamente e eu sinto vontade de vomitar mas me seguro. - O que? – ela pergunta sem acreditar e papai conta sobre a ligação, a conversa e os castigos. - Eu só não entendo por que você bateu no Ryan, vocês não são amigos? – papai perguntou pro Pyter e ele olhou pra ele sério. - Eu posso subir? – ele pergunta sem tentar se explicar. - Não haja como se você ainda tivesse razão, o que você fez foi mais do que errado, foi vergonhoso, brigar na escola? Com alguém que era seu amigo até ontem? O que você pensa que está fazendo? – papai está mais irritado do que qualquer outra vez e mesmo Pyter tentando ele não consegue ficar indiferente – Você não sai daquele quarto até eu mandar! Eu não quero ouvir você até eu mandar você falar, você entendeu? – ele pergunta sério e então eu vejo a lagrima escorrer do olho do Pyter, ele quase nunca chora mas o jeito que papai está falando é realmente ruim, mesmo assim ele concorda com a cabeça – Sobe – papai fala e Pyter sobe correndo sem olhar pra ninguém. - Como que o Ryan está? Machucou? - mamãe pergunta e papai nega. - Ele não consegui bater, foi um empurrão, a diretora chegou na hora – ele explica mas não, está tudo errado, Pyter não ia bater nele, eu só não entendo por que ele fez isso. - Tem alguma coisa errada? – vovô foi o único a perceber – Pyter e ele são amigos, ele nunca levantou um dedo pra ninguém, por que agora ele bateria no melhor amigo? – ele pergunta e é exatamente isso que eu não entendo também. - Ele estava matando aula e Ryan o censurou – papai fala sem pensar muito e parecia que fogo ia sair da boca dele a qualquer momento. - Outra coisa que não encaixa! Pyter nunca foi um santo, mas ... matar aula? Isso não é o estilo dele! Ele atrapalharia a aula, mas matar, não! – vovô fala e está certo, até por que Pyter só estava ali por... mim! É isso, ele só saiu da sala por que veio falar comigo e ele só continuou lá por que EU chorei e o que foi mesmo que ele me disse depois ‘’ Duvido que alguém vai se lembrar do que você fez’’, foi isso, tudo que ele fez, essa confusão toda, foi por minha culpa, agora olhando pro papai, mamãe e vovô, ninguém nem falou sobre o que eu fiz, é como se eu não tivesse feito nada e apenas Pyter está pagando por isso. - Eu vou falar com ele – papai fala já subindo a escada mas mamãe segura o braço dele. - Você está muito nervoso! Melhor falar depois – ela pede mas ele nega. - Eu vou falar agora – ele fala com raiva e volta a subir as escadas. - E você mocinha? Resolveu passar para o lado negro da força? – vovô pergunta e mamãe me olha agora. - Uma advertência? Deu pra imitar seu irmão agora? – ela pergunta séria mas eu não consigo pensar em mais nada, eu ouço o grito do papai e todos nós olhamos pra cima, e eu me sinto culpada, então antes de pensar melhor eu já estou correndo enquanto subo as escadas, eu entro no quarto quase tropeçando. - FALA PYTER – papai grita mais uma vez mas eu entro na frente dele, entre eles dois. - É culpa minha – eu grito e papai para me olhando confuso. - O que? – ele pergunta sem entender – Ele mandou você dizer isso? – ele pergunta e eu paro surpresa. - Não! – eu nego e me viro pra olhar por Pyter que está me olhando reprovando o que estou prestes a fazer. - Ela tá inventando – ele fala e olha pro papai. - Mentira! Para com isso tá! Para – eu peço já muito nervosa e ele balança a cabeça. - Você é muito burra! Era só calar essa boca – ele fala brigando comigo e soltando o ar decepcionado. - Não fala assim com a sua irmã – papai briga mas eu interrompo. - Ele não fez nada daquilo! Ele inventou tudo! – eu confesso e Pyter se joga sentado na cama e papai me olha confuso enquanto eu explico, mamãe e vovô também aparecem – Eu respondi mal o professor e ele me expulsou, eu tava esperando no corredor quando o Pyter apareceu, ele só foi lá por que a Hazel avisou ele, então quando o Ryan apareceu pra perguntar o que houve Pyter fingiu que empurrou ele só pra todo mundo esquecer o que eu tinha feito – eu resumi , sendo que era mais do que isso, ele fez isso pra me proteger, isso faz papai mudar o olhar e parece mais calmo, mamãe está impressionada e vovô é o único que ri. - Como um bom irmão – ele fala fazendo sinal de positivo, Pyter dá um sorriso. - Por que você não me disse antes? – papai pergunta me olhando. - Eu não sabia... e achei que você não fosse ficar ao bravo – eu falo com vergonha e culpa, ele me olha analisando o que eu disse. - Você tinha que ter falado – ele fala e eu concordo, mas na verdade ele está falando cm Pyter – Por que você fez isso? – ele pergunta e Pyter dá de ombros sem responder, papai se aproxima e passa as mãos no cabelo dele – Você não pode assumir a culpa de algo que não fez só pra proteger sua irmã – ele fala dessa vez a voz normal e calma, Pyter o olha por alguns segundos – Embora seja uma atitude bonita, é pesada demais pra você! Na próxima vez você apenas fica do lado dela, sem arrumar nenhuma confusão, pode ser?- ele pergunta e Pyter concorda, ele sorri e papai também – E você Pérola, nós precisamos conversar! Quando você sair do banho eu e sua mãe te esperamos lá embaixo – papai avisa e eu concordo apenas com a cabeça, ele passa por mim e sai do quarto, mamãe o acompanha e vovô também logo depois de rir mais uma vez dizendo que sabia que a história estava mal contada, quando ele saem Pyter se joga deitado na cama. - É tão difícil calar a boca?– ele pergunta implicando comigo e me olha e pela primeira vez eu não fico com raiva. - Por que você fez isso? – eu pergunto e ele dá de ombros, eu me sento na beirada da cama dele – É sério, por que? O papai podia ter te matado sabia? – eu falo lembrando o quanto ele estava bravo – E você ainda está suspenso – eu falo e ele ri. - Três dias em casa, quer presente melhor! ? - ele fala mas eu sei que não foi por isso. - Por que? - eu repito e ele revira os olhos e se senta na cama, encostando em mim. - Por que mesmo você sendo chata, irritante e com essa voz chatinha... – ele fala fazendo caretas – Você é minha irmã! Eu não gosto de te ver chorando – ele confessa e me olha, eu o olho de volta e ele sorri igual o papai sempre sorri – Eu gosto de você – ele admite dando de ombros – Mas se você contar pra alguém eu deixo a toalha e a cueca em cima da sua cama – ele ameaça e eu faço uma cara feia mas acabo rindo, e nessa eu entendi uma coisa muito importante, não importa o quanto a gente brigue, nós somos irmãos, mesmo que eu queira matar ele as vezes, eu também gosto dele, e hoje ele me mostrou que eu posso sempre contar com ele mesmo Hazel e Ian não tiveram coragem de me ajudar ou me apoiar naquela hora, mas Pyter mesmo podendo se encrencar bastante me ajudou, eu sorrio mais ainda e o abraço, ele demora um pouco mas também me abraça. - Eu te amo! – eu falo enquanto ainda o abraço, ele ri. - Só os manes dizem eu te amo – ele sussurra mas quando eu me afasto e o encaro, ele me olha sorri e revira os olhos – Eu também te amo – ele confessa e eu beijo a bochecha dele – Aaaa já chega – ele fala e limpa o rosto, eu sorrio e como pra se pra me lembrar que nós ainda somos os mesmos ele aponta pra minha cama, a toalha molhada está lá mas pela primeira vez eu acabo rindo.


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