Toda garota precisa de um melhor amigo escrita por Jessie


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Dedicado às lindas Moulin Rouge, Laura Diask, e Nanda. Obrigada por favoritarem! E também à Laristen, minha primeira leitora diva, e a Filha da Sabedoria, Angel of City, Cher, AlexiaB, e Bella. Obrigada pelos comentários minhas lindas s2 Dedico também à Leeh, e a todos os dezenove, cujos nomes eu desconheço, que estão acompanhando. Muito obrigada, de verdade!

Uma curiosidade: Sabiam que o período de TPM é a melhor época pra se escrever? Li em algum lugar. Talvez pelo fato de que nessa hora todas as emoções se misturam, dando mais sentimento ao texto. Então, se você gosta de escrever – e é mulher, isso é muito importante – aproveite esse período! Não fique só resmungando por aí. Juro pra vocês que dá certo comigo.

Dito isso – algo muito a ver com a história sqn – vamos ao capítulo. Boa leitura!



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Dois dias passados após o “incidente” e eu continuava sem notícias de Luiz. Aquilo era um saco, eu não queria perder meu best friend forever. Até minha dureza já tinha ido pro saco a essa altura.

Andava pela cozinha com minhas calças de moletom, procurando algo aproveitável para se comer. Era o último dia de carnaval, o dia seguinte seria quarta-feira de cinzas, e no próximo as aulas voltariam ao normal.

Não que fosse algo muito ruim, já que eu adorava minhas aulas.

Motivo número um: eu não precisava acordar cedo, já que estudava à noite; dois: caramba, estudar à noite já é um motivo ótimo!

Tudo bem, além de estudar à noite, tinha o fator realmente importante. O que me leva ao motivo três: eu estudava o que amava: Música. E, o melhor, não tinha matemática! Nunca mais. Eu dava graças a isso desde que o ensino médio acabara.

Por esta razão eu não me importava que o feriado chegasse ao fim. Isto e porque eu não aguentava mais o carnaval. Nem aquele tédio. Nem o idiota do meu melhor amigo me ignorando.

Mas isso não vem ao caso.

Eu estava muito ocupada com outras coisas no momento, como por exemplo, comer o recém-preparado sanduíche tudo-o-que-você-achar-na-cozinha.

Encarava, admirada, as fatias de pão de forma recheadas com nutella, doce de leite, manteiga de amendoim, margarina e, acredite ou não, bolacha recheada.

— Isso vai dar uma dor de barriga mais tarde... – murmurei com uma careta, dando uma mordida em seguida.

Mastigava com dificuldade, sentada à beira da mesa e olhando pra o nada, com uma cara de quem estava com medo de ser descoberta comendo aquele convite à diabetes.

Um som intruso soou, me fazendo dar um pulo de susto.

Joguei o sanduíche atrás de mim.

— Não estou comendo nada, mamãe!

Então percebi que era só o meu celular tocando.

— Merda. – resmunguei, olhando a minha obra de arte desperdiçada no chão.

Caminhei até o balcão da cozinha, onde meu celular se encontrava carregando e quase dançando a ragatanga de tanto vibrar. Olhei a tela, com uma ponta de esperança que fosse... Deixa pra lá.

— Oi, princesa. – a voz de Marcelo soou do outro lado da linha.

— Oi, amor. – falei tentando parecer animada.

— Por que você não vem aqui em casa? Meus pais não estão. – sugeriu.

Confesso que o fato de ele ainda morar com os pais àquela altura me incomodava, mesmo que fosse algo relativamente normal pra um cara de dezenove anos.

— É que eu tenho que... – vacilei por alguns segundos. – Tenho que fazer um trabalho da faculdade.

Por sorte me lembrei do bendito, que de fato precisava mesmo ser feito.

— Sei. Faz tempo que você não vem aqui.

— Eu sei, amor. Desculpa.

— Se fosse seu amiguinho te chamando, você já estaria lá.

— Ai, Marcelo. Por favor. – bufei irritada.

— Mas é verdade.

— Tá, não tô com cabeça pra isso agora, tudo bem? Te ligo depois. – berrei já sem paciência, encerrando a chamada.

Definitivamente não sou o tipo de pessoa que gosta de ceninhas de ciúmes. Por isso Marcelo me tirava do sério às vezes.

Nós estávamos juntos há três meses. No começo eu achei mesmo que estava apaixonada. Não sei se realmente estava, já que aquilo era quase como uma obrigação pra mim. Desde os meus dezesseis anos, quando comecei a amadurecer mais em relação a relacionamentos, que eu não me apaixonava. E as pessoas pareciam cobrar isso de mim.

“Anna, já é o terceiro namorado que você larga! Por que você não tenta fazer ao menos um namoro dar certo?”. “Anna, para de ser tão fria, você não consegue gostar de alguém de verdade pelo menos uma vez na vida?”. “Anna, para de querer partir o coração dos outros e tenta namorar sério com alguém legal”. Blá, blá, blá.

Apesar da minha teimosia, acabaram por me convencer. Então lá estava eu, com um garoto grudento, ciumento, que vivia me cobrando, pedindo explicações, satisfações, etc. O provável garoto certo pra mim.

Por algum motivo, isso me enganou no primeiro mês do nosso namoro. Eu realmente queria que déssemos certo, pra que finalmente parassem de pegar no meu pé. Mas próximo à chegada do quarto mês, eu já estava prestes a ficar louca. Louca de arrancar os cabelos, as unhas, e os dentes... Das outras pessoas.

Conectei o carregador de volta no celular, e me arrastei – com muita pouca vontade – até a dispensa. Peguei uma vassoura, balde, pano e alguns produtos de limpeza, e me pus a limpar a bagunça que havia feito no chão.

Embora fosse até bem organizada, eu não gostava nem um pouco de serviços domésticos. O que era muito ruim pra mim, já que eu morava sozinha. Talvez fosse hora de pensar em algum colega de quarto. Mas era assunto pra outro momento.

Deixei o chão brilhando, pra depois ir jogar com lágrimas nos olhos, admito, minha perfeita criação açucarada.

Contentei-me em comer um saquinho de batatas que por acaso eu tinha guardado, enquanto buscava o notebook pra fazer o trabalho de História da Música que, por sorte ou destino, Marcelo me lembrara.

Estávamos no dia seguinte, o último sem aula. Eu precisava terminar aquele trabalho mais que tudo na minha vida. Não suportava tirar nota baixa em algo que eu gostava. Aliás, eis um dos motivos pra que eu e Luiz continuássemos nos dando tão bem mesmo após o final do ensino médio: éramos ambos apaixonados por música.

*Flashback on*

— Vamos, Anna, você tem que fazer isso! – Luiz me cutucou.

Eu permanecia imóvel, encarando o monitor à minha frente. Estávamos vendo nosso resultado no Enem, e, por incrível que pareça, eu tinha nota suficiente pra fazer Direito. Mas não era a isso que Luiz estava me motivando.

— Anna, você adora música, é o seu sonho! Vamos, escolha a porcaria do curso de Música e seja feliz.

— Mas... Luiz! – virei-me para encará-lo. – Mamãe vai me matar se eu fizer isso. Você sabe o quanto ela quer que eu faça o curso de Direito.

— Sei. – resmungou. – Mas o que você quer, Anna?

Ele sabia muito bem o que eu queria. Eu queria fazer Música. Entretanto, era uma escolha altamente arriscada. Sem falar que eu estaria morta e enterrada caso mamãe ficasse sabendo de algo como aquilo.

— Porra, você sabe que não aguentaria dois dias no curso de Direito. Anda, Anna, eu já escolhi, agora é sua vez. – insistiu.

Ele de fato já havia escolhido, e até feito sua inscrição. Adivinhem no quê...

Música.

— Você podia ter escolhido Engenharia Civil. – ressaltei.

— Foda-se Engenharia! – bufou impaciente. – Me dá essa merda aqui. – gritou puxando o mouse da minha mão, e clicando no curso de Música. – Pronto. Primeira opção Música, segunda Direito, está bem assim?

Bati em seu braço.

— Claro que não, idiota! Não faz sentido Direito estar em segundo se a nota de corte é maior! –

— Foda-se, Anna. Foda-se! Você não vai fazer porra de Direito. Está decidido.

E eu o agradeci do fundo do meu coração por isso.

*Flashback off*

Isso mesmo. Nós fazíamos o mesmo curso, e ainda estudávamos na mesma faculdade.

Por algumas “complicações” que surgiram em nossa cidade natal, resolvemos que seria melhor estudar na capital, então além de todo o resto, ainda nos mudamos.

Quer dizer, eu resolvi. Luiz já sabia desde sempre que queria estudar aqui. Que queria fazer Música. Eu me contentaria em fazer Direto na nossa cidade, se não fosse por ele. Agora estava aqui sozinha, dependendo do papai pra viver.

Fazer o quê... Éramos simplesmente apaixonados por aquilo.

“Será que aquele estúpido está fazendo o trabalho?”, o pensamento passou repentinamente pela minha cabeça. Eu estava sentada à frente da minha escrivaninha, batendo um lápis contra meu queixo, lendo os grandes parágrafos de um artigo sobre as características do Renascimento no meu notebook. Não sei por que estava preocupada com Luiz. Era óbvio que ele não estava e muito menos faria o tal trabalho.

Luiz era um ótimo instrumentista. Tocava guitarra e baixo maravilhosamente bem. Conseguia tirar uns bons sons da bateria. Arriscava até uma flauta. Mas teoria, ah, isso não era com ele. Quero dizer, ele até lia – às vezes obrigado por mim –, mas não gostava muito de ter que escrever ou fazer trabalhos acadêmicos, artigos nem nada parecido. Preferia a parte prática. Eu não o culpava, era realmente a parte emocionante.

Pra falar a verdade, meu cérebro só estava procurando qualquer desculpa pra pensar nele, e, consequentemente, me fazer procurá-lo. Mas isso não aconteceria. Ah, não mesmo! Por mais que eu estivesse morrendo de curiosidade sobre o que se passava naquela cabeça oca dele, nada no mundo me faria correr atrás de alguém.


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Notas finais do capítulo

Nossa, há tantas coisas que vocês precisam descobrir sobre Anna, e sobre seus ex-namorados também, e Luiz, e até a Mari, claro. Espero muito que vocês me deixem com vontade de continuar, porque no momento estou ansiosa pra caramba com tantas ideias legais vindo à minha mente! Lembrando que estou escrevendo os capítulos quase que no dia em que posto, ou seja, pra que eu continue depende muito de vocês, lindezas do meu coração. Espero que estejam gostando! E sinto muita gente se identificando com Anna rs. Prometo que se vocês se comportarem direitinho, posto o próximo bem rápido. Até lá!