A Different Dawn Treader escrita por Nymeria


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi! Oi pra quem chegou agora. Oi pra quem está vindo de Príncipe Caspian. Oi pra todo mundo!
Olhem eu aqui de novo com mais uma maluquice! Estão felizes? Espero que sim. Eu realmente não poderia deixar de fazer uma viagem com o Peregrino, não é? Então, aproveitem esse prólogo enquanto eu tento tirar algo produtivo da minha cabeça para fazer o primeiro capítulo.
Boa leitura. :)



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NÁUFRAGOS

Cambridge, Inglaterra

— Tem dezoito anos, mesmo? — perguntou o soldado, desconfiado.

— Por quê? Pareço mais velho? — retrucou o rapaz.

Mesmo desconfiado, o soldado pediu registro nacional do rapaz, que o entregou.

— Alberta Mísero?

— Foi erro de impressão — ele logo se pôs a explicar. — Era para ser Albert Amísero.

— Edmundo — uma garota apareceu à porta carregando uma cesta com compras. — Você veio para me ajudar com as compras.

Os outros rapazes na fila se puseram a rir, irritando Edmundo. O soldado devolveu o registro e o garoto andou até a irmã.

— Boa sorte na próxima, fedelho — zombou um dos rapazes na fila.

Quando já estavam do lado de fora, Edmundo desabafou.

— Fedelho? Ele era, no máximo, dois anos mais velho. Eu sou um rei, estive em guerras e liderei exércitos!

— Não neste mundo — Lúcia disse, colocando algumas sacolas na cesta da bicicleta.

— Pois é, mas estou preso aqui, brigando com Eustáquio Clarêncio Mísero.

Lúcia ouviu risadas e desviou sua atenção para um casal recostado um pouco adiante do portão por onde saíram.

— Ele bem merece o nome que tem — continuou Edmundo.

Lúcia, repetindo um gesto feito pela moça que mirava, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— O que foi? — o garoto perguntou, percebendo que a irmã mais nova estava aérea.

— Nada — ela apressou-se a disse. — Anda logo!

E saiu puxando a bicicleta.

(...)

Caro diário, hoje faz 253 dias que meus insuportáveis primos, Edmundo e Lúcia, invadiram nossa casa. Eu não sei mais quanto tempo vou aguentar morar com eles, dividindo as minhas coisas. Se desse para tratar parentes como se trata insetos, os meus problemas estariam resolvidos. Era só bota-los num jarro, ou alfinetar na parede.

Chegamos! Olá! — a voz de Lúcia foi ouvida do andar de cima, e o menino logo pôs-se a recolher o diário, o guardando dentro da meia e escondendo suas bugigangas debaixo a cama.

Lembrete: Descobrir as implicações legais por esganar parentes.

Lúcia andou até a cozinha, deixando o caixote com as compras lá.

— Oi tio Arnaldo, tentei comprar cenouras, mas só tinha nabos mesmo — ela disse ao ver o tio sentado em sua poltrona lendo seu costumeiro jornal. — Quer que eu comece a fazer a sopa? A tia Alberta já deve estar chegando. Tia Arnaldo?

Mas tio Arnaldo nem sequer tirou os olhos do jornal, o que fez Edmundo mostrar-lhe a língua.

— Pai, o Edmundo está fazendo careta pra você! — Eustáquio estava no topo da escada, e quando Edmundo virou-se para olhá-lo, atirou nele uma bolinha de papel.

— Olha seu...! — Edmundo subiu as escadas, a fim de chegar até Eustáquio.

— Pai, ele quer me bater! — exclamou Eustáquio.

— Edmundo, olha! Carta da Susana — Lúcia apareceu ao pé da escada, segurando, além de muitas outras cartas, uma com o remetente de sua irmã mais velha.

Como eu queria que estivessem aqui com a gente, tem sido uma aventura, mas nada que se compare a nossos tempos em Nárnia. Os Estados Unidos são bem divertidos, só que nunca vemos o papai. Ele trabalha demais. Eu fui convidada para um chá no consulado britânico esta semana por um oficial da marinha. Que, aliás, é muito bonito. Acho que ele está me paquerando. Parece que os alemães não estão deixando ninguém cruzar o atlântico. São tempos difíceis, mamãe espera que não se importem de passar mais uns meses em Cambridge.

Assim que terminou de ler, Lúcia arfou.

— Mais uns meses? Como vamos sobreviver?

— Deu sorte — disse Edmundo, pegando a carta das mãos da irmã. — Pelo menos tem seu próprio quarto. E eu que durmo com aquele chato?

— Susana e Pedro que são sortudos — Lúcia resmungou, se levantando da cama. — Vivendo aventuras...

— É, eles que são os mais velhos e nós, mais novos. Não somos tão importantes.

Lúcia se aproximou de um espelho pendurado em um canto do quarto. Ela repetiu o mesmo gesto que vira a moça com o soldado fazer.

— Você acha que sou parecida com a Susana?

Edmundo, que relia a carta, suspirou. Ele não sabia o motivo das perguntas da irmã mais nova, mas o real problema é que elas eram cada dia mais frequentes.

— Lúcia — chamou, se levantando e olhando para um quadro no quarto da garota. — Já havia percebido esse barco antes?

Lúcia, que se distraiu de sua pergunta anterior, sorriu.

— Já — respondeu. — É bem no estilo de Nárnia, não é?

— É, só serve para nos lembrar que estamos aqui e não lá.

— Eram uma vez órfãos desocupados que acreditavam em Nárnia e em contos de livros empoeirados — ninguém havia percebido quando Eustáquio chegou à porta, mas se viraram quando ele proferiu tais palavras.

— Agora você apanha — Edmundo deu um passo até Eustáquio, mas Lúcia o impediu. — Não sabe bater?

— A casa é minha, eu entro onde quiser — o mais novo se defendeu. — São só convidados.

Eustáquio andou até a cama e lá se sentou.

— O que há de tão fascinante nessa pintura? É horrorosa.

— Não dá pra ver do outro lado da porta — Edmundo retrucou.

— Edmundo, parece até que a água tá se mexendo — Lúcia comentou.

— Quanta bobagem, viu — reclamou Eustáquio. — É isso que dá ficar lendo romances imaginários e contos de fadas. Até namoradas fictícias vocês já inventaram.

Edmundo, por pouco, não acertava Eustáquio. Se não fosse por Lúcia, o menino estaria com sérios problemas para respirar.

— Era uma vez Eustáquio, o Chato, só lia livros inúteis, de fato — Edmundo entoou, fazendo Lúcia rir.

— Gente que lê contos de fadas acaba se tornando um fardo horroroso para gente culta como eu — Eustáquio contra-atacou. — Que lê livros com informações reais.

Edmundo já estava no limite com Eustáquio, e quando o menino disse que ele e Lúcia eram um fardo, não aguentou.

— Fardo horroroso? — ele avançou até Eustáquio. — Eu não vi você mover uma palha desde que chegamos!

Eustáquio tentou sair, mas Edmundo foi mais rápido e fechou a porta.

— Eu devia contar para o seu pai que foi você quem roubou os doces da tia Alberta!

— Mentira!

— Ah, será?

— Edmundo, a pintura!

— Eu achei eles debaixo da sua cama. E sabe o que eu fiz? Eu lambi um por um.

— Ain! Eu fui infectado por você!

A pintura no quadro já se movia como se realidade, e um esguicho de água acertou Lúcia no rosto, acabando por acertar Eustáquio também. A esta altura, a água já caía quase fluida pela moldura do quadro.

— O que é isso aí? — Eustáquio perguntou, aterrorizado.

— Lúcia, será que...?

— Só pode ser um truque — Eustáquio tentava se convencer. — Para se não eu vou contar pra mamãe! Mamãe! Mamãe!

Ele andou até a porta do quarto, mas mudou de ideia e correu até o quadro, tirando-o da parede.

— Eu vou acabar com esse quadro mofado!

— Não Eustáquio, para!

Lúcia e Edmundo tentaram tirar o quadro das mãos de Eustáquio, mas o volume da água que saía do mesmo era tão grande que os três deixaram o quadro cair ao chão.

Aos poucos, o quarto foi se enchendo de água até os móveis começarem a flutuar. Os três caíram na água, não tendo como se segurar.

Acabaram por submergir, e quando voltaram a emergir encontravam-se em um lugar completamente diferente. Um céu azul límpido brilhava acima de suas cabeças, e tudo o que se via era a imensidão azul do mar.

— Edmundo! Edmundo! — chamou Lúcia.

— Socorro! Onde estamos?! — Eustáquio estava desesperado.

Uma sombra surgiu no mar e quando Lúcia olhou para cima, viu um navio enorme abrir caminho por entre as águas.

— Nada Eustáquio!

— Que história é essa?! — Eustáquio estava cada vez mais alucinado.

O menino se debatia sem parar na água, mesmo com Lúcia o instruindo a sair do caminho do navio.

— Vamos sair da frente!

— Vai nadando!

De repente, homens saltaram do navio, caindo ao mar.

— Edmundo! — Eustáquio chamou.

Homens ao mar! — uma voz abafada foi ouvida, vinda do navio.

Lúcia sentiu alguém a erguendo por trás e, quando se virou, sorriu.

— Caspian!

— Lúcia — Caspian sorriu igualmente.

— Edmundo, é o Caspian!

— Fiquem tranquilos, estão a salvo — Caspian garantiu-lhes.

— Estamos em Nárnia? — perguntou Edmundo.

— Sim, estão em Nárnia.

Dois homens tentava segurar Eustáquio enquanto ele se debatia.

— Eu não quero ir! Eu quero voltar pra Inglaterra! Eu vou voltar pra Inglaterra!

— Segura — Caspian disse enquanto era içado, junto a Lúcia, até o deck do navio.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Podem dizer, eu não vou morder ou coisa do tipo.
Beijo estalados ♥