Katniss

Ando sem rumo pela Costura. Eu tinha feito de novo. Tinha achado uma carteira com quinhentos dólares dentro. Não foi mais tão difícil quanto da primeira vez, deve ter ajudado o fato de eu não ter ideia de quem seja o dono daquela droga.

Quinhentos dólares podiam me ajudar em alguma coisa.

Estava tão concentrada em olhar para os meus pés que só percebo que um carro se aproxima quando ele para na minha frente. Era um Cardillac branco e eu já sabia que rosto ia aparecer quando o vidro abaixasse.

–O que você quer Gale? –pergunto quando vejo o seu sorriso convencido.

Havia uma densa fumaça pairando dentro do carro sob sua cabeça. Tinha mais pessoas no carro.

–Estávamos planejando nos divertir um pouco, e como sabia que você estava precisando de dinheiro pensei que podia querer vir com a gente.

–Roubar com você é mais um bando de drogados? –franzo a testa.

–Qual é, Kat? Não vai aproveitar nada dessa vida se não se divertir um pouco? –ele ri e alguém dentro do carro grita um “É isso ai!”.

Reviro os olhos.

–Olha prefiro ganha a vida de um jeito... –mas sinto como se os quinhentos dólares queimassem em meu bolso. Aquilo com certeza estava longe de ser honesto.

–Prefere ganhar a vida como? –ele ri. –Entra ai Catnip! Vamos faturar muito agora.

A porta de trás de abre, vejo uma perna se afastando para me dar passagem.

“Vamos faturar muito agora.” Isso ecoava em minha cabeça. Automaticamente penso em Prim e em seu minúsculo quarto e suas roupas de segunda mão, depois em minha mãe deitada em uma cama em casa beirando a dor e a morte, e finalmente em meu pai, bebendo e gritando sobre tudo.

Subo no carro, mas não tenho vontade de olhar para as pessoas que estavam lá dentro fumando e rindo. Fico feliz em perceber que o garoto que dirigia, acho que é Marvel um garoto do meu colégio, não parecia nem um pouco drogado. Isso me deixa um pouco mais segura, mas por saber que provavelmente íamos fazer alguma coisa ilegal eu não estava lá muito bem.

É, Katniss, você tem que começar a pensar melhor no caminho em que estava seguindo.

...

–Olha só pra esse lugar! –exclama uma ruiva do grupo. Se não me engano aquela era Fox.

Eu ainda olhava para a casa sem poder acreditar. Não devia ter vindo, deve haver umas duzentas câmeras de segurança só no portão de entrada.

–De quem é essa casa? –pergunto.

–Não importa. –responde Gale sorrindo tranquilamente, de repende a imagem dele me beijando a força me volta a cabeça. –Só importa que eles estão ocupados de mais torrando a fortuna na França.

Fox, Finnick e Marvel já estavam pulando o muro da mansão.

Bosta. Bosta. Bosta. Merda. Merda. Merda.

–Vamos logo, Catnip. Eu protejo você.

–Ah, agora sim estou tranquila. –daria um tapa em seu rosto se não estivesse tão apreensiva.

Sigo-o até o muro que ele pula com habilidade. Quantas vezes ele já deveria ter feito isso?

Aranho minhas mãos ao tentar pular e Gale me segura quando caio. Seu corpo estava muito perto do meu e ele tentava sorrir sedutoramente.

–Sabe o que não encoste em mim significa? –empurro-o para longe e começo a seguir os outros.

Posso escutar ele rindo e me pergunto que bosta estaria passando por sua cabeça agora. Gale nunca foi alguém que se possa dar mole. Ele é mau, possessivo e mimado... e por que diabos ele queria roubar uma casa?!

Meu estomago se revira com a menção da palavra “roubar”. Isso é errado. Eu sou uma idiota. Mas sou uma idiota que precisa de dinheiro. Minha mãe estava morrendo, minha irmã estava crescendo e meu pai bebendo ainda mais. Não posso garantir que ele viveria muito mais daquele jeito. Minha mãe esbanjava mais saúde do que Haymitch.

Olho para a estrutura de vidro a nossa frente. Tinha três andares, quatro carros de luxo na garagem, um jardim planejado e aposto que muitas joias em um cofre escondido.

Paro ao lado de Fox que admirava a casa também.

–Quem mora aqui? A Britney Spears?

Ela balança a cabeça.

–Não. A casa da Brit deve dar cinco dessas. –ela sorri pra mim. –Vamos!

Sua mão se agarra no em meu pulso e ela me arrasta para junto de Finnick e Marvel.

–Ta aberta? –pergunta ela.

–Sim. –Finnick sorri. Não conhecia muito bem ele, mas nunca pensei que invasão de propriedade privada fosse seu passatempo favorito, mas percebo um que de nervosismo em seu sorriso.

–Que tipo de babaca vai viajar e deixa uma casa como essa com a porta aberta? –indaga Marvel. Também não o conhecia muito bem.

–Os babacas que moram nessa casa. –Gale já estava atrás de nós, mas logo toma a frente e é o primeiro a entrar na casa. –Olha esse lugar!

O lugar era ainda mais inacreditável do lado de dentro. A sala toda era branca e eu sentia que os solados de meu tênis iriam fazer uma trilha por onde eu passasse, mas graças a Deus não é o caso.

–Vamos Katniss, vamos lá pra cima, não quero nem imaginar as roupas que essa mulher deve ter! –e novamente ela me arrasta para cima.

...

Vasculhamos o guarda roupa, pegamos algumas joias, achamos o lugar onde eles escondiam um dinheiro reserva e finalmente vamos embora. Meu estomago se revirava toda vez que eu pensava nas joias e o dinheiro em meu bolso. Se me pegassem com essas coisas eu estaria ferrada. Mas se não pegassem daí já era outra historia.

–Não foi tão ruim, não é Kat? –pergunta Gale olhando para mim pelo retrovisor com um sorriso bobo. –Temos grana, e nos divertimos.

–Claro, como quiser. –dou de ombros. –Já pode me deixar aqui.

Abro a porta antes mesmo que ele parasse.

–Até mai Kat! –Fox acena animada e fecha a porta.

Estava longe de casa, mas de qualquer jeito eu iria preferir fazer algumas comprinhas antes de voltar para casa.