This Is What Makes Us Girls escrita por Luly


Capítulo 11
Capítulo 11 -Eu sou uma pessoa horrível


Notas iniciais do capítulo

Oláááá!!! Como andam vcs?? Espero q bem! Cá estou, postando mais um capitulo pra vcs, seus lindos! Espero que gostem!



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Clove

Passar a tarde em um hospital para as pessoas normais deve ser um total inferno, mas pra mim que prefere perfurar os olhos com pregos a ficar praticamente um dia inteiro com John sozinha em casa, era uma coisa boa.

Eu quase não vi minha mãe o dia inteiro já que ela estava ocupada demais salvando vidas. Mas como ela era importante no hospital eu tinha passe livre pra praticamente todo lugar. Mas obvio que não ia a todos os lugares. Ver pessoas sofrendo não era uma coisa legal.

Eu já tinha me acostumado com o cheiro de desinfetante dali, e já tinha me acostumado com as macas passando rápido pelo correr cercada de médicos de vez enquanto.

Depois de mais uma volta, sento-me em um dos sofás laranja claro em uma das recepções do hospital. Não sei que seção era essa, mas todos pareciam muito ocupados. Preferia a seção de parto, as pessoas sempre estavam felizes lá, aqui não havia quase ninguém e as duas mulheres que estavam sentadas do outro lado da sala estavam com um baixo astral que conseguia fazer a minha felicidade realmente parecer feliz. Tiro meu Ipod do bolso e coloco os fones de ouvido tentando parar de olhar para elas, mas minha bateria estava fraca.

Olho para meus tênis sujos, podia sentir os olhos das duas mulheres queimando em mim, como se perguntassem “O que esta fazendo aqui? Não percebe que estamos tristes de mais para você ficar aqui?”

Sim, isso estava me incomodando. Pessoas na maior parte do tempo me deixavam incomodada.

Levanto-me do sofá laranja e no momento em que levanto os olhos para o corredor vejo um garoto andando na direção contraria. Ele olhava para baixo e suas mãos estavam fechadas em punhos. Estremeço quando ele levanta a cabeça e posso ver seu rosto.

–Clove? –pergunta Cato.

Mexo a cabeça.

–Cato. –respondo.

Ele olha rapidamente em volta antes que seus olhos azuis pousem novamente em meu rosto.

–O que esta fazendo aqui? –percebo que ele estava perturbado. Seus olhos estavam mais duros e frios do que normalmente. As juntas de seus dedos estavam brancas por causa dos punhos fechados com muita força. Fico com medo de que isso seja por minha culpa, mas percebo que não tinha feito nada pra que ele ficasse assim.

–Matando o tempo.

Ele franze o cenho.

–Desde quando se mata tempo em um hospital? –tinha um pouco mais de irritação nessa pergunta.

–Desde...

–Clove. –era minha mãe. Ela vinha do mesmo corredor que Cato. –Achei você, John ligou e...Ah! Olá Cato. –seus olhos pousando em mim depois nele, em mim depois nele. –Vocês se conhecem?

–Cato estuda comigo, mãe. –agora são meus olhos que pousam nela depois nele, nela depois nele. –Vocês se conhecem?

Os dois ficam em silencio.

–Na verdade...

–Tenho que ir. –Cato sai andando rápido antes que minha mãe terminasse.

Viro-me para ver ele quase correndo para longe, queria ficar pra escutar o que minha mãe tinha a dizer, mas nem me viro para ela novamente só ando atrás de Cato.

Só consigo alcança-lo quando ele já estava fora do hospital.

–Ei! –chamo mais ele nem ao menos se vira. Corro e coloco a mão em seu braço e ele se vira, ainda com a mesma expressão no rosto. –Por que fugiu de lá?

–Eu não fugi.

–Não. –concordo incrédula. –Apenas sai correndo sem mais nem menos.

Seus lábios se contraem em uma linha.

–Me deixa em paz Clove. –ele se vira novamente.

–Olha eu não sei o que eu fiz pra você ficar desse jeito. –digo olhando para as costas dele, ao menos ele tinha parado. –Achei que fossemos amigos.

Cato se vira, a expressão de seus olhos estavam vinte vezes mais frias. Me encolho.

–Não sou seu amigo. –essas palavras foram como um soco no estomago, mas é obvio que não demonstro.

Abro a boca pra falar alguma coisa, mas não sei o que poderia falar. Fecho-a novamente e ele se vira e dessa vez segue lentamente para algum lugar no estacionamento. E eu fico ali olhando me sentindo realmente estranha.

Cato para, fica parado por alguns instantes antes de se virar e vir em minha direção. Ele para bem mais perto do que antes.

–Desculpa, ta legal? –suspira balançando a cabeça e dando um passo pra trás. –Eu não quis dizer isso.

–Você disse. –dou de ombros.

Ele olha para mim tentando escolher as palavras com precisão.

–Somos amigos. –rio e ele coloca uma das mãos em meu ombro. Encaro seu rosto. –Somos amigos. –repete. –Só que não preciso de uma garotinha me fazendo perguntas. Não preciso.

Me afasto de seu toque e ele revira os olhos.

–Garotinha? –pergunto.

–Você entendeu o que eu quis dizer.

Balanço a cabeça.

–Cato. Eu realmente não entendi o que você quis dizer. –dou alguns passos para trás ainda olhando para ele. –E quer saber, talvez eu nem me importe com isso.

E daí que eu me viro e volto para dentro do hospital.

...

Não me lembro de nem da metade das aulas que tive hoje. A mochila pesava em minhas costas e meu carro parecia estar estacionado muito longe. Eu ainda me sentia uma bosta. Desde a discussão que tive com Cato tentava pensar em um motivo para aquilo ter acontecido. Podia tê-lo perdoado e pronto.

–Ei! –não me viro, porque sei que não é comigo.

Pelo menos achava, até sentir alguém agarrando minha mochila e me puxando para trás. Estávamos longe da maioria das pessoas ninguém nem ao menos perceber. Viro-me para o imbecil que havia me puxado e encontro ninguém mais ninguém menos que Cato.

Soco seu braço.

–Seu idiota! Porque fez isso?! –ele segura meu braço. –Qual é o seu problema?

Tento me soltar mais seu aperto era forte. Encaro-o.

–Já pedi desculpas. –diz ele como se não tivesse quase me derrubado e como se não estivesse apertando meu braço com uma força quase sobre-humana.

–E eu já não as aceitei. Isso já não estava resolvido.

–Não pode parar de fingir que nada te afeta por pelo menos um minuto?

Isso me faz rir.

–Então sou eu que finge que nada me afeta? –dou uma gargalhada, e sinto a mão dele apertando meu braço com ainda mais força. –Para com isso.

–Por favor, Clove.

Penso por alguns instantes.

–Me conta o que estava fazendo no hospital ontem? –pergunto. –Se me contar a verdade posso pensar em voltar a ser sua amiga.

Ele olha em volta.

–Seu carro esta perto?

Assinto com a cabeça.

–Por quê?

Ele me puxa com violência em direção de meu carro. Como ele sabia qual era meu carro?

Quando paramos ao lado dele, Cato me solta e olho para ele incrédula.

–Isso era mesmo necessário?

–Minha madrasta esta morrendo. –ele solta. Minha cabeça vaga pelas palavras tentando compreende-las. –É por isso que vim por Estados Unidos, é por isso que estava no hospital ontem.

Abro a boca ainda sem ter ideia do que eu iria falar.

–Não precisa falar nada. –isso faz com que eu feche a boca. –Vai me perdoar?

Assinto com a cabeça.

–Desculpa. –falo.

–Falei pra não dizer nada. –ele se encosta no carro com os olhos fechados. Demora um pouco para ele voltar a falar. –Nunca contei isso pra ninguém. Nunca pensei que iria contar.

–Não vejo o por quê.

–Dá um tempo Clove. –seus olhos continuavam fechados. –Você não tem nenhum segredo que não conta pra ninguém? Só pelo fato de não ter amigos já diz muita coisa.

Paraliso pensando no que ele disse.

Seus olhos se abrem.

–Desculpa. –diz ele. –Não deveria ter dito isso.

–Não me importo. Você esta certo.

...

Chego em casa e escuto John e minha mãe rindo na cozinha. Fecho a porta devagar para nenhum deles perceber que eu cheguei. Subo as escadas e me fecho no quarto.

Penso no que Cato havia me falado. Eles tinham vindo pra cá apenas para tratar sua madrasta e eu havia lembrado que o encontrei na área de Leucemia. Isso era tão estranho. Nunca pensei nisso. Não deveria tê-lo obrigado a contar.

Alguém bate na porta, antes que eu possa falar pra esse alguém ir embora, John entra.

–Clove. –ele sorri. –Que bom que já chegou, eu e sua mãe fizemos o jantar...

–Não estou com fome John. –respondo com o mesmo tom que sempre uso para falar com ele.

–Acho que precisamos conversar. –diz ele, mas eu continuo a olhar para a janela. –Clove, eu sei que sente falta de seu pai. –meu estomago se revira. –Sei que não gosta de mim, que nunca gostou, mas você já tem dezesseis anos, deveria ter superado isso.

–Você... –engulo em seco e me viro para olhar para ele. –Não tem o direito de dizer nada sobre meu pai. Não tem. –balanço a cabeça. –Me deixe em paz.

–Você já é uma mulher, Clove. Tem que amadurecer, eu e sua mãe conversamos e concordamos com isso. Você é uma adulta, tem que seguir em frente.

Acho que provavelmente nunca vou entender o que aconteceu em seguida. Só me lembro de um abajur voando, das mãos de John correndo em direção do nariz e seu grito.

Eu não precisava amadurecer agora.

Talvez eu nunca superasse.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Espero q sim, podem comentar ai falando oq acharam!
>Só um aviso rápido caso haja algum leitor da minha outra fic "Brincando Com Fogo" , como estou viajando, só vou poder postar o capitulo amanha (14/07)
Obrigada por lerem!
#BeijodoPanda



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